Interpretação de 2 Coríntios 4

2 Coríntios 4

Em 2 Coríntios 4, Paulo continua a abordar várias questões teológicas e práticas relacionadas ao seu ministério, à vida cristã e aos desafios enfrentados pelos crentes.

Aqui está uma introdução aos principais temas e conteúdo de 2 Coríntios 4:

1. O Tesouro em Vasos de Barro: Paulo começa o capítulo descrevendo os crentes como “vasos de barro” que carregam um tesouro precioso – a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo. Esta metáfora destaca a ideia de que o poder do Evangelho está contido nos vasos humanos, enfatizando a fragilidade e a imperfeição dos seres humanos em comparação com a mensagem divina que carregam.

2. O Evangelho Velado e Desvendado: Paulo discute como as mentes dos incrédulos são cegadas pelo deus deste mundo (muitas vezes entendido como uma referência a Satanás) para que não possam ver a luz do Evangelho. Ele contrasta isso com a revelação e compreensão do Evangelho que chega àqueles que creem, referindo-se ao tema dos véus e das verdades reveladas do capítulo anterior.

3. Perseverança no Ministério: Paulo reflete sobre as dificuldades e sofrimentos que ele e os seus colegas de trabalho suportaram no seu ministério, tais como perseguição, aflição e serem abatidos. Ele sublinha a ideia de que, apesar destes desafios, eles não estão esmagados ou desesperados por causa da sua fé no poder e na graça de Deus.

4. A Esperança da Ressurreição: Paulo fala sobre a esperança da ressurreição que sustenta a ele e a outros crentes. Ele compara o sofrimento e a mortalidade da vida presente com a glória eterna que os espera no futuro. Este tema da esperança diante da adversidade é um tema recorrente nos escritos de Paulo.

5. A Renovação do Eu Interior: Paulo destaca o conceito de renovação interior mesmo em meio a provações externas. Ele reconhece que exteriormente, os crentes podem enfrentar dificuldades e decadência, mas interiormente, estão a ser renovados dia após dia através da obra do Espírito Santo.

6. O Foco no Invisível: Paulo encoraja os crentes a fixarem os seus olhos não no que é visto (o temporário e terreno), mas no que é invisível (o eterno e celestial). Esta mudança de perspectiva reflete um tema central no ensino de Paulo sobre a vida cristã e a necessidade de priorizar os valores eternos.

Em 2 Coríntios 4, Paulo aborda a tensão entre os desafios e sofrimentos enfrentados pelos crentes em sua jornada terrena e a esperança e glória que vêm através da fé em Cristo. Ele enfatiza o poder transformador do Evangelho, o papel dos crentes como vasos desta mensagem divina e a esperança duradoura que os sustenta. Este capítulo contribui para uma compreensão mais profunda da teologia cristã e oferece incentivo para perseverar na caminhada cristã apesar das dificuldades.

2 Coríntios 4

O dualismo de Paulo é explicado. 4:1-18.
O Escondido e o Revelado. 4:1, 2.


4:1. Observe três coisas: 1) nossa riqueza – tendo este ministério; 2) nosso lembrete – segundo a misericórdia que nos foi feita (cons. I Tm. 1:13, 16); 3) nosso recurso – não desfalecemos (cons. o mesmo verbo em II Co. 4:16; Lc. 18:1; Gl. 6:9; Ef. 3:13; II Ts. 3:13).

4:2. O ato decisivo, rejeitamos, explica-se por duas negativas concomitantes: 1) não andando com astúcia; 2) nem adulterando a palavra de Deus. A vida resultante está descrita de acordo com os seus 1) recursos – pela manifestação da verdade; 2) método – nos recomendamos à consciência de todo o homem; 3) medida – na presença de Deus. Os cristãos deveriam renunciar (como aqui), repudiar (cons. 6:14-17) e reprovar (cons. Ef. 5:11) as coisas que por vergonhosas se ocultam (cons. Rm. 6:21; I Co. 4:5).

Os Cegos e os Iluminados. 4:3,4.
4:3.
O se indica a realidade. Nosso evangelho. O único evangelho (cons. Gl. 1:6 e segs.). Está encoberto (pelo véu). O tempo perfeito retrata o estado fixo. O particípio perfeito foi corretamente traduzido por os que se perdem (cons. 2:15). O uso de encoberto (escondido) toma obscura a referência implícita a 3:13-18; o “véu” que “cegou” a mente dos judeus tornou-se agora o “véu” que Satanás usa para “cegar” os que se perdem.

4:4. Satanás, aqui, foi chamado de o deus deste século (também no grego; cons. Jo. 12:31; 14:30; 16:11; Ef. 2:2). A palavra imagem (eikon) foi duas vezes aplicada a Cristo em outras passagens (Cl. 1:15; Hb. 1:3). O verbo resplandeça (augazo) encontra-se apenas aqui no N.T.

Os Escravos e o Senhor. 4:5.
4:5.
Paulo pregava a Cristo Jesus como Senhor. O Senhorio supremo de Cristo era o centro da pregação apostólica (cons, a mesma construção em Rm. 10:9; Fp. 2:11). O original de servos é escravos. Paulo se auto denomina “escravo” repetidas vezes (doulos; cons. Rm. 1:1; Gl. 1:10; Fp. 1:1; Tt. 1:1). Aqui ele usa o termo para descrever o seu relacionamento com os seus convertidos em Corinto.

As Trevas e a Luz. 4:6:
4:6.
Paulo volta-se para a criação (Gn. 1:3) em busca de um protótipo de sua própria conversão (cons. Atos 9:3 e segs.). O Deus que criou a luz física ilumina nossas mentes na nossa re-criação quando nós olharmos na face de Cristo à procura de salvação.

Os Fracos e o Poderoso. 4:7.
4:7.
Com este tesouro Paulo nos faz lembrar que o Evangelho é uma joia de valor (cons. Mt. 13:44, 52) que lhe foi consignada (cons. Ef. 3:1, 2, 7, 8). A natureza humana na sua fraqueza e fragilidade foi descrita na frase vasos de barro (cons. Atos 9:15). A palavra excelência (hyperbole) significa “excesso, qualidade extraordinária ou caráter extraordinário” (Arndt). A palavra só foi usada por Paulo no N.T. (II Co. 1:8; 4:7,17; 12:17; Rm. 7:13; I Co. 12:31 Gl. 1:13).

Provações e Vitórias. 4:8-10.
4:8-10.
Estes versículos podem ser assim resumidos: 1) Todos os verbos em 8-10a são particípios presentes e estão gramaticalmente relacionados a “nós” em 4:7. Eles explicam ou ilustrara o segredo do poder de Paulo nos “vasos de barro”. 2) Esses particípios parece que estão em ordem ascendente – aumentando de intensidade. 3) São paradoxais e antitéticos – contrastando natureza com graça. 4) Além disso, embora com base em 2:14 e segs.; sobem mais alto na escada que nos leva através de 6:4-10 até o clímax em 11:16-23. Levando sempre no corpo o morrer de Jesus (v. 10). Cons. Rm. 8:36; I Co. 15:31; Gl. 6:17; Cl. 1:24 . O grande desejo de Paulo era que também a sua vida se manifeste em nosso corpo (cons. Gl. 2:20; Fp. 1:20).

Morte e Vida. 4:11, 12.
4:11, 12.
O pensamento do versículo 10 foi repetido, com a significativa adição por causa de Jesus (cons. Atos 9:16; Fp. 1:29). A vida do apóstolo era uma contínua exposição à morte – somos sempre entregues à morte (cons. II Tm. 4:6). Sobre opera (energeo), veja II Co. 1:6. O poder de Deus também operava em Paulo (cons. Ef. 3:20; Cl. 1:29).

O Escrito e o Falado. 4:13.
4:13.
Paulo, citando Sl. 116:10 (LXX), apresenta a razão do seu falar. Tendo, porém, “porque nós temos”. Este versículo ensina implicitamente que o Espírito Santo é o Autor da fé, das Escrituras e do testemunho. O nós é enfático: Paulo, tal como Davi, crê e fala; as duas dispensações estão ligadas pela fé (cons. Hb. 11:39, 40).

O Passado e o Futuro. 4:14.
4:14.
A ressurreição dos crentes foi aqui apresentada com referência ao seu Autor – que ressuscitou ao Senhor Jesus (cons. Atos 3:26); 2) tempo – nos ressuscitará (cons. I Co. 15:51, 52; I Ts. 4:13 e segs.); 3) causa – com Jesus (cons. I Co. 15:20-23); 4) propósito – e nos apresentará convosco (cons. Ef. 5:27; I Ts. 2:19, 20).

A Graça e a Ação de Graças. 4:15.
4:15.
A filosofia de Paulo (todas as coisas existem por amor de vós) resulta num propósito (para que) que encontra uma plenitude da graça que leva à ações de graça por meio de muitos, para glória de Deus. Sobre abundar, veja 1: 5.

O Homem Exterior e o Homem Interior. 4:16.
4:16. Não desanimamos.
Veja 4:1. Se corrompa... se renova. O tempo presente em ambos os verbos indica ação simultânea. O homem exterior corresponde aos “vasos de barro” de 4:7 e à “casa terrestre” de 5:1. As sementes da corrupção e da desintegração estão no corpo desde o nascimento. Leia Rm. 8:18-25 como um comentário ampliado deste versículo. “Porque não temos aqui cidade permanente” (Hb. 13:14).

Aflição e Glória. 4:17.
4:17.
Temos aqui 1) a disparidade, 2) a intenção, e 3) a solução. A disparidade é tripla: 1) em tempo – momentânea contrastando com eterno; 2) em magnitude – leve contrastando com peso; 3) em caráter – tribulação contrastando com glória. A intenção se encontra em produz, um verbo (katergazomai), que significa “realizar, produzir, criar” (Arndt). Este verbo se encontra sete vezes nesta epístola (5:5; 7:10, 11; 9:11; 12:12). A solução aparece em mui excelente, onde Paulo quase exaure a língua grega no seu crescendo de superlativos.

O Visto e o Não Visto. 4:18a.
4:18a.
Que se vem representa o particípio presente de skopeo (um verbo que aparece em outras passagens do N.T, só em Lc. 11:35; Rm. 16:17; Gl. 6:1; Fp. 2:4; 3:17). Não se deve “vigiar o que pode ser visto” (Arndt). Consulte Hb. 11:1, 7, 13-15, 26 que têm o mesmo pensamento.

O Temporal e o Eterno. 4:18b.
18b.
A palavra temporais (proskairos; em outra parte do N.T, só em Mt. 13:21; Mc. 4:17; Hb. 11:25) define o efêmero e o evanescente em contraste com o permanente e eterno. A eternidade é o agora que não acaba; vivemos no meio dela, embora não possamos vê-la. No estado glorificado nós a conheceremos inteiramente (cons. I Co. 13:12) e a veremos inteiramente (cons. I Jo. 3:2). Agora andamos pela fé.

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