Daniel 2 — Explicação das Escrituras

Daniel 2

2:1-13 Nabucodonosor teve um sonho para o qual exigiu não apenas a interpretação, mas o conteúdo do próprio sonho — uma exigência muito mais difícil, para não dizer impossível. Seus próprios sábios, os caldeus, não foram capazes de lhe contar o sonho ou seu significado, então ele tomou a decisão arrebatadora de que todos os sábios (incluindo Daniel e seus companheiros) deveriam ser destruídos!

2:14–30 Em resposta à oração, Daniel aprendeu com o Senhor em uma visão noturna a natureza do sonho e a interpretação dele. Em agradecimento, Daniel abençoou o Deus do céu com uma bela oração de louvor. Então ele foi a Arioque para evitar mais mortes dos sábios da Babilônia. Trazido por Arioque à presença do rei, Daniel revelou a fonte de seu segredo divinamente revelado.

2:31–35 Daniel fez saber que o rei tinha visto uma grande imagem, tanto esplêndida como impressionante. A cabeça desta imagem era de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de bronze, as pernas de ferro, os pés em parte de ferro e em parte de barro. Nabucodonosor observou enquanto uma pedra... cortada sem mãos destruiu a imagem e se tornou uma grande montanha, enchendo toda a terra.

2:36–45 A imagem representava os quatro poderes gentios que exerceriam o domínio mundial, governando o povo judeu. Nabucodonosor, um monarca absoluto (Babilônia), era a cabeça de ouro (v. 38). A Pérsia era os braços de prata, um braço representando a Média e o outro a Pérsia. A Grécia, o terceiro reino, era o ventre e as coxas de bronze. O Império Romano era as duas pernas e pés de ferro, as pernas representando as alas oriental e ocidental do reino. Os pés de ferro e barro cozido retratam o Império Romano Revivificado, os dedos dos pés representando dez reinos. Observe o valor decrescente dos metais e o aumento da resistência (exceto nos pés de ferro e barro). Observe também que o homem retrata seus impérios como metais valiosos, enquanto Deus retrata esses mesmos reinos como feras (cap. 7). O Senhor Jesus é a pedra... cortada... sem mãos. Ele destruirá os quatro reinos e governará toda a terra, seu reino permanecendo para sempre.

2:46–49 Quando o rei Nabucodonosor ouviu a sabedoria de Daniel, ele o nomeou governador de toda a província de Babilônia e administrador-chefe de todos os sábios da Babilônia. Os outros três jovens judeus foram nomeados deputados ou assistentes.

Notas Adicionais:

2:1 Segundo ano. O ano 603, pois, quando cercou a Jerusalém, Nabucodonosor estava regendo ao lado de seu pai Nabupolassar.

2:2 Magos... encantadores... feiticeiros... caldeus. Eram sábios da época, o v. 13 assim os chama. Eram os conselheiros do rei.

2:4 Em aramaico. Com estas palavras, inicia-se a seção do livro escrita em aramaico, que vai até ao fim do capítulo 7.

2:5 Uma coisa é certa... A tradução que diz: “o que foi me tem escapado” é errada, e não explica o verdadeiro motivo do rei. O sonho era tão importante para ele e seu império, que a única prova da exatidão das interpretações era consultar os sábios para verificar se estes poderiam contar primeiro os sonhos do rei.

2:6 Aos sábios da época ofereciam-se, ao mesmo tempo, grandes prêmios e terríveis ameaças, comp. Dn 3.15.

2:9 Saberei. Contar o sonho é a prova do valor dos feiticeiros e da sua interpretação mas este poder está fora do seu alcance.

2:10 Não há mortal. O desespero leva os magos a enfrentar o rei, explicando que só têm o poder de interpretar sinais dados pelas divindades, mas nunca de fazer os sinais aparecerem.

2:11 Os deuses. Esta palavra é, também, o plural de majestade, e deve ser traduzida como “Deus” - porque, embora os magos da época acreditassem que certos demônios e anjos vivessem entre os homens, estão aqui percebendo que o que o rei está pedindo está nas mãos do próprio Deus, e é a Ele que Daniel recorre, vv. 17-23.

2:12 Matassem a todos. Resultado da fúria de Nabucodonosor, que era um déspota. No, final, entretanto, se vê que nunca perdeu o hábito da época, de recorrer aos sábios, Dn 4.6-9.

2:13 Buscaram a Daniel. Depois de receber a cultura da época, Daniel era considerado um membro da sociedade dos magos (Dn 4.9), embora sua sabedoria viesse da revelação divina, v. 20. O homem perverso recusa-se a reconhecer a obra de Deus; e toda a sabedoria de Daniel era atribuída a poderes mágicos.

2:14 Prudentemente. As palavras meigas de Daniel obtiveram para ele a possibilidade de abrandar a ira do rei, v. 16.

2:17 Daniel, tendo falado ao oficial, ao rei e aos seus amigos, vai consultar ao Rei dos reis, o supremo amigo dos fiéis, v. 18. • N. Hom. Quem se volta a Deus em oração, pedindo misericórdia e colocando seus problemas nas Suas mãos, humildemente prontificando-se a submeter-se à Sua vontade, logo terá motivos para bendizê-10, pois a oração é a porta aberta para os céus, que nos dá visões consoladoras das coisas eternas, v. 18-23. Assim Daniel obteve conhecimento do mistério que estava perturbando a cidade inteira (v. 19); assim aprendeu a ser um recipiente da sabedoria divina (v. 20); assim aprendeu a confiar na Providência de Deus em todas as coisas, (v. 21, 22); assim aprendeu a adorar a Deus com gratidão e louvor (v. 23), entregando-se a este conhecimento de Deus que já é a vida eterna, pela obra de Jesus Cristo, Jo 17.14.

2:25 Achei. A posição de Arioque no palácio dependia do favor do rei, e por isso tomou todo o crédito para si mesmo.

2:26 O que vi no sonho. O rei ainda insiste no conteúdo do sonho, já que tanto Arioque como Daniel só falaram na interpretação (vv. 16, 24 e 25), o que. aparenta ser o caso dos magos, vv. 10, 2, 11.

2:28 O que há de ser nos últimos dias. Lit. “a última parte dos dias”, é uma expressão profética que se refere ao futuro, e especialmente ao período messiânico, o tempo de Cristo, incluindo-se as duas vindas, havendo a dispensação da graça entre elas, Dt 4.3031; Jr 23.20; At 2:17-21; 1 Jo 2:18.

2:29 O que há de ser depois disto. O futuro, em geral, o que havia de acontecer daquela data em diante.

2:31 Daniel começa a relatar o conteúdo do sonho, que realmente é uma visão do curso da história do mundo, com seus impérios.

2:35 Vestígios. O reino representado por esta Pedra não deixará nenhum sinal de outros reinos haverem existido, Jesus disse: Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhes produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó, Mt 22:42-44.

2:37 Tu, ó rei. Nabucodonosor, e o império da Babilônia do qual era a encarnação, era o primeiro dos poderes mundiais do sonho.

2:39 Outro reino. Dois braços de prata, o império da Média e da Pérsia, simbolizado pelo urso de 7.5 e o carneiro de 8.3 e 4, das visões paralelas. Terceiro reino. Grécia, o reino de bronze, o leopardo de 7.6 e o bode de 8.5. Os gregos vestiam-se com armaduras de bronze.

2:40 O quarto reino. O império romano, o quarto animal de 7.7, 23.

2:43 Não se ligarão. Uma diversidade na sua constituição interna que nunca se fundirá em um só. Assim os romanos eram um povo forte e disciplinado, mas formaram alianças com nações estranhas que, infiltrando-se na própria cidade de Roma, trouxeram vícios, superstições e fraqueza de caráter ao império.

2:44 Os dias destes reis. Nos tempos dos reinos humanos, Deus estabelece o reino dos Céus. Assim também o Credo Apostólico menciona a ocasião do sofrimento de Cristo “sob Pôncio Pilatos”, e Lucas, toma grande cuidado em dar a data humana da vinda de Cristo, Lc 1.5; 2:2; 3.1 e 2: Deus... suscitará. A vinda de Cristo é um ato de soberania divina, e nenhuma civilização humana poderia ter sido usada para produzir o Salvador.

2:45 Sem auxílio de mãos. Cristo é a pedra que vive, posta por Deus, que quer dizer que, os crentes também vivem para ser o sacerdócio real de Deus, edificados em Cristo (1 Pe 2:4-10).

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