Interpretação de Efésios 5
Efésios 5
Efésios 5 continua as instruções práticas para a vida cristã e a conduta ética dentro da comunidade cristã. Este capítulo concentra-se particularmente nos temas de imitar a Deus, viver na luz e manter relacionamentos saudáveis. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Efésios 5:1. Imitando a Deus (Efésios 5:1-2): Paulo começa exortando os crentes a imitarem a Deus como filhos amados. Ele enfatiza a importância de andarmos em amor, assim como Cristo nos amou e se entregou como oferta de sacrifício. O amor é retratado como uma virtude central na vida cristã, e os crentes são chamados a imitar o amor sacrificial de Cristo.
2. Evitar a imoralidade (Efésios 5:3-7): Paulo aborda a questão da imoralidade e impureza sexual, destacando a incompatibilidade de tais comportamentos com a caminhada cristã. Ele adverte contra conversas tolas, piadas grosseiras e qualquer forma de impureza, pois são inapropriadas para o povo santo de Deus. Paulo lembra aos crentes que aqueles que se envolvem em tais práticas não herdarão o reino de Deus.
3. Viver na Luz (Efésios 5:8-14): Paulo contrasta a velha vida de trevas com a nova vida em Cristo, caracterizada pela luz. Os crentes são descritos como estando antes nas trevas, mas agora sendo filhos da luz. Eles são incentivados a andar como filhos da luz, produzindo bondade, retidão e verdade. A passagem também alude à transformação provocada pela luz de Cristo e pela exposição das trevas.
4. Sabedoria e vida piedosa (Efésios 5:15-21): Paulo aconselha os crentes a serem sábios, aproveitando ao máximo o seu tempo e compreendendo a vontade de Deus. Ele contrasta estar cheio do Espírito com estar bêbado com vinho, enfatizando a importância de estar sob a influência do Espírito Santo. Os crentes são encorajados a dirigir-se uns aos outros em salmos, hinos e cânticos espirituais, dando graças a Deus e submetendo-se uns aos outros em reverência a Cristo.
5. Instruções para Relacionamentos Domésticos (Efésios 5:22-33): Paulo fornece orientação prática para vários relacionamentos domésticos, incluindo maridos e esposas. Ele chama as esposas a se submeterem aos seus maridos como ao Senhor, e os maridos são instruídos a amar as suas esposas como Cristo amou a igreja, entregando-se por ela. Esta é uma ilustração profunda do amor sacrificial e da submissão mútua no relacionamento conjugal. Paulo também aborda o mistério de Cristo e da Igreja, retratando a relação matrimonial como um reflexo desta profunda realidade espiritual.
Em Efésios 5, o autor enfatiza a importância de imitar o amor sacrificial de Deus, de viver à luz de Cristo e de manter a pureza moral na caminhada cristã. O capítulo fornece orientação prática para uma vida piedosa, destacando o significado da sabedoria, da vida cheia do Espírito e dos relacionamentos saudáveis dentro da comunidade cristã e nos relacionamentos conjugais. Em última análise, Efésios 5 sublinha o poder transformacional do amor de Cristo e os padrões éticos que devem caracterizar a vida dos crentes à medida que caminham na luz da verdade de Deus.
Interpretação
A Caminhada do Amor. 5:1-14.A vida cristã não envolve apenas o andar digno da nossa vocação e o andar de maneira diferente dos gentios, mas também o andar em amor.
Andando em Amor. 5:1-7.
Sendo os crentes os “filhos amados” de Deus e tendo experimentado Seu amor, eles têm um padrão a preservar, um caminho a seguir.
5:1. Sede pois. Literalmente, transformem-se pois ou provem que são. Imitadores, como filhos amados. Exatamente como as criancinhas aprendem imitando seus pais, assim devemos ser imitadores de Deus.
5:2. E andai em amor. Mo descreve todo o nosso modo de viver. Como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós. Isto é, Ele se entregou por causa de nós (cons. Gl. 2: 20). Como oferta e sacrifício a Deus. Cons. Sl. 40:7, que foi citado em Hb. 10:7. Em aroma suave. Reminiscência das ofertas de cheiro suave do livro de Levítico, que prefiguravam o auto-sacrifício voluntário de Cristo a Deus.
5:3. Mas a impudicícia. Termo generalizado para a imoralidade sexual. Nem sequer se nomeie entre vós. A ligação com o precedente está clara. O amor não comenta os pecados dos outros (cons. I Co. 13:4-8). Há o perigo de alguém experimentar satisfação mórbida na discussão dos pecados dos outros. Como convém a santos. Devemos saber o que é próprio e conveniente à nossa elevada posição.
5:4. Nem conversação torpe, nem palavras vãs, ou chocarrices. Essas palavras não impedem a espontânea alegria cristã e o senso de humor, mas indicam que os cristãos não devem participar de frivolidades. No grego dão a entender o tipo de anedotas que são vulgares e grosseiras. O antídoto para o cristão é a ação de graças.
5:5. Sabei, pois. Cons. I Co. 6:9, 10. Ou avarento. É interessante notar que este tipo de pecador foi incluído na mesma classificação ao lado do imoral e do devasso. A maneira de Deus classificar os pecados não é igual à nossa. Diante dEle todos os pecados são odiosos. Devemos aprender a encarar os pecados como Ele o faz.
5:6. Com palavras vãs. Isto é, palavras vazias, palavras sem significado. Os filhos da desobediência (cons. 2:2, onde a mesma expressão foi usada).
5:7. Portanto não sejais participantes com eles. O uso do imperativo presente com esta forma do negativo (mê) indica a proibição de algo já em progresso; literalmente, parem de ser companheiros deles.
2) Andando na Luz. 5:8-14.
O amor e a santidade (muitas vezes simbolizados pela luz nas Escrituras) não devem ficar separados, explica o apóstolo. O andar no amor é também andar na santidade.
5:8. Pois outrora éreis trevas. Uma linda expressão do contraste entre o nosso passado e o nosso presente (cons. o mesmo tipo de contraste em I Co. 6:9-11; I Ts. 5:5). Andai como filhos da luz. Deus sempre coloca o fato de nossa posição diante de nós base para o nosso procedimento. Fruto do Espírito. (E.R.C.). Alguns manuscritos rezam o fruto da luz (E.R.A.) (cons. Gl. 5:22, 23).
5:10. Provando sempre o que é agradável. Isto é, fazendo um teste. O critério é aquilo que agrada ao Senhor (cons. II Co. 5:9, onde foi usada a mesma expressão).
5:11. E não sejais cúmplices. Novamente, parem de ser companheiros deles (lit.). Antes, porém, reprovai-as. Se um cristão está em comunhão com o seu Senhor, sua própria vida será uma censura ao mundo.
5:12. O só referir é vergonha (cons. v. 3 acima). O Dr. A. C. Gaebelein chamava a discussão pública dos pecados secretos de “comunhão dos pecadores”, em contraste com a comunhão bíblica dos santos.
5:13. Quando reprovados pela luz. Cons. Jo. 3: 19-21; I Jo. 1:5-7.
5:14. Pelo que diz. A citação que se segue é difícil de ser identificada. É possível que seja uma combinação de diversas e diferentes referências (cons. Is. 26:19; 60:1).
A Caminhada Sábia. 5:15 – 6:9.
A seguir o apóstolo descreve como a vida do crente deve ser circunspecta. Ele prescreve aos efésios que se encham do Espírito Santo e mostra-lhes o resultado disso nos relacionamentos práticos da vida.
Sendo Circunspectos. 5:15-17.
Uma caminhada cuidadosa depende de sabedoria, a qual só pode vir do conhecimento da vontade do Senhor.
5:15. Portanto, vede. Isto é, considerem isto à luz do que acabamos de falar. Como andais, diligentemente, cuidadosamente.
5:16. Remindo o tempo. Aproveitando as oportunidades. Porque os dias são maus. Cons. Gl. 1:4.
5:17. Não vos torneis insensatos. Novamente a ordem de se interromper o que já está em progresso – parem de ser tolos. Mas. Forte adversativa no grego (alla).
Sendo Cheios do Espírito Santo. 5:18 – 6:9.
Nenhum crente em Cristo jamais recebeu ordem de dar habitação ao Espírito. A habitação dEle é certa e permanente (Ao. 14:16, 17). Nenhum crente tem ordem de ser batizado com o Espírito. Isso já foi feito (I Co. 12: 13). Mas os crentes têm ordem de serem cheios do Espírito. Portanto há uma responsabilidade individual: há condições a serem cumpridas se e j_ sermos experimentar o controle do Espírito em nossas vidas.
5:18. E não vos embriagueis com vinho. As Escrituras advertem repetidas vezes contra o álcool (cons. Prov. 23:31). Mas enchei-vos do Espírito. Como na maior parte dos contrastes, há alguns pontos de comparação. Uma pessoa intoxicada com vinho age de maneira fora do natural no que é mau; uma pessoa cheia do Espírito Santo age fora do natural no que é bom. Compare com o que se disse dos apóstolos no dia de Pentecostes. (Atos 2:13). Enchei-vos do Espírito. Continuem se enchendo; encham-se Espírito continuamente. Um crente não pode obter mais do Espírito Santo porque Ele já habita a vida do crente em toda a Sua plenitude. Mas o Espírito Santo pode obter mais do crente, isto é, Ele pode exercer completo controle da vida que Lhe é submissa.
Regozijo e Ação de Graças. 5:19, 20.
Uma das evidências da plenitude do Espírito Santo é aquela exuberante que exibe regozijo e contínua ação de graças a Deus.
5:19. Falando entre vós. O resultado da plenitude do Espírito é o louvor e a ação de graças, como também, a submissão nos relacionamentos comuns da vida (vs. 19-21). Salmos. Esta palavra costuma indicar hinos com acompanhamento instrumental, como também o particípio traduzido para entoando (psalontes). De coração ao Senhor. Algumas pessoas não têm a capacidade de cantar audivelmente. Mas mesmo essas, se estiverem cheias do Espírito, estarão cantando com seus corações.
5:20. Dando sempre graças. Sem limite de tempo (cons. I Ts. 5:18). Por tudo. Sem limite de extensão. Alguns o restringem às bênçãos mencionadas na epístola, mas parece-nos melhor aceitá-lo num sentido mais amplo (cons. Rm. 8:28).
Submissão nos Relacionamentos. 5:21–6:9.
Outro resultado da plenitude do Espírito, além do louvor e da ação de graças, é a submissão. Esta é uma declaração sobre o que devemos fazer em nossos relacionamentos. “Em contraste com o egoísmo e agressividade dos pagãos” (Salmond; cons. I Pe. 5:5).
Esposas e Maridos. 5:21-33.
O primeiro relacionamento humano mencionado, também o mais íntimo, no qual a plenitude do Espírito Santo deve ser manifesta, é o relacionamento conjugal.
5:21. Uns aos outros. Observe a mutualidade desta submissão. No temor de Cristo. O N.T., como também o V.T. falam do temor de Deus – isto é, uma reverência para com Ele que a pessoa tem ao agradá-lO (cons. II Co. 5:11).
5:22. Agora o apóstolo mostra o resultado dessa submissão mútua nos três relacionamentos mais comuns da vida – casamento, família e emprego. As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido. Esta passagem é uma expressão do ideal divino para o casamento. O relacionamento do casamento foi realizado por Ele como símbolo do relacionamento espiritual entre Cristo e a Igreja. O apóstolo destaca isso no versículo 32.
5:23. Porque o marido é o cabeça. O motivo dessa sujeição da esposa encontra-se nesse relacionamento que Deus ordenou.
5:24. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo. Mesmo havendo diferença entre a posição do marido para com a esposa e de Cristo para com a Igreja, isto não vem afetar a posição de cabeça que o marido tem com a para esposa.
5:25. Maridos, amai vossa mulher. As obrigações não são simplesmente unilaterais. A responsabilidade do marido é tão constrangedora quanto a da esposa. Esta não é uma referência ao amor normal do marido, que não necessitaria ser ordenado, mas ao amor volitivo que brota de Deus e assemelha-se ao Seu próprio amor. Em contraste com o desejo sexual normal, que por sua natureza é egoísta, este amor é altruísta. Como também Cristo amou a igreja. Embora os maridos humanos jamais possam alcançar esse grau de amor que Cristo manifestou, são exortados a demonstrarem o mesmo tipo de amor, que assim se prova, a si mesmo se entregou por ela.
5:26. Para que a santificasse, tendo-a purificado. Esse foi o seu propósito quando se entregou para morrer pela Igreja. Por meio da lavagem de água, pela palavra. Provavelmente água e palavra foram usadas como sinônimos. Certamente não pode ser uma referência ao batismo ou à regeneração batismal. Assim como a água lava o corpo, a Palavra de Deus lava o coração (cons. Ez. 36:27).
5:27. Para a apresentar. O principal objetivo porque Cristo Se entregou. A palavra santificasse mostra o objetivo imediato (cons. II Co. 11:2). Igreja gloriosa. O adjetivo é predicativo e não atributivo; isto é, para que Ele pudesse apresentar a igreja como gloriosa. Sem mácula. Explicação mais ampla da palavra gloriosa na descrição da “noiva” de Cristo.
5:28. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Isto é, como se fosse seu próprio corpo. Amor natural, não simplesmente senso de dever. Deus disse. “Tornando-se os dois uma só carne” (Gn. 2: 24).
5:29. Porque ninguém jamais. O motivo da declaração anterior.
5:30. Porque somos membros do seu corpo. O pensamento muda de lugar constantemente entre o relacionamento conjugal e o relacionamento entre Cristo e a Igreja.
5:31. Eis por que. Uma livre citação de Gn. 2:24. Estipula a base bíblica para o casamento como natural resultado da criação da mulher. Os laços matrimoniais são mais fortes do que os existentes entre pais e filhos, estabelecendo o relacionamento íntimo que as Escrituras chamam de unidade – melhor do que união.
5:32. Grande é este mistério. Isto é, embora a explicação do significado do relacionamento conjugal fosse insinuado no V.T. (cons. Cantares de Salomão), não foi claramente revelado até que o N.T. foi dado. Paulo dirige nossos pensamentos levando-os da união do casamento propriamente dita, para aquilo que ela simboliza.
5:33. Resumo da submissão mútua que Deus espera no relacionamento como resultado normal da plenitude do Espírito Santo.