Vinagre — Estudos Bíblicos
VINAGRE
Precisamos examinar uma
palavra hebraica e uma palavra grega, quanto a este verbete, a saber:
1. Chomets,
“vinagre”. Essa palavra é de rara freqüência, aparecendo apenas por seis vezes,
em todo o Antigo Testamento: Núm. 6:3; Rute 2:14; Sal. 69:21; Pro. 10:26 e
25:20.
2. Óksos,
“vinagre”, “vinho azedo”. Esse vocábulo grego figura no Novo Testamento por
cinco vezes: Mat. 27:48; Mar. 15:36; Luc. 23:36; João 19:29,30, ou seja,
somente nos quatro evangelhos.
K vinagre consiste em um
líquido formado por ácido acético diluído, devido à fermentação do vinho ou de
alguma outra bebida alcoólica. Métodos inferiores e indevidos de-produção
resultavam em uma grande tendência para o vinho azedar e transformar-se em
vinagre. Por isso mesmo, tanto a palavra hebraica quanto a palavra
grega dão a idéia de “embotado”, “ácido”.
O vinagre equivalia
àquilo que os romanos chamavam de posca, um vinho barato e azedo, que
uma vez misturado com água, era a principal bebida das classes pobres e
dos aldeões. Ver Rute 2:14, onde há menção a esse tipo de bebida.
O voto do nazireado
excluía totalmente a ingestão de qualquer tipo de bebida alcoólica, incluindo o
vinho azedo, mas até mesmo o vinho de melhor qualidade, usado pelas
pessoas de nível mais elevado. Isso porque esse voto podia ser feito por
pessoas de todas as camadas sociais. Ver Núm. 6:3.0 trecho de Provérbios
10:26 refere-se ao paladar muito ácido do vinagre. Por igual modo, diz
Provérbios 25:20, aludindo à capacidade irritante do vinagre: “...como
vinagre sobre feridas, assim é o que entoa canções junto ao coração aflito”.
Todavia, o vinho usado
como anti-séptico, pelo bom samaritano, no homem que fora atacado e ferido
pelos ladrões, era da variedade mais dispendiosa (ver Luc. 10:34). A
passagem de Salmos 69:21 alude ao vinagre como uma bebida, consumida pelos
mais pobres. E o vinagre oferecido a Cristo era a posca romana, que
fazia parte da ração dos soldados romanos. Visto que a crucificação
provocava intensa sede, devido à exposição do corpo despido às intempéries, não
se deve pensar que o vinagre lhe tenha sido oferecido como zombaria e,
sim, até como um ato de gentileza. O próprio Senhor Jesus dissera: “Tenho
sede!” E foi em face disso que lhe deram uma esponja embebida em
vinagre, para que a chupasse, isso cumpria uma certa predição (ver Sal.
69:21: ”...Por alimento me deram fel, e na minha sede me deram a
beber vinagre”), Era a última gota. “Quando pois, Jesus tomou o
vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espirito”
(João 19:28-30). Não se deve confundir esse vinagre com o “vinho com fel”, de
Mat. 27:34 e Mar. 15:23, que o Senhor Jesus não quis beber, mas que apenas
provou. Aquilo foi no começo da execução, antes de ele haver sido
encravado à cruz, ao passo que o vinagre servido na esponja foi no último
minuto de sua vida na terra, passadas as seis horas da crucificação do
Senhor.
Uma curiosidade literária
é a chamada “Bíblia do vinagre”. Esse apelido deriva-se do fato de que, na
parábola da vinha, houve um erro de impressão, e a vinha aparece como o “vinagre”,
em Lucas 22. Essa edição foi produzida por_Baskett, em 1717, que ficou
assim mal marcada para sempre. O vinagre azeda até as produções
literárias!