Explicação de Deuteronômio 14

Deuteronômio 14 continua com as instruções de Moisés aos israelitas com relação aos regulamentos dietéticos e sociais. Ele aborda a distinção dos israelitas como o povo escolhido de Deus e os ordena que se abstenham de certos alimentos, incluindo animais que são impuros. Moisés fornece uma lista de animais que são permitidos para consumo e aqueles que não são. Ele enfatiza a importância da santidade e seu relacionamento único com Deus.

Moisés também instrui os israelitas a praticar o dízimo, reservando uma parte de sua produção e gado para os propósitos de Deus. Ele os lembra de compartilhar seus dízimos com os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas, e celebrar diante de Deus com os frutos de seu trabalho. Moisés enfatiza o significado de sua devoção e o ato de doação em seu relacionamento com Deus.

Explicação

Alimentos puros e impuros (14:1–21)

14:1, 2 Esses dois versículos proíbem a prática idólatra de desfigurar o corpo em luto pelos mortos. Os judeus tinham maior consideração pelo corpo como criação de Deus do que os gentios.

14:3–21a Este parágrafo revisa o assunto de alimentos puros e impuros, sejam animais (vv. 4–8), peixes (vv. 9, 10), insetos voadores (v. 19) ou pássaros (vv. 11– 18, 20). (Para exceções ao versículo 19, veja Levítico 11:21, 22.) Uma lista semelhante é dada em Levítico 11. As duas listas não são idênticas em todos os detalhes, nem pretendem ser. Alguns animais eram impuros por razões de higiene, e alguns porque eram usados em ritos idólatras ou venerados pelos pagãos.

O princípio do NT a respeito dos alimentos pode ser encontrado em Marcos 7:15, Romanos 14:14 e 1 Timóteo 4:3b-5. Aos gentios foi permitido comer a carne de um animal que morreu por si só, enquanto os judeus não (v. 21a). Fazer isso violaria Deuteronômio 12:23 porque o sangue não havia sido devidamente removido do animal.

14:21b Uma cabra não deveria ser fervida na mesma panela com o leite de sua mãe (v. 21b). (Isso parece ter sido uma prática cananeia. É proibido três vezes no Pentateuco.) Do ponto de vista natural, essa regra salvaria o povo do envenenamento tão comum quando pratos de carne com creme estragam. Além disso, há evidências de que o valor do cálcio é cancelado quando ambos são ingeridos juntos. A partir dessa restrição, as elaboradas regras rabínicas sobre ter diferentes conjuntos de pratos para carne e laticínios evoluíram.

Dízimo (14:22–29)
14:22–27 Os versículos 22–29 tratam do assunto dos dízimos. Alguns comentaristas acham que esta seção não se refere ao primeiro dízimo (Lv 27:30-33), que pertencia somente a Deus, era dado aos levitas e não devia ser comido pelos israelitas. Em vez disso, pode se referir a um dízimo secundário, chamado de dízimo festivo, parte do qual o próprio ofertante comeu. De um modo geral, esses dízimos secundários deveriam ser trazidos para o local que Deus designou como centro de adoração. No entanto, se o ofertante morasse tão longe do lugar onde Deus colocou Seu nome que não pudesse levar seu dízimo para lá, ele poderia trocar o produto por dinheiro, levar o dinheiro ao santuário de Deus e comprar comida e bebida lá para seja desfrutado diante do SENHOR. Observe no versículo 26 que a Bíblia não ensina a abstinência total. Mas ensina moderação, autocontrole, não dependência e abstinência de qualquer coisa que possa ofender alguém. A diferença entre vinho e bebida forte é que o vinho é feito de uvas e a bebida forte é feita de grãos, frutas ou mel. Por dois anos, o ofertante era obrigado a pagar o dízimo ou seu equivalente monetário.

14:28, 29 No terceiro ano ele usou o dízimo em casa para alimentar o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva. Mais uma vez vemos que os pobres e necessitados são uma alta prioridade no que diz respeito ao Senhor. “Aquele que se compadece do pobre empresta ao SENHOR, e Ele retribuirá o que deu” (Provérbios 19:17).

Notas Adicionais

Cap. 14 Israel devia ser um povo distinto. Devia evitar as lamentações dos pagãos (1, 2) e os alimentos imundos (3-21). Sua consagração também precisava ser demonstrada com os dízimos que viessem a dar (22-29).

14.1 Por causo de algum morto. Ver nota anterior, cf. Lv 19.28; 21.5.

14.3-21 Em alguns casos, há uma explicação higiênica para a classificação de certos alimentos como limpos ou imundos. Noutros casos, a razão para a distinção não é clara. Seja como for, esses regulamentos serviriam para testar a obediência de Israel e como sinal de seu caráter próprio e exclusivo de uma nação. Essas regras de saúde corporal pertencem somente a Israel, e não vigoram na dispensação cristã (ver 1 Tm 4.4), porém indicam a necessidade de discrição e autocontrole.

14.7 A lebre e o arganaz. Só aparentemente é que podem ser considerados ruminantes, pois na realidade não o são. Mas a aparência é que interessava, cf. Lv 11.5 e 6n. Os nomes dos animais e pássaros ainda nos dão margem para longos debates; os animais mencionados no v. 5 pertencem mormente à família das gazelas; dos pássaros, alguns nomes hebraicos receberam uma interpretação dos rabinos, como se segue: o íbis v. 16, heb. yanshuph, parece ser um tipo de coruja que voa só depois do crepúsculo (heb nesheph), a cegonha, heb. hasidâh, a forma feminina da palavra hesedh “misericórdia”, que se refere à dedicação da cegonha em alimentar os filhotes; a garça, heb 'anãphâh, lit. “ferocidade”, uma referência à pose e ao aspecto do referida pássaro.

14.21 No leite da sua própria: mãe. Era um costume cerimonial dos cananeus, e por isso foi proibido. Além disso era uma violência à compaixão, para se satisfazer a gulodice.

14.22-29 Uma décima parte da produção da terra devia ser oferecida a Deus. Quando Moisés pronunciou este discurso, já era bem conhecido e praticado o uso dos dízimos, que podiam representar um sinal de gratidão (Gn 14.20) ou mesmo de devoção (Gn 28.22). O princípio básico é o mesmo da lei do sábado (15.12). Tudo o que o homem possui, a Deus o deve, sendo apenas um fiel depositário (Dt 8.18; Mt 25.14). Para que vissem que eram sagrados todos esses bens, separavam uma parte deles e ofereciam ao santuário (23, 25). Na legislação anterior (isto é, Lv 27.30; Nm 18.21ss), quando o povo ainda se encontrava em seu estágio nômade, os dízimos eram entregues aos sacerdotes e levitas, que provavelmente tinham grande necessidade deles Agora, entretanto, quando o povo estava preparado para entrar na Palestina e dar início a uma vida estabelecida, é ordenado um uso mais lato dos dízimos.

14.23 Comerás. O ofertante podia comer dos dízimos (presume-se, porém, que apenas uma pequena parte do mesmo), pela festa de comunhão no santuário. Exceção a isso haveria no terceiro e no sexto ano (28, 29), e também no ano sabático bissexto (Êx 23.11). • N. Hom. Grandes bênçãos desfrutadas pelo povo de Deus: 1) Adoção (27); 2) Santificação (2a); 3) Eleição (2b). • N. Hom. Propósitos dos dízimos e ofertas: 1) Reconhecimento de que Deus é o Doador (23); 2) Sustento do trabalho ministerial (27); 3) Alívio das necessidades dos outros (29).

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