Interpretação de Mateus 9

Mateus 9

Mateus 9 continua a destacar o ministério poderoso e compassivo de Jesus enquanto Ele realiza várias curas, perdoa pecados, chama discípulos e se envolve com líderes religiosos.

O capítulo começa com a cura de um paralítico levado a Jesus por algumas pessoas. Ao ver a fé deles, Jesus perdoa os pecados do homem, o que gera polêmica entre os escribas que o acusam de blasfêmia por afirmar perdoar pecados, uma prerrogativa divina. Jesus, conhecendo seus pensamentos, demonstra Sua autoridade para perdoar pecados ao curar o paralítico, provando Seu poder e identidade divinos.

Em seguida, Jesus chama Mateus, um cobrador de impostos, para ser um de Seus discípulos. Ele participa de um jantar na casa de Mateus, onde come com cobradores de impostos e pecadores, o que atrai críticas dos fariseus, que questionam por que Ele se associa a tais pessoas. Jesus responde que Ele veio chamar os pecadores ao arrependimento, enfatizando Sua missão de trazer a salvação a todos, independentemente de sua posição social ou reputação.

Em seguida, um líder da sinagoga se aproxima de Jesus, implorando para que Ele cure sua filha que acabara de morrer. Jesus acompanha o governante até sua casa e ressuscita a menina dentre os mortos, mostrando Sua autoridade sobre a própria morte.

Em Seu caminho para curar a filha do governante, uma mulher que sofria de um problema de sangramento de doze anos tocou as vestes de Jesus com fé, acreditando que isso traria cura. Jesus elogia sua fé e a cura instantaneamente, ilustrando o poder da fé para receber a cura divina.

Depois disso, Jesus restaurou a visão de dois cegos que se aproximaram Dele com fé, afirmando sua crença em Sua capacidade de curá-los.

Apesar de testemunhar todos esses eventos milagrosos, os líderes religiosos permanecem céticos e acusam Jesus de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios. Jesus refuta sua afirmação, explicando que Satanás não pode expulsar Satanás e apontando a inconsistência de seu argumento. Ele os adverte da blasfêmia contra o Espírito Santo, que é um pecado imperdoável.

O capítulo termina com Jesus continuando Seu ministério, curando os enfermos, pregando o evangelho do Reino e tendo compaixão das multidões. Ele observa a necessidade espiritual do povo, comparando-os a ovelhas sem pastor. Ele instrui Seus discípulos a orar para que mais trabalhadores sejam enviados para o campo de colheita.

Em termos gerais, Mateus 9 destaca a autoridade divina e o poder de Jesus sobre a doença, a morte e as forças demoníacas. Ele mostra Sua compaixão pelos pecadores e marginalizados, Seu chamado ao arrependimento e fé e Sua disposição de trazer cura e perdão a todos que se aproximam Dele com fé. O capítulo também enfatiza a resistência e o ceticismo dos líderes religiosos, revelando a tensão contínua entre Jesus e o estabelecimento religioso.

Interpretação

9:1-8 A cura de um paralítico (conf. Mc. 2:1-12; Lc. 5:17-26). Sua cidade. Cafarnaum (Mc. 2:1; Mt. 4:13). Paralítico. Este paralítico foi abaixado através do telhado por quatro amigos em virtude da densidade da multidão (Mc. 2:3, 4). Vendo a fé deles. Isto inclui a fé do homem doente, uma vez que o perdão dos pecados só é concedido àqueles que têm fé (ainda que a cura, às vezes, é concedida antes da presença da fé.) Estão perdoados os teus pecados. Neste caso, a condição do homem parece ter sido o resultado direto de pecado ou então fê-lo refletir mais seriamente sobre a sua natureza pecadora. Este blasfema. A acusação dos escribas e fariseus, opondo-se aqui pela primeira vez a Jesus na Galileia, condenaram-no por assumir as prerrogativas divinas. (Lc. 5:21). Qual é mais fácil? Uma pergunta que não tem resposta. Ambas as declarações são igualmente fáceis de serem pronunciadas; mas qualquer uma delas necessita de poder divino para ser acompanhada de ação. Um impostor, que procurasse evitar desmascaramento, teria achado a primeira mais fácil, é claro. Jesus precedeu à cura da enfermidade para que os homens soubessem que ele tinha autoridade para tratar a sua causa, prefigurando assim a expiação. O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade. A autoridade de Cristo para perdoar e curar são dons divinos para a humanidade.

9:9-13 Vocação de Mateus, e a festa na sua casa. Todos os sinóticos registram este incidente logo depois da cura do paralítico. Mateus. Também chamado Levi (Mc. 2:14; Lc. 5:27). Assentado na coletoria. Cafarnaum (9:1) ficava perto da estrada que ia de Damasco para as cidades costeiras, e era portanto um lugar favorável para se recolher impostos sobre as mercadorias que iam pela estrada ou que teriam de cruzar o Mar da Galileia. Edersheim descreve, com base em fontes rabínicas, os impostos aborrecidos que eram extorquidos, e as classificações dos coletores, dos quais Mateus, como funcionário da Alfândega, era do pior tipo (Life and Times of Jesus, 1, 515-518). Ele se levantou e o seguiu. Esta atitude marcou um completo rompimento com o passado; não haveria mais retorno. Seu cargo podia ser ocupado por outro, e encontrar novo emprego seria difícil para um publicano. Estando ele em casa à mesa. Esta festa na casa de Mateus (Lc. 5:29) talvez fosse realizada algum tempo depois de sua chamada. Ele convidou publicanos e pecadores, seus antigos companheiros que viviam em oposição à vontade de Deus conforme revelada no V.T. Sem dúvida os convidou para que Jesus pudesse ganhá-los para Si. Para os fariseus que faziam a mais rígida distinção e se tinham na conta de justos, Jesus respondeu que o seu ministério era necessário aos pecadores, como os serviços do médico são necessários aos doentes. Os justos. Jesus usou a estimativa dos próprios fariseus a respeito de si mesmos para responder à objeção deles. Misericórdia quero, e não sacrifício (Os. 6:6). Uma atitude misericordiosa para com os espiritualmente necessitados é muito melhor do que a mera formalidade nas obrigações religiosas (sacrifício) sem nenhuma preocupação com os outros.

9:14-17 Esta entrevista com os discípulos de João também deve ter acontecido na festa de Mateus (observe a conexão íntima em Lc. 5:33). Jejuamos muitas vezes. Ao jejum anual estipulado pelas Escrituras (Dia da Expiação) foram acrescentados jejuns para todas as segundas e quintas-feiras, que os fariseus e outros observavam, inclusive os discípulos de João (Lc. 5:33). A resposta de Cristo trouxe à baila a declaração do próprio João (Jo. 3:29), comparando o ministério de nosso Senhor a uma festa de casamento. Convidados para o casamento. Aqueles que ajudam o noivo. Quando Cristo, o Esposo, lhes será tirado por morte violenta, e nestes dias hão de jejuar. O verdadeiro jejum é resultado da tristeza (andar tristes), não de ritualismo. Pano novo. Um remendo de fazenda inadequada, que não foi pré-encolhido, quando todo o vestido já foi lavado, enrugaria e rasgaria toda a fazenda à qual foi costurado. Vinho novo, que ainda não foi fermentado, romperia os odres velhos, pois não têm mais elasticidade. Assim Cristo e sua mensagem eram muito mais do que o judaísmo contemporâneo remendado ou rejuvenescido.

9:18-26 A cura da mulher que tinha hemorragia e a ressurreição da filha de um chefe. Chefe. Um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, provavelmente de Cafarnaum (Mc. 5:21, 22). Minha filha faleceu agora mesmo. Mateus resumiu diversos detalhes. Marcos e Lucas registraram que Jairo disse primeiro que ela estava morrendo, e mais tarde informou-o através de mensageiros que já tinha morrido. Ela viverá. Ainda que sua fé menor que a do centurião (8:8), era notável mesmo assim. A caminho da casa de Jairo, uma mulher aproximou-se por trás de Jesus. Ela padecendo de uma hemorragia (ou tinha uma hemorragia) há doze anos. Esse sofrimento era cerimonialmente considerado imundo (Lv. 15:19-30), um fato que explica a sua atitude. Tocou na orla da veste. Provavelmente a borda dos quatro cantos de sua capa, usada pelos israelitas de acordo com Nm. 15:38 e Dt. 22:12. Novamente Mateus condensa o registro mas observa que Jesus tornou claro à mulher que a fé, não a orla, foi a razão da cura. Jesus prosseguiu no caminho da casa onde ocorreu a morte. Os tocadores de flauta e outros pranteadores estavam reunidos para o faustoso funeral tradicional (Jr. 9:17; 48:36).  Não está morta a menina, mas dorme. Compare a semelhante declaração de Jesus em relação a Lázaro (Jo. 11:11, 14). A declaração não é uma opinião errada que Jesus formou, nem uma verdade literal que ela estivesse simplesmente inconsciente, nem um argumento de que a morte é o sono da alma. Antes, foi dito à luz do que ele ia fazer a seguir. A fama deste acontecimento correu por toda aquela região, apesar da advertência de Cristo contra a publicidade (Mc. 5:43; Lc. 8:56).

9:27-31 A cura dos dois cegos. Esta narrativa e a seguinte são peculiares a Mateus. Filho de Davi. Uma designação messiânica. Considerando que nessa ocasião Jesus estivesse evitando títulos públicos que pudessem ser considerados politicamente, ele não tomou conhecimento desses dois cegos até que todos entraram na casa. Faça-se conforme a vossa fé. Conf. 8:13. O reconhecimento de Jesus como sendo o Messias, com suas benditas implicações para homens como esses (Is. 35:5, 6), recebeu a bênção solicitada. Divulgaram-lhe a fama. Incapazes de conterem sua gratidão, não obedeceram a severa advertência de Cristo de guardarem silêncio.

9:32-34 A cura de um endemoninhado mudo. Ainda que os endemoninhados fossem frequentemente violentos e loquazes, este era mudo e foi trazido por outros (foi-lhe trazido um mudo endemoninhado). Mateus descreve o acontecimento com um mínimo de detalhes, observando principalmente a reação da multidão. Jamais se viu tal coisa em Israel. Esta declaração pode ser a impressão que se desenvolveu durante um período de tempo, culminando neste último milagre. A acusação dos fariseus de que Jesus se associava com o maioral dos demônios deve se referir a este milagre em particular. A acusação não deve ter sido feita diretamente a Jesus, uma vez que ele não se importou com ela até que fosse novamente repetida (Mt. 12:24-29).

9:35-38 Outra viagem pela Galileia. As opiniões divergem sobre se este parágrafo descreve uma terceira excursão pela Galileia (conf. Mt. 4:23; Lc. 8:1; também A.T. Robertson, Harmony of the Gospels), ou se é resumo das atividades de Cristo que começaram em 4:23 (Lenski; Alford). E percorria Jesus. O grego indica ação contínua. Ensinando, pregando e curando reafirmam as atividades mencionadas em 4:23. Compadeceu-se delas. Essa profunda simpatia de Jesus foi freqüentemente citada como a inspiração de seus milagres (14:14; 15:32; 20:34). Duas ilustrações descrevem o conceito de Cristo em relação às multidões: ovelhas sem pastor, colheita madura. Exaustas. Cansados, atormentados. Aflitas, ou jazendo prostrados por causa de exaustão ou negligência. Mas Jesus via também o povo como uma seara espiritual, precisando de trabalhadores para ser colhida. Os discípulos receberam a ordem de rogar ao Senhor da seara (o próprio Jesus; conf. 3:12, onde João aplica a mesma figura a Cristo) que mande ceifeiros. Como acontece com muita frequência, aqueles que rogam também são os enviados. (Cap. 10.)

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