Fundo Histórico do Livro de Naum

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I. Assíria. Este é o nome do império que dominou todo o mundo bíblico antigo, entre os séculos IX e VII A.C. A Assíria, entretanto, teve começos bem humildes, porquanto o seu território era apenas uma pequena região em formato triangular, entre os rios Tigre e Zabe. Ao norte e a leste fazia limites com a Media e com as montanhas da Armênia. Não obstante, a história desse antiquíssimo povo pode ser acompanhada desde antes de 1700 A.C. Os séculos XVII a XI A.C., no caso da Assíria, são chamados os séculos do reino antigo, caracterizado pelo desenvolvimento de várias cidades-estados fortificadas. Com Tiglate-Pileser I (1114—1076 A.C.) começou o período do império assírio propriamente dito. Porém, antes mesmo disso, no século XIV A.C., a Assíria tinha poder comparável ao do Egito. E, pelo tempo em que se tornou um império, suas fronteiras se haviam expandido consideravelmente. De qualquer modo, devemos lembrar que as populações antigas, em comparação com os dados populacionais de hoje, eram pequenas, e que a força militar nem sempre podia ser aquilatada em termos de dimensões geográficas e de grande número de habitantes. A Assíria foi absorvendo várias populações com a passagem dos séculos, e assim suas fronteiras expandiram-se quase até as margens do rio Eufrates. Mas ela só atingiu uma posição de domínio mundial quando entrou em aliança com a Babilônia. No que concerne a áreas geográficas, a Assíria e a Babilônia representavam praticamente a mesma coisa. Os assírios eram semitas de raça, vigorosos de corpo e de disposição alegre, a julgar por suas muitas festas e festivais. Mas a história também demonstra claramente que eles eram implacavelmente cruéis.

II. Nínive. Esta era a principal cidade e a última capital da Assíria. Foi fundada por Ninrode, depois que ele deixou a Babilônia. Escavações arqueológicas que se aprofundam no solo até 25 m mostram-nos que o sítio vinha sendo continuamente ocupado desde tão cedo quanto 4500 A.C. Em cerca de 1800 A.C. (nos tempos de Sansi-Hadade), a cidade entrou em contato com uma colônia assíria chamada Canis. Foi então que a Assíria se tornou uma entidade independente da Babilônia. Importantes fortificações e palácios foram construídos durante os reinados de Salmaneser I (1260 A.C.) e Tiglate-Pileser I (1114—1076 A.C.V Assurbanipal (já em 669 A.C.) fez dessa cidade a sua principal residência. A cidade de Nínive foi destruída em 612 A.C., graças aos esforços combinados dos medos, babilônios e citas. Mas só caiu por causa das brechas feitas em suas muralhas defensivas pelas águas do enchente (Naum 2.6-8). Naum descreveu vívida e profeticamente a queda da cidade que, no auge da prosperidade, era cercada por uma muralha interior cuja circunferência media cerca de doze quilômetros. E sua população somava mais de cento e setenta e cinco mil pessoas.

III. A Assíria e a Bíblia. Os livros bíblicos de Jonas e Naum formam um par. Jonas (em 862 A.C.) predisse a destruição de Nínive, a menos que seus habitantes se convertessem. Naum previu que o julgamento cairia cento e cinqüenta anos mais tarde, várias gerações depois da época de Jonas.

Em 745 A.C., Tiglate-Pileser III tornou-se rei da Assíria e deu início a campanhas militares que, no espaço de vinte e cinco anos, puseram fim a Israel, o reino do norte. Essas aventuras militares, embora não tivessem significado a destruição de Judá, chegaram a pôr em sério perigo a sua independência. Oseias, o último monarca do reino do norte, negou-se a pagar tributo aos assírios. Acabou aprisionado. Samaria, sua capital, foi invadida e arrasada até o rés do chão. Os registros assírios documentam que nada menos de 27.290 habitantes da cidade de Samaria foram deportados, e que estrangeiros foram enviados para habitar no lugar deles.

Senaqueribe invadiu Judá, em 701 A.C. Ezequias resistiu aos assírios, e somente devido à divina intervenção (ver Isa. 37.36) Jerusalém foi salva da conquista e do saque. Apesar disso, quarenta e seis cidades de Judá foram capturadas. Judá, nos dias do rei Manassés, tornou-se um reino vassalo da Assíria. Porém, foi a partir daí que o poder assírio começou a declinar. O Faraó Neco, temendo a Babilônia, que cada vez mais avultava em potência, aliou-se à Assíria e obteve por consentimento o controle de Judá e da Síria. Entretanto, os babilônios gradualmente obtiveram o predomínio. O Faraó Neco e Assur-Ubalite foram totalmente derrotados pela Babilônia. Judá tornou-se reino vassalo da Babilônia e foi então que tanto a Assíria quanto Judá, reino do sul, chegaram ao fim. Jerusalém caiu em 587 A.C. e, então, seguiu-se o cativeiro babilónico. O gráfico da seção VI a seguir traça os eventos tão sucintamente mencionados aqui.