Epílogo do Livro — Eclesiastes 12:9-14
O restante do livro consiste de um pós-script editorial, na forma de um “atestado de recomendação” (Plumptre) ao escritor, e na tentativa de sumarizar as conclusões de seu ensino. Essa porção se originou na mesma mão que escreveu o resto do livro, ou foi adicionada por algum outro? A questão tem sido muito debatida. A alteração, da primeira para a terceira pessoa sugere uma troca de autores, mas, visto que o nome do autor - Qoheleth (Eclesiastes) - é um pseudônimo, afinal de contas, essa alteração pode meramente indicar que ele agora se adianta e apresenta uma breve peroração de apresentação, digamos assim, em seu próprio nome. Podemos comparar isso às anotações editoriais de Kierkegaard às obras escritas sob seu próprio pseudônimo. Não há alteração no vocabulário e no estilo do epílogo, que tem extrema semelhança com o restante do livro (mesmo na obscuridade da metáfora do vers. 11). Tem sido posto em dúvida que um escritor fale de si mesmo nos termos dos vers. 9 e 10, o que, parece sugerir, trai a mão de um seguidor admirado. Mas isso é atribuir os costumes literários de nossos dias a uma época em que eles eram muito diferentes. No mundo antigo a autoria era considerada uma questão sem importância, tão sem importância, realmente, que os nomes de muitos dos autores da antigüidade se perderam. A pergunta que um homem fazia a respeito de um livro não era: “Quem o escreveu?”, mas antes: “Que diz ele?”, e não havia necessidade de um autor fazer profissão de modéstia, visto que sua obra não era considerada uma realização pessoal ou um feito de virtuosidade. Mesmo em nossa época tem havido exceções no que tange ao costume da modéstia literária (que é geralmente artificiosa), notavelmente o sr. Bernard Shaw, que algumas vezes falava sobre si mesmo em termos mais lisonjeiros que Eclesiastes, e com menos motivos.
A questão mais importante é se os vers. 13-14 são tão somente um sumário do ensino do livro, ou, como alguns alegam, uma simplificação tendenciosa, feita com o alvo de recomendá-lo aos leitores ortodoxos. É certamente difícil perceber como qualquer declaração de um dever positivo para o homem poderia ser logicamente deduzida da premissa que todas as coisas debaixo do sol são vaidade. Essa, entretanto, não é a lógica de Eclesiastes; pois ele não busca as premissas do dever humano na teoria humana ou dos valores morais na “idéia” de Deus. Pois, por mais que saliente as dificuldades que o homem tem para crer sobre Deus, ele sabe (Ec 8.12) que essas dificuldades não suspendem nem ab-rogam o dever requerido do homem por Deus; e talvez tenha sido com o propósito de corrigir qualquer indiferença apressada que possa ser originada nessa conclusão teórica que o autor põe sua ênfase final no dever prático do homem. O enigma da vida pode ser insolúvel para a sabedoria, mas solvitur ambulando.
As palavras dos sábios são como aguilhões... (v.11). Embora aceitáveis, elas ferem. A comparação seguinte é tipicamente obscura. Os pregos geralmente são entendidos como os colchetes da tenda, e os mestres das congregações, que são comparados com aqueles, são os grandes mestres ou os grandes ensinos acumulados em suas obras; o único Pastor dificilmente poderá deixar de ser o próprio Deus, que é o autor e a fonte da verdadeira sabedoria. A idéia geral parece ser que é o ensino dos mestres, originado na fonte principal, que dá estabilidade e poder à vida. Uma advertência final é feita contra o intelectualismo (v.12), dirigida na primeira instância talvez contra as pretensões exageradas da “sabedoria”, na literatura que recebe esse nome. Eclesiastes não despreza o intelecto (Ec 9.17-18), mas está cônscio de suas limitações (Ec 8.17).
O dever de todo o homem (v.13-14), ou melhor, o dever total do homem. Não se trata da prática da teoria que tudo é vaidade. Mas Eclesiastes sabe que a prática não dependerá da teoria, nem a vida dependerá do entendimento. A teoria e a prática permanecerão em desacordo enquanto estivermos debaixo do sol. A reconciliação, a solução da discórdia, aguarda o tempo quando a fé der lugar à vista, e todas as coisas ocultas serem reveladas. Por conseguinte, podemos dizer a respeito das últimas palavras de Eclesiastes: spirant resurrectionem (prenunciam a ressurreição).
A questão mais importante é se os vers. 13-14 são tão somente um sumário do ensino do livro, ou, como alguns alegam, uma simplificação tendenciosa, feita com o alvo de recomendá-lo aos leitores ortodoxos. É certamente difícil perceber como qualquer declaração de um dever positivo para o homem poderia ser logicamente deduzida da premissa que todas as coisas debaixo do sol são vaidade. Essa, entretanto, não é a lógica de Eclesiastes; pois ele não busca as premissas do dever humano na teoria humana ou dos valores morais na “idéia” de Deus. Pois, por mais que saliente as dificuldades que o homem tem para crer sobre Deus, ele sabe (Ec 8.12) que essas dificuldades não suspendem nem ab-rogam o dever requerido do homem por Deus; e talvez tenha sido com o propósito de corrigir qualquer indiferença apressada que possa ser originada nessa conclusão teórica que o autor põe sua ênfase final no dever prático do homem. O enigma da vida pode ser insolúvel para a sabedoria, mas solvitur ambulando.
As palavras dos sábios são como aguilhões... (v.11). Embora aceitáveis, elas ferem. A comparação seguinte é tipicamente obscura. Os pregos geralmente são entendidos como os colchetes da tenda, e os mestres das congregações, que são comparados com aqueles, são os grandes mestres ou os grandes ensinos acumulados em suas obras; o único Pastor dificilmente poderá deixar de ser o próprio Deus, que é o autor e a fonte da verdadeira sabedoria. A idéia geral parece ser que é o ensino dos mestres, originado na fonte principal, que dá estabilidade e poder à vida. Uma advertência final é feita contra o intelectualismo (v.12), dirigida na primeira instância talvez contra as pretensões exageradas da “sabedoria”, na literatura que recebe esse nome. Eclesiastes não despreza o intelecto (Ec 9.17-18), mas está cônscio de suas limitações (Ec 8.17).
O dever de todo o homem (v.13-14), ou melhor, o dever total do homem. Não se trata da prática da teoria que tudo é vaidade. Mas Eclesiastes sabe que a prática não dependerá da teoria, nem a vida dependerá do entendimento. A teoria e a prática permanecerão em desacordo enquanto estivermos debaixo do sol. A reconciliação, a solução da discórdia, aguarda o tempo quando a fé der lugar à vista, e todas as coisas ocultas serem reveladas. Por conseguinte, podemos dizer a respeito das últimas palavras de Eclesiastes: spirant resurrectionem (prenunciam a ressurreição).