Panorama do Livro de Provérbios
Panorama do Livro de Provérbios
Primeira Parte (1:1–9:18)
É um poema contínuo, composto de curtos discursos, como de um pai para seu filho, que recomenda a necessidade de sabedoria para guiar o coração, a pessoa inteira no seu íntimo, e para orientar seus desejos. Ensina o valor da sabedoria e as bênçãos decorrentes dela: a felicidade, o prazer, a paz e a vida. (1:33; 3:13-18; 8:32-35) Contrasta isto com a falta de sabedoria e suas consequências: o sofrimento e por fim a morte. (1:28-32; 7:24-27; 8:36) Considerando a infinidade de situações e possibilidades que se apresentam na vida, fornece um estudo fundamental da conduta humana e de suas consequências no presente e no futuro. As palavras contidas em Provérbios 1:7 constituem o tema do livro inteiro: “O temor de Yahweh é o princípio do conhecimento.” Em todas as ações é preciso levar em consideração a Yahweh. Há constante repetição da necessidade de não esquecermos as leis de Deus, de nos conservarmos achegados aos mandamentos dele e de não os abandonarmos.
Os fios destacados que tecem esta primeira parte são a sabedoria prática, o conhecimento, o temor de Yahweh, a disciplina e o discernimento. Há advertências contra a má companhia, contra rejeitar a disciplina de Yahweh e contra as relações ilícitas com mulheres estranhas. (1:10-19; 3:11, 12; 5:3-14; 7:1-27) Duas vezes, a sabedoria é descrita como estando em lugares públicos, podendo ser assim obtida e estando disponível. (1:20, 21; 8:1-11) Ela é personificada, fala solicitamente aos inexperientes e até dá esclarecimentos sobre a criação da terra. (1:22-33; 8:4-36) Que livro notável é! Esta parte termina com o tema inicial, que “o temor de Yahweh é o início da sabedoria”. (9:10) Do começo ao fim, argumenta que o reconhecimento de Yahweh em todos os nossos caminhos, junto com nossa aderência à sua justiça, é o caminho da vida e pode resguardar-nos de tantas coisas indesejáveis.
Segunda Parte (10:1–24:34)
Encontramos aqui uma variedade de máximas seletas, independentes, que aplicam sabedoria aos problemas complexos da vida. Ensinando-nos as aplicações corretas, tem por objetivo promover maior felicidade e vida agradável. As antíteses nos paralelismos fazem com que esses ensinamentos se destaquem em nossa mente. Eis aqui uma lista parcial dos assuntos que são considerados só nos capítulos 10, 11 e 12:
o amor em oposição ao ódio
a sabedoria em oposição à tolice
a honestidade em oposição à fraudulência
a fidelidade em oposição à falsidade
a verdade em oposição à mentira
a generosidade em oposição à avareza
a diligência em oposição à indolência
a integridade em oposição aos caminhos pervertidos
os bons conselhos em oposição à falta de orientação
a esposa capaz em oposição à esposa desavergonhada
a justiça em oposição à iniquidade
a modéstia em oposição à presunção
Se considerarmos esta lista em relação com a vida do dia-a-dia, nós nos daremos conta da utilidade prática de Provérbios.
O restante desta parte (13:1–24:34)
faz lembrar as normas de Yahweh, a fim de agirmos com perspicácia e discernimento. Uma enumeração da grande variedade de situações que os humanos têm de enfrentar mostra o amplo alcance dos assuntos tratados nesse livro. São de máximo proveito os conselhos bíblicos sobre: fingimento, presunção, manter a palavra, argúcia, associações, disciplina e educação dos filhos, o conceito do homem sobre o que é reto, a necessidade de ser vagoroso em irar-se, mostrar favor aos atribulados, fraude, oração, zombaria, contentar-se com o necessário para a vida, orgulho, lucro injusto, suborno, contendas, autodomínio, isolar-se, calar-se, parcialidade, altercações, humildade, luxo, assistência a pai e mãe, bebidas inebriantes, trapaça, qualidades de uma esposa, dar presentes, tomar empréstimo, emprestar, bondade, confiança, termos de propriedades, edificar a família, inveja, revide, vaidade, resposta branda, meditação e verdadeiro companheirismo. Que tesouro de conselhos a recorrer para orientação sadia sobre assuntos do dia-a-dia! Para alguns, diversos desses itens podem parecer sem importância, mas notamos aqui que a Bíblia não negligencia as nossas necessidades mesmo nas coisas aparentemente pequenas. Nisto, o livro de Provérbios é de valor inestimável.
Terceira Parte (25:1–29:27)
Recebemos conselhos edificantes sobre assuntos tais como honra, paciência, inimigos, como lidar com os estúpidos, como divertir-se, lisonja, ciúme, ferimentos causados por um amigo, fome, calúnia, cumprir responsabilidades, juros, confissão, consequências do domínio dum governo mau, arrogância, bênçãos decorrentes dum governo justo, delinquência juvenil, relacionamento com servos, perspicácia e visão.
Quarta Parte (30:1-33)
Trata-se da “mensagem ponderosa” atribuída a Agur. Depois de humilde reconhecimento de sua própria pequenez, o escritor faz alusão à incapacidade do homem de criar a terra e as coisas que há nela. Diz que a Palavra de Deus é refinada, e refere-se a Deus como um escudo. Pede que seja afastada dele a palavra mentirosa e que não lhe sejam dadas nem riquezas nem pobreza. Descreve em seguida uma impura, orgulhosa e gananciosa geração que amaldiçoa os próprios pais. Quatro coisas que não disseram “Basta!” são identificadas, bem como quatro coisas que são maravilhosas demais para compreender. (30:15, 16) Fala-se da atitude impudente da mulher adúltera que afirma não ter pecado. Daí, há quatro coisas que a terra não pode suportar, quatro coisas pequenas, mas instintivamente sábias, e quatro coisas que sobressaem na sua locomoção. Mediante comparações aptas, o escritor adverte que “premer a ira é o que produz a altercação”. — 30:33.
Quinta Parte (31:1-31)
Eis outra “mensagem ponderosa” de Lemuel, o rei. É composta em dois estilos diferentes de escrita. A primeira parte anuncia a ruína à qual se pode chegar por meio de uma mulher má, adverte como a bebida inebriante pode perverter o julgamento e exorta que se faça julgamento justo. Na parte final, o acróstico faz uma descrição clássica da esposa capaz. Descreve em pormenores as qualidades dela, falando que ela é de grande valor e inspira confiança, e é uma recompensa para seu dono. As qualidades dela incluem que é trabalhadeira, levanta-se cedo, compra com discernimento, é bondosa para com os pobres, é precavida, fala com sabedoria. Também, ela é atenta, seus filhos a respeitam e seu marido a louva. Acima de tudo, ela teme a Yahweh.