Interpretação de Jeremias 3

Jeremias 3

Jeremias 3 continua a mensagem profética de Jeremias, enfocando o tema da infidelidade espiritual de Israel e o chamado de Deus ao arrependimento e à restauração.

O capítulo começa com uma declaração de Deus, na qual Ele aponta a infidelidade de Israel e a compara a uma mulher que comete adultério. Apesar da sua idolatria e rebelião, Deus chama Israel a regressar a Ele e promete mostrar misericórdia àqueles que se arrependerem.

Jeremias 3 prossegue descrevendo a infidelidade de Israel a Deus e sua busca por falsos deuses e alianças estrangeiras. Apesar disso, o amor e o desejo de reconciliação de Deus são evidentes quando Ele chama o povo a regressar e reconhece os seus erros.

O capítulo também introduz a metáfora de uma esposa rebelde que abandonou o marido, simbolizando a infidelidade de Israel a Deus. Apesar da gravidade dos seus pecados, Deus continua a convidá-los a voltar e a oferecer-lhes a oportunidade de reconciliação.

Jeremias 3 continua com uma mensagem de esperança, enquanto Deus expressa Seu desejo de reunir Seu povo dentre as nações e restaurá-lo à terra. Ele contrasta isso com o atual estado de vergonha e desgraça.

O capítulo termina com um chamado ao arrependimento e uma visão de pessoas vindo a Jerusalém para adorar a Deus. O anseio de Deus por um relacionamento restaurado com Israel é retratado através de Suas promessas de cura, perdão e renovação da aliança.

No geral, Jeremias 3 transmite uma mensagem do amor duradouro de Deus e da Sua disposição em perdoar e restaurar o Seu povo caso este se afaste dos seus caminhos pecaminosos. O capítulo enfatiza os temas do arrependimento, da reconciliação e da fidelidade de Deus, apesar da infidelidade de Israel. Serve tanto como uma repreensão por seus pecados quanto como um chamado para retornar ao Senhor com um coração sincero.

Interpretação

3:1-5 Os tradutores da E.R.A. entenderam que este parágrafo é um apelo a que Israel retome a Deus. Muitos comentaristas modernos creem que é uma mensagem de reprovação, não de apelo. É difícil a uma esposa divorciada retornar. Contudo Israel falava descuidada e impunemente em retomar, esperando assim adiar o juízo.

3:1 Deuteronômio 24:1-4 proíbe ao homem de tornar a aceitar a esposa divorciada que tornou a se casar, mesmo se o seu segundo marido morrer e se divorciar dela. Repudiar, isto é, divorciar-se. Mas ainda assim, torna para mim. Ou, você retornaria para mim?

3:2 A idolatria de Judá, apresentada na figura de um animal em 2:23, 24, agora foi descrita com o termo mais comum, “prostituta”. Nos caminhos. Literalmente, à beira do caminho. Como o arábio no deserto coloca-se à espreita para despojar o incauto, assim Judá apressou-se para a idolatria.

3:3. Chuvas... chuva serôdia. As chuvas precoces (provavelmente aqui intituladas chuvas) caem em outubro e novembro, acabando com a seca do verão. Então o fazendeiro passa o arado e semeia a terra, e a lavoura começa a crescer. A chuva serôdia cai em março e abril, fazendo as lavouras frutificarem. Logo após vêm as colheitas. Deus mostrou seu aborrecimento com o povo retendo as chuvas (por exemplo, 14:1-6; I Reis 17:1; Amós 4:7, 8). A fronte de prostituta. Cons. no inglês, “desavergonhado”.

3:4 Não é fato que agora mesmo tu me invocas...?

3:5b. Falas, mas cometes maldade. Embora você falasse em retornar, você praticou todo o mal que pôde.

Jeremias continua condenando Judá (2:1 - 3:5). Além disso, aqui ele apresenta a promessa divina de perdão, contanto que o povo se arrependa genuinamente. A Israel cativa foi mencionada aqui como advertência a Judá, e prediz-se a sua restauração.

3:6-10 A apostasia de Israel e o seu castigo eram uma advertência para Judá, apesar dela não se arrepender. Israel aqui significa as dez tribos do norte, levadas em cativeiro cerca de cem anos antes (721 A. C.). Sua infidelidade resultou no cativeiro, intitulado aqui de “divórcio” (v. 8 ; cons. Os. 2:2-13). O pretenso arrependimento de Judá (v. 10) é uma referência ao reavivamento de Josias (II Rs. 23; II Cr. 34; 35), que parece ter sido legislado pelo rei, e não penetrou profundamente na vida da nação.

3:6. Monte alto... árvore frondosa. Referências feitas aos lugares altos, onde os cananeus cultuavam o seu Baal.

3:11-18 Deus convoca Israel ao arrependimento, e lhe promete perdão e restauração. Os profetas do V. T. recusavam-se a reconhecer a divisão do reino davídico como final. Muitas vezes mencionaram a sua reunião e glorificação de toda a nação no reino messiânico.

3:11... se mostrou mais justa. Judá desfrutara de maiores privilégios (realeza divinamente estabelecida, sacerdócio), e tinha diante de si o exemplo de Israel cativa, sendo por isso mais culpada (Ez. 16:44-63; 23:1-49; Lc. 12:48).

3:12 Apregoa estas palavras para a banda do norte. Isto é, para o lado da Assíria, para onde Israel fora levada cativa, pois ela não fora totalmente abandonada por Deus. Não farei cair a minha ira. Literalmente, não farei cair o meu semblante (cons. Gn. 4:5; contraste com Nm. 6:26).

3:13. E te prostituíste com os estranhos debaixo de toda árvore frondosa. Eles amavam livremente os deuses estrangeiros nos lugares altos.

3:14. Eu sou o vosso esposo. Israel deveria retornar ao seu Deus, que é o seu Esposo e Senhor (cons. 31:32). A palavra baal significa, em primeiro lugar, “ser senhor”, depois “ser casado”. Estas duas são na realidade uma só na mente semita. Uma de cada cidade e dois de cada família. A doutrina do remanescente, frequentemente encontrada em Jeremias (23:3; 32:36-44), está sendo aqui mencionada. Do juízo purificador de Deus restarão algumas almas refinadas. Elas serão reunidas e constituirão o novo Israel, abençoado por Deus (cons. Rm. 11:5).

3:15 Pastores, isto é, líderes obedientes a Deus (cons. 2:8, 26; 23:4).

3:16, 17 No futuro reajuntamento, a arca já não será mais o trono de Deus (Êx. 25:22), mas a própria Jerusalém será o seu trono, pois Ele governará todas as nações (cons. Ap. 21:22). A aliança simbolizada pela arca será substituída por uma nova aliança escrita sobre os corações (cons. Jr. 31:31-34). A arca desapareceu quando Jerusalém foi destruída em 587 A. C, e jamais foi substituída.

3:16 E não se fará outra, isto é, outra arca.

3:17 Em nome do Senhor. Isto é, a presença de Deus, que é o que seu nome significa.

3:18 O cativeiro de Judá como o de Israel é o que aqui se entende. Ambas serão reagregadas na Palestina.

3:19 – 4:4 Deus convoca Israel a que retorne. Uma seção antifonária, caracterizada por um profundo sentimento. A insistência divina (3:19-22a) está seguida de uma resposta cheia de remorsos da parte de Israel (3:22b-25), então mais insistência divina e mais promessas (4:1-4).

3:19 O versículo começa com uma exclamação, não uma pergunta. Deus queria colocar Israel entre os filhos, mas eia rejeitou seu Pai e Marido.

3:20. Perfidamente. De maneira infiel.

3:23 Orgias nas montanhas (orgias barulhentas que acompanhavam os cultos idólatras).

3:24 Coisa vergonhosa, circunlóquio para o culto a Baal (cons. Os. 9:10).

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