Comentário de Apocalipse 11:1-19 (J. W. Scott)

Comentário de Apocalipse 11

APOCALIPSE 11, COMENTÁRIO, ESTUDO, LIVRO3. A SEGURANÇA DA IGREJA (Ap 11.1-2) - Neste breve oráculo, é medido o templo em Jerusalém, junto com os seus adoradores, para proteção em um período de  tribulação (cfr. Ez 40.3; Am 7.7-9). O átrio exterior dos gentios e a própria cidade são deixados ao domínio de um opressor pagão, por três anos e meio. Alguns expositores têm interpretado isto como significando que a profecia foi escrita antes de 70 A. D., enquanto o templo ainda estava de pé. Mas é difícil harmonizar este ponto de vista com o livro como um todo, que se preocupa com o bem-estar da Igreja Cristã, e não a nação judaica. A visão de João pretende revelar a segurança espiritual da Igreja durante a era do domínio do anticristo. Segue-se que não devemos esperar poder alegorizar cada pormenor do retrato, mas estar contentes por entender o seu sentido geral. O templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram (1) encerram uma ideia  a Igreja (cfr. 1Co 3.16). Semelhantemente, o átrio que está fora do templo e a cidade santa (2) representam conjuntamente o mundo fora da Igreja. É uma afoita transformação, mas o vers. 8 sugere que a antiga "santa cidade" se tornou agora idêntica com a Sodoma pecaminosa, Egito, o opressor, e o império tirânico que guerreia contra o Messias. Para os quarenta e dois meses (2) cfr. Ap 12.6 (mil duzentos e sessenta dias) e Ap 12.14 (tempo, tempos, e a metade de um tempo), todas as expressões equivalentes aos três anos e meio do reino do anticristo. O mesmo cálculo aparece em Dn 7.25-12.7, mas a sua exata significação ainda é obscura.

4. A PROFECIA DAS DUAS TESTEMUNHAS (Ap 11.3-14) - Isto envolve princípios semelhantes aos vers. 1-2. As duas testemunhas originalmente foram Moisés e Elias. Para o aparecimento esperado deste último, antes da vinda do Messias ver. Ml 4.5. Era o pensamento de alguns que Moisés também tivesse sido trasladado ao céu e retornasse com Elias; Johanan ben Zakkai declarou que Deus dissesse a Moisés, "Se eu mandar o profeta Elias, vós ambos teríeis que vir juntos". Podia argumentar-se que João pretendia que a profecia fosse entendida literalmente; mas certas indicações no texto sugerem que a visão se refere à atividade missionária da Igreja toda. Diz-se que a besta fará guerra às duas testemunhas (7), uma frase curiosa em referência a dois indivíduos, mas aplica-se à Igreja em Ap 13.7; homens do mundo inteiro presenciam suas formas martirizadas e se regozijam na sua subjugação (9), um pensamento impossível, se estavam em mente dois indivíduos em Jerusalém; e as testemunhas são representadas por castiçais (4), uma figura aplicada à Igreja no cap. 1. A passagem, conseguintemente, ilustra o testemunho poderoso da Igreja na era sob revista, por meio de uma expectação judaica bem conhecida. O vers. 4 mostra por que há duas testemunhas, e não uma (Elias): João tem em mente a visão de Zacarias, das duas oliveiras, em pé de cada lado do castiçal de ouro (Zc 4). As duas oliveiras lá representavam talvez Josué e Zorobabel, o castiçal, Israel. João faz com que o castiçal se torne em dois para o conformar com as duas oliveiras e declara que, tanto as oliveiras como os castiçais, significam a mesma coisa, a Igreja na sua capacidade profética. O castiçal já se virou em sete para representar as sete igrejas (Ap 1.12; Ap 2.1); é uma fácil transição fazê-los tornar-se em dois para corresponder aos dois profetas, se bem que aqui a Igreja toda é tipificada pelos castiçais, não uma parte dela. Saco (3) é usado pelas testemunhas por causa do grave caráter de sua mensagem. O poder extraordinário da Igreja é exposto, nos vers. 5 e 6, em termos reminiscentes de Moisés e Elias. O fogo destruidor recorda 2Rs 1.10; a capacidade para impedir chuva, 1Rs 17.1; o transformar água em sangue e o ferir a terra com pragas, Êx 7. No vers. 7, nós temos a primeira menção da besta que sobe do abismo. Fala-se dela como se fosse bem conhecida, mas descrições mais completas dela ocorrem nos capítulos 13 e 17. Note-se a semelhança das palavras empregadas em Ap 13.7 para descrever a guerra da besta contra a Igreja.

A grande cidade (8) significa o que Bunyan representava como "A Feira da Vaidade" (Kiddle). Através do resto do livro, a frase é usada para cidade prostituta, Roma (Ap 16.19; Ap 17.18; Ap 18.10), de maneira que com um notável golpe da pena João identifica Jerusalém com Sodoma, Egito e Roma e, tudo junto, com o mundo que rejeitou e crucificou o Filho de Deus. Judeu e gentio unem-se em procurar esmagar o testemunho das fiéis testemunhas de Cristo, assim como eles procuravam destruir o próprio Senhor (9). A denegação de deixar o corpo insepulto significa a maior profundeza de ignomínia a que o homem podia ser sujeito; ver Sl 79.3 e o livro de Tobias. A Igreja é esmagada pelos seus inimigos por três dias e meio (11), correspondendo aos anos de seu testemunho, "um breve triunfo, de fato, mas longo bastante para dar a ideia de ser completo e final" (Swete). À conclusão dos três dias e meio, o Espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se sobre os seus pés. Esta é uma citação de Ez 37.10, que se referia ao avivamento espiritual da nação de Israel. Possivelmente, portanto, esta ressurreição deva ser tomada figuradamente, significando uma revivificação tão tremenda, a ponto de infundir terror ao mundo; mas pode descrever o arrebatamento dos santos (cfr. 1Ts 4.16-17) e assim ser equivalente à primeira ressurreição (Ap 20.4-6). Comparar o terremoto aqui (Ap 11.13) com o que se encontra em Ap 6.12. O número sete mil (13) indicaria adequadamente a décima parte da população de Jerusalém. Em fazer a cidade representar a cidade mundial da Feira da Vaidade, João não tinha necessidade de alterar o algarismo, pois sete mil podia ser interpretado para significar qualquer número considerável. Note-se que estes eventos evocaram alguma espécie de arrependimento da raça impenitente até agora.

A sétima trombeta, como o sétimo selo, é seguida pelo advento do reino de Deus. Uma vez que o soar da sétima trombeta pretenda introduzir o terceiro ai (14), mas não se descreve nenhuma calamidade, evidente se torna que mais tarde devemos esperar mais elucidação quanto à matéria. Tal expansão provê-se em Ap 14.19-20 e cap. 18. Entrementes, grandes vozes proclamam, "Os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo" (15), um reino conjunto que não deve conhecer fim; significa o reino milenário fundindo-se na bem-aventurança eterna da nova criação (20-22). O atributo costumeiro de Deus é abreviado de modo significante; jamais se diz que ele "há de vir", porque ele "tem vindo". Tomaste o teu grande poder e reinaste (17); o eterno reino tem começado ao se iniciar um novo exercício da soberania de Deus sobre o homem, uma soberania que em nenhum tempo da história tem sido abandonada, mas que, na sua sabedoria, tem sido voluntariamente limitada. O cântico de ação de graças (17-18) marca um ordenado progresso de pensamento que mais tarde se observa no livro: Deus tem começado o seu reino eterno, isto é, o reino milenário (Ap 20.4-6); as nações se enraiveceram, levantando-se em rebelião (Ap 20.8-9); a ira de Deus se manifestou em juízo (Ap 20.9); os mortos foram julgados (Ap 20.10-15); os santos galardoados na cidade de Deus (Ap 21) e os pecadores destruídos no lago de fogo (Ap 20.15-21.8).

O templo no céu se abre para revelar a arca do concerto (19). A manifestação aos homens da arca neste ponto sugere que o alvo do concerto, que é a promessa do reino, está agora no ato de se cumprir. Relâmpagos, terremoto e saraiva etc., testificam que tem chegado a consumação (cfr. Ap 8.5, 16.17-21).




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