Ágape — Estudo Bíblico
Vem
do grego agapao, amar; ou de agape, amor.
1.
Usado para designar um a “festa de amor”, uma refeição comum para promover a
fraternidade cristã, associada à antiga prática, à Ceia do Senhor do protestantismo
e à eucaristia do catolicismo romano. Comemora o sacrifício de amor realizado
por Cristo e a intensa expectação por Seu retomo. Há decisivas indicações no
Novo Testamento de que o “ágape” consistia em um a refeição completa, tomada
antes do partir do pão e do beber do vinho. (Ver Atos 2:42-47; 20:6-12; I Cor.
11:17-34). Paulo descreve abusos de glutonaria e excesso de vinho, ou de
negligência quanto aos pobres, enquanto os membros abastados da igreja se
empanturravam. Tais abusos levaram à recomendação de que a refeição fosse
evitada, com a passagem do tempo; e também que cada pessoa deveria tomar a sua
própria refeição em casa. Essa tomou-se a regra na prática da Igreja posterior.
Na maioria das denominações, a participação no pão e no vinho, em pequenas
doses, passou a representar o holocausto de Cristo e a expectativa por Seu
retomo. Pelos fins do século VII D.C., parece haver cessado, quase universalmente,
qualquer refeição separada associada à eucaristia.
História.
Alguns procuram achar a origem dessa festa nas guildas pagãs, ou nas refeições
comuns dos judeus. Mas outros vêem nela um reflexo do incidente no lago de
Tiberíades, onde Jesus compartilhou de Seu quebra-jejum com sete de Seus
discípulos (João 21). Essa interpretação é favorecida pelo fato de que algum as
pinturas, encontradas nas catacumbas, mostram grupos de sete pessoas
participando de uma refeição comum. Porém, parece melhor supormos que a
refeição estava ligada à páscoa, pois Jesus e Seus discípulos estavam
envolvidos, quando da primeira “Ceia do Senhor”. Jesus ordenou que nos
amássemos mutuamente (agape) por ocasião da Ceia, pelo que é próprio que a ideia
de comunhão e companheirismo seja vinculada à Ceia do Senhor.
A refeição
original era efetuada à noitinha, tencionando promover a fraternidade e
beneficiar os pobres. Pelo segundo século de nossa era, foi distinguida da
eucaristia, tendo persistido até hoje como evento separado. A parentem ente
Judas 12 reflete essa situação. Posteriormente, no que toca ao pão e ao vinho,
cada pessoa recebia o pão abençoado das mãos do oficial residente (chamado
então eulogia, e não eucaristia), e
cada qual tomava e abençoava o cálice de vinho. Esses elementos foram tomados
por empréstimo dos costumes judaicos. Após a oficialização do cristianismo por
Roma, em 313 D.C., a festa de amor começou a perder seu caráter religioso em muitos
lugares, até ser suspensa pela Igreja. Inácio, ad Smymaeos viii.2, refere-se ao
agape, como também o faz o Didache x. 1; xi.9, onde é sugerido que a refeição
antecedia à eucaristia. Nos dias de Tertuliano (Apol. xxxix; De Jejuniis xvii;
De Corona Militis iii), a festa era celebrada distintamente — da eucaristia —.
Ê possível que Plínio tenha aludido a esse arranjo, em Epp. x. 96. Clemente de
Alexandria (Paedagogus ii.l e Stromata iii. 2) e Crisóstomo (Hom . xxvii sobre
I Cor. 11:17), mencionam os dois aspectos como distintos. Crisóstomo descreve a
festa de amor como “lindíssimo e benéfico hábito”, porquanto favorecia o amor,
era um alívio p ara os pobres e um disciplinamento de humildade. Festas de amor
eram efetuadas nas prisões, em tempos de perseguição, — nas festas de casamento
e em outros eventos significativos (Gregório Nazianzeno, Epçp. i.14). Porém, a prática caiu sob abusos
durante e apôs o século IV D.C. Agostinho menciona abusos (Confissões vi.2). Os
cânones 26 e 27 do concilio de Laodicéia (363) tentaram corrigir os abusos. O
terceiro concilio de Cartago (393) e o segundo concilio de Orleãs (541) proibiram
banquete na Igreja. Isso se radicalizou de tal modo que o concilio de Trullan,
em 692, ameaçou excomungar aqueles que efetuassem festas de amor. Depois disso,
o rito desapareceu quase inteiramente, a única exceção aparecendo na Igreja
oriental. Ali, persiste até os nossos dias. Tem reaparecido em algumas
denominações, aqui ou acolá, no mundo ocidental. Os “quebra-jejuns paroquianos”,
após a participação na eucaristia em algumas igrejas, têm restaurado os
elementos essenciais do agape.
2.
A palavra Agape vem de agapao.
No grego clássico significava acolher, entreter, gostar de, amar, contentar-se
com. “Agape” fala de “amor”. O termo figura no Novo Testamento grego por 116
vezes, com a idéia de “amor”, “caridade”, “querido” e “festa de amor”. A forma
verbal aparece por 142 vezes no Novo Testamento, dando a entender “amar” ou “ser
amado”. Fileo é um sinônimo grego. A
tentativa de aplicar o agape ao amor
divino e o fileo ao amor humano, fracassa
totalmente, quando se acompanha esses vocábulos em uma boa concordância. Por
toda parte são usados como sinônimos.
Em João 21, onde as duas palavras são usadas,
os pregadores têm procurado estabelecer distinção entre elas, por motivos
puramente homiléticos, mas a passagem de uma para outra é apenas uma variação
estilística da parte do autor sagrado. O amor divino também é descrito por fileo. Eros também significa amor,
desejo e o amor religioso também pode ser indicado por essa palavra. Contudo,
com frequência está associada ao amor apaixonado. Eros era o deus do amor. Essa
palavra nunca aparece no Novo Testamento. No eros, o homem busca
satisfação. No agape, Deus busca o
homem, e vice-versa. O agape ama aos que
erram, aos que não merecem amor, aos inimigos. O eros busca a autosatisfação. O agape
é a virtude suprema, pois o amor é a base de todas as virtudes (Gál. 5:22), a
prova da espiritualidade (I João 4:7). Essa é a única qualidade moral que é
usada como título do próprio Deus (I João 4:8).