Daniel 11 — Explicação das Escrituras

Daniel 11

Embora ainda no futuro quando foram escritos, os versículos 1–35 agora são história passada. Os versículos 36 a 45 ainda são futuros. O ele no versículo 1 pode se referir a Miguel, mencionado no versículo anterior, ou a Dario. O versículo 2 fala do poder de quatro reis da Pérsia e da oposição do último à Grécia. Os quatro reis foram Cambises, Pseudo-Smerdis, Dario I (Hystaspes) e Xerxes I (Assuero). Alexandre, o Grande, foi o poderoso rei que conquistou o poder mundial da Pérsia para a Grécia.

11:4 Quando Alexandre morreu, seu reino foi dividido em quatro partes: Egito, Síria-Babilônia, Ásia Menor e Grécia. O governante do Egito era o rei do sul, enquanto o governante da Síria-Babilônia era o rei do norte. Nenhum dos sucessores de Alexandre era de sua posteridade, mas sim seus generais.

11:5, 6 Os versículos 5–35 descrevem uma guerra que durou cerca de dois séculos entre esses dois últimos reinos. o primeiro rei do Sul foi Ptolomeu I, e aquele que ganhará poder sobre ele foi Seleuco I da Síria. Esses dois eram aliados no início, depois antagonistas. 14 Mais tarde, Berenice, filha de Ptolomeu II, casou-se com Antíoco II, rei da Síria, para reaproximar as duas nações, mas o estratagema falhou em uma torrente de intrigas e assassinatos.

11:7–9 Ptolomeu III, um irmão de Berenice, atacou com sucesso o reino de Seleuco Calínico, retornando ao Egito com cativos e grande despojo. Dois anos depois, Seleuco lançou um ataque malsucedido contra o Egito.

11:10–17 Seus filhos tiveram mais sucesso, especialmente Antíoco III. Os versículos 10–20 descrevem como a maré da batalha oscilava entre o Norte e o Sul. O versículo 17b conta como Antíoco III fez um pacto com o Egito, dando sua filha Cleópatra (não a famosa — ou notória — rainha do Egito) em casamento a Ptolomeu V, mas ela desertou para ficar do lado do Egito.

11:18–20 Quando Antíoco III tentou conquistar a Grécia, foi derrotado pelos romanos nas Termópilas e na Magnésia e voltou para sua própria terra para morrer em uma insurreição. Seu sucessor, Seleuco Filopater, tornou-se famoso por seus impostos opressivos sobre o glorioso reino de Israel. Ele morreu misteriosamente, talvez por envenenamento.

11:21, 22 O versículo 21 nos leva à ascensão de Antíoco Epifânio, o “pequeno chifre” de Daniel 8. Essa pessoa vil ganhou por intriga o trono que por direito pertencia a seu sobrinho. Reinos foram inundados por seu poderio militar, e o sumo sacerdote judeu, Onias, o príncipe da aliança, foi assassinado.

11:23, 24 Antíoco fez tratados com várias nações, especialmente o Egito, mas sempre para sua própria vantagem. Quando ele saqueou uma província conquistada, ele usou a riqueza para estender seu próprio poder.

11:25, 26 Sua campanha contra o Egito recebe menção especial; o rei do Sul não foi capaz de resistir a ele, em parte por causa da traição entre seus próprios seguidores.

11:27, 28 Subsequentemente, os reis da Síria e do Egito se envolveram em conferências hipócritas e enganosas. Quando Antíoco estava voltando para sua própria terra, ele começou a dirigir sua hostilidade contra Israel, infligindo grande matança e destruição.

11:29–31 Na próxima vez que Antíoco marchou contra o Egito, ele foi repelido pelos romanos (navios de Chipre) perto de Alexandria. Voltando pela Palestina, ele descarregou sua raiva contra Israel. Alguns judeus apóstatas colaboraram com ele. Ele interrompeu os sacrifícios diários e ordenou que um ídolo fosse erguido no santuário. Segundo a história secular, ele poluiu o templo oferecendo uma porca sobre o altar. A santa aliança (vv. 28, 30, 32) refere-se à fé judaica, com ênfase particular no sistema sacrifical.

11:32–35 Esses ultrajes provocaram a revolta dos Macabeus, liderada por Judas Macabeu (“o martelo”) e sua família. Os judeus apóstatas ficaram do lado de Antíoco, mas os fiéis eram fortes e fizeram grandes façanhas. Foi um tempo terrível de matança por um lado, mas de brilho espiritual e reavivamento por outro.

11:36–39 Como mencionado, os versículos 36–45 ainda são futuros. O versículo 36 apresenta o rei obstinado, cuja descrição o faz parecer muito com o Anticristo. Ele prosperará até que a ira de Deus contra Israel se cumpra. Muitos acreditam que ele será judeu, a julgar por expressões como “o Deus de seus pais” e “o desejo das mulheres” (isto é, o Messias). Os judeus dificilmente seriam enganados por um messias gentio. De qualquer forma, ele ampliará muito seu domínio por meio de um militarismo agressivo.

11:40–45 Há um problema nos versículos 40–45 quanto a quem ele e ele se destinam. Uma interpretação é a seguinte: o rei do Sul colide com o rei obstinado na batalha. O rei do Norte então desce pela Palestina e segue para o Egito. Mas notícias perturbadoras do leste e do norte o fazem retornar à Palestina, onde acampa entre os mares (Mediterrâneo e Mar Morto) e Jerusalém. Ele será destruído, sem que ninguém venha para ajudá-lo.

Notas Adicionais:

11.2 Três reis.
Cambises, Dario e Smerdis, que recebeu o, título de Artaxerxes. O quarto. Xerxes, que foi derrotado na grande invasão da Grécia.

11.3 Um rei poderoso. Alexandre Magno reuniu os elementos diferentes que formavam uma conglomeração de estados na Grécia, e invadiu a Pérsia depois de ter dado a liberdade a todos os gregos, Dn 8.21.

11.4 Passará a outros. Os quatro generais de Alexandre foram os únicos herdeiros não legítimos que restaram, veja a nota a respeito em 7.6.

11.5 O rei do Sul. Ptolomeu (I), o general que herdou o Egito de entre as conquistas de Alexandre, e formou uma dinastia poderosa. Um de seus príncipes. Seleuco Nicator que, com a ajuda de Ptolomeu, conquistou a Babilônia e foi o maior rei da época.

11.6 Se aliarão. Os dois grandes poderes que sempre cobiçaram o território israelita, os ptolomeus do Egito e os selêucidas da Síria, chegariam a formar uma breve aliança de casamento. Berenice foi a filha do rei do sul que reinou na Síria, o reino do Norte, até ser traída sendo envenenada por sua rival.

11.7 Um renovo. Ptolomeu III, Evergeta (247-222 a.C.), irmão de Berenice, invadiu a Síria.

11.9 Este avançará. Uma invasão do Egito realizada sem sucesso pelo rei Seleuco Calicino, da Síria.

11.10 Aqui começa uma profecia dás muitas guerras que houveram entre à Síria e o Egito, ambos ambicionando ser a verdadeira continuação do império de Alexandre, e ambos lutando para impor a cultura e filosofia dos gregos sobre os judeus, que viviam em estado de sítio entre os dois poderes.

11.14 Se levantarão para cumprirem a profecia. Até à época destas guerras, o livro de Daniel seria bastante conhecido pelos judeus que quiseram apressar “o tempo do fim” (quando, na verdade, o Filho de Deus é que faria cessar a injustiça humana para prevalecer a justiça eterna). Por isso, estes últimos apressaram-se em tornar armas contra Antíoco o Grande, a fim de obterem independência absoluta para Israel, que passaria a ser uma teocracia messiânica, segundo suas esperanças.

11.15 O rei do Norte. Esta profecia se refere a Antíoco o Grande. Ei-lo agora tomando a cidade de Sidom, do general Ptolomeu.

11.16 Na terra gloriosa. A conquista completa do território dos judeus, a herança que Deus prometera a Moisés e Abraão. Tudo estará em suas mãos. Mesmo o próprio templo.

11.17 Uma jovem em casamento. Cleópatra, filha de Antíoco III (o, Grande), haveria de servir como espiã na corte de Ptolomeu V, mas ela ficou fiei ao marido, e deixou os romanos livres para conquistarem a Síria.

11.18 Terras do mar. Antíoco III, o Grande, aproveitou a invasão da Grécia, pelos romanos, para conquistar muitas ilhas gregas, mas logo depois foi derrotado pelo general romano Lúcio Scípio.

11.21 Homem vil. Antíoco IV Epifânio, comp. Dn 8.9-14.

11.24 Fará o que nunca fizeram seus pais. Antíoco Epifânio foi o único rei da Síria que conseguiu levar seus exércitos até a capital do Egito, Alexandria.

11.25 Maquinarão projetos. A atmosfera de intriga na corte de Alexandria encorajou a invasão realizada pelos sírios.

11.26 Os que comerem. Fiscon, irmão do rei Ptolomeu VI Filometor, usou estas invasões para usurpar o trono do Egito.

11.28 Contra a santo aliança. Antíoco Epifânio (ou IV) desprezou a religião dos judeus a ponto de despojar o templo de Jerusalém das suas riquezas.

11.30 Quitim. Uma frota romana pôs fim à invasão do Egito. Se indignará. Agora se voltara contra o templo com fúria para destruir. Atenderá. O grupo de judeus que abraçaram a cultura grega, em detrimento da religião judaica, e que serviram como agentes do rei dentro do território israelita.

11.31 Abominação desoladora. Um altar pagão dentro do santuário. No tempo do Novo Testamento, os romanos puseram ali uma imagem do imperador, levando os judeus à fúria (cf. a profanação do templo por Antíoco Epifânio que sacrificou um porco no templo, 8.11).

11.32 O povo conhece ao seu Deus. Os que não eram fiéis à lei de Deus acharam vantagem em aliarem-se a um pequeno império dos seguidores de Alexandre Magno, mas os fiéis, vendo até que ponto chegaram, rebelaram-se furiosamente.

11.33 Os sábios. Os fiéis israelitas retiraram-se para o deserto, a fim de poderem viver livremente dentro das tradições de sua religião, mas foram facilmente esmagados pelos soldados sírios.

11.34 Pequeno socorro. Judas Macabeu juntamente com seus filhos resolveram defender a fé auxiliados por armas, mas isto não surte grande efeito, comparado com o auxílio que vem de Deus em resposta às orações quando feitas com fé. Lisonjas. Muitos, não sabendo ainda se a rebelião iria libertá-los, fizeram jogo duplo: não se comprometeram totalmente.

11.36-45 Os versículos anteriores concluíram a profecia do opressor sírio. Neste trecho, encontramos um mal e blasfêmias muito piores do que os de Antíoco. Muitos acham que temos aqui um retrato do anticristo, comparando-o com a pessoa de Antíoco. Este déspota do passado não se exaltou, porém, acima dos deuses. Ele considerou-se a si mesmo, um zeloso adorador de Zeus. Esta linguagem só poderia descrever o anticristo (cf. 2 Ts 2.4, Dn 7.25).

11.37 Aqui temos uma indicação de que o anticristo, seria judeu, porque ele rejeitada o Deus de seus pais.

11.38 Honrará o deus dos fortalezas. O poder e a força militar parecem ser o único deus que ele conhecerá.

11.41 Entrará no terra gloriosa. A guerra final será na Palestina.

Índice: Daniel 1 Daniel 2 Daniel 3 Daniel 4 Daniel 5 Daniel 6 Daniel 7 Daniel 8 Daniel 9 Daniel 10 Daniel 11 Daniel 12