Comentário de Albert Barnes: João 2:19

Destruí este templo... O evangelista nos informa em João 2:21 que, “templo” aqui, quer dizer o Seu corpo. Não é improvável que Ele tenha apontado com o dedo para o Seu corpo enquanto falava. A palavra “destruir”, usada aqui no “imperativo”, tem a força do futuro. Seu significado pode ser assim expresso: “Vocês são agora profanadores do templo de Deus. Vocês têm contaminado o santuário, fizeram dele um lugar de comércio. Vocês também desprezaram a minha autoridade, e não se importam com os milagres que Eu já realizei. Mas a sua maldade não terminará aqui. Vocês virão se opor a mim, mais e mais, vão rejeitar-me e desprezar-me, até que na sua maldade, vocês irão tomar a minha vida e ‘destruir’ o meu corpo.” Aqui, portanto, uma previsão distinta tanto da Sua morte e da sua causa. A palavra “templo”, ou “morada”, não era raro usada pelos judeus para designar o “corpo” como sendo a residência do espírito, 2Cor 5:1. Os cristãos não raro são chamados de o Templo de Deus, como sendo aqueles nos quais o Espírito Santo habita na terra, 1Cor 3:16-17; 6:19; 2Cor 6:16. Nosso Salvador chamou o seu corpo de templo, em conformidade com o uso comum da linguagem e, mais particularmente, porque “nEle habitava a plenitude da divindade”, Col 2:9. O templo em Jerusalém era a moradia adequada de Deus. Sua presença visível estava lá especialmente manifestada, 2Cron 36:15; Sal 76:2. Como o Senhor Jesus era divino – como a plenitude da divindade habitava nEle, Seu corpo poderia ser chamado de “templo”.

Em três dias eu o levantarei... Os judeus pediram um “milagre” dEle, em prova de Sua autoridade, ou seja, uma prova de que Ele era o Messias. Ele diz-lhes que uma plena e decisiva prova seria a sua “ressurreição dos mortos.” Embora eles não ficassem satisfeitos por qualquer outro milagre, exceto por isso, eles deviam ficar convencidos de que Ele veio do céu, e de que esse era o tempo do esperado Messias. Para a mesma prova de que Ele era o Cristo, Ele menciona isso a eles em outras ocasiões. Veja Mat 12:38-39. Assim cedo, Ele prediz a sua morte e ressurreição, pois, no início de Seu trabalho, Ele tinha uma previsão clara de tudo o que estava para acontecer. Este conhecimento mostra claramente que Ele veio do céu, e evidencia, também, a extensão de Seu amor, visto que estava “disposto” a vir para nos salvar, sabendo claramente o que lhe custaria isso. Se Ele tivesse vindo “sem” essa expectativa de sofrimento, o Seu amor poderia ter sido muito menor, mas quando soube plenamente de tudo o que estava diante dEle, quando viu que seria envolvido com desprezo e morte, Ele mostrou compaixão “digna de um Deus”, de que estava disposto a suportar a carga de todas as nossas tristezas, e morrer para nos salvar da morte eterna. Quando Jesus diz: “Eu o levantarei”, é prova, também, do poder divino. Um simples “homem” não poderia dizer isso. Nenhum “homem” morto poderia ter esse poder sobre seu corpo, e deve ter havido, portanto, na pessoa de Jesus, uma natureza superior à humana, à qual o termo “Eu” poderia ser aplicado, e que tinha o poder de ressuscitar os mortos - isto é, que era Divino.

Fonte: Albert Barnes' Notes on the Bible, de Albert Barnes (1798-1870)