Interpretação de Daniel 7
Daniel 7
Daniel 7 apresenta uma série de sonhos e visões proféticas vivenciadas pelo próprio Daniel. Estas visões fornecem insights sobre eventos futuros e a ascensão e queda de impérios. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Daniel 7:
1. Os Quatro Animais (Daniel 7:1-8): A visão de Daniel começa com quatro grandes animais emergindo do mar. Estas feras representam quatro impérios mundiais sucessivos, cada um caracterizado por características distintas:
O Leão com Asas de Águia: Representa o Império Babilônico, simbolizando sua força e domínio inicial.
O Urso com Três Costelas: Representa o Império Medo-Persa, denotando a sua natureza poderosa mas menos majestosa e os três reinos que conquistou.
O Leopardo com Quatro Cabeças e Quatro Asas: Isto significa a rápida e vasta expansão do Império Grego sob Alexandre o Grande, que se dividiu em quatro reinos após a sua morte.
A Besta Terrível e Excessivamente Forte: Representa o Império Romano, que é descrito como extremamente forte e diferente dos impérios anteriores. Tinha dez chifres, simbolizando divisões ou governantes dentro do império.
2. O Ancião de Dias e o Filho do Homem (Daniel 7:9-14): Em meio às visões das bestas, Daniel vê uma cena de corte celestial. O Ancião de Dias, representando Deus Pai, toma assento em um trono de julgamento. Ele pronuncia julgamento sobre os animais, e a autoridade do quarto animal é retirada.
O Filho do Homem: No meio desta cena celestial, o “Filho do Homem” vem diante do Ancião de Dias e recebe domínio, glória e um reino eterno. Esta figura representa o Messias, Jesus Cristo, que finalmente reinará sobre todas as nações e estabelecerá um reino eterno.
3. Interpretação das Visões (Daniel 7:15-27): Daniel fica perturbado com as visões e busca uma interpretação. É-lhe dito que os quatro animais representam quatro reinos terrestres, e que os santos do Altíssimo eventualmente receberão e possuirão o reino. A quarta besta representa um reino futuro marcado pela perseguição dos santos, mas o seu domínio será tirado pelo Ancião de Dias, e o reino do Filho do Homem será estabelecido para sempre.
Interpretação
Daniel 7 é um capítulo profético significativo que revela o plano de Deus para a história mundial e o triunfo final do Seu reino. Os principais temas e lições incluem:
1. O Controle Soberano de Deus: As visões em Daniel 7 enfatizam o controle soberano de Deus sobre a ascensão e queda dos impérios terrestres. Ele orquestra a história e estabelece os limites do seu poder.
2. O Reinado do Messias: A figura do “Filho do Homem” na visão de Daniel é uma referência a Jesus Cristo, o Messias, que receberá toda autoridade e estabelecerá um reino eterno. Isto prenuncia o reinado de Cristo como Rei dos reis.
3. Perseguição e Vitória: As visões retratam um período de perseguição e tribulação para os santos, mas no final, Deus vindicará o Seu povo, e eles participarão da glória do reino do Messias.
4. Orgulho Humano e Julgamento de Deus: O simbolismo das bestas reflete o orgulho e a arrogância dos reinos terrenos. O julgamento de Deus será executado nestes reinos, levando à sua queda.
5. A Certeza das Promessas de Deus: Daniel 7 reforça a certeza das promessas de Deus e o cumprimento do Seu plano divino. Encoraja os crentes a confiar na vitória final de Deus e a permanecer fiéis apesar dos desafios mundanos.
Em Daniel 7, o capítulo oferece uma perspectiva mais ampla sobre o fluxo da história e o triunfo final do reino de Deus. Assegura aos crentes o controle de Deus sobre os acontecimentos mundiais e a vitória final da justiça sobre o mal. A visão do Filho do Homem serve como uma profunda profecia messiânica, apontando para o futuro reinado de Jesus Cristo como o Rei eterno.
7:1-28 Três importantes mudanças têm início neste capítulo. Até o capítulo 7 a matéria é principalmente histórica. Daí em diante é principalmente preditiva. Até agora Daniel fora o agente divino na revelação, interpretando sonhos de outros. Daqui para frente, um anjo interpreta os sonhos e as visões do próprio Daniel (7:16; 8:15-17; 9:20-23; 10:10-14).
Até agora o autor falou na terceira pessoa; daqui para frente ele escreve na primeira, dando um relatório mais íntimo de suas experiências.
Uma transição da profecia centralizada nas nações gentias para a profecia centralizada nos judeus toma posição coma entrada do “povo santo” (traduzido “santos”, vs. 18, 22, 25). Os judeus são o centro do interesse do final do livro.
A mesma sucessão de reinos que se encontra no capítulo 2 aparece aqui – quatro impérios gentios, então o reino do Messias. O ponto de vista que defende que o capítulo 7 só descreve acontecimentos dentro da área mediterrânea ao findar a presente dispensação é habilmente apresentado por G.H. Lang (The Histories and Prophecies of Daniel) na perspectiva pré-milenial. O ponto de vista de que os quatro reinos são: 1) Babilônia, 2) Medo-Pérsia, 3) Grécia e 4) os sucessores gregos de Alexandre e que o quinto é o reino do Messias, é defendido de maneira reverente mas não amilenista por Moses Stuart (Commentary on Daniel e de maneira amilenista reverente pela obra católica romana de C. Lattey (The Book of Daniel). Após o costumeiro estabelecimento do cenário histórico (v. 1), seguem-se detalhes de uma série de visões (vs. 2-14, 21, 22), o novo método de interpretação de sonhos e visões (vs. 15, 16), a interpretação (vs. 17-20, 23-27), e uma declaração pessoal final (v. 28).
7:1. No primeiro ano de Belsazar. Cerca de quatorze anos antes dos acontecimentos do capítulo s. É provável que a fraqueza da Babilônia já estivesse começando a aparecer. Um sonho, e visões. Nem sempre claramente distintas. Os sonhos são experiências durante o sono; as visões podem surgir estando-se acordado, ou, como aqui, podem ser “cenas” ou estágios sucessivas em um sonho. Escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas. Ele as registrou imediatamente (logo, ou logo após, ou naquela hora, como o aramaico ’edayin com o prefixo b enfaticamente exige). Foi escrito, contrariando a generalizada teoria das profecias-por-transmissão-oral (veja Is. 30:8; cons. 8:1, 16; Hc. 2:2; Ap. 1:19; 14:13; 21:5). Era um resumo, pois apenas a suma (aram. cabeça) ou substância do material foi registrado. Semelhante uso do hebraico ro’sh aparece em Sl. 119:160 (surtia, ASV) e 137:6 (principal). (Veja Stuart, Comm., in loco.)
7:2. Os quatro ventos do céu. O uso em outros lugares indica que os ventos representam o poder providencial de Deus através do qual Ele controla as nações, agitando-as ou apaziguando-as (Ap. 7:1-3; Jr. 23:19; 49:36; 51:1; Zc. 6:1-6; 7:14). Rûah pode ser traduzido para “espírito” ou “vento”, e aqui é propositadamente ambíguo. (Verifique também Dn. 4:17; I Tm. 2:1, 2.) Jerônimo acha que os ventos representavam os anjos. O Grande Mar. Não um mar qualquer, mas, como Lang demonstrou de maneira hábil (Histories and Prophecies of Daniel, pág. 86 e segs.), o Mediterrâneo (veja esp. Nm. 34:6, 7; Js. 1:4; 9:1; 15:11, 12, 47; 23:4; Ez. 47:10-15, 19, 20; 48:28).
7:3. Quatro animais grandes... subiam do mar. Portanto, os animais, mais tarde descritos, estão ligados com o Mediterrâneo. Do mesmo modo, como indica o uso simbólico e profético de “mar”, eles se levantaram com reboliço, inquietação, com palavras turbulentas, etc., coisas que acompanham a falsa diplomacia (Is. 57:20; Jr. 6:23; 50:42; 51:42; Ap. 17:15; cons. Lc. 21:25). As nações e o seu levantamento não são encaradas de maneira lisonjeira nas Escrituras (Is. 34:2; 40:15-17; Joel 3:2; cons. “o mundo”, I João 2:15 e segs.; 5:19; II Pe. 3:10). Diferentes uns dos outros. Cada nação tem as suas próprias características especiais, embora todas partilhem do mesmo caráter brutal, irracional e bestial. Que diferença tem esta visão interior do profeta da dignidade rutilante da imagem do sonho do pagão Nabucodonosor!
7:4 O leão simboliza a Babilônia aqui e também em Jr. 4:6, 7. As asas de águia falam de velocidade, como o leão da força. São símbolos naturais dificilmente precisando de explicação (cons. II Sm. 1:23; Jr. 49:19-22; Ez. 17:3-24).
7:5 O urso é um símbolo adequado para o reino medo-persa. Força e ferocidade fazem parte de quase todas as vezes em que a Bíblia usa a figura de um urso. A magnitude poderosa se ajusta bem aos grandes exércitos persas. Diz-se que Xerxes comandou dois milhões e meio de homens quando atacou a Grécia. A dualidade pode estar sugerida pela referência aos lados do animal.
7:6 O musculoso leopardo de quatro asas fala, sem dúvida, do reino grego (macedônio) de Alexandre. O governo passou de Nínive (Assíria) para a Babilônia em 612 A.C.; da Babilônia para a Pérsia em 539 A.C. e Dario III para Alexandre em 331 A.C.
7:7, 8. Como no capítulo 2, o quarto estágio do império romano. Desde que o reino deve prevalecer até a destruição do Anticristo (o pequeno chifre) e o estabelecimento do reino de Cristo, eterno, final e visível (cons. Ap. 19:11–20:4), deve ser considerado como urda prevalecente. A forma décupla do estágio final, talvez sugerida pelos dez artelhos do capítulo 2, está clara aqui e confirmada por Ap. 17:3 e segs. Mais tarde o pequeno chifre está identificado com o Anticristo final.
7:9-14. Esta cena do trono está minuciosamente elaborada no Ap. capítulos 4-20. Evidentemente os cinco versículos de Daniel abrangem o mesmo terreno dos dezessete capítulos do Apocalipse. É uma cena do juízo onde o Ancião de dias – ninguém outro que “o Alto, o Sublime, que habita a eternidade” (Is. 57:15) – toma posse dos reinos da terra através do Filho do homem – um nome que o Senhor claramente reivindicou para si mesmo (Mt. 24:30). A ação dramática através da qual o reino da besta é violentamente derrubado encaixa-se em muitas predições bíblicas sobre a maneira pela qual nosso Senhor julgará as nações no final desta dispensação.
7:21, 22. Embora separados por detalhes de interpretação (vs. 15-20), estes versículos pertencem à visão propriamente dita e não à interpretação. Os santos do Altíssimo... os santos possuíram o reino. Nada é mais certo que o fato de todos os santos de todas as dispensações participarem do triunfo final de Cristo no Seu reino. Mas esta passagem apenas afirma uma parte desta verdade. A perspectiva do livro, o significado das palavras, e o contexto aqui limitam a aplicação ao povo de Daniel, o Israel claramente identificado em 10:14 (aqui se usou a expressão hebraica equivalente). “Por ‘santos do Altíssimo’ que receberão todo o domínio (Dn. 7:18-27), Daniel só poderia entender o povo de Israel, que se destacava das nações e reinos pagãos, que deveriam reinar até então (2:44); nem temos nós, de acordo com a exegese estrita, o direito de aplicar a expressão a qualquer outra nação; portanto não podemos aplicá-la imediatamente à Igreja... As palavras do profeta se referem ao restabelecimento do reino de Israel” (C.A. Auberlen, The Prophecies of Daniel and the Revelation of St. John, págs. 216, 217).
7:15, 16 De modo muito estranho, um anjo que faz parte da visão, mas também é um ser pessoal real, mais tarde identificado como Gabriel, vem a ser o intérprete aqui e através do restante do livro (cons. 8:16; 9:21). Embora tratado rapidamente por Daniel, este é um aspecto importante.
7:17-20, 23-27 Exceto às observações feitas no começo deste capítulo, concorda-se de modo geral que a sucessão dos quatro domínios gentios seguidos pelo refilo messiânico é a mesma do capítulo 2. Mas, começando como versículo 19, a profecia avança muito além do sonho de Nabucodonosor, para dar detalhes de predição ao Anticristo final e o relacionamento que o povo de Deus terá com ele no período escatológico.
7:19 Tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal. Esta besta é de interesse especial porque produz o “pequeno chifre”, o Anticristo, e é a forma final do domínio gentio (vaia vs. 23-25 e cons. comentados sobre 2:40-43).
7:20. E também dos dez chifres. Veja o versículo 24. Dez reis se levantarão no estágio final do quarto reino (o romano) e reinado contemporaneamente (não sucessivamente; cons. Ap. 17:13 e segs., conforme explicação a seguir). Daquele chifre que tinha olhos, e uma boca, etc. Todos os intérpretes – judeus, cristãos, incrédulos – concordam que este é o Anticristo. Os racionalistas que insistem que isto foi escrito no período dos macabeus dizem que é Antíoco Epifânio (cerca de 165 A.C.) e que o nosso autor, embora enganado, pensava que o reino messiânico viria logo a seguir.
7:24-26 Observe aqui doze fatos sobre o Anticristo:
(1) Ele não criará uma confederação décupla; ele a observará (v. 24).
(2) Ele apenas será um outro rei “dez chifres... outro... diferente” (v. 8), e ele será mortal (Ap. 13:2; II Ts. 2:9). Ele será importante por causa da força satânica por trás dele.
(3) No começo ele será obscuro – “pequeno” (Dn. 7:8).
(4) Sua marcha para o poder começará com a conquista de três reinos (v. 8; cons. v. 24).
(5) Haverá nele, entretanto, algo de especial (diferente dos primeiros dez, v. 24). Veja Ap. 13:15; II Ts. 2:4. Muitos acontecimentos extraordinários estarão relacionados com ele (Ap. 13:16, 17; II Ts. 2:9, 10).
(6) Ele será muito inteligente - “olhos, como os de homem” (Dn. 7:8).
(7) Ele terá a habilidade da oratória (v. 8).
(8) Sua aparência será formidável (v. 20; cons. Is. 53:2, 3).
(9) Ele será blasfemo (Dn. 7:25; cons. Ap. 13:5, 6).
(10) Ele tentará introduzir uma nova era (Dn. 7:25, mudar os tempos).
(11) Ele tentará destruir Israel (v. 25a; cons. 9:26, 27).
(12) Seu tempo será curto (v. 25), um tempo, dois tempos e metade de um tempo (cons. Ap. 11:2; 13:5; Dn. 9:25; 12:7-12).
Evidências Aqui para um Ponto de Vista Premilenial:
(1) O reino do Messias segue-se ao aparecimento do Anticristo (aqui descrito mau em ternos pessoais que institucionais) e sua destruição. A pessoa ainda não apareceu. Isto parece tornar impraticáveis os esquemas pós-milenial e amilenial de identificarem a Igreja com o Reino.(2) O reino do Messias aqui seguir-se-á aos reinos gentios; de modo nenhum lhes é contemporâneo. Deve, portanto, ainda se encontrar no futuro.
(3) O reino de Cristo seguir-se-á a uma forma final de domínio gentio que ainda não apareceu.
(4) o reino messiânico é aqui externo no aspecto, não um reino no coração dos homem, como exige a teoria do Reino-Igreja.
(5) Este reino é de algum modo israelítico (cons. vs. 7, 22, 25, 27 com 8:24). Os “santos” ou povo santo mencionados aqui é o povo de Israel e nenhum outro. A Igreja não é um reino judeu.
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