Comentário de João 4:35

Não dizeis vós que ainda há quatro meses,... Nosso Senhor tinha estado em Jerusalém e Judéia, cerca de oito meses da última páscoa, e lá permaneceu mais quatro até a próxima páscoa:

Até que venha a ceifa? Colheita de cevada que começou naquele momento. Agora como a páscoa era no meio do mês de Nisã, que era por volta do fim posterior de nosso mês de março; quatro meses considerando antes disso, que por isso mostra que era por volta do fim posterior de nosso novembro, ou começo de dezembro, que Cristo estava em Samaria, e no poço de Jacó. Alguns pensam que isto não se refere ao então tempo presente, como se houvesse tantos meses para a próxima colheita, mas apenas uma forma comum de falar, que havia quatro meses do tempo da semente até a colheita; durante a qual havia um tempo de esperança, e expectativa ardente para ela:
[1] mas isto irá, de forma alguma, concordar com o do trigo ou colheita da cevada. O trigo era semeado antes deste tempo, e a cevada um tempo bom depois disso.

“Metade Tisru, Marcheshvan, e metade Quisleu, eram, זרע, “tempo da semente”.
[2]

O mais cedo que eles semeavam o trigo era em Tisri que corresponde ao nosso Setembro e Outubro; i.e. metade de um e metade do Outubro. O mês de Marcheshvan que corresponde ao Outubro e Novembro era o mês principal para semear:
[3] consequentemente aquela paráfrase em Ecl. 11:2,

“Dá uma boa parte de tua semente a teu campo em Tisri e não se restrinja de semear mesmo em Quisleu.”

Como para a cevada que era semeada pelos meses de Shebet e Adar e normalmente no último;
[4] o primeiro da qual corresponde ao janeiro e fevereiro, e o último a fevereiro e março. E nós lemos[5] da semeadura deles setenta dias antes da páscoa que era dentro das seis semanas do começo da colheita de cevada.

Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras: Apontando para as terras que jaziam perto da cidade de Sicar:

Que já estão brancas para a ceifa;... Aludindo aos campos de milho que, quando maduros, e perto da colheita, ficavam brancos: portanto, nós lemos
[6] de שדה הלבן, “campos brancos”: que os judeus dizem ser um campo semeado com trigo ou cevada, e assim chamado para distinguir de um campo plantado com árvores; embora possa ser, antes, que seja assim chamado de sua aparência branca quando madura. Assim os três targuns parafraseiam Gên. 49:12:

“Seus montes (seus vales, ou campos, como Onkelos) יחוורן, “são brancos” com milho, e rebanhos de ovelhas.”

Cristo não fala aqui literalmente; porque os campos não poderiam estar brancos na distância da colheita; mas espiritualmente, da colheita das almas; e dizia respeito ao grande número dos samaritanos que estavam saindo da cidade, e estavam à vista e cobriam os campos adjacentes: e a esses ele convoca seus discípulos a erguerem seus olhos e observarem; e sugere a eles que não era tempo de comer ou beber, mas de trabalho, visto que aqui havia tão grande número de almas para serem ajuntadas: e assim, como da comida corporal, ele passou a tratar do alimento espiritual; e assim da colheita literal, ele continua a falar da espiritual, e encoraja seus discípulos a laborar nela, pelos seguintes argumentos.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible




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Notas:
[1] Cf. Tiago 5:7.
[2] T. Bab. Bava Metzia, fol. 106. 2.
[3] Gloss em T. Bab. Roshhashana, fol. 16. 1.
[4] Gloss em Bava Metzia & em Roshhashana ib.
[5] Misn. Menachot, c. 8. seç. 2.
[6] Misn. Sheviith, c. 2. seç. 1. & Moed Katon, c. 1. sect. 4.