Daniel 10 — Explicação das Escrituras

Daniel 10

10:1–9 Os eventos deste capítulo ocorreram no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia. Alguns cativos já haviam voltado para Jerusalém, conforme permitido pelo decreto de Ciro, mas Daniel havia permanecido no exílio. Depois de três semanas de luto, talvez por relatos desanimadores dos que haviam retornado (as obras do templo haviam parado), pela má condição espiritual dos que ainda estavam no exílio, ou porque queria saber o futuro de seu povo, Daniel estava parado nas margens do Tigre (hb. Hiddekel). Lá ele teve uma visão de um homem glorioso vestido de linho. Essa descrição se assemelha à do Senhor Jesus em Apocalipse 1:13–16.

10:10–14 Então uma voz explicou por que as orações de Daniel haviam sido adiadas. O príncipe do reino da Pérsia se opôs por vinte e um dias. Quem é esse príncipe (ou governante) que resistiu à resposta da oração de Daniel por tanto tempo? Uma vez que Miguel, o arcanjo e protetor de Israel, é chamado para a briga, deve ser um poder angelical maligno, mais forte do que um “príncipe” meramente humano. Leon Wood, em seu excelente comentário sobre Daniel, explica:
Como a Grécia também teria um “príncipe” semelhante designado a ela no devido tempo (cf. v. 20), e o povo de Deus estaria sob a jurisdição da Grécia após a queda da Pérsia para a Grécia, a sugestão parece razoável de que Satanás frequentemente designa emissários especiais para influenciar governos contra o povo de Deus. Certamente este capítulo tem muito a contribuir com relação à natureza das lutas entre os poderes superiores em referência ao programa de Deus na terra (cf. Ef. 6:11, 12).
(Leon Wood, A Commentary on Daniel, pp. 272, 273.)
Mas como o Príncipe da Pérsia poderia resistir com sucesso ao Senhor por vinte e um dias, e por que o Senhor onipotente precisaria da ajuda de Miguel (v. 13)? Uma sugestão é que “o homem certo” nos versículos 5 e 6 não é o Senhor, mas um ser angélico, talvez Gabriel.

Em ambos os casos, a voz explicou por que as orações de Daniel foram impedidas; como já mencionado, o responsável foi o príncipe do reino da Pérsia. A voz também prometeu revelar as coisas que aconteceriam ao povo de Daniel, os judeus, nos últimos dias. Isso é feito nos capítulos 11 e 12.

10:15–19 Há uma dúvida se a voz era do homem de linho ou a voz de um mensageiro angelical. Daniel ficou fraco e sem palavras com essa experiência, mas foi fortalecido por alguém com aparência humana. 10:20, 21 Então este a quem Daniel se dirigiu como “meu senhor” disse que ele deveria primeiro lutar com o príncipe da Pérsia, então encontrar o príncipe da Grécia. Ele revelaria mais a Daniel o que está escrito na Escritura da Verdade. Miguel, “seu” príncipe (de Daniel e de seu povo), foi o único que permaneceu firme com ele nessas batalhas.


Notas Adicionais:

10.1 Ciro. Começou a reinar no ano 539 a.C. Estamos, então, no ano 537 a.C. Daniel já é um homem idoso, passando dos oitenta.

10.2 Três semanas. Uma época de luto pela morte espiritual de tantos judeus que não quiseram voltar para restaurar o Templo.

10.5 Um homem. Uma teofania, comp. Ap 1.13-15; é a resposta de Deus aos atos de humilhação e contrição feitos pelo profeta.

10.7 Só eu. A visão era para o servo de Deus; os demais percebem algo, sem entender nada, comp. At 22.7-8.

10.8 Contemplei. Mesmo com o temor e tremor, o servo de Deus sabe que precisa estar a postos quando a vontade de Deus lhe é revelada.

10.10 Certa mão. A consolação divina não é só para nossa própria alegria: também é para nos reforçar em nossa vocação.

10.11 Muito amado. A confiança do crente está baseada no amor de Deus, que se lhe revela mediante o sacrifício de Cristo, Jo 3.16.

10.13 O príncipe de reino do Pérsia. O poder espiritual satânico manifesto atra do culto pagão dos persas. Paulo nos ensina que quem adora a ídolos está servindo a demônios, 1 Co 10.20. Miguel. O anjo Miguel simboliza a proteção divina em Israel, Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7.

10.14 Últimos dias. Daniel está sendo preparado para uma visão que tem grande projeção na história de Israel, e precisa ser de grande força espiritual para servir de receptáculo destas revelações. O trecho que se acha nos vv. 10-21 ajuda-nos a ter uma ideia de como o poder do Espírito Santo usou homens totalmente dedicados e purificados para receberem as palavras que hoje temos registradas nas Sagradas Escrituras.

10.17 Não me resta já força alguma. Morrem as energias do profeta fazendo-o depender exclusivamente das forças de Deus, v. 18.

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Bibliografia
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