Panorama do Livro de Êxodo

ÊXODO, LIVRO, PANORAMA, ESTUDOS BÍBLICOS, TEOLOGIAPANORAMA DO LIVRO DE ÊXODO

Yehowah comissiona a Moisés, frisando Seu próprio Nome Memorial (1:1-4:31). Depois de mencionar os filhos de Israel que desceram ao Egito, Êxodo registra a morte de José. Com o tempo, surge outro rei no Egito. Quando vê que os israelitas continuam a ‘multiplicar-se e a tornar-se mais fortes numa proporção extraordinariamente grande’, ele adota medidas repressivas, inclusive trabalhos forçados, e tenta reduzir a população masculina em Israel, ordenando a destruição de todos os meninos recém-nascidos. (1:7) É sob tais circunstâncias que nasce um filho a um israelita da casa de Levi. Este filho é o terceiro da família. Quando tem três meses de idade, sua mãe esconde-o numa arca de papiro entre os juncos, à margem do rio Nilo. Ele é encontrado pela filha de Faraó, que se afeiçoa ao menino e o adota. A própria mãe dele torna-se sua ama-de-leite e, assim, ele é criado num lar israelita. Mais tarde, é levado para a corte de Faraó. Recebe o nome de Moisés, que significa “Retirado [isto é, salvo da água]”. — Êxo. 2:10; Atos 7:17-22.

Este Moisés interessa-se pelo bem-estar de co-israelitas. Mata um egípcio que maltrata um israelita. Por isso ele tem de fugir, de modo que chega à terra de Midiã. Ali casa-se com Zípora, filha de Jetro, o sacerdote de Midiã. Com o tempo Moisés torna-se pai de dois filhos, Gersom e Eliézer. Daí, aos 80 anos de idade, depois de ter passado 40 anos no ermo, Moisés é comissionado por Jeová a um serviço especial, em santificação do nome de Yehowah. Certo dia, pastoreando o rebanho de Jetro, perto de Horebe, o “monte do verdadeiro Deus”, Moisés vê um espinheiro arder sem se consumir. Quando ele vai investigar, um anjo de Jeová dirige-lhe a palavra, falando-lhe do propósito de Deus de fazer com que Seu povo, os “filhos de Israel, saia do Egito”. (Êxo. 3:1, 10) Moisés será usado como instrumento de Jeová para libertar Israel da escravidão egípcia. — Atos 7:23-35.

Moisés pergunta então como deverá identificar a Deus aos filhos de Israel. É aqui, pela primeira vez, que Yehowah revela o real significado de seu nome, associando-o com o seu propósito específico e estabelecendo-o como memorial. “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘MOSTRAREI SER enviou-me a vós . . . Yehowah, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’” O seu nome, Yehowah, identifica-o como sendo aquele que faz com que seu propósito em relação com o povo que leva Seu nome se realize. A este povo, os descendentes de Abraão, ele dará a terra que prometera aos antepassados deles, “uma terra que mana leite e mel”. — Êxo. 3:14, 15, 17.

Deus explica a Moisés que o rei do Egito não permitirá que os israelitas saiam livres, mas que Ele terá de primeiro golpear o Egito com todos os Seus maravilhosos atos. O irmão de Moisés, Arão, lhe é dado como porta-voz e eles recebem três sinais para realizar, a fim de convencer os israelitas de que vêm em nome de Yehowah. A caminho do Egito, o filho de Moisés tem de ser circuncidado para impedir uma morte na família, o que faz lembrar a Moisés os requisitos de Deus. (Gên. 17:14) Moisés e Arão reúnem os anciãos dentre os filhos de Israel e os põem a par do propósito de Yehowah de tirá-los do Egito e levá-los para a Terra Prometida. Realizam os sinais, e o povo crê.

Os golpes contra o Egito (5:1-10:29). A seguir, Moisés e Arão vão ter com Faraó e anunciam que Yehowah, o Deus de Israel, disse: “Manda embora meu povo.” Em tom zombeteiro, o orgulhoso Faraó replica: “Quem é Yehowah, que eu deva obedecer à sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Yehowah, e ainda mais, não vou mandar Israel embora.” (5:1, 2) Em vez de libertar os israelitas, impõe-lhes tarefas mais pesadas. Contudo, Yehowah renova as suas promessas de libertação, ligando isto outra vez com a santificação de seu nome: “Eu sou Yehowah . . . deveras mostrarei ser Deus para vós . . . eu sou Yehowah.” — 6:6-8.

O sinal que Moisés realiza perante Faraó, fazendo com que Arão lance no chão seu bastão para se tornar uma cobra grande, é imitado pelos sacerdotes-magos do Egito. Embora as cobras deles sejam engolidas pela grande cobra de Arão, o coração de Faraó fica obstinado. Yehowah passa então a desferir dez pesados golpes sucessivos sobre o Egito. Primeiro, seu rio, o Nilo, e todas as águas do Egito se transformam em sangue. Daí, sobrevém-lhes uma praga de rãs. Estes dois golpes são imitados pelos sacerdotes-magos, mas não o terceiro golpe, de borrachudos sobre os homens e os animais. Os sacerdotes do Egito são forçados a reconhecer que isto é “o dedo de Deus”. Contudo, Faraó não quer mandar Israel embora. — 8:19.

Os três primeiros golpes atingem tanto os egípcios como os israelitas, mas, do quarto em diante, só os egípcios são atingidos, permanecendo Israel separado sob a proteção de Yehowah. O quarto golpe são grandes enxames de moscões. Daí, vem a pestilência sobre todo o gado do Egito, sendo seguida de furúnculos e bolhas sobre homem e animal, de modo que nem mesmo os sacerdotes-magos conseguem fazer face a Moisés. Jeová deixa outra vez que o coração de Faraó fique obstinado, declarando-lhe mediante Moisés: “Mas, de fato, por esta razão te deixei em existência: para mostrar-te meu poder e para que meu nome seja declarado em toda a terra.” (9:16) Moisés anuncia então a Faraó o golpe seguinte, “uma saraiva muito forte”, e aqui a Bíblia registra pela primeira vez que alguns dentre os servos de Faraó temem a palavra de Yehowah e agem em conformidade com ela. O oitavo e nono golpes — uma invasão de gafanhotos e uma escuridão sombria — vêm em rápida sucessão, e o obstinado e furioso Faraó ameaça a Moisés de morte se este procurar ver a sua face outra vez. — 9:18.

A Páscoa e o golpe contra os primogênitos (11:1-13:16). Yehowah então declara: “Vou trazer mais uma praga sobre Faraó e sobre o Egito” — a morte dos primogênitos. (11:1) Ordena que o mês de abibe seja o primeiro mês para Israel. No 10.° dia, eles têm de tomar um cordeiro ou um cabrito — macho de um ano de idade, sem mácula — e no 14.° dia, abatê-lo. Naquela noitinha têm de pegar o sangue do animal e esparrinhá-lo sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta, e daí permanecer dentro de casa e comer o animal assado, do qual nenhum osso deve ser quebrado. Não devem ter fermento dentro de casa, e precisam comer às pressas, vestidos e preparados para a jornada. A Páscoa é para servir de recordação, uma festividade para Deus através de suas gerações. Esta será seguida pela Festividade dos Pães Não Fermentados, de sete dias.

O significado de tudo isso deve ser plenamente ensinado a seus filhos. (Mais tarde, Yehowah dá instruções adicionais sobre estas festividades e ordena que todos os primogênitos de Israel, tanto dos homens como dos animais, sejam santificados a ele.)

Israel faz conforme Yehowah ordena. Daí, sobrevém o desastre! À meia-noite, Yehowah mata todos os primogênitos do Egito, passando por alto e libertando os primogênitos de Israel. “Saí do meio do meu povo”, grita Faraó. E ‘os egípcios começam a pressionar o povo’ para que saia rapidamente. (12:31, 33) Os israelitas não saem de mãos vazias, pois pedem aos egípcios, e recebem, artigos de prata e de ouro, bem como roupas. Marcham para fora do Egito em formação de batalha, em número de 600.000 varões vigorosos, junto com suas famílias e grande grupo misto de não-israelitas, bem como grande número de animais. Isto marca o fim dos 430 anos desde que Abraão cruzou o Eufrates para entrar na terra de Canaã. Esta é, deveras, uma noite digna de ser comemorada. — Êxo. 12:40, segunda nota; Gál. 3:17.

O nome de Yehowah é santificado no mar Vermelho (13:17-15:21). Guiando-os de dia por meio duma coluna de nuvem e de noite por meio duma coluna de fogo, Yehowah conduz Israel para fora pelo caminho de Sucote. Faraó mais uma vez fica obstinado, perseguindo-os com seus selecionados carros de guerra e, segundo ele imagina, encurralando-os no mar Vermelho. Moisés revigora o povo, dizendo: “Não tenhais medo. Mantende-vos firmes e vede a salvação da parte de Yehowah, que ele realizará hoje para vós.” (14:13) Jeová faz então que o mar recue, formando um corredor de escape, pelo qual Moisés conduz com segurança os israelitas para a margem oriental. As poderosas hostes de Faraó precipitam-se atrás deles e acabam sendo apanhadas e afogadas nas águas que voltam. Que santificação culminante do nome de Yehowah! Que grande motivo para regozijar-se nele! Esse regozijo é então expresso no primeiro grande cântico de vitória da Bíblia: “Cante eu a Yehowah, porque ficou grandemente enaltecido. Lançou no mar o cavalo e seu cavaleiro. Minha força e meu poder é Jah, visto que ele me é por salvação. . . . Yehowah reinará por tempo indefinido, para todo o sempre.” — 15:1, 2, 18.

Yehowah faz o pacto da Lei em Sinai (15:22-34:35). Em estágios sucessivos, conforme guiado por Yehowah, Israel viaja em direção do Sinai, o monte do verdadeiro Deus. Quando o povo resmunga a respeito das águas amargas de Mara, Yehowah faz com que a água se torne doce para eles. De novo, quando resmungam por falta de carne e de pão, Deus lhes fornece codornizes, à noitinha, e o adocicado maná, como orvalho no solo, de manhã. Este maná servirá de pão para os israelitas durante os próximos 40 anos. Também, pela primeira vez na história, Yehowah ordena a observância de um dia de descanso, ou sábado, fazendo com que os israelitas colham duas vezes a quantidade de maná no sexto dia e não o suprindo no sétimo. Produz também água para eles em Refidim, e luta por eles contra Amaleque, ordenando a Moisés que registre Seu julgamento de que Amaleque será completamente eliminado.

O sogro de Moisés, Jetro, traz então a esposa e os dois filhos de Moisés. É agora tempo de melhor organização em Israel, e Jetro contribui com alguns conselhos bons e práticos. Aconselha Moisés a não levar toda a carga sozinho, mas a designar homens capazes e tementes a Deus para julgarem o povo, quais chefes de grupos de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Moisés faz isso, de modo que assim só os casos difíceis lhe são apresentados.

Antes de passarem três meses do Êxodo, Israel acampa no ermo de Sinai. Ali, Jeová promete: “E agora, se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra. E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” O povo promete solenemente: “Tudo o que Yehowah falou estamos dispostos a fazer.” (19:5, 6, 8) Após um período de santificação para Israel, Jeová desce no terceiro dia sobre o monte, fazendo-o fumegar e tremer.

Yehowah passa então a dar as Dez Palavras ou Dez Mandamentos. Estes frisam a devoção exclusiva a Yehowah, proibindo outros deuses, a adoração de imagens e tomar o nome de Deus indignamente. Ordena-se aos israelitas a prestar serviços seis dias e, daí, guardar um sábado a Deus, e a honrar pai e mãe. Leis contra o assassinato, o adultério, o furto, o falso testemunho e a cobiça completam as Dez Palavras. Daí, Yehowah apresenta-lhes decisões judiciais, instruções para a nova nação, abrangendo escravidão, assalto, ferimentos, compensação, roubo, danos causados por incêndio, adoração falsa, sedução, maltratar viúvas e órfãos, empréstimos, e muitos outros assuntos. São dadas as leis sobre o sábado e providenciam-se três festividades anuais para a adoração de Deus. Moisés escreve a seguir as palavras de Deus, oferecem-se sacrifícios e metade do sangue é aspergido sobre o altar. O livro do pacto é lido ao povo e, quando este novamente atesta sua disposição de obedecer, o restante do sangue é aspergido sobre o livro e todo o povo. Deste modo, Deus faz o pacto da Lei com Israel, através do mediador Moisés. — Heb. 9:19, 20.

A seguir, Moisés vai a Deus, no monte, para receber a Lei. Durante 40 dias e noites, ele recebe muitas instruções sobre materiais para o tabernáculo, pormenores de sua mobília, especificações detalhadas sobre o próprio tabernáculo e o modelo para as vestes sacerdotais, incluindo a lâmina de ouro puro, com a inscrição “A santidade pertence a Yehowah”, sobre o turbante de Arão. A investidura e o serviço do sacerdócio são pormenorizados, e faz-se lembrar a Moisés que o sábado será um sinal entre Yehowah e os filhos de Israel “por tempo indefinido”. Moisés recebe então as duas tábuas do Testemunho, inscritas pelo “dedo de Deus”. — Êxo. 28:36; 31:17, 18.

No ínterim, o povo se impacienta e pede a Arão que faça um deus que vá adiante deles. Arão consente, fazendo um bezerro de ouro, que o povo adora no que Arão chama de “festividade para Yehowah”. (32:5) Yehowah fala de exterminar a Israel, mas Moisés intercede pelo povo, embora despedace as tábuas na sua própria ira ardente. Os filhos de Levi tomam então o lado da adoração pura, matando a 3.000 dos foliões. Yehowah também traz praga sobre eles. Depois que Moisés implora a Deus para que este continue a guiar seu povo, diz-se-lhe que obterá um vislumbre da glória de Deus, e ele é instruído a lavrar duas tábuas adicionais em que Deus escreverá outra vez as Dez Palavras. Quando Moisés sobe ao monte pela segunda vez, Deus declara-lhe então o Seu nome, à medida que Ele vai passando: “Yehowah, Yehowah, Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e em verdade, preservando a benevolência para com milhares.” (34:6, 7) Daí, declara os termos de seu pacto, e Moisés o escreve, conforme o temos hoje em Êxodo. Quando Moisés desce novamente do monte Sinai, a pele de seu rosto emite raios, por causa da glória revelada de Deus. Por causa disso, ele tem de pôr um véu sobre o rosto. — 2 Cor. 3:7-11.

A construção do tabernáculo (35:1-40:38). Moisés convoca então a Israel e transmite as palavras de Deus, dizendo-lhes que os de coração disposto têm o privilégio de contribuir para o tabernáculo e os de coração sábio o privilégio de trabalhar nele. Pouco depois, Moisés é informado: “O povo está trazendo muito mais do que o serviço requer para a obra que Yehowah mandou fazer.” (36:5) Sob a direção de Moisés, trabalhadores cheios do Espírito de Deus passam a edificar o tabernáculo e a fazer os acessórios dele e todas as vestes dos sacerdotes. Um ano depois do Êxodo, completa-se o tabernáculo, que é erigido na planície diante do monte Sinai. Yehowah revela a sua aprovação, cobrindo a tenda da reunião com a sua nuvem, e enchendo o tabernáculo com a sua glória, de modo que Moisés não consegue entrar na tenda. Esta mesma nuvem de dia, e um fogo de noite, indicam que Yehowah guia a Israel durante todas as suas viagens. É agora o ano 1512 AEC, e termina aqui o registro de Êxodo, sendo o nome de Deus gloriosamente santificado mediante as Suas obras maravilhosas, realizadas a favor de Israel.