Interpretação de Efésios 2
Interpretação de Efésios 2
Efésios 2
D. Salvação
pela Graça. 2:1-10.
Neste parágrafo
o apóstolo fala da nossa salvação pela graça de Deus, mostrando o que éramos no
passado, o que somos agora e o que seremos no futuro.
1) O Que Fomos
no Passado. 2:1-3.
A declaração
inicial desta seção lembra os crentes efésios de quão desesperadamente eles
precisaram da graça salvadora de Deus.
1. Ele vos deu
vida. A
construção aqui sofreu interrupção. Literalmente é assim, e vós que estáveis
mortos em ofensas e pecados. Os versículos 2 e 3, então são parentéticos, e
o pensamento principal se resume no versículo 4. O contraste está entre vós,
mortos em ofensas e pecados, e Deus, rico em misericórdia. A morte à qual o
escritor se refere aqui é a espiritual, não a física; isto é, separação de Deus.
2. Nos quais
andastes outrora. O
andar nas Escrituras é usado com referência à conduta diária, à maneira de vida
(cons. as porções finais da epístola onde se trata da vida cristã).
Segundo o curso
deste mundo. É
incomum encontrar a palavra aion, "século", e a palavra kosmos,
"mundo" juntas "o século deste sistema do mundo". Ambas as
palavras adquiriram um sentido ético por causa do seu uso no N.T.
Segundo
o príncipe da potestade do ar. Isto obviamente se refere a Satanás.
Aqui há um paradoxo, pois pessoas mortas são representadas andando. Cada um,
quando separado de Cristo, está morto e andando segundo o príncipe das
potestades . do ar. Satanás é mais adiante descrito como o espírito que
agora atua nos filhos da desobediência; isto é, filhos caracterizados pela
desobediência. Desde o pecado de Adão, os homens têm sido filhos desobedientes.
3. Entre os
quais também todos nós andamos outrora. Este nós faz contraste com o vós de
2:1.
Nossa carne. O termo carne
no N.T, é freqüentemente usado no sentido ético para se referir à velha
natureza, aquela que herdamos de Adão.
Fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos. Ao que parece, o corpo e a mente estão
ligados, ambos fazendo parte da come, isto é, da velha natureza. Muitas pessoas
costumara pensar nos pecados da carne como sendo apenas os diversos tipos de
imoralidade, esquecendo que também existem os pecados da mente.
Filhos da ira. Isto é, aqueles
que estão sob a ira, cujo destino é a ira, sobre os quais a ira de Deus
permanece (cons. Rm. 1:18; Jo. 3:36; veja também Hb. 10:26,27).
2) O Que Somos
no Presente. 2:4-6.
A Palavra de
Deus está cheia de gritantes contrastes entre a incapacidade do homem e a
suficiência do Senhor.
4. O escritor
agora retorna à declaração que foi interrompida no versículo 2.
Mas Deus. Este é o
contraste salvador.
Sendo rico em
misericórdia (cons.
as riquezas da Sua graça e da glória, 1:7,18). Não há limite para a
misericórdia de Deus.
Por causa do
grande amor com que nos amou. As Escrituras indicam repetidamente que
o amor de Deus para conosco, e não o nosso amor para com Ele, é a coisa mais
importante (cons. I Jo. 4:9, 10).
5. Mortos em
nossos delitos. Isto
reverte à declaração de 2:1.
Nos deu vida
juntamente com Cristo. Aqui há um verbo composto que está ligado à palavra
Cristo, para mostrar que o fato de estarmos vivos tem ligação com o fato dEle
estar vivo, isto é, com Sua ressurreição.
Pela
graça sois salvos, está
explicado e desenvolvido mais adiante, no versículo 8.
6. E juntamente
com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo
Jesus. As
Escrituras ensinam que fomos identificados com o Senhor Jesus Cristo, não
apenas em Sua morte (Rm. 6), mas também na Sua ressurreição e na Sua ascensão à
direita do Pai. A palavra assentar é uma das grandes palavras desta epístola,
indicando a posição que temos em Cristo, como participantes de uma redenção
consumada e concluída e de uma vitória.
Nos lugares
celestiais. A
terceira vez que esta expressão foi usada nesta epístola. Por causa de nossa
posição em Cristo, já estamos potencialmente no céu, onde Ele realmente está.
3) O Que
Seremos no Futuro. 2:7-10.
O fato de Deus
ter transformado pecadores redimidos em uma eterna lição objetiva de Sua graça,
é espantoso, porém é verdade.
7. Para mostrar
nos séculos vindouros. A Igreja servirá de eterna demonstração da graça de
Deus. A suprema riqueza da sua graça (cons. 1:7) em bondade. (cons. Tt. 2:14;
3:4).
8. Porque pela
graça sois salvos. Isto
é, vós fostes salvos. A graça de Deus é a fonte de nossa salvação.
Mediante a fé. Paulo não diz
nunca por causa da fé, pois a fé não é a causa, apenas o canal por meio
do qual recebemos a nossa salvação.
E isto não vem
de vós. A
palavra isto não se refere nem à graça nem à fé, mas a todo o ato da
salvação – "Essa salvação não vem de vós mesmos".
Dom de Deus. Cons. Rm. 6:23.
9. Não de
obras. Este
é o complemento negativo da afirmação precedente. O Espírito Santo tem sido
muito cuidadoso em resguardar esta preciosa doutrina da salvação pela graça
contra todas as formas de heresia.
Obras
nas
Escrituras são o produto ou fruto da salvação, não a causa dela.
Para que
ninguém se glorie. No
céu ninguém vai se gloriar porque não haverá ali ninguém que tenha algum motivo
de glória (I Co. 4:7).
10. Somos
feitura dele. O
dele é enfático no original.
Criados em
Cristo Jesus para boas obras. O propósito de nossa nova criação é que
andássemos (nas boas obras). Agora a passagem completou o seu círculo, pois
esse andar está em contraste direto com o andar descrito no versículo 2.
E. Unidade dos
Judeus e Gentios em Cristo. 2:11-22.
Uma das grandes
verdades desta epístola é que judeus e gentios estão unidos no corpo de Cristo.
Esse corpo já foi mencionado em 1:23, e a união está descrita aqui com mais
detalhes no capítulo 3.
1) O Que os
Gentios Eram Sem Cristo. 2:11, 12.
A linguagem
desses versículos pinta um quadro muito negro da posição dos gentios antes da
vinda de Cristo.
11. Portanto,
lembrai-vos. A
maior parte dos leitores originais de Paulo eram gentios. O apóstolo aqui
fá-los lembrar de sua posição antes de ouvirem o Evangelho. Outrora vós
gentios. Diante dos homens ainda eram gentios, mas não diante de Deus. Deus
olha para todos os homens como judeus, gentios ou a Igreja (I Co. 10:32).
Quando alguém aceita o Senhor Jesus Cristo, quer seja judeu ou gentio, já não é
mais tal diante de Deus, mas passa a ser um membro do corpo de Cristo. Chamados
incircuncisão. Esse era um epíteto insolente aplicado pelos judeus aos
gentios.
12. Separados
da comunidade de Israel. No V.T. Deus tinha um convênio com a nação de
Israel e governava esse estado diretamente. Aqueles que não eram judeus, eram
estrangeiros ou alienígenas.
Não
tendo esperança e sem Deus, só podiam tomar conhecimento do
convênio e das promessas do Senhor através de Israel. As expressões descritivas
vão se tornando cada vez mais sérias.
2) Um Só Corpo.
2:13-18.
Judeus e
gentios foram unidos em Cristo, e o último agora está tão perto dele quanto o
primeiro.
13. Mas agora. Isto é
enfático. Indica um contraste à sua anterior posição. Em Cristo Jesus. Antes
estavam no mundo (v. 12). Sua condição era sem esperanças. Agora estão em
Cristo, com todos os privilégios do céu. Observe os diversos contrastes
nestes versículos – no mundo, em Cristo Jesus; naquele tempo, agora;
separados, aproximados.
14. Ele é a
nossa paz. Observe
o progresso desta seção: Ele é a nossa paz (v. 14); fazendo a paz (v.
15); evangelizou paz (v. 17; cons. Cl,1:20).
De ambos fez
um. Isto
é, judeus e gentios. Tendo derrubado a parede da separação pode ser aqui
uma alusão à parede que separava o Pátio dos Gentios e o Pátio dos Judeus no
Templo. Uma inscrição nessa parede advertia os gentios da pena de morte, se
entrassem no Pátio dos Judeus. Agora, diante de Deus, não há mais distinção
(veja Rm. 1; 2; 3). A inimizade. Talvez em aposição à "parede de
separação que estava no meio".
15. Um novo
homem. Não
um indivíduo, mas a nova criação da qual Cristo é a Cabeça.
16. Ambos. Novamente uma
referência aos judeus e gentios. Destruindo por ela a inimizade. Isto é,
pela cruz.
17,18. Estes
versículos desdobram mais esta verdade da união do judeu com o gentio em
Cristo. Vós outros que estáveis longe. Os gentios. Aos que estavam
perto. Os judeus.
18. Observe a
ênfase sobre a palavra ambos (vs. 14, 16, 18). Ambos unidos, ambos
reconciliados com Deus, ambos tendo acesso.
3) Um Só
Edifício. 2:19-22.
A figura da
Igreja como um corpo humano transforma-se gradativamente na figura da Igreja
como um grande edifício. O corpo humano é também descrito como um edifício em
várias passagens (por exemplo, I Co. 6:19; lI Co. 5:1).
19. Assim. A conclusão
lógica do que foi escrito. Já não sois estrangeiros, e peregrinos. A
presente posição desses gentios foi inteiramente revertida da sua condição
anterior, descrita anteriormente neste capítulo. Mas concidadãos dos santos.
Em Cristo, judeus e gentios têm uma nova cidadania (cons. Fp. 3:20, 21).
20. Edificados
sobre o fundamento. A
Igreja, que é o corpo de Cristo, está sendo apresentada aqui como um grande
edifício, o templo de Deus. Os apóstolos. Os homens especialmente
designados pelo Senhor Jesus Cristo no começo da Igreja. Eles não tiveram
sucessores. E profetas. Não os profetas do V.T., mas os profetas
cristãos, os profetas do N.T., alguns dos quais são mencionados e descritos no
livro de Atos e nas epístolas.
Sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular. Passagens como esta e I Pe. 2:5
ajudam-nos a entender o significado de Mt. 16:18. Pedro, sendo um apóstolo, foi
uma das pedras fundamentais junto com os demais apóstolos e profetas, mas a
estrutura como um todo está edificada sobre Cristo. Compare o que Paulo diz em
I Co. 3:11.
21. Todo edifício. "O apóstolo está claramente falando de um só vasto edifício, o corpo místico de Cristo" (Alf). Esta interpretação está confirmada pela linguagem do que vem a seguir. Israel no V.T. tinha um templo de madeira e pedra. Em contraste com este, a Igreja é o templo (cons. I Co. 3:16; I Pe. 1: 2-9). Um templo é um lugar da habitação de Deus, como diz o versículo 22.
21. Todo edifício. "O apóstolo está claramente falando de um só vasto edifício, o corpo místico de Cristo" (Alf). Esta interpretação está confirmada pela linguagem do que vem a seguir. Israel no V.T. tinha um templo de madeira e pedra. Em contraste com este, a Igreja é o templo (cons. I Co. 3:16; I Pe. 1: 2-9). Um templo é um lugar da habitação de Deus, como diz o versículo 22.