O que significa “mar de fundição” na Bíblia?
MAR DE FUNDIÇÃO (mar de fundição, ou mar de bronze). Um grande receptáculo para água, modelado de bronze fundido, que estava no pátio do Templo de Salomão. Salomão encarregou a Hirão, de Tiro, um habilidoso trabalhador em bronze, de fazer as várias peças fundidas para o Templo. O mar foi feito do metal que Davi capturara de Zoba (lCr 18.8), e que por sua vez foi quebrado e levado pelos babilônios (2Rs 25.13). Ele é descrito como redondo, tendo um diâmetro de 10 cúbitos (5m) até aborda, uma circunferência de 30 cúbitos (15m) e uma altura de 5 cúbitos (2,5m) (IRs 7.23-26). Aborda era decorada com colocíntidas ou cabaças fundidas colocadas em duas fileiras ao redor da circunferência da borda. Ele era montado sobre uma base constituída de doze bois, também fundidos em bronze, cada grupo de três boltado para cada um dos quatro pontos cardeais da bússola. O metal foi fundido com quadro dedos de espessura e a borda era curvada como a flor de um lírio.
O mar estava posicionado “ao lado direito da casa, para o lado Sudeste” (IRs 7.39). Isto sugere que ele estava, ou ao lado do altar, ou que não estava numa linha direta entre o altar e a porta do Templo. A razão desta aparente variação do esquema do Tabernáculo não está clara. Também não está claro porque haviam produzido as dez bacias extras, se o mar tinha a mesma função da bacia do Tabernáculo. A função idêntica de ambos, isto é, para as purificações dos sacerdotes, pode ser vista em uma comparação de Êxodo 30.17ss.
Não faltam explicações modernas sobre o significado do mar em termos de mitologia antiga. A identificação dos touros com os doze sinais do zodíaco é quase certamente anacrônica, mas eles também têm sido preferidos como símbolos de fertilidade e, por esta razão, ligados com o Apsu babilônico, a água da vida e fertilidade. Tais tentativas de ligar conceitos hebraicos com origens babilônicas, frequentemente ignoram os significados distintos transmitidos na religião revelada de Israel. O fato de haver um mar parecido no templo na Babilônia, que era ligado ao mito de Apsu, nada diz acerca do significado do mar no Templo de Salomão, pois Israel não tinha nenhum mito de Apsu, mas, pelo contrário, tinha uma firme convicção da base histórica de sua fé.
O volume e a forma do mar são problemáticos por causa da falta de especificações e devido a incertezas sobre a medida de batos e cúbitos. A forma descrita parece combinar mais naturalmente com um hemisfério, exceto que IReis 7.26 descreve uma borda que poderia alterar a proporção volume/circunferência. Outras sugestões sobre a forma são as de que ele era cilíndrico, ou que era abaulado, com um diâmetro consideravelmente maior do que os dez cúbitos (5m) de borda. Uma dificuldade adicional surge da discrepância entre os volumes registrados em 1 Reis 7.26 (2.000 batos [42.000 litros]) em 2 Crônicas 4.5 (3.000 batos [63.000 litros]). O cronista, escrevendo após a destruição do Templo, poderia ter interpretado mal suas fontes com respeito à forma e, assim, aplicado uma fórmula diferente para volume, ou pode ter tido um padrão diferente de medida para cúbito ou bato. Veja Tabernáculo (Bacia); Templo de Jerusalém (IV, Templo de Salomão, B. Dados,
6. Mobília do Pátio).
BIBLIOGRAFIA. W. F. Albright, Archeology and the Religion of Israel (1956); J. V. K. Wilson, “The Epic of Creation” em D. W. Thomas, org., Documents From Old Testament Times (1958); R. B. Y. Scott, “Weights and Measures of the Bible”, BA, XXII (1959).
G. Goldsworthy