Alegoria — Estudo Bíblico
Alegoria
1. A palavra
aparece em Gálatas 4:24, sob a forma “alegóricas”, na expressão: “Estas cousas
são alegóricas”. Indica a explicação ou expressão de alguma coisa por meio do
nome ou imagem de outra coisa. Fazer a Hagar e seus filhos corresponderem à
atual Jerusalém e aos judeus (que, na realidade, descendiam de Abraão e Sara, e
não de uma escrava), parece uma estranha distorção. Mas Paulo apontava para o aspecto
da servidão espiritual. Aqueles que se
tinham deixado escravizar espiritualmente, tinham-se tornado descendentes
espirituais de Hagar e seu filho, e não de Sara e seu filho, o qual nasceu
livre. Quanto a detalhes sobre isso, ver Gál. 4:24. O termo grego com põe-se de
allos e agoreuein, “outro” e “falar”. Quem alegorizava, falava ou escrevia
sobre alguma coisa por intermédio de outra, procurando desvendar sentidos
simbólicos ou espirituais ocultos e inesperados. Assim, Jesus disse: “Ide dizer
a essa raposa...” (Luc. 13:32), ao referir-se a Herodes, pois este demonstrava
possuir a natureza ardilosa e má de uma raposa. Se uma narrativa ou ilustração
contém vários de tais usos, — chamamo-la de alegoria; mas, se apenas um desses
artifícios literários é usado, chamamos esse uso de metáfora ou símile. O termo grego pode ser usado para indicar um uso
isolado ou um uso reiterado desse artifício. Consideremos os pontos abaixo:
2. Distinções.
a. Uma metáfora ou símile é
uma única comparação mediante a qual um a coisa é explicada por meio de outra,
segundo se vê na ilustração acima, em que raposa tom a o lugar de Herodes. b.
Uma parábola, por estrita definição, é um
a estória que contém um a ou algum as poucas lições, ilustradas por seu intuito
geral. Todavia, a maioria das parábolas (ver o artigo a respeito) do Novo Testamento consiste, realmente, de alegorias. Nas alegorias, muitos itens têm
um sentido simbólico, isto é, são usadas muitas símiles ou metáforas. A parábola
do semeador, contada por Jesus, envolve um sentido para cada item. E isso,
segundo a definição moderna, é uma alegoria, e não uma parábola, c. Uma analogia é a comparação de um a
coisa com outra, que tenciona instruir quanto à natureza da coisa em questão.
Uma analogia também pode envolver muitos itens de comparação, mas é antes uma
análise racional, ao passo que uma alegoria usa uma coisa de natureza
inteiramente diferente para ilustrar algum a coisa. Um a analogia envolve a semelhança
entre uma coisa e outra, em um ponto ou mais. A bondade de um homem pode ser
usada para descrever a bondade divina, porque se assemelha a esta, em algum
grau. Todos os atributos de Deus são concebidos por nós por analogia com as
melhores qualidades humanas, posto que multiplicadas ao infinito, d. Um tipo envolve a circunstância em
que uma coisa ou pessoa simboliza outra, ou um aspecto de outra pessoa ou
coisa, tal como o sacerdócio de Aarão tipificava o sacerdócio de Cristo quanto
a certo aspecto, ou como José, em algum as de suas qualidades pessoais,
prefigurava as qualidades de Cristo, servindo assim de tipo do Senhor Jesus. O
livro aos Hebreus contém muitos tipos.
3. Alegorias na Bíblia. Há alegorias no livro de Ezequiel, nos
capítulos primeiro e trigésimo sétimo, neste último a famosa alegoria dos ossos
secos. Alguns pensam que o livro Cantares de Salomão é um a alegoria elaborada,
retratando o amor de Cristo por Sua Igreja. No Novo Testamento, a maioria das parábolas
com múltiplos sentidos consiste em alegorias (ver Mat. 13:18-23; Mar. 4:14-20).
Jesus como a porta, o pão e a água, no evangelho de João, pode ser concebido
alegoricamente, em consonância com o uso de Gál. 4:24; todavia, é melhor chamar
esses usos de símiles ou metáforas, de conformidade com a terminologia moderna.
O Apocalipse contém a alegoria da mulher (12:1ss), do cavalo branco (19:11-16)
e muitas símiles e metáforas. Paulo usou uma outra alegoria em I Cor. 9:9ss,
usando a imagem do boi a fim de indicar o ministério cristão. Já vimos a
alegoria de Gál. 4:24, à qual se assemelha a alegoria de Cristo como a
rocha, em I Crô. 1:4.
4. Interpretação alegórica. Um artigo separado trata do assunto, sob esse título. A interpretação alegórica é anterior a tal tratamento dado na Bíblia. Os escritos homéricos (a antiga Bíblia grega, para todos os propósitos práticos) eram interpretados alegoricamente em tempos posteriores, a fim de fixar as ideias ali contidas sobre os deuses e a fim de serem descobertos sentidos ocultos. Teógenes de Rédio (c. de 520 A.C.) provavelmente foi o primeiro alegorista homérico. Homero falara sobre os deuses em termos das injustiças, imoralidades e muitas imperfeições, e os gregos posteriores, usando os escritos de Homero como sagrados e inspirados, tiveram de apelar para a alegoria a fim de evitar a aplicação de suas terríveis descrições aos seres divinos. Em relação à Bíblia, um judeu chamado Aristóbulo, do início do século II a.C., incorporou a interpretação alegórica aos seus ensinos e escritos. Ele tentou encontrar os ensinos de Platão nos escritos de Moisés, mediante interpretações fantasiosas. Nessa atividade ele chegou a incríveis extremos, como quando alegorizou o relato do adultério de Davi, transformando-o em um homem virtuoso, em seu ato! O que falta ser dito sobre a questão da interpretação alegórica, reservo para ser dito no artigo que trata especificamente do assunto.
4. Interpretação alegórica. Um artigo separado trata do assunto, sob esse título. A interpretação alegórica é anterior a tal tratamento dado na Bíblia. Os escritos homéricos (a antiga Bíblia grega, para todos os propósitos práticos) eram interpretados alegoricamente em tempos posteriores, a fim de fixar as ideias ali contidas sobre os deuses e a fim de serem descobertos sentidos ocultos. Teógenes de Rédio (c. de 520 A.C.) provavelmente foi o primeiro alegorista homérico. Homero falara sobre os deuses em termos das injustiças, imoralidades e muitas imperfeições, e os gregos posteriores, usando os escritos de Homero como sagrados e inspirados, tiveram de apelar para a alegoria a fim de evitar a aplicação de suas terríveis descrições aos seres divinos. Em relação à Bíblia, um judeu chamado Aristóbulo, do início do século II a.C., incorporou a interpretação alegórica aos seus ensinos e escritos. Ele tentou encontrar os ensinos de Platão nos escritos de Moisés, mediante interpretações fantasiosas. Nessa atividade ele chegou a incríveis extremos, como quando alegorizou o relato do adultério de Davi, transformando-o em um homem virtuoso, em seu ato! O que falta ser dito sobre a questão da interpretação alegórica, reservo para ser dito no artigo que trata especificamente do assunto.