Comentário de Apocalipse 7:1-17 (J. W. Scott)

comentário bíblico de apocalipse capítulo 7Comentário de Apocalipse 7

Um interlúdio no progresso das visões é dado em cap. 7. Ele explica a posição dos cristãos durante a execução dos juízos que têm sido descritos. Primeiramente, uma olhada em retrospecto é dada, para mostrar como a Igreja está guardada dos males experimentados pelo mundo sem Deus, então uma olhada adiante habilita o vidente a relatar o cumprimento do ato divino da proteção; ele vê o povo de Deus triunfante no desfecho da grande tribulação, vestido em esplendor e atribuindo à graça de Deus e ao Cordeiro a sua salvação (11). Parece haver pouca dúvida de que as duas companhias aqui vistas sejam essencialmente a mesma. Os cento e quarenta e quatro mil de cada tribo dos filhos de Israel (Ap 7.4) simbolizam a Igreja toda no fim dos tempos; isto é deduzido de Ap 7.3, pois os servos do nosso Deus na dispensação cristã só podem ser a Igreja. Outrossim, desde que as tribulações dos últimos dias são universais, toda a companhia do povo de Deus carece de sua proteção, não simplesmente uma seção dele (os judeus).

Depois destas coisas (1) marca uma nova divisão; não é uma nota de tempo em relação aos eventos da prévia visão, mas introduz uma nova compreensão de verdade pelo profeta. Pelo propósito desta visão, a terra é considerada como retangular, um anjo em pé a cada canto governando o vento destrutivo que sopra da sua direção. Nenhuma outra descrição é dada para relatar o que acontece quando os quatro anjos soltam os ventos da terra. Possivelmente João aqui reconta uma visão anterior que retratava a selagem do povo de Deus contra a destruição causada pelos quatro ventos nos últimos dias; o furor dos ventos representaria toda a manifestação de juízo simbolizado pelos selos, trombetas e taças. Para a idéia da selagem dos santos no tempo de perigo, comparar Ez 9; 144.000 simboliza "fixidez e completa inteireza, 12 x 12 tomado mil vezes" (Alford). Muitas vezes fazia-se referência a Israel como "as doze tribos", para denotar a nação inteira sem qualquer pensamento de suas partes constituintes (At 26.7). A enumeração das tribos uma por uma serve para frisar a inteireza do número dos santos de Deus de quem Ele cuida durante a tribulação vindoura. Para a Igreja como o verdadeiro Israel, cfr. Rm 2.28-29, Gl 3.29, 6.16; Fp 3.3, Tg 1.1, 1Pe 1.1 com Ap 2.9. É curiosa a ordem das tribos em mais de um sentido. Judá encabeça a lista, um procedimento desusado entre os judeus; aqui se deve ao fato de ela ser a tribo do Messias. Dã é omitida enquanto Manassés aparece, se bem que esta seja incluída em José. Irineu explicava isto como se devendo à antiga crença que o anticristo viria de Dã. A meia tribo de Manassés era então incluída para completar o número de doze. Buchanan Gray descobriu que se 7.5c-6 (isto é, Gade a Manassés) fossem colocados depois do vers. 8, a lista se conformaria à enumeração costumeira das tribos judaicas, pela qual elas são arranjadas de acordo com a descendência de suas mães: os filhos de Léia são de Judá a Zebulom; os filhos de Raquel, José e Benjamim; os filhos da serva de Léia, Gade e Aser; os filhos da serva de Raquel, Naftali e Dã (aqui substituído por Manassés). É possível, portanto, que o nosso texto originalmente tenha mantido esta ordem, porém sofrido uma alteração por um copiador nos primeiros dias.

Depois destas coisas (9) marca de novo mais uma seqüência lógica do que cronológica. O resultado da selagem dos seguidores fiéis de Cristo é a sua última vindicação na glória. Uma multidão (9); a Igreja é vista triunfante no céu. Vestidos brancos significam a glória da ressurreição, e palmas, vitória e alegria depois de guerra (cfr. Mac 11.8; Mac 13.51). Salvação ao nosso Deus... e ao Cordeiro (10) ecoa Sl 3.8, "A salvação vem do Senhor"; ver também Ap 19.1. Os vencedores aqui atribuem a Deus e ao Cordeiro a sua redenção; eles não desejam que "salvação" seja dada a Deus e ao Redentor. O Amém (12) das ordens angélicas endossa o louvor da multidão remida, enquanto eles, também, acrescentam as suas ações de graça.

A resposta de João à pergunta do ancião (13) implica em "Eu também gostaria de saber". A grande tribulação (14) de que a multidão veio, não quer dizer uma designação geral de tribulação, que é o quinhão normal do cristão, mas tem referência especifica à tribulação no desfecho desta era. Por outro lado, não há justificativa para a assunção comum de que a multidão consiste somente de mártires. A visão descreve a cena depois da cessação de tribulações; tem em mente, portanto, uma geração só de cristãos, a última. Contudo, a última parte da passagem parece referir-se à Igreja toda. A dificuldade se atenua se nós nos lembramos que o vidente profetiza um dia que para ele está quase no horizonte; ele não tem em mente épocas intervenientes. A última perseguição pode vir a qualquer momento. A Igreja ainda estava na sua segunda geração, e João não tinha razão para antecipar uma terceira. A glorificação da Noiva com o seu Senhor estava próxima. Ao seu modo de pensar, portanto, falar dos cristãos que vieram através da grande tribulação era denominar a maior parte da Igreja. Aqueles que já foram antes, tendo testemunhado uma boa confissão, seriam sem dúvida incluídos nesta multidão, mas era supérfluo mencioná-los. A Igreja da atualidade era o objeto em vista e ela preenche a tela de João. Para nós, quase dois milênios mais tarde, a Igreja é principalmente a Igreja triunfante no céu; é possível, portanto, aceitar literalmente o texto Estes são os que vieram de grande tribulação... e introduzir aí os nossos próprios nomes. Eles lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro é uma expressão simbólica, não para ser tomada literalmente, do perdão dos pecados pela fé no Cristo que morreu pelos homens. É possível traduzir, como o fazem alguns em Ap 12.11, no sangue do Cordeiro como "através do sangue do Cordeiro"; a lavagem e branqueamento das vestes, então, significa o vencer o pecado na vida, em virtude do poder da expiação de Cristo, um retrospecto em toda a luta da vida antes que no momento da conversão. Charles traduz a última parte de vers. 15: "Aquele que se assenta no trono fará com que a sua "chequiná" (glória) repouse sobre eles". A frase é singular. A "chequiná" (glória) era a manifestação da presença de Deus entre os homens, especialmente no tabernáculo e no templo em Jerusalém. Depois da peregrinação através do deserto, era de mui rara ocorrência em Israel; ao cristão é prometida como um privilégio constante. Os vers. 16 e 17 são uma afirmação tirada de Is 49.10 e Is 29.8: Cristo dessedente o homem provendo nEle mesmo o antídoto à sua irrequietude, a completa contraparte aos desejos não satisfeitos do homem.






Apocalipse 1:1-20 Apocalipse 2:1-28 Apocalipse 3:1-22 Apocalipse 4:1-11 Apocalipse 5:1-14 Apocalipse 6:1-17 Apocalipse 7:1-17 Apocalipse 8:1-13 Apocalipse 9:1-23 Apocalipse 10:1-11 Apocalipse 11:1-19 Apocalipse 12:1-18 Apocalipse 13:1-18 Apocalipse 14:1-20 Apocalipse 15:1-8 Apocalipse 16:1-21 Apocalipse 17:1-18 Apocalipse 18:1-24 Apocalipse 19:1-21 Apocalipse 20:1-15 Apocalipse 21:1-27