Interpretação de Jeremias 7

Jeremias 7 continua a mensagem profética de Jeremias ao povo de Judá e de Jerusalém, concentrando-se na hipocrisia de sua adoração e na necessidade de arrependimento genuíno.

O capítulo começa com Deus instruindo Jeremias a ficar na porta da casa do Senhor (o templo) e entregar uma mensagem ao povo ali reunido. Deus diz a Jeremias para alertar o povo de que os seus rituais e sacrifícios religiosos não os salvarão do julgamento se os seus corações permanecerem inalterados.

Jeremias 7 prossegue condenando a confiança do povo no templo como um lugar de segurança, apesar da sua contínua desobediência e maldade. O capítulo enfatiza a necessidade de integridade moral e ética, e não apenas de atos religiosos externos.

O capítulo também faz referência ao exemplo de Siló, lugar onde o tabernáculo estava localizado antes do templo em Jerusalém. Deus permitiu que Siló fosse destruída devido à desobediência do povo, servindo de alerta a Judá.

Jeremias 7 continua com a repreensão de Deus ao povo por sua idolatria e práticas de adoração falsa. A hipocrisia do povo em oferecer sacrifícios enquanto continua no pecado é condenada.

O capítulo termina com a declaração de Deus de que Ele trará julgamento sobre Jerusalém e o templo se o povo não se arrepender e mudar de atitude. Apesar da demonstração externa de atividade religiosa, Deus vê seus corações e ações.

No geral, Jeremias 7 transmite uma mensagem sobre a importância do arrependimento genuíno e da transformação do coração na adoração verdadeira. O capítulo sublinha os temas da hipocrisia, a necessidade de integridade moral e as consequências de confiar em rituais religiosos sem fé genuína. Serve como um chamado ao relacionamento autêntico com Deus e uma advertência contra a complacência em questões de fé e obediência.

Interpretação

Jeremias adverte contra a confiança no Templo e seus rituais. Jerusalém não é mais santa que a derrotada Siló (7:1-8:3). O povo resistiu a todas as reformas e certamente será castigado (8:4 - 9:22). A verdadeira sabedoria, que consiste no conhecimento de Deus, contrasta com a idolatria (9:23 - 10:25).

7:1-8:3 Parece que o capítulo 26 dá o cenário histórico deste sermão. A fúria que despertou indica bem sua irrefutabilidade. Siló, em Efraim, foi o lar do Tabernáculo durante o período dos Juízes. A Bíblia não menciona a queda de Silo. Jeremias dá a entender que ela foi destruída (7:12, 14; 26:6, 9), o que foi confirmado por recentes escavações no local, que indicaram que a cidade foi destruída pelos filisteus em cerca de 1050 A. C., provavelmente depois da batalha de Ebenézer (I Sm. 4).

7:4 O Templo se transformara em um amuleto, como o fora a arca quando Siló foi destruída (I Sm. 4: 3).

7:5-7 Só a prática da justiça e piedade garantiriam a presença divina que o Templo simbolizava.

7:12 Silo. Cons. Is. 18:1; 22:12;. Jz. 21:19; 18:31; I Sm. 1:19, 24; 2:14; 4:3, 4.

7:14 Como fiz a Silo. Tal como a arca resultou em uma simples caixa vazia quando Silo foi destruída, agora também Jerusalém, privada da promessa divina, de nada mais adiantará e ela própria perecerá.

7:15 A posteridade de Efraim. O reino do norte, Israel.

7:16-20 Jeremias não deveria interceder por seu povo (contraste com Moisés, em Êx. 32:32; Nm. 14:13-19), pois Deus estava determinado a puni-lo (cons. 11:14; 14:11, 12). Bolos à rainha dos céus (v. 18). Provavelmente uma referência à deusa da fertilidade da Babilônia, Ishtar, a deusa do planeta Vênus. Os bolos eram provavelmente com o formato da deusa (cons. 44: 15-25).

7:21-28 Jeremias não está dizendo que Deus jamais quis ou ordenou os sacrifícios. Ele está- expressando, por meio de um forte contraste, a relativa importância dos sacrifícios e da obediência (cons. I Sm. 15:22). Os profetas se opunham ao ritualismo vazio, não às cerimônias mosaicas propriamente ditas. Ajuntai (v. 21). As ofertas queimadas eram totalmente queimadas no altar; partes dos outros sacrifícios eram comidas pelos sacerdotes e ofertantes. A idéia aqui é que não há santidade nas ofertas oferecidas por homens não arrependidos. São simplesmente carne e por isso também deveriam ser comidos.

7:29 – 8:3 Este vale, imediatamente ao sul de Jerusalém, era o centro do culto dos sacrifícios infantis. Este ritual estrangeiro, introduzido por Acaz e Manassés (II Reis 16:3; 21:6) foi extinto por Josias (II Reis 23:10), mas agora foi reavivado, provavelmente sob a liderança de Jeoaquim. O vale se tornará em um ermo desolado.

7:29 Corta os teus cabelos. Um sinal de luto (Mq. 1:16; Jó 1:20).

7:30 Abomináveis, isto é, ídolos abomináveis.

7:31 Tofete provavelmente significa originalmente “lareira”, mas agora era pronunciado de modo a amar com boshet, “vergonha” – um circunlóquio para ídolo. Referências à matança, enterrados (v. 32), cadáveres (v. 33) e ossos (8:1), tudo indica que aquilo que era agora um local religioso viria a se transformar em lugar profano, pois o contato com um cadáver tomava a coisa impura. Mais tarde parece que este vale veio a ser o local do lixo da cidade, daí o gehenna, a palavra do N. T. para indicar o lugar da desgraça. Gehenna é uma transliteração do hebraico gê'hihom – “o vale do Hinom”.

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