Gálatas 3 — Interpretação Bíblica

Gálatas 3

3:1-5 Paulo se concentra principalmente na eficácia da morte e ressurreição de Jesus como fundamento da igreja e de um relacionamento correto com Deus, mas também correlaciona isso com a presença do Espírito. Se o Espírito está trabalhando entre os de fora, isso mostra que eles não são realmente “estranhos” quando se trata de ser membro do povo de Deus. Paulo apoia isso mostrando como a presença do Espírito nada mais é do que o cumprimento das promessas feitas a Abraão. No entanto, o Espírito só veio por meio do descendente de Abraão, ou seja, a nova aliança com Deus é mediada por Jesus e pelo Espírito, não pela lei.

3:2 Eu te dei leite. Paulo não esperava que os coríntios fossem maduros quando aceitaram a Cristo pela primeira vez. No entanto, eles deveriam ter crescido em sua fé - isto é, santificados. O comportamento dos cristãos deve começar a se alinhar com sua posição justa em Cristo.

3:3 Você ainda é mundano. Um cristão imaturo naturalmente carece de muitos traços cristãos, mas ninguém deve esperar que essa condição dure. Paulo ficou surpreso que os coríntios ainda não tivessem crescido em maturidade espiritual ou se tornado capazes de distinguir entre o bem e o mal (Hb 5:14).

3:6-18 Ao longo deste argumento, uma questão crítica permanece: por que Deus daria a lei se não traria Seu povo a uma posição correta com Ele? Deus não poderia ter encontrado uma maneira melhor de fazer isso? Não é como se a lei fosse uma coisa ruim ou um erro que Deus precisasse corrigir. Tem um bom propósito, mas limitado. Nunca suplanta a promessa de Deus a Abraão. Em vez disso, a lei mantém o pecado sob controle até o momento certo para a justiça salvadora que vem através da fé em Jesus. A lei serve como um tutor ou um mestre-escola, revelando nossa grande necessidade de salvação e apontando todos para Jesus.

3:13 do dia. Este é o momento em que Cristo julgará os méritos do trabalho dos servos (2Co 5:10), não se eles recebem o perdão dos pecados. Da mesma forma, o fogo não se refere ao fogo eterno da condenação (Ap 20:10), mas à avaliação das obras dos crentes (Ap 22:12).

3:21 Todas as coisas são suas. A literatura estóica da época, que os coríntios teriam conhecido, muitas vezes falava do sábio como possuidor de tudo. Tudo o que Deus fez na igreja e em todo o universo beneficia todos os crentes. Não há lugar para jactância tola ou competição entre os cristãos.

Notas Adicionais:

3.1-14 Paulo chama a atenção dos gálatas para a própria experiência deles e cita passagens do AT para mostrar que Deus sempre ofereceu a salvação com base na fé e nunca com base nas obras.

3.1 descrição perfeita da morte de Jesus Cristo na cruz: 1Co 1.23-24; 2.2, n.

3.2 vocês receberam o Espírito: Gl 3.14; 4.6; 5.5; 1Co 12.13.

3.3 ir até o fim pelas suas próprias forças: Isto é, fazendo o que a lei manda, o que inclui a circuncisão. pelas suas próprias forças: Ao pé da letra, o texto original diz “pela carne” (ver Intr. 2.2).

3.5 milagres: Provas da presença e do poder de Deus entre os cristãos (Rm 15.18-19; 2Co 12.12).

3.6 Escrituras Sagradas: Gn 15.6 (Rm 4.3). Abraão: Em Gálatas, é a primeira vez que se fala sobre Abraão.

3.7 os verdadeiros descendentes de Abraão são os que têm fé: As pessoas que estavam perturbando os gálatas (Gl 1.7), por certo, diziam que os verdadeiros descendentes eram aqueles que se deixavam circuncidar e faziam o que a lei manda (Rm 4.16).

3.8 a boa notícia: A boa notícia do evangelho foi anunciada a Abraão na forma de uma promessa (Gn 12.3). Deus abençoará todos os povos: Gn 12.3; ver também Gn 18.18; At 3.25.

3.9 Abraão creu: Rm 4.16-22.

3.10 as Escrituras Sagradas dizem: Dt 27.26 de acordo com o texto da Septuaginta. Ver também At 15.10.

3.11 aceito por Deus: Ver Intr. 2.1. as Escrituras dizem: Hc 2.4 (Rm 1.17). Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus; ou “Quem é aceito por Deus viverá por meio da fé”.

3.12 dizem as Escrituras: Lv 18.5 (Rm 10.5).

3.13 maldição: Isto é, uma pessoa condenada por Deus. Ao morrer na cruz, Cristo se tornou maldição por nós, isto é, em nosso lugar (v. 10; ver também 2Co 5.21). Assim, tornou possível que a bênção prometida a Abraão fosse dada aos não-judeus (v. 14). as Escrituras: Dt 21.23.

3.14 recebamos... o Espírito: Ver v. 2, n.

3.15-20 Paulo mostra que a promessa de Deus veio primeiro e é permanente; a lei veio mais tarde e é temporária.

3.15 quando duas pessoas combinam alguma coisa e assinam um contrato, ninguém pode quebrá-lo: Ou “Depois que uma pessoa faz e assina o seu testamento, ninguém pode anulá-lo”.

3.16 descendente: Ao pé da letra, o texto original diz “semente”. Tanto em hebraico como em grego, “semente”, quando aplicado a pessoas, é um substantivo coletivo que designa “descendência, descendentes”. Este é o sentido dessa palavra na promessa feita a Abraão em Gn 12.7 (ver também Gn 13.15; 17.2; 22.17-18; 24.7). Seguindo métodos de interpretação que eram usados em seu tempo, Paulo entende essa palavra no sentido singular, como referência a uma só pessoa, o “descendente”, isto é, Cristo.

3.17 quatrocentos e trinta anos: Gn 15.13 e At 7.6 dizem que os israelitas foram escravizados no Egito durante quatrocentos anos. Paulo está seguindo a Septuaginta, que, em Êx 12.40, diz que os hebreus viveram quatrocentos e trinta anos em Canaã e no Egito, isto é, desde Abraão até Moisés.

3.18 se aquilo que Deus dá depende da lei: Rm 4.14; 11.6.

3.19 o descendente de Abraão: Jesus Cristo (v. 16). foi entregue por anjos: É o que diz Dt 33.2 de acordo com a Septuaginta (ver também At 7.38,53; Hb 2.2). um homem: Isto é, Moisés.

3.20 e Deus é um só: Ou “e Deus age sozinho”.

3.21—4.7 A lei, que foi dada por Deus, não tinha por objetivo levar as pessoas à salvação. Ela foi dada para preparar as pessoas para a vinda de Cristo. A lei teve uma função limitada e passageira, que terminou quando Cristo veio ao mundo.

3.22 o mundo inteiro está dominado pelo pecado: Sl 14.3 (ver também Rm 3.9-18).

3.23 nós: Os judeus. prisioneiros da lei: A obrigação de obedecer à lei traz escravidão espiritual e não liberdade (Gl 4.3).

3.24 ficou tomando conta de nós: Para explicar a finalidade da lei, Paulo usa a figura de um professor particular ou tutor, que, naquele tempo, tinha o dever de educar e disciplinar a criança entregue aos seus cuidados, bem como tratar dos negócios dela (Gl 4.2). até que Cristo viesse: Ou “para nos levar a Cristo”.

3.26 todos vocês: Todos os que creem em Cristo, judeus e não-judeus.

3.27 unidos com Cristo: Ver Intr. 2.3; Rm 6.3, n. se revestiram: Ef 4.22-24; Cl 3.8-11.

3.28 não existe diferença: Com o cumprimento da promessa na pessoa de Cristo (v. 16), as diferenças estabelecidas pela lei (judeus e não-judeus) e as diferenças que caracterizam este “mundo mau” (escravos e pessoas livres; homens e mulheres; Gl 1.4) perderam sua importância e foram superadas. Todos são um só por estarem unidos com Cristo Jesus (Rm 10.12; 1Co 12.13; Cl 3.11). São descendentes de Abraão e filhos de Deus (v. 29). escravos: Ver 1Co 7.21, n.

3.29 descendentes de Abraão: Ver v. 16, n. receberão aquilo que Deus prometeu: Rm 4.13; 8.17; 1Pe 1.4.