DEUS NÃO RETARDARÁ (John Gill: 2 Pedro 3:9)

comentário bíblico
2Ped 3:9 - O Senhor não é vagaroso com respeito a sua promessa,... A versão Siríaca lê no plural, “as promessas” dEle, quaisquer das promessas dEle; embora as palavras pareçam considerar a promessa particular de Cristo de que Ele está vindo, ou trará vingança sobre a nação judia da qual era uma promessa, e se refere frequentemente a ela por Cristo, e os apóstolos dele; veja Mar 9:1 Heb 10:37; e como já passou mais de trinta anos desde que fora determinado, alguns homens começaram lançar sobre Deus acusações de ser vagaroso, de ser despreocupado; considerando que a verdadeira razão da demora dEle era que poderia haver tempo pelo ajuntamento dos eleitos dEle entre eles pelos Seus anjos, ou apóstolos e ministros, enviados nas várias partes de Judéia para que assim nenhum deles pudesse perecer, mas que sejam trazidos a fé e ao arrependimento; e assim como o tempo da vinda de Cristo foi prolongado mais que foi pensado como fato, assim quando for os dias de aflições, eles também serão encurtados por causa destes eleitos: ou esta promessa com respeito a segunda vinda de Cristo, para julgar os vivos e os mortos no último dia, do qual o anterior era um prelúdio, pressagio, e penhor; aquele Cristo viria novamente, e se mostraria em uma segunda vez pessoalmente, o qual foi prometido por ele, e frequentemente falado pelos Seus apóstolos; e muitos dos cristãos primitivos pensaram que seria muito rápido, e que poderia ser ocasionado pelas sugestões que eram determinado da vinda dele no outro sentido. Agora isto que é adiado e que muito tempo que foi esperado, os caluniadores ou zombadores os levavam a culpar a Deus por vagarosidade, desleixo no cumprimento das Suas promessas:

Como alguns homens consideram a vagarosidade;... Como se Ele tivesse mudado o Seu propósito, ou tivesse prolongado além do tempo designado, ou estivesse despreocupado com sua promessa, a ponto de nunca a cumprir; ao passo que Ele tem a mesma mente, e ninguém pode mudá-lo, nem Ele demorará em cumprir sua promessa além do tempo previsto; e Ele tem estabelecido o dia de sua vinda na qual julgará o mundo em justiça, e Ele se manterá fiel a Sua promessa:

Mas é longânime para conosco;... Não para com todos os indivíduos de natureza humana, porque as pessoas pretendidas por nós é manifestadamente distintas de “alguns homens” no texto, e os caluniadores estão vindo escarnecer da promessa de Cristo, no contexto, 2Pe 3:3; e são chamados de amados expressamente, 2Pe 3:1; e a longanimidade de Deus para com eles é a salvação deles, 2Pe 3:15, nem é isto verdadeiro de todos os homens, porque Deus não está disposto que qualquer um deles devesse perecer, mas que todo o mundo pudesse vir ao arrependimento, visto que muitos deles perecem nos seus pecados, e não chegam ao arrependimento que não seria o caso se Ele não fosse paciente; além disso, uma sociedade ou companhia dos homens são projetados pela qual o apóstolo pertenceu, e de qual ele fazia parte; e são descritos que nas Suas epístolas, como os eleitos de Deus, chamados da escuridão para a sua maravilhosa luz, e tendo obtido gosto pela fé preciosa entregue com os apóstolos; e deve ser entendido de qualquer um do eleito de Deus entre os judeus, porque Pedro era um judeu, e eles eram judeus, aos quais ele escreveu; e então o sentido é, que a demora da vinda de Cristo não é devido a qualquer vagarosidade nEle, mas por causa de sua longanimidade para com o eleito dEle entre os judeus, porque Ele não deseja que nem mesmo o menor qualquer daquele número entre eles perecessa, mas que todos eles se arrependam-se dos seus pecados, e acreditem nEle; e então Ele espera pela conversão deles terminar, quando uma nação nascerá imediatamente, e aqueles que o perfuraram irão olhar para Ele e lamentarão, e assim todo o Israel será salvo; ou, ao invés disso, o eleito em geral, e assim para estes, Deus espera, sendo cortês para com os judeus ou gentios, e de Quem a longanimidade emite na conversão deles a salvação. E por causa destes, Deus fica esperando até que a o número deles esteja completo na chamada eficaz; e, por causa deles, Ele é longânime com os outros, e é paciente com o mundo mau, com a idolatria, superstição, heresia, profanação, e impiedade, com que abunda; mas quando o último homem que pertence àquele número for chamado, Ele descerá depressa em chamas de fogo, e queimará o mundo, e o mal no mundo, e levará os escolhidos entre deles com Ele. A cópia Alexandrina lê, “para com vocês”, ou por suas causas; e assim a Vulgata Latina e a Siríaca e as versões Etíope. Uma passagem parecida é conhecida em um livro dos judeus (f), estimado por eles muito antigo.



“Deus prolonga ou defere sua ira com o homem; e um dia, que é como mil anos, é fixado, além de setenta anos que ele libertou Davi o rei. – E Ele não julga o homem pelas suas más ações que Ele continuamente comete, porque se fosse assim, o mundo não permaneceria; mas o santo Deus defere Sua ira com justiça, e o iníquo, que eles podem retornar, por meio de perfeito arrependimento, e serem estabelecidos nesse mundo, e no mundo por vir.”

E é uma observação deles (g), que quando Deus é dito como “longânime”, não é escrito, mas, intimando, que Ele é longânime tanto para com os justos e iníquos; assim ele suporta o ultimo pelo bem do primeiro: compare isso com Ap 6:9.

Não deseja que alguém pereça;… Nem um único de nós, a quem Ele amou com um amor perpétuo, a quem Ele escolheu no seu Filho, e determinado a Ele, e para quem morreu Ele, e são trazidos para acreditar nEle. Estes, embora estivessem perdidos em Adão, não pereçeram; e embora nas próprias apreensões deles, quando são despertados e convencidos, estão prontos para perecer; e embora a paz deles, alegria, e conforto, possa perecer durante algum tempo, e eles podem temer um final e total perecimento; ainda eles nunca perecerão como outros serão, ou seja, castigados com a destruição perpétua: e que esta é a vontade de Deus, se parece pela escolha dEle na salvação deles; pelas providências da graça para com eles em uma convenção perpétua; pela segurança do seu povo nas mãos de Cristo; enviando o Filho dEle para que obtivesse salvação para eles, e o Espírito dEle para aplicar isso a eles; e os mantendo pelo Seu poder, pela fé, e salvação.


Mas que todos deviam vir ao arrependimento;… Não apenas legal, mas evangélico, sem a qual tudo tende a perecer; e o qual todo o eleito de Deus tem necessidade, como também outros, sendo igualmente pecadores; e o qual eles não podem vir por eles mesmos, e então Ele não só os chama a isto, na Sua palavra, e pelo Seu Espírito e graça, mas dá isto a eles; Ele exaltou o Cristo à Sua própria mão direita, a fim de dar isso a eles; e o arrependimento é uma concessão dEle, um presente livre da Sua graça; e o Espírito é enviado nos seus corações para trabalhar isto neles, trasformar o coração pedregoso, e dá-lhes um coração de carne; sem a qual podem ser dados qualquer tempo e espaço, ou meios que dispuseram, até mesmo os julgamentos mais terríveis, as maiores clemências, e o ministério mais poderoso, serão de nenhum proveito.


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(f) Zohar em Gen. fol. 83. 3.
(g) T. Hieros, Taanioth, fol. 65. 2. T. Bab. Bava Kama, fol. 50. 2.