Interpretação de 2 Coríntios 11

2 Coríntios 11

2 Coríntios 11 continua a abordar vários desafios e críticas que tem enfrentado por parte de alguns membros da igreja de Corinto. Ele defende sua autoridade apostólica, a lealdade aos coríntios e a autenticidade de seu ministério.

Aqui está uma introdução aos principais temas e conteúdo de 2 Coríntios 11:

1. Preocupações com os Falsos Apóstolos: Paulo começa o capítulo expressando a sua preocupação com a vulnerabilidade dos Coríntios à influência dos “super-apóstolos” ou falsos mestres que se infiltraram na igreja. Aparentemente, esses falsos apóstolos estavam minando a autoridade e os ensinamentos de Paulo.

2. Vanglória e Insensatez: Paulo reconhece que está prestes a se envolver no que chama de “gloriação tola”, mas o faz com relutância para neutralizar a jactância dos falsos apóstolos. Ele explica que sua jactância serve como meio de defender sua autoridade apostólica e de expor os falsos mestres.

3. As Credenciais e Sacrifícios de Paulo: Paulo prossegue recontando suas credenciais como apóstolo, listando seus muitos trabalhos, sofrimentos e sacrifícios por causa do Evangelho. Ele enfatiza que trabalhou incansavelmente para pregar o Evangelho aos coríntios sem buscar apoio financeiro deles.

4. Sua preocupação pelos coríntios: Paulo expressa sua profunda preocupação e amor pelos coríntios, comparando seus sentimentos aos de um marido ciumento que deseja apresentar a igreja como uma noiva pura para Cristo. Ele teme que os coríntios possam ser desencaminhados por falsos ensinamentos.

5. A natureza enganosa dos falsos apóstolos: Paulo adverte os coríntios sobre as táticas enganosas dos falsos apóstolos, que se disfarçam de servos da justiça, mas na verdade são agentes de Satanás. Ele enfatiza a importância do discernimento e da fidelidade à autêntica mensagem do Evangelho.

6. Vangloriar-se nas Fraquezas: Paulo conclui o capítulo retornando ao tema da vanglória, afirmando que se ele deve se gloriar, ele se gloriará em suas fraquezas e sofrimentos. Ele acredita que é na sua fraqueza que o poder de Cristo é mais evidente.

Em 2 Coríntios 11, Paulo está empenhado numa defesa apaixonada do seu apostolado e da autenticidade do seu ministério. Ele enfrenta os desafios apresentados pelos falsos mestres que tentaram desacreditá-lo aos olhos dos coríntios. O capítulo fornece insights sobre as complexidades e conflitos dentro da comunidade cristã primitiva e destaca a importância de discernir a autoridade apostólica genuína e a verdadeira mensagem do Evangelho. As palavras de Paulo servem como um lembrete da necessidade contínua de vigilância e discernimento em questões de fé e liderança espiritual.

Interpretação

Apreensão Justificável. 11:1-6.

11:1. Literalmente: Oxalá me suportásseis um pouco na minha loucura! Mas vocês realmente me suportaram. A última cláusula pode ser entendida más ou menos ironicamente. Oxalá expressa uma forte explosão emocional (como em Rm. 9:3).

11:2. Temos aqui a sua 1) paixão – zelo por vós; 2) posição – visto que vos tenho preparado para... um só esposo; 3) propósito – para vos apresentar como virgem... a Cristo. Os falsos mestres em Corinto estavam procurando persuadir a igreja a se afastar de Cristo. O “casamento” aconteceu na conversão; a “apresentação” será consumada no Segundo Advento (cons. Ef. 5:26, 27; Ap. 21:2, 9; 22:17).

11:3. A perturbação de Paulo foi intensificada através de um paralelo (assim como a serpente enganou a Eva; cons. Gn. 3:4,13), o qual, no caso dos coríntios, poderia causar idêntica perversão (sejam corrompidas as vossas mentes). O verbo enganou representa uma palavra composta (exapatao) que carrega em si a ideia de mentira completa (cons. I Tm. 2:14). Sobre mentes veja II Co. 3:14. Em grego, a última metade diz assim: Seus pensamentos poderiam se corromper afastando-se da simplicidade e da pureza que leva a Cristo (Plummer).

11:4. Pregado... recebido... abraçado. Paulo se refere ao tempo de sua conversão (cons. I Co. 15:1, 2). Deveríamos traduzir um espírito diferente e um evangelho diferente (Gl. 1:6-8).

11:5. Parece que por esses tais apóstolos – uma descrição naturalmente sem a intenção de elogiar – Paulo tem em mente os falsos apóstolos de 11:13-15.

11:6. O apóstolo admite uma falha (falto no falar). Mas ele declara um domínio no conhecimento (cons. I Co. 2:6-13; Gl. 1:11-17; Ef. 3:1-13) e uma eficiência em tornar esse conhecimento “manifesto entre todos os homens no meio de vós” (Plummer; cons. Rm. 16:26; Cl. 1:26; 4:4; II Tm. 1:10; Tito 1:1-3).

Humilhação Razoável. 11:7-15.
11:7. Cometi eu, porventura, algum pecado
fala da seriedade das acusações feitas contra Paulo. Em humildemente vemos o ensinamento (Mt. 18:4; 23:12) e o exemplo (Fp. 2:8) de Jesus. A “exaltação” dos coríntios foi das profundezas das trevas do paganismo às alturas da comunhão com Deus (cons. Ef. 2:1 e segs.; I Pe. 2:9, 10). Sobre gratuitamente veja II Co. 12:14; Atos 20:33-35; I Co. 9:4-18; I Ts. 2:9.
11:8, 9. A justa indignação de Paulo contra as falsas insinuações instigou-o a usar uma forte linguagem em sua defesa. 1) De outras igrejas tomou salário. 2) Suas terríveis necessidades em Corinto foram supridas por alguns macedônios (cons. Fp. 4:15, 16). 3) Sua política fixa era de não se tomar pesado aos coríntios.

11:10. Este versículo é uma declaração forte, com ênfase sobre o está: “A verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia”. O verbo tirada (farasso) foi usado em outras passagens do N.T. em Rm. 3:19; Hb. 11:33.

11:11. Paulo invoca a Deus por testemunha de que ele ama os coríntios mesmo quando lhe imputam motivações erradas (cons. 12:15).

11:12. Este versículo tem sido alvo de variadas traduções e interpretações. Três coisas estão visíveis: 1) Paulo continuaria com sua política de não aceitar ajuda financeira dos coríntios. 2) Essa política financeira foi motivada pelo desejo de solapar os falsos mestres. 3) Não tendo nada do que acusar Paulo a esse respeito, os falsos mestres seriam considerados iguais a nós, isto é, julgados pelos mesmos padrões; sua proclamada superioridade se evaporaria.

11:13. Paulo descreve seus antagonistas assim: 1) seu caráter – falsos apóstolos; 2) sua tramoia – obreiros fraudulentos; 3) sua camuflagem – transformando-se em apóstolos de Cristo. Sobre os tais veja 3:12. O verbo metaskematizo, traduzido para transformando-se, difere do verbo metamorfoo em 3:18, como uma mudança externa difere de uma interna.

11:14. Não é de admirar (thauma; em outra passagem do N.T. só em Ap. 17:6) que Satanás esteja se transformando (a prática habitual indicada pelo tempo presente médio) em anjo de luz (cons. Gn. 3:5; Jó 2:1; Is. 14:13 e segs.; Ez. 28:1-19; Mt. 4:8, 9; II Ts. 2:4).

11:15. Esses ministros satânicos participam da perversidade de seu pai (cons. Jo. 8:44), ostentam sua parafernália teológica, e perecem em sua perdição predestinada (cons. Mt. 7:22, 23; 25:41; Ap. 20:10, 15). Como tais homens, ainda conosco hoje em dia, se disfarçam em ministros de justiça? 1) Rejeitando a justiça de Deus enquanto insistem sobre o mérito da justiça do homem. 2) Negando os fatais efeitos do pecado sobre a original justiça do homem, enquanto insistem que a natureza do homem ainda é basicamente justa. 3) Nulificando a justiça imputada de Cristo (cons. 5:21) enquanto insistem que a Sua morte ainda tem algum efeito moral sobre a humanidade. 4) Duvidando da absoluta justiça de Cristo, enquanto insistem que a Sua vida, embora imperfeita. ainda é digna de nossa imitação.

Assiduidade bem conhecida. 11:16-33.
11:16. A palavra insensato (afron) foi traduzida de várias formas (11:19; 12:6, 11; Lc. 11:40; 12:20; Rm. 2:20; I Co. 15:36; Ef. 5:17; I Pe. 2:15 ). Significa “sem juízo” – agir “sem reflexão ou inteligência” (Thayer).

11:17. Com não o falo segundo o Senhor Paulo simplesmente quer dizer que sua glória forçada não tem base na vida de Cristo.

11:18. Com segundo a carne (cons. 5:16) deve se entender hereditariedade, aquisições intelectuais e honras (cons. Fp. 3:4). Relutantemente Paulo fez uso de métodos usados pelos muitos a fim de salvaguardar a sua obra em Corinto de completa ruína.

11:19. Literalmente: Porque de boa mente vocês toleraram os insensatos, sendo sensatos. A cortante ironia dessas palavras seria logo entendida pelos sofisticados coríntios (cons. I Co. 4:8-10).

11:20. Cinco verbos, em intensidade crescente, expressam as indignidades que os coríntios bajuladores espontaneamente suportam nas mãos dos falsos profetas. Esses homens 1) os degradaram – quem vos escravize; 2) os destruíram – quem vos devore; 3) os defraudaram – quem vos detenha; 4) os ridicularizaram – quem se exalte; 5) os difamaram – quem vos esbofeteie no rosto. Os simplórios vítimas da duplicidade são os mais ferozes defensores daqueles que os corrompem! Cons. Mc. 12:40; I Pe. 5:2, 3; II Pe. 2:10-22; Judas 8-16.

11:21-31. Nestes versículos temos 1) a provocação de Paulo (v. 21) - sua relutante autodefesa contra calúnias injustificadas; 2) as pretensões de Paulo (vs. 22-24a) – sua superioridade em todas as questões que envolviam orgulho humano (cons. Fp. 3:4 e segs.); 3) as perseguições de Paulo (II Co. 11:24b, 25) – seus muitos sofrimentos por amor de Cristo; 4) os perigos enfrentados por Paulo (vs. 26, 27) – os frequentes perigos enfrentados em suas viagens; 5) as perturbações de Paulo (vs. 28, 29) – sua ininterrupta preocupação com todas as igrejas; 6) o princípio de Paulo (v. 30) – sua paradoxal glória na fraqueza; 7) o protesto de Paulo (v. 31) – sua principal deferência para com o conhecimento divino da veracidade do seu registro.

11:32, 33. O incidente aqui registrado (o qual, superficialmente, parece um anticlímax) harmoniza-se lindamente com 1) a narrativa de Atos 9:23-25; 2) os fatos conhecidos da história antiga (Aretas reinou de 9 A.C. até 39 A.D.), e 3) a providência divina. Paulo recordava-se desse incidente do começo do seu ministério (cons. Gl. 1:17) como sendo o acontecimento dramático que estabeleceu o padrão de sua vida por todos os anos que se seguiram.

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