Arrependimento (Part. 7)

Confessar pecados uns aos outros: O discípulo Tiago aconselha: “Confessai abertamente os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sejais sarados.” (Tg 5:16) Tal confissão não é porque algum humano sirva de “ajudador [“advogado”, Al]” para o homem perante Deus, visto que apenas Cristo preenche esse papel, em virtude de seu sacrifício propiciatório. (1Jo 2:1, 2) Os humanos, por si mesmos, não podem realmente corrigir o erro para com Deus, nem em seu próprio favor, nem em favor de outros, pois não podem prover a expiação necessária. (Sal 49:7, 8) Os cristãos, porém, podem ajudar-se uns aos outros, e suas orações a favor de seus irmãos, embora não influam na aplicação da justiça por parte de Deus (visto que apenas o resgate de Cristo serve para remir pecados), deveras contam perante Deus ao solicitarem que Ele conceda a ajuda e as forças necessárias àquele que pecou e que procura auxílio.

Conversão — Um Retorno: O arrependimento assinala a interrupção do proceder errado da pessoa, a rejeição deste modo errado de agir e a determinação de seguir o proceder correto. Se for genuíno, portanto, seguir-se-á a “conversão”. (At 15:3) Tanto em hebraico como em grego, os verbos relacionados com a conversão (hebr.: shuv; gr.: stréfo; epistréfo) significam simplesmente “re[tornar], dar meia-volta ou voltar[-se]”. (Gên 18:10; Pr 15:1; Je 18:4; Jo 21:20; At 15:36) Usado em sentido espiritual, pode referir-se quer a desviar-se de Deus (portanto, retornar a um proceder pecaminoso [Núm 14:43; De 30:17]), quer a retornar a Deus, recuando dum proceder errado. — 1Rs 8:33.

A conversão subentende mais do que uma simples atitude ou expressão verbal; envolve as “obras próprias de arrependimento”. (At 26:20; Mt 3:8) É uma ativa ‘procura’, ‘busca’, ‘indagação’ por Yehowah de todo o coração e toda a alma. (De 4:29; 1Rs 8:48; Je 29:12-14) Isto, necessariamente, significa buscar o favor de Deus por “escutar a sua voz”, segundo expressa na Palavra dele (De 4:30; 30:2, 8), ‘mostrar perspicácia quanto à sua veracidade’ através de melhor entendimento e apreço de seus modos e de sua vontade (Da 9:13), observar e “guardar” seus mandamentos (Ne 1:9; De 30:10; 2Rs 23:24, 25), ‘guardar a benevolência e a justiça’ e ‘constantemente esperar em Deus’ (Os 12:6), abandonar o uso de imagens religiosas ou a idolatria de criaturas, de modo a ‘dirigir o coração inabalavelmente para Yehowah e servir somente a ele’ (1Sa 7:3; At 14:11-15; 1Te 1:9, 10), e andar nos Seus caminhos e não no caminho das nações (Le 20:23), ou no seu próprio caminho. (Is 55:6-8) Orações, sacrifícios, jejuns e a observância de festividades sagradas não têm significado ou valor algum perante Deus, a menos que venham acompanhados de boas obras, da justiça, da eliminação da opressão e da violência, e do exercício da misericórdia. — Is 1:10-19; 58:3-7; Je 18:11.

Isto exige “um novo coração e um novo espírito” (Ez 18:31); a modificação do modo de pensar, da motivação e do objetivo na vida da pessoa, produz uma nova atitude mental, uma nova disposição e uma nova força moral. Para alguém que muda seu proceder na vida, o resultado é uma “nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça e lealdade” (Ef 4:17-24), livre da imoralidade, da cobiça, bem como da linguagem e da conduta violentas. (Col 3:5-10; contraste isso com Os 5:4-6.) Para tais pessoas, Deus faz com que o espírito de sabedoria ‘borbulhe’, tornando-lhes conhecidas as Suas palavras. — Pr 1:23; compare isso com 2Ti 2:25.

De modo que o arrependimento genuíno causa um verdadeiro impacto, gera forças, motiva a pessoa a ‘dar meia-volta’. (At 3:19) Por isso Jesus podia dizer aos de Laodicéia: “Sê zeloso e arrepende-te.” (Ap 3:19; compare isso com Ap 2:5; 3:2, 3.) Há evidência de ‘grande seriedade, reabilitação, temor piedoso, saudade e o endireitamento do errado’. (2Co 7:10, 11) A ausência da preocupação de corrigir os erros cometidos demonstra falta do verdadeiro arrependimento. — Veja Ez 33:14, 15; Lu 19:8.

A expressão “homem recém-convertido”, “neófito” (Al), em grego (neófytos) significa literalmente “recém-plantado” ou “recém-crescido”. (1Ti 3:6) A tal homem não deveriam ser designados deveres ministeriais numa congregação, para que não se ‘enfunasse de orgulho e caísse no julgamento aplicado ao Diabo’.