Tradução, Tradução Literal e Transliteração

Tradução, Tradução Literal e Transliteração

Tradução, Tradução Literal e Transliteração



Esses três termos estão intimamente correlacionados. Tradução é simplesmente a transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Por exemplo, se a Bíblia fosse transcrita dos originais hebraico e grego para o latim, ou do latim para o português, chamaríamos esse trabalho tradução. Se esses textos traduzidos fossem vertidos de volta para as línguas originais, também chamaríamos isso tradução. A The New English Bible (NEB) (1961,1970) é uma tradução. A tradução literal é uma tentativa de expressar, com toda a fidelidade possível e o máximo de exatidão, o sentido das palavras originais do texto que está sendo traduzido. Trata-se de uma transcrição textual, palavra por palavra. O resultado é um texto um tanto rígido. É o caso da obra Young's literal translation of the Holy Bible (1898), Analytical-Literal Translation of the New Testament of the Holy Bible. Concordant Literal Translation, The Emphatic Diaglott de Benjamin Wilson (1865) Original Greek Text, A literal, word for word, translation of the Greek New Testament. A transliteração é a versão das letras de um texto em certa língua para as letras correspondentes de outra língua. É claro que uma tradução literal da Bíblia fica sem sentido para urna pessoa de pouca cultura, diante de um texto que lhe soa esquisito. No entanto, a transliteração de palavras como "anjo", "batizar" e "evangelizar" foram introduzidas nas línguas modernas. Essas são entendidas facilmente, mas tentar transliterar Logos (Jo. 1.1) e não “Palavra”, atrapalharia o leitor.

Versão, revisão, versão revista e recensão: Esses termos têm estreito relacionamento entre si. Tecnicamente falando, versão é uma tradução da língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua, ainda que comumente se negligencie essa distinção. O segredo para a compreensão é que a versão envolve a língua original de determinado manuscrito. Para todos os efeitos práticos, a NEB é uma versão, tomando-se essa palavra nesse sentido. A The Rheims-Douay Bible (1582-1609) e a King James version (KJV) não foram traduzidas a partir das línguas originais. A Rheims-Douay foi traduzida da Vulgata latina, que é uma tradução também, enquanto a KJV é a quinta revisão da versão de Tyndale. No entanto, a Revised Version (RV ou ERV 1881,1885), a The American Standard Version (ASV, 1946, 1952) e a Revised Standard Version (RSV, 1946,1952) são versões no sentido mais comum da palavra. Entenda-se, porém, que o fator crucial é este: uma versão deve ser o trabalho de traduzir um texto da língua original.

Revisão, ou versão revista, é termo usado para descrever certas traduções, em geral feitas a partir das línguas originais, que foram cuidadosa e sistematicamente revistas, cujo texto foi examinado de forma crítica, com vistas em corrigir erros ou introduzir emendas ou substituições. A KJV é um exemplo de tal revisão, como também as edições da Bíblia chamadas Rheims-Douay-Challoner e RSV. A New American Standard Bible (NASB) é o exemplo mais notável e recente de uma completa revisão do texto bíblico.

Lista das Traduções em Português:

A primeira tradução completa foi a Tradução Brasileira. Foi uma tradução da Bíblia que não contava apenas somente com teólogos, como H. C. Tucker, William Cabell Brown, Eduardo Carlos Pereira, mas também com eruditos como Ruy Barbosa, José Veríssimo e Virgílio Várzea.

A tradução se principiou em 1902. Os dois primeiros evangelhos foram editados em 1904, e depois de alguma crítica e revisão, o Evangelho de Mateus saiu novamente em 1905. Os Evangelhos e o livro dos Atos dos Apóstolos foram publicados em 1906, e o Novo Testamento completo em 1910. Publicada em sua inteireza em 1917, apresenta características eruditas, sendo bastante literal em relação aos textos originais.

Não obteve o agrado dos leitores, por traduzir nomes hebraicos de uma maneira próxima à daquela língua, falta de literalidade e falta de revisões.

A Almeida Revista e Corrigida foi a primeira Bíblia a ser impressa no Brasil, em 1948. Está em circulação a revisão de 1995.

Publicada em 1959, a Almeida Revista e Atualizada utiliza o Texto Crítico, ao invés do Textus Receptus. Ganhou aprovação da CNBB.

Em 1959 é publicada a tradução dos monges Meredsous em português. O trabalho de tradução foi coordenado pelo franciscano João José Pedreira de Castro, do Centro Bíblico de São Paulo . Foi traduzida a partir da versão francesa publicada na Bélgica.

A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas publicada em 1963, sendo traduzida do Texto grego de Wescott e Hort.

A Versão Revisada foi publicada em 1967, pela Imprensa Bíblica Brasileira e pela Juerp. É de orientação batista.

Em 1976 é publicada a Bíblia de Jerusalém, pelas Edições Paulinas. É baseada na versão francesa, sendo que as notas e comentários são traduzidos. Em 2002 é publicada a revisão, chamada de Nova Bíblia de Jerusalém.

Em 1981 é publicada a Bíblia Viva, uma paráfrase da Bíblia. A versão original foi elaborada por Kenneth Taylor e foi traduzida na base da equivalência dinâmica (ideia por ideia). Já está na 2ª edição.

Em 1982 é publicada a Bíblia Vozes, pela editora Vozes, traduzida por uma comissão, presidida pelo franciscano Ludovico Garmus. No mesmo ano é publicada uma versão pela editora Santuário. No ano seguinte é publicada a Bíblia Mensagem de Deus pelas edições Loyola.

Em 1988 é publicada A Bíblia na Linguagem de Hoje, caracterizada por ter uma linguagem popular e tradução flexível. Um exemplo é a tradução de Juízes 3:24: Aí os empregados chegaram e viram que as portas estavam trancadas. Então pensaram que o rei tinha ido ao banheiro. Muitos eruditos vêem uma excessiva utilização de linguagem popular, que pode comprometer a fidelidade com o texto original. Devido a esses problemas, essa tradução passou por um grande processo de revisão, que resultou na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, em 2000. Assista ao vídeo da SBB sobre a Nova Tradução na linguagem de Hoje.

Em 1990 é publicada a Edição Pastoral. Coordenada pelo teólogo Ivo Storniolo, é uma tradução afinada com a teologia da libertação, sendo voltada para uso dos leigos.

Ainda em 1990, a Editora Vida publicou a sua Edição Contemporânea da Bíblia de Almeida (EAC). Essa edição eliminou arcaísmos e ambiguidades do texto original de Almeida, mas com a promessa de preservar as excelências do texto que lhe serviu de base.

Em 1997 é publicada a Tradução Ecumênica da Bíblia (sendo baseada na versão francesa), sendo parte de sua comissão católicos, protestantes e judeus. O Antigo Testamento foi mantido do modo como se utiliza nas Bíblias judaicas.

Em 2001, a CNBB produziu uma tradução comemorativa dos 50 anos da CNBB, e já está na 3ª edição e envolveu cooperação entre sete editoras católicas. No mesmo ano é publicada a Torah Viva, traduzida por Adolfo Wasserman, baseada na versão inglesa. É publicada também a versão completa da Nova Versão Internacional.

Em 2002 é publicada a Bíblia do Peregrino, traduzida por Luís Alonso Schökel. É uma tradução da versão espanhola.

Em 2006 é publicada a Bíblia Hebraica. É o primeiro Tanakh completo publicado em português, desde 1553. Os tradutores foram David Gorodovits e Jairo Fridlin e foi revisada por rabinos e professores.

Em 2007 é publicada a Bíblia Almeida Século 21, uma atualização da "Versão Revisada" do texto de Almeida (também conhecida como "Versão revisada segundo os melhores textos") por uma parceria entre a Imprensa Bíblica Brasileira/Juerp, a Editora Hagnos e a Editora Atos.