Interpretação de 1 Coríntios 11

1 Coríntios 11

Em 1 Coríntios 11, Paulo começa abordando a questão da cobertura da cabeça ou do véu durante o culto público. Ele explica que os homens devem orar ou profetizar com a cabeça descoberta, enquanto as mulheres devem ter a cabeça coberta em sinal de submissão e respeito. Essa prática se alinha com a ordem estabelecida por Deus.

Paulo então volta sua atenção para a Ceia do Senhor, um aspecto central do culto cristão. Ele lembra aos coríntios o significado desta refeição, que representa o corpo e o sangue de Cristo. Ele os repreende pelo seu comportamento impróprio e pelas divisões durante a observância da Ceia do Senhor, enfatizando que isso deve ser feito com reverência e auto-exame.

Paulo adverte contra a participação indigna na Ceia do Senhor, enfatizando a necessidade de discernir o corpo de Cristo. Aqueles que comem e bebem sem o devido reconhecimento do seu significado sagrado trazem julgamento sobre si mesmos.

O capítulo conclui destacando a importância do auto-exame e da correção dentro da igreja para evitar a disciplina de Deus.

1 Coríntios 11 fornece orientação sobre questões de decoro durante o culto público e sublinha o significado da Ceia do Senhor como uma lembrança solene do sacrifício de Cristo pelos crentes.

Interpretação

11:1 Paulo conclui com o seu próprio exemplo e do Senhor.

11:2-16 Nos capítulos 11 a 14 Paulo volta-se para discutir assuntos que se relacionam especialmente com o culto público da igreja. A parte dos dons espirituais (12:1-14:40) foi escrita em resposta a uma pergunta da igreja (com s.12:1, peri de). O capítulo que dá início ao assunto é o resultado de um relatório pessoal (11:18). A primeira questão a ser discutida é o véu, ou cobertura, da cabeça das mulheres, e Paulo orienta que cubram as cabeças durante a reunião. Ele considerava a inovação dos coríntios (ao que parece algumas estavam presentes às reuniões com as cabeças descobertas) como “irreligiosa mais do que indecorosa” (MNT, pág. 150), mostrando assim que suas objeções nada tinham a ver com os costumes sociais. (Alguns comentadores apelaram para o costume social a fim de se livrarem da decisão de Paulo.) Aqui só está em exame o culto. O apóstolo apresenta diversos motivos para defesa do seu ponto de vista.

11:2-6 Em primeiro lugar Paulo faz ver que, na ordem divina, a mulher está sob o homem. Isto, naturalmente, não implica em desigualdade de sexos (cons. Gl. 3:28; Ef. 1:3). Subordinação nem sempre envolve desigualdade. A posição de cabeça não é o mesmo que a posição de Senhor. A pista para a posição dos sexos se encontra nas últimas palavras de I Co. 11:3. O homem é a cabeça da mulher como o Pai é a cabeça do Filho. Há quatro ordens na Palavra – pessoal, familiar, eclesiástica e governamental. É preciso distinguir cuidadosamente a verdade relacionada com cada uma delas.

11:2 Eu vos louvo. Uma palavra generalizada de louvor, que prepara o caminho para a consideração dos fracassos particulares. Tradições (E.R.C., preceitos). Ensinamentos orais.

11:3. O homem (é) o cabeça da mulher. A base teológica para o uso de uma cobertura. A supremacia do homem remonta a Gn. 3:16.

11:4 O homem, também, tem uma ordem a seguir; sua própria cabeça não deve ser coberta. Os homens não devem pingar com seu chapéu na cabeça!

11:5 Ora ou profetiza não significa que Paulo aprovasse essas atividades exercidas pelas mulheres no culto público. Antes, ele estava simplesmente se referindo ao que acontecia em Corinto desautorizadamente (cons. 14:34, 35). Sua própria cabeça. A cabeça física da mulher, não o seu marido.

11:6. Rape o cabelo. Uma desgraça para uma mulher. Uma ironia de Paulo para os rebeldes. Ele diz: “Torne a desonra completa, então”.

11:7-12 Os fatos da criação (vs. 7-9, 12, 13) e á presença de anjos no culto (v. 10) são trazidos à baila.

11:7 Ele (é) (provavelmente, representa, como no v. 25) imagem e glória de Deus. Isto remonta a Gn. 1:26, 27. O macho revela a autoridade de Deus sobre a terra (cons. MNT, pág. 151).

11:8, 9 As duas preposições da e por revelam o lugar da mulher. Ela tem sua origem e propósito de vida no homem (cons. Gn. 2:21-25). Toda mulher que, na cerimônia do casamento, aceita um novo nome, está tacitamente afirmando o ensinamento paulino.

11:10 Autoridade, ou poderio, significa, por uma metonímia fora do comum, sinal de autoridade. O véu é o sinal da autoridade do homem. A palavra anjos na expressão por causa dos anjos não se refere aos anciãos (cons. Ap. 2:1. A mesma palavra refere-se a anjos em I Co. 4:9). Também não se refere aos anjos do mal (cons. Gn. 6:1-4). Refere-se aos anjos bons que estão presentes nos cultos de adoração, uma vez que vivem na presença de Deus (cons. I Co. 4:9; Lc. 15:7, 10; Ef. 3:10; I Tm. 5:21; Sl. 138:1). A insubordinação das mulheres na recusa de reconhecerem a autoridade dos seus maridos ofenderia os anjos que, sob a orientação de Deus, guardam o universo criado (cons. Cl. 1:16; Ef. 1:21), e não conhecem a insubordinação.

11:11, 12 Aqui Paulo apresenta o outro lado da verdade. O homem e a mulher são necessários, um para o outro, no Senhor; na verdade, o homem deve sempre se lembrar que ele existe porque provém da mulher. E ambos de Deus.

11:13-16 A impropriedade, baseada na própria natureza, é o argumento em prol da cobertura. A palavra decente (E.R.C.) refere-se a uma necessidade baseada na propriedade íntima das coisas (cons. Hb. 2:10; Mt. 3:15). Seria melhor traduzida para próprio.

11:14, 15 O cabelo curto para os homens e o cabelo longo para as mulheres é uma sugestão divina dentro da natureza que o homem e a mulher devem obedecer na sua maneira de vestir dentro da assembleia. As palavras o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha não significa que o cabelo da mulher é o seu véu e que ela não precisa de outro, um ponto de vista forçado e vicioso de 11:2-14. A expressão, em lugar de deveria ser traduzido para correspondendo ao (cons. Ellicott, op. cit., pág. 208).

11:16 Não temos tal costume, isto é, o costume das mulheres adorarem sem o véu. Alguns dizem que o costume era peculiar a Corinto, mas as palavras de Paulo, nem as igrejas de Deus, argumentam contra esse ponto de vista. Há ainda aqueles que insistem que o costume não deve ser aplicado hoje em dia (cons. Morris, op. cit., pág. 156; Barclay, op. cit., pág. 110).

Deve-se notar, entretanto, que cada uma das razões apresentadas para o uso do véu foram extraídas de fatos permanentes, que devem durar durante toda a presente economia terrena (cons. Gode, op. cit., II, 133). Paulo impôs seu ponto de vista, pois a história da igreja primitiva comprova que em Roma, Antioquia e África, esse costume tomou-se a norma. Palavra final: Na análise final, o chapéu, ou o véu, não é a coisa importante, mas a subordinação que eles representam. A presença de ambos seria o ideal.

11:17-34 A Ceia do Senhor, o único ato de adoração para o qual Cristo deu orientação especial, recebe agora a atenção de Paulo. Está relacionado com à seção anterior pelo fato de que ambos os assuntos se referem ao culto público. Ajudará reconstruir a situação se soubermos que na igreja primitiva a Ceia era geralmente precedida por uma refeição fraternal chamada Ágape, ou Festa do Amor (cons. Judas 12). Desordens ocorridas no Ágape despertaram a indignação do apóstolo (vs. 17-22), uma revisão de ensinamentos anteriores (vs. 23-26), e uma severa aplicação da verdade à assembleia coríntia (vs. 27-34).

11:17-22 A refeição fraternal era primariamente religiosa, não social, mas abusos a transformaram em uma farsa infeliz.

11:17 Nisto, refere-se às instruções que se seguem. Suas reuniões eram para pior, porque estavam incorrendo a julgamento como resultado das desordens (cons, v. 29).

11:18. Divisões. Antes, partidos. Existiam ao que parece por causa dos ricos que, contrariando o costume, consumiam egoisticamente suas provisões mais fartas, antes que chegassem todos os pobres, para que não precisassem partilhar seu alimento, em visível representação da unidade do corpo.

11:19 Heresias (E.R.C.). Partidos, grupos com opiniões próprias, é a ênfase e o significado da palavra. Eles existiam, Paulo observa um tanto resignadamente, para que os aprovados (cf. 9:27; 11:28) pudessem ser reconhecidos.

11:20 Era uma ceia, mas não a ceia do Senhor (o adjetivo é enfático); isto é, não era verdadeiramente uma imitação da última Ceia.

11:21, 22 A indignante pergunta, Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? foi dirigida àqueles que consideravam os ajuntamentos como simples banquetes sociais e não como refeições de comunhão espiritual.

11:23-26 O apóstolo justifica sua reprimenda recapitulando o significado real e verdadeiro da ordenança, remontando ao ensinamento do próprio Senhor.

11:23 Paulo não podia elogiá-los porque a conduta deles discordava daquela recebida do Senhor. Ele não esclarece se recebeu suas instruções diretamente do Senhor ou através de outra fonte. A última eventualidade é mais provável.

11:24 As palavras tomai, comei (E.R.C.) e a palavra partido (E.R.C.), não aparecem nos melhores manuscritos. O pão é distribuído primeiro, uma vez que representa a encarnação. Depois segue-se o vinho, representando a morte e o final da velha aliança e o estabelecimento da nova. Uma coisa é certa: nas palavras, isto é o meu corpo, Paulo não está ensinando a transubstanciação. O pão certamente não era o corpo do Senhor no momento em que ele o disse, nem o cálice é o novo testamento literalmente (v. 25). A palavra é tem o sentido comum de “representa” (cons. v. 7; Jo. 8:12; 10:9; I Co. 10:4), como no alemão, não “das ist”, mas “das heiszt” (MNT, pág. 168). Por vós enfatiza o aspecto sacrificial.

Em memória envolve mais do que simples lembrança; a palavra sugere uma convocação ativa da mente. E a frase de mim é mais ampla do que da minha morte. A pessoa que efetuou a obra é o objeto da lembrança. O imperativo presente sugere que a constante frequência da Ceia do Senhor é uma ordem divina (cons. Atos 20:7).

11:25 O Novo Testamento faz o ouvinte lembrar do velho testamento mosaico, que só podia condenar. O grego diatheke em contraste com o syntheke, a costumeira palavra do V.T. para “aliança”, enfatiza a iniciativa de Deus nela. A nova aliança forneceu uma eficiente remissão de pecados. No meu sangue aponta para a esfera e base das bênçãos da aliança. A tradução sugestiva de Barclay é: “Este cálice é a nova aliança e ela custou o meu sangue” (op. cit., pág. 114). A repetição do em memória de mim destina-se aos coríntios desordeiros; eles deviam aprender que comunhão com Cristo, não alimento, era a coisa importante na Ceia.

11:26 Porque introduz o motivo da Ceia precisar ser continuamente repetida. Ela é um sermão objetivo, pois por meio dela anunciais a morte do Senhor (mostrais). A Ceia descortina dois quadros, passado e futuro, uma vez que deve ser realizada até que ele venha (cons. Mt. 26:29).

11:27-34 Agora Paulo aplica o ensinamento aos crentes desordeiros.

11:27 Por isso introduz a aplicação, consequência da instrução. Indignamente não se refere à pessoa daquele que participa, mas à maneira pela qual participa. Todos são indignos sempre. Réu do corpo e do sangue do Senhor. Culpado de pecado contra o corpo e o sangue.

11:28 Pois introduz a alternativa certa, o auto-exame. É preciso que haja preparação antes da participação.

11:29. Pois. O motivo porque o auto-exame, ou a confissão de pecado, deve preceder à participação, é que, caso contrário, o crente torna-se sujeito ao juízo (o significado de krima). Sem discernir o corpo significa “não avaliando devidamente” (ICC, pág. 252; o verbo se encontra duas vezes no v. 31). Isto é, o crente não reconhece a unidade do corpo, a Igreja (cons. 10:16, 17; 11:20, 21).

11:30. A condenação já dera sobre alguns eis a razão – abuso da Mesa do Senhor. Alguns já tinham cometido pecado para morte e já dormiam (o verbo koimao, dormir, quando se refere à morte, refere-se sempre à morte de crentes; cons. Jo. 11:11, 12; Atos 7:60; I Co. 15:6, 18, 20, 51; I Ts. 4:13, 14, 15; II Pe. 3:4). Esses crentes não perderam sua salvação, mas perderam o privilégio de servir sobre a terra.

11:31 O preventivo é se nos julgássemos a nós mesmos devidamente.

11:32 Mesmo o juízo de Deus não é eterno; tem a intenção da disciplina familiar, disciplinados pelo Senhor, para evitar a condenação com o mundo. Aqui Paulo usa a forte palavra katakrino, que significa condenação eterna.

11:33. Assim, pois. Segue-se uma palavra de conclusão, um apelo prático aos coríntios para que se lembrem da unidade do corpo em sua observância da festa.

11:34. Condenação (E.R.C.) não está certo. Leia-se, antes, juízo (a palavra é krima novamente, como no v. 29). Quanto às demais coisas relacionadas com a Ceia do Senhor, diz Paulo, ele as resolveria quando de sua visita.

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