Interpretação de Efésios 4
Interpretação
de Efésios 4
Efésios 4
A. A Caminhada
Digna. 4:1-16.
Deus sempre une
doutrina com prática, ensinamentos e os resultados práticos dos ensinamentos.
Em Ef. 1-3 Ele nos falou das riquezas da Sua graça e das riquezas da Sua glória
por meio de Jesus Cristo. Agora Ele nos exorta a vivermos de maneira digna
neste mundo.
1) A Unidade do
Espírito. 4:1-6.
Deus realizou
uma unidade maravilhosa que os crentes têm a responsabilidade de manter na
experiência.
1. Pois. Como geralmente
acontece nas epístolas de Paulo, esta exortação está sendo feita com base nos
ensinamentos que a precederam (cons. Rm. 12: 1). O prisioneiro no Senhor. Isto
é. o prisioneiro por amor do Senhor (cons. Ef. 3:1). Rogo-vos. Esta
palavra, que no original se encontra realmente no começo, para maior ênfase, é
uma súplica, um encorajamento. Deus, é claro, tem o direito de ordenar e
exigir, mas Ele, em lugar disso, roga, suplica, porque Ele quer um serviço
prestado por submissão, de boa-vontade.
Que andeis de
modo digno. A
palavra andeis tem sido usada muitas vezes nas Escrituras em relação à
nossa conduta, nosso comportamento, nosso modo de vida (cons. Introdução). De
modo digno. Não para que mereçamos o que Deus fez, mas para andarmos de
modo condizente com o que Ele fez por nós. Não nos tornamos cristãos vivendo a
vida cristã; antes, somos exortados a vivermos uma vida cristã porque somos
cristãos, para que as nossas vidas estejam de acordo com a nossa posição em
Cristo (cons. Fp. 1:27). Vocação. Nossa vocação está descrita como uma
vocação celeste e santa (cons. Hb. 3:1; II Tm. 1:9).
2. Humildade
mansidão. Essas
virtudes só podem ser produzidas pelo Espírito de Deus que habita no crente.
São totalmente estranhas à carne e desafortunadamente raras na vida de muitos
cristãos. Humildade implica na idéia de simplicidade; mansidão significa
gentileza (veja Trench). Longanimidade é a conservação de uma atitude
tranqüila diante da adversidade e perseguição.
3. Esforçando-nos
diligentemente por preservar. Deus sabia que isto
não seria sempre possível porque uma pessoa sozinha não pode manter a união.
Observe que Paulo não exige que o cristão faça a unidade, pois só Deus pode
criar o laço; mas é responsabilidade dos crentes o esforço de resguardá-lo.
Esta é a unidade
do Espírito. Isto
é, a unidade que foi moldada pelo próprio Espírito Santo, e o Seu laço ou
ligamento é de paz.
4. Somente um
corpo. O
organismo composto do Senhor Jesus Cristo na qualidade de Cabeça e de todos os
crentes nEle. É a nova criação, o corpo mencionado antes na epístola (1:23).
Somente . . .
um Espírito. O
Espírito Santo mesmo é a vida que impregna cada parte do corpo.
5. Há um só
Senhor, uma só fé, um só batismo. Observe a ênfase que foi dada à unidade
em todo o trecho. O batismo é sem dúvida o batismo do Espírito Santo – o
ministério do Espírito pelo qual fomos colocados no corpo de Cristo (I Co. 12:
13).
6. As três Pessoas
da Divindade são mencionadas nestes versículos na ordem inversa da que
geralmente é dada: somente ... um Espírito (v. 4); um só Senhor (v.
5), isto é, o Senhor Jesus; um só Deus e Pai (v. 6). O qual é sobre
todos, etc. Temos aqui um relacionamento triplo de um só Deus e Pai com
todos os que são Seus. Ele é sobre todos. Isto expressa Sua soberania,
Sua transcendência. Ele age por meio de todos, "expressando a
presença permeadora, animadora e controladora desse um só Deus e Pai"
(Salmond). E está em todos. Esta é a constante habitação dEle em Seu
povo – todas as Pessoas do Deus triúno, segundo diversas passagens das Escrituras,
habitam o crente.
2) O Dom de
Cristo. 4: 7-12.
O Senhor que
subiu ao céu deu dons à Sua Igreja para edificá-la.
7. A cada um de
nós. Isto
se limita aos crentes nEle. A graça foi concedida. Não graça salvadora,
mas graça como um dom concedido aos crentes – favor de Deus, imerecido e
irrecompensável. Segundo a proporção. Uma medida que é imensurável.
8. Por isso diz. A
citação é do Sl. 68:18. A conexão não está bastante clara. Mas diz que o Senhor
Jesus, na Sua ascensão, levou cativo o cativeiro; isto é, Ele capturou aquilo
que nos tinha capturado, e anulou o seu poder.
E concedeu
dons. Em
algumas passagens das Escrituras menciona-se dons que o Senhor deu a
indivíduos; por exemplo, I Co. 12. Aqui os dons são aquelas pessoas com
diversas capacidades, as quais Ele deu à igreja.
9. O apóstolo,
comentando a citação, menciona que o Senhor Jesus desceu primeiro, antes de
subir. Alguns aceitam isto como uma referência feita à morte de Cristo e à Sua
assim chamada visita ao Hades. Parece mais provável, entretanto, que é
simplesmente uma referência à Sua vinda do céu. Ele desceu às regiões
inferiores da terra – genitivo de aposição (cons. Jo. 3: 13).
10. Acima de
todos os céus. Cons.
Hb. 4: 14.
11. E ele mesmo
concedeu uns. Os
diversos tipos mencionados são dons de Cristo à igreja.
Apóstolos. Foi um ofício
especial nos primórdios da igreja. Os apóstolos não tiveram sucessores.
Executaram uma obra única para o Senhor Jesus (cons. 2:20).
Profetas. O profeta era
um porta-voz de Deus. Conforme geralmente usado nas Escrituras, este termo se
refere a alguém que recebeu uma revelação direta, a qual deve ser transmitida
aos homens (cons. 2:20). No sentido mais restrito do termo, este ofício foi
também temporário na igreja, pois não houve mais profetas no sentido técnico
depois de completado o N.T.
Evangelistas. Aqueles que
proclamam as boas novas – aqueles que pregam o Evangelho.
Pastores e
mestres. Esses
does termos estão juntos. A primeira palavra significa aquele que cuida das
ovelhas. Aqueles que são pastores do rebanho também são doutores
(professores). O verdadeiro pastor deve proceder em um ministério de pregação
expositiva da Palavra.
12. Ao
aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço. Esses dons
foram dados por Deus à Igreja para o aperfeiçoamento dos santos, para o
desempenho do seu serviço. Isto é, é do interesse de todos os santos – não
de alguns poucos líderes apenas – executar a obra do ministério. Os líderes têm
o propósito de aperfeiçoar ou equipar os crentes na execução desta obra. Muitas
igrejas locais, hoje em dia, não seguem esta idéia do N.T. É prática comum
deixar que o pastor exerça o ministério. Às vezes o pastor acha que,
temporariamente, é mais fácil ele mesmo fazer a obra do que treinar outros para
fazê-la. Mas sua tarefa é treinar obreiros, e a longo prazo seu ministério será
mais eficiente se o fizer.
3) A Unidade da
Fé e do Conhecimento. 4:13-16.
A unidade dos
crentes em Cristo tende para uma unidade na fé e no conhecimento.
13. A unidade
da fé. A
fé em si mesma já é uma porção limitada da verdade. Ao considerarmos isto,
somos conseqüentemente unidos uns aos outros. À perfeita varonilidade. Não
uma referência ao crente individual, mas ao homem composto; isto é, ao corpo do
qual Cristo é a Cabeça.
14. Para que
não mais sejamos como meninos. Literalmente, criancinhas. Levados
ao redor. Levados pelo vento, o qual foi usado aqui de modo figurado,
naturalmente – vento de doutrina.
Pela artimanha
dos homens. A
palavra que foi traduzida para artimanha significa originalmente jogo de
dados. Passou, então, a significar trapaça de todo tipo, por causa das muitas
trapaças usadas para se roubar no jogo dos dados. A única maneira de estarmos
mantos para perceber o erro é pelo conhecimento da verdade; por isso devemos
chegar ao conhecimento do Filho de Deus, à maturidade cristã. Una pessoa não
precisa estudar cada nota falsificada a fim de reconhecer que uma determinada
nota está falsificada. Só precisa conhecer o artigo genuíno.
15. Seguindo a
verdade em amor. É
possível seguir a verdade e não fazê-lo em amor. Literalmente, apegando-se à
verdade.
Cresçamos em tudo
naquele. Deus quer que sejamos maduros ou adultos. Temos uma
Cabeça absolutamente perfeita, o próprio Cristo.
16. Observe a
perfeição do corpo. Como o corpo humano foi intricadamente ajustado! Por isso é
uma ilustração adequada do corpo de Cristo. Houve quem dissesse que nem todos
podem ser os membros maiores, mas as juntas também são muito importantes. Todas
as partes trabalham juntas (cons. I Co. 12; Rm. 12).
B. A Caminhada
Diferente. 4:17-32.
As Escrituras,
tanto no Velho como no Novo Testamento, enfatizam que o povo de Deus tem de ser
diferente do povo do mundo.
1) Descrição da
Caminhada dos Gentios. 4:17-19.
Os gentios são
"ovelhas desgarradas" (I Pe. 2:25; cons. Is. 53:1). Os crentes têm um
grande e bom Pastor para seguirem.
17. Isto,
portanto, digo. A
caminhada cristã foi descrita de diversos modos nesta passagem. Temos aqui uma
descrição negativa. Testifico. Protesto, exorto, ou imploro. Não mais
andeis. Agora suas vidas têm de ser diferentes. Como andam também os outros
gentios. (E.R.C.). Esse andar foi descrito em 2:2. A maior parte dos efésios
tinham antecedentes gentios. Alguns manuscritos não trazem a palavra outros.
Portanto, que não mais andeis como também andam os gentios. Diante de
Deus, os crentes no Senhor Jesus Cristo já não são mais nem judeus, nem gentios
(cons. I Co. 10:32). Na vaidade dos seus próprios pensamentos. A palavra
que foi usada para vaidade parece significar perversidade ou depravação
nesta instância.
18.
Obscurecidos de entendimento. Cons. II Co. 4:4. Alheios à vida de
Deus. Cons. 2: 12. Dureza dos seus corações. Literalmente, percepção
obtusa (cons. Mc. 3: 5).
19. Tornado
insensíveis. Cons. I Tm. 4:2. Impureza. Não
apenas indulgência com a impureza, mas também um desejo cúpido de prosseguir
nela. Uma declaração pitoresca da natureza insaciável do desejo pecaminoso.
2) O Despojar
do Velho e o Revestir do Novo. 4:20-24.
A Vida Cristã é
comparada com o tirar de uma roupa para vestir outra. Não é uma referência à
nossa posição em Cristo, mas à nossa experiência. É possível ser um novo homem
em Cristo Jesus e continuar vivendo como o "homem velho", isto é,
continuar usando a roupa do "homem velho".
20. Mas. Um contraste
com o precedente. Não foi assim que aprendestes a Cristo. Essa é a mais
importante de todas as matérias que alguém pode estudar.
21. Se é que de
fato o tendes ouvido, e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus. Aquilo que eles
aprenderam depois de ouvirem sobre o Senhor Jesus Cristo deveria tê-los feito
melhorar suas vidas, pois cristãos devem agir como cristãos, não como os pagãos
que não são cristãos.
22. Quanto ao
trato passado . . . do velho homem. Isto é, a natureza adâmica, aquilo que
somos em nós mesmos. Que se corrompe segundo as concupiscências do engano. As
Escrituras ensinam que na velha natureza não existe nada de bom (cons. Rm.
7:18).
23. E vos
renoveis. Cons.
Rm. 12:2.
24. E vos
revistais do novo homem. Relacionado com o precedente, o produto do novo
nascimento. Com referência ao conflito entre a natureza velha e a nova, veja
Rm. 7 e Gl. 5:16, 17. Segundo Deus. De acordo com Deus é o Criador do
novo homem.
3) Aplicação
Prática. 4:25-32.
Em Sua Palavra,
Deus nunca ensina a verdade de maneira abstrata, mas sempre faz uma aplicação
concreta.
25. Por isso. Com
base no precedente; isto é, nossa posição em Cristo. Deixando a mentira. Observe
o negativo e o positivo. Não basta simplesmente nos abstermos da mentira; é
preciso também contar a verdade (cons. Zc. 8:16). Somos membros. Não
apenas membros de Cristo, mas uns dos outros (Rm. 12:5).
26. Irai-vos, e
não pequeis. Há
uma coisa chamada de ira justa, embora o termo tenha sido muito abusado. O
apóstolo diz que se você está irado, certifique-se de que é o tipo de ira que
não é pecaminoso.
Não se ponha o
sol sobre a vossa ira. "Até mesmo a ira justa quando sofre tolerância
excessiva transforma-se muito facilmente em pecado" (Salmond).
27. Não deis
lugar ao diabo. Cons.
II Co. 2:10, 11; Ef. 6:10 e segs.
28. Antes
trabalhe. O
cristão, além de não dever roubar, deve também trabalhar pelo bem-estar seu e
de sua prática. As Escrituras recomendam o trabalho honesto (cons. I Ts. 4: 11.
12). Na verdade, o apóstolo afirma que aquele que não quiser trabalhar não deve
comer (II Ts. 3: 10). Acudir ao necessitado. Eis aí a base da genuína
caridade cristã.
29. Nenhuma
palavra torpe. A
palavra traduzida para torpe significava originalmente podre ou pútrido.
Vemos novamente a enfatização do positivo – unicamente a que for boa.
30. E não
entristeçais o Espírito de Deus. Aquilo que entristece o Espírito Santo
é pecado. O remédio é a confissão (cons. I Jo. 1:9). Embora o Espírito Santo
possa ser entristecido, Ele jamais abandona o crente. Ele é o nosso selo. Fomos
selados por Ele para o dia da redenção (cons. Ef. 1:13). Ele é a
garantia de que a nossa redenção será completada.
31. Alguns dos
pecados que entristecem o Espírito Santo são agora particularizados. Embora
alguns cristãos só classificariam de pecados aquelas iniquidades grosseiras que
até mesmo o mundo reconhece como erro. Deus menciona coisas da mente e do
espírito, além daquelas relacionadas com o corpo.
32. O tema do
despojar e do revestir destaca-se através de toda a seção. Viver a vida cristã
não é simplesmente obedecer a uma lista de proibições; é cultivar virtudes
positivas.
Sede uns para
com os outros benignos. O verbo aqui significa continuar revelando-se
benigno. Compassivos. A tradução inglesa é muito boa (de coração
compassivo). A palavra no original tem sido muito mal interpretada, conforme se
vê de sua freqüente tradução, noutras passagens, como entranhas.
"Coração" é o certo. No grego clássico essa palavra se refere aos
órgãos da parte superior da cavidade do corpo; especificamente o coração,
pulmões e fígado, distinguindo-se dos órgãos da cavidade inferior (veja
léxico).
Perdoando-vos uns aos outros. A única maneira de sermos capacitados a perdoar é através do perdão que nós mesmos já recebemos por amor a Cristo. Assim como o amor de Deus produz o nosso amor, a nossa tomada de consciência do perdão de Deus produz o nosso perdão aos outros (cons. I Jo. 4: 19).
Perdoando-vos uns aos outros. A única maneira de sermos capacitados a perdoar é através do perdão que nós mesmos já recebemos por amor a Cristo. Assim como o amor de Deus produz o nosso amor, a nossa tomada de consciência do perdão de Deus produz o nosso perdão aos outros (cons. I Jo. 4: 19).