Significado de Daniel 9

Daniel 9

O capítulo 9 de Daniel apresenta a oração de Daniel pela restauração de Jerusalém e a revelação da profecia das setenta semanas. Aqui está um resumo:

O capítulo começa com Daniel percebendo, pela leitura dos livros, que o período de setenta anos profetizado pelo profeta Jeremias para o cativeiro de Judá estava chegando ao fim. Ele se volta para Deus em arrependimento, confissão e súplica, reconhecendo os pecados do povo de Israel que levaram ao exílio.

Daniel ora fervorosamente a Deus, reconhecendo a justiça divina e suplicando por misericórdia e perdão. Ele reconhece a fidelidade de Deus em manter suas promessas e pede que Ele restaure Jerusalém e o templo, para que Seu nome seja glorificado.

Enquanto Daniel ainda está orando, o anjo Gabriel é enviado por Deus para dar entendimento e resposta à oração de Daniel. Gabriel revela a Daniel a profecia das setenta semanas, que estabelece um cronograma para a restauração e redenção de Jerusalém.

As setenta semanas são divididas em três períodos: sete semanas, sessenta e duas semanas e uma última semana. Estas semanas são interpretadas como períodos de anos, totalizando 490 anos.

Durante as primeiras sete semanas (49 anos), Jerusalém será reconstruída, e durante as sessenta e duas semanas (434 anos), ocorrerão eventos até a chegada do Messias, o Príncipe.

Após as sessenta e duas semanas, o Messias será morto, mas não por si mesmo. Uma última semana de sete anos está reservada para o futuro, durante a qual ocorrerá a confirmação de uma aliança e a vinda do Anticristo.

Gabriel explica que, no meio da última semana, o sacrifício e a oferta serão interrompidos, e será estabelecido o abominação desoladora. Isso marca o início de um período de tribulação sem precedentes, que culminará na vinda do Senhor e na consumação de todas as coisas.

Daniel recebe a profecia com humildade e submissão, reconhecendo a soberania e a justiça de Deus. Ele termina o capítulo com uma adoração a Deus e uma súplica por misericórdia e restauração.

Daniel 9 é uma passagem importante que oferece insights sobre a restauração de Jerusalém, a vinda do Messias e os eventos finais da história humana. Ele enfatiza a importância da oração, do arrependimento e da confiança na fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas.

Comentário de Daniel 9

Daniel 9:1 O ano primeiro de Dario foi 539 a.C., quando nomeado como administrador da Babilônia por Ciro.

Daniel 9:2, 3 Entendi pelos livros. Esses livros são, na verdade, as Escrituras, especialmente o livro de Jeremias, que sustenta que a desolação de Jerusalém seria cumprida em 70 anos (Jr 25.11, 12; 29:10-14). O próprio exílio de Daniel ocorreu em 605 a.C. Essa passagem foi escrita em 538 a.C., cerca de 77 anos após a conquista. O período do exílio estava prestes a acabar. Zacarias refere-se ao período de 70 anos como o princípio da destruição do templo, o que se deu em 586 a.C. (Zc 7.5). O templo foi reerguido em 515 a.C. (Ed 6.15). Logo, os setenta anos têm inúmeros princípios e fins.

Daniel 9:4-14 Essa é uma oração de arrependimento pelo passado pecaminoso de Israel. E também uma oração de esperança, pois Deus iria causar a queda da Babilônia e permitir que os judeus retornassem à terra natal para restaurá-la. Os 70 anos de exílio estavam prestes a acabar e coisas gloriosas estavam batendo à porta. Daniel confessou que Israel havia se distanciado da Palavra de Deus, desconsiderando os profetas de Deus e desprezando o próprio Deus.

Daniel 9:11-14 A maldição e o juramento. Contratos e declarações normalmente continham assertivas concernentes a penalidades por violação. Na Lei de Moisés, tais sanções encontram-se particularmente no livro de Levítico (ver Lv 26.3-45; Dt 27; 28). Nessas passagens, a maldição mais temida e devastadora de todas é a deportação da terra prometida (Lv 26.33-39; Dt 28.36-68). Daniel aqui diz que a maldição predita havia acabado de acontecer.

Daniel 9:15, 16 Tiraste o teu povo da terra do Egito. Aqui, Daniel refletiu sobre o maior evento redentor da história de Israel, o êxodo do Egito, e orou pedindo que Deus repetisse o que fizera no passado.

Daniel 9:17 O teu santuário é uma referência ao templo de Salomão, que se encontrava em ruínas desde 586 a.C.

Daniel 9:18 Tuas muitas misericórdias. E importante notar que a única base para o apelo de Daniel era a graça de Deus.

Daniel 9:19 Sem tardar. Essa expressão deve ser entendida à luz da referência de Daniel aos 70 anos (v. 2). Daniel sabia que todas as promessas de Deus, sem sombra de dúvida, não haviam ainda acontecido, tampouco as Suas bênçãos concedidas ao povo reunido e restaurado (Lv 26.40-45; Dt 4.29-31).

Daniel 9:20-23 Estando eu ainda falando. O anjo foi mandado no início da oração de Daniel (v. 23). A expressão o varão Gabriel não nega a natureza angelical de Gabriel; o título simplesmente serve para identificar Gabriel com a visão registrada em Daniel 8.15, 16. Sacrifício da tarde. Como o templo se encontrava em ruínas, era impossível a rotina dos sacrifícios diários. Todavia, Daniel não deixou de observar o ritual da adoração, orando na hora do sacrifício da tarde. A oração de Daniel era, portanto, o seu próprio sacrifício da tarde.

Daniel 9:24 Setenta semanas também pode ser traduzido por setenta setes. Muitos estudiosos sustentam que setes são anos, como se pode inferir dos 70 anos de exílio descritos no versículo 2. Levítico 25.8 trata das sete semanas de anos; em Levítico 26.18, 21 vemos que a punição de Israel seria multiplicada por sete. Logo, um exílio de 70 semanas duraria sete vezes setenta anos. Segundo Crônicas 36.21 sugere, o exílio devia durar o suficiente para compensar 70 omissões de Anos Sabáticos, que ocorriam a cada sete anos. Isso somaria 490 anos para que o povo de Deus experimentasse reconciliação perfeita com Ele. Há inúmeras interpretações de como esses anos representariam eras da história mundial anteriores à segunda vinda do Messias. Alguns estudiosos sugerem que o uso do número sete nesse versículo representa simbolicamente a totalidade isto é, toda a história.

Daniel 9:25 A descrição a ordem para restaurar e para edificar Jerusalém pode ser uma referência:

(1) ao decreto de Ciro registrado em Esdras 1;
(2) ao decreto de Dario registrado em Esdras 6;
(3) ao decreto de Artaxerxes registrado em

Esdras 7; (4) ao decreto de Artaxerxes registrado em Neemias 2.

Daniel 9:26 E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. A interpretação mais comum sustenta que as sessenta e duas semanas poderiam ser adicionadas às sete semanas do versículo 25, resultando em um total de 79 semanas ou 483 anos. Se esses anos forem somados à data do decreto de Artaxerxes em Neemias 2, 445 a.C., e tendo-se o ano como o conjunto de 360 dias, o fim das 79 semanas coincide com a data da crucificação de Jesus. Várias outras interpretações desses períodos de tempo indicados pelas 72 semanas já surgiram, incluindo uma que se refere a Ciro como o Messias nesse versículo, em que também é chamado de o ungido do Senhor (Is 45.1). Será tirado o Messias pode ser uma referência à crucificação de Jesus Cristo. O verbo tirar significa destruir, matar. O fato de Jesus Cristo não ter morrido para si próprio, mas para os pecados do mundo, deve apoiar a interpretação que relaciona o Messias ao próprio Jesus. O príncipe que há de vir pode ser uma referência ao anticristo (v. 27).

Daniel 9:27 E ele firmará um concerto com muitos por uma semana. O pronome ele pode referir-se ao anticristo, que firmará um concerto com Israel. Na metade da semana isto é, três anos e meio depois ele quebrará o concerto. Abominações [...] assolador. Antíoco cometeu a abominação da desolação ao erguer um altar ao deus Zeus no templo em Jerusalém (Dn 11.31). O anticristo, da mesma forma, vai cometer uma abominação desoladora contra o Deus vivo (Mt 24.15). A consumação [...] será derramado sobre o assolador. O fato dessa abominação só ocorrer na consumação dos tempos sugere que esse versículo está descrevendo a abominação do anticristo e não de Antíoco Epifânio.

Daniel 9:1-2 (Devocional)

Motivo da Oração

O domínio do império babilônico chegou ao fim. O governo está nas mãos dos medos e persas, o segundo império mundial. Estamos aqui no primeiro ano em que Dario foi nomeado rei “sobre o reino dos caldeus”, a Babilônia conquistada. Daniel está no exílio há mais de setenta anos. Ele experimentou a ascensão e queda da Babilônia. Os medos e persas estão agora no poder. Ele tem uma posição elevada em um império mundial e no outro.

Mas tudo o que ele experimentou e a alta posição que ocupa não diminuíram seu amor por Deus, pela Palavra de Deus e pelo povo de Deus. Para ele, o que lemos no Salmo 137, que reflete os sentimentos dos exilados na Babilônia, é totalmente verdadeiro (Sl 137:5-6).

Seu amor por Jerusalém o leva aos “livros”, que são as Escrituras do Antigo Testamento, na medida em que estão à sua disposição. Em um deles, o livro do profeta Jeremias, ele nota que se fala em quantos anos duraria a destruição de Jerusalém (Jr 25:11; Jr 29:10). Daniel vê que a primeira parte da profecia foi cumprida, ou seja, a queda da Babilônia. Ele também acredita na segunda parte, que é a restauração de Jerusalém.

Embora o próprio Daniel seja um profeta privilegiado que recebe e transmite os pensamentos de Deus, ele também assume o lugar de um discípulo. Ele gostaria de aprender com outros profetas inspirados por Deus para conhecer os pensamentos de Deus. Essa atitude é necessária para crescer espiritualmente e aumentar em sabedoria e conhecimento.

Daniel faz sua descoberta “no primeiro ano de Dario”. O retorno real não tardará a chegar. No entanto, no momento em que Daniel lê sobre o fim dos setenta anos, ainda não há indícios que justifiquem a esperança de um retorno. Que Deus abre uma porta para o retorno do seu povo à sua terra, ele descobre nos “livros”. Ele é guiado pela Palavra de Deus e não pelas circunstâncias. Ele também não pede revelação especial. A Palavra de Deus é suficiente.

Esta é uma indicação importante para o nosso tempo. Há pessoas enganadas que acreditam que Deus ainda dá revelações e que elas as recebem. Mas Deus deu uma revelação completa de Si mesmo e Seus pensamentos sobre nós e o futuro. Ele espera que estudemos Sua revelação completa, dada a nós em Sua Palavra. De Sua Palavra aprendemos como conhecer Seu propósito e como viver neste tempo. A Palavra de Deus dá a chave certa para a profecia. Não precisamos explicar a profecia por eventos, nem precisamos esperar o cumprimento das profecias para entendê-las.

Daniel 9:3-4 (Devocional)

Daniel ora e confessa

O que Daniel leu poderia tê-lo deixado muito feliz. Ele leu que os setenta anos terminaram e que a restauração é, portanto, iminente. Mas não há alegria em Daniel. O que ele leu o leva à confissão. Ele conhece a Deus e sabe que Deus só concede misericórdia quando há confissão de pecados. Sem isso Ele não pode fazer nada.

A consequência direta do que Daniel leu é que ele se volta para Deus. Ele não leva a boa notícia de sua descoberta a seus amigos ou companheiros de exílio. Por meio de sua comunhão com Deus, ele vê o baixo estado espiritual das pessoas. Ele vê seu verdadeiro caráter, e isso o leva à confissão em vez de um grito de alegria. Somente nessa posição e nesse sentimento, a intercessão pelos outros pode ser feita.

Aqueles que são espirituais são os primeiros quando se trata de confissão. Eles sentem mais do que outros o quanto Deus é desonrado por Seu povo. Isso faz do profeta um intercessor. O conhecimento do futuro leva em primeiro lugar à intercessão, isto é, a falar com Deus em benefício do povo, e só então pode ser falado ao povo em nome de Deus. Deus dá a conhecer o futuro para falar ao nosso coração e não para satisfazer a nossa curiosidade. Declarações proféticas não são sobre processamento de sensações, mas sobre uma experiência de acordo com os pensamentos de Deus.

Daniel começa sua confissão honrando a Deus em Sua grandeza e grandiosidade. Ele está profundamente impressionado com isso. Qualquer um que conheça a Deus e tenha um relacionamento com Ele se dirigirá a Ele com grande respeito – e também falará Dele com grande respeito. Isso é geral. Ao mesmo tempo, esta poderosa majestade dá a grande confiança de que Ele mantém tudo o que disse. Ele não apenas diz, mas também age. Ele é capaz de fazer o que diz e prometeu.

Daniel lembra a Deus, por assim dizer, de Sua aliança e Sua fidelidade a ela. A isso Daniel também conecta Sua misericórdia. Esse é o lado de Deus da aliança. No entanto, há também o lado da responsabilidade humana. O convênio e a misericórdia de Deus se aplicam àqueles que O amam e guardam Seus mandamentos. E aí deu tudo errado. Isso leva Daniel à sua confissão comovente.

Daniel 9:5-6 (Devocional)

Nós pecamos

Daniel se torna um com o povo em seu afastamento de Deus e de seus mandamentos, falando de “nós”. Ele confessa os pecados do povo de Deus. É impressionante que ele se expresse de todas as maneiras. É como se seus sentimentos precisassem de todas essas palavras para encontrar uma saída para o enorme fardo que pesa em seu coração. Ele não se livra disso com um rápido e sem sentido geral “desculpe-nos”, mas fala de “iniquidade cometida”, “agiu mal” e “rebelou-se”.

A causa da miséria em que se encontra o povo de Deus é o afastamento dos mandamentos e ordenanças de Deus. Mas não só isso. Quando o povo se desviou, Deus também enviou Seus servos, os profetas, ao Seu povo. O estado perverso do povo tornou-se ainda mais aparente então. Esta situação maligna estava presente em todas as partes do povo, com reis, príncipes, pais, sim, todo o povo da terra. A todos é falado pelos profetas em nome do SENHOR. Mas o que Daniel diz? “Não ouvimos.” Pelo relato em 2 Crônicas sabemos o quanto o SENHOR se esforçou para que o povo voltasse para Ele, mas que até desprezaram e desonraram Seus profetas (2Cr 36:15-16).

Esta confissão dos pecados do povo por Daniel também tem algo a nos dizer. Também não temos nada a ver apenas pessoalmente com Deus, mas também como comunidade. Se nos chamamos cristãos, carregamos a culpa pela desonra que os cristãos trazem ao nome de Cristo, cujo nome nos chamamos. Mesmo que honremos a Cristo como Senhor em nossas vidas pessoais, nos envergonhamos e confessamos nossa culpa pela injustiça que ocorreu em Nome de Cristo. Somos culpados com todos os cristãos juntos.

Isso também se aplica à comunidade de fé da qual fazemos parte. Há fraqueza e infidelidade, mundanismo, carnalidade, legalismo. Não há do que se vangloriar, como se fôssemos melhores cristãos se na “nossa” comunidade de fé certos pecados não ocorrem ou são removidos pela disciplina. É preciso fé e uma mente espiritual para chegar a tal confissão. Estes só estão presentes quando há conhecimento do próprio coração e quando há consciência da graça que sempre deve nos salvar. Quem pode dizer que sempre ouviu a voz de Deus em Sua Palavra?

Daniel 9:7-9 (Devocional)

O Povo e o Senhor

Depois de Daniel ter confessado os pecados de “todo o povo da terra”, ele justifica a Deus por ter julgado o povo (cf. Lm 1,18). Ele está ciente de que quando ocorre divisão e dispersão, essas coisas más devem ser aceitas da mão de Deus. Eles são certamente também as consequências das más ações do homem, mas acima de tudo devemos ver que Deus age em santa disciplina.

Vemos isso claramente, por exemplo, na grande divisão de Israel, quando o povo se divide em dez tribos e duas tribos. Roboão foi a verdadeira causa dessa destruição. Mas se ele quiser desfazer esse rasgo por si mesmo e por sua própria iniciativa, Deus diz: “Isto vem de mim” (2Cr 11:4). 450 anos depois, Daniel reconhece isso pela situação em que se encontra. Ele confessa ao Senhor que expulsou Seu povo para todos os países em que eles estão agora.

Daniel não menciona nenhum nome e não aponta o dedo para uma determinada pessoa. Ele não fala de Zedequias e suas loucuras. Ele também não se refere a Nabucodonosor e seu desempenho brutal. Ele olha acima das pessoas e das circunstâncias e vê na divisão e espalhando a mão de um Deus justo. Assim, algum tempo depois o SENHOR fala através do profeta Zacarias: “Mas eu os espalhei com um vento de tempestade entre todas as nações que eles não conheciam” (Zacarias 7:14).

Um pouco mais tarde, Neemias recorda na sua oração as palavras do Senhor, que disse por meio de Moisés: «Se fordes infiéis, espalhar-vos-ei entre os povos» (Ne 1,7-8). Não lemos que esses homens falam de uma ‘permissão’ para se espalhar. Eles dizem claramente que Deus expulsou o povo e trouxe esse mal sobre eles.

Ao contrário de justificar Deus em Seu trato com eles, Daniel fala da vergonha aberta do povo. Deus não fez nada além do que Ele disse que faria se o povo fosse infiel. O povo tornou-se infiel, e a única coisa que lhes convém é a vergonha por causa dos pecados que cometeram contra Deus. A única coisa que Daniel ainda pode invocar é a misericórdia de Deus, pois eles dependem dela.

Ele conhece Deus como o Deus justo, mas também como o Deus da “compaixão” e do “perdão”. Compaixão significa cheio de compaixão e perdão significa perdão múltiplo. Esta é uma bela expressão, que transborda de esperança e confiança. Não há apenas um pouco de compaixão em Deus, não, Ele é cheio dela. Não há necessidade de um pouco de perdão para um único pecado, não, com Deus há perdão múltiplo para uma multidão de pecados. Deus “perdoará abundantemente” (Is 55:7) e está “disposto a perdoar” (Sl 86:5). Neemias conhecia Deus como “um Deus de perdão”, o que significa que Ele perdoa muitas vezes (Neemias 9:17). Daniel se apega a isso como a única possibilidade, pois a realidade é que “nos rebelamos contra ele”, de modo que todo direito à bênção desapareceu.

Daniel 9:10-14 (Devocional)

Não Obedecido

Mais uma vez Daniel fala nestes versículos sobre o fato de que a voz de Deus não foi obedecida. Toda a miséria que caiu sobre o povo pode ser rastreada até aqui. Se não obedecermos à Palavra de Deus e não levarmos as advertências a sério, Deus cumprirá Sua Palavra em nós, não para o bem, mas para o mal. Perdemos as bênçãos prometidas e recebemos as maldições prometidas. Daniel reconhece que o que aconteceu com o povo nada mais é do que o cumprimento do que Deus disse que aconteceria se eles se desviassem. Ele entendeu bem isso. Vemos Daniel enfatizando repetidas vezes em sua confissão de que ninguém, exceto o próprio Deus, quebrou Seu povo (Dn 9:7; 12, 14). Essa é a base de sua defesa.

Também vemos que o desastre é incomparável. Nunca uma cidade foi julgada tão severamente quanto Jerusalém. Isso porque nunca houve uma cidade tão privilegiada. É a única cidade que Deus escolheu para estabelecer Seu trono e ter Sua morada, Seu santo templo. Dessas pessoas Ele diz: “A vós somente escolhi entre todas as famílias da terra; por isso te castigarei por todas as tuas iniquidades” (Am 3:2). O julgamento veio sobre aqueles mais próximos a Ele e nos quais Ele Se santificou (Lv 10:1-3). “Porque já é tempo de começar o julgamento pela casa de Deus” (1Pe 4:17; Ezequiel 9:4-7).

Esses versículos também implicam uma mensagem séria ao povo de Deus para os dias em que vivemos. O povo de Deus está disperso e dividido por causa de seus pecados. Mas quem lamenta isso? Nós o vemos e o aceitamos com resignação ou mesmo como um ‘pluricolor valioso’. Isso mostra que a verdade de Deus sobre a unidade da igreja é pouco conhecida. O que é pior, quase não há desejo de conhecer essa verdade.

É de se esperar que sejamos espiritualmente exercitados sobre a condição do povo de Deus. Então isso nos levará a orar perante o Senhor nosso Deus. Deus poderá deixar Sua Palavra falar conosco e aprenderemos a lidar sabiamente com a verdade de Deus. O último significa que conheceremos a verdade de Deus, a absorveremos e a obedeceremos. Lidar com a verdade de Deus com sabedoria significa levar a sério cada palavra dela, tanto as promessas quanto as advertências.

Porque o povo de Deus não lidou com a Palavra de Deus com sabedoria, o mal veio sobre o povo. Deus Se mantém em Sua Palavra. Ele cuida disso. Ele também cuida da condenação que pronunciou sobre ela, para que venha quando as ações do povo assim o exigirem. O SENHOR também disse isto a Jeremias: “Eis que zelarei por eles para o mal e não para o bem” (Jeremias 44:27) e também: “Assim como os tenho vigiado para arrancar, para quebrar, para derrubar, destruir e trazer calamidade” declara o SENHOR” (Jeremias 31:28).

Podemos entender – e gostamos de ouvir – que o SENHOR cuida de Seu povo para protegê-lo. Mas aqui descobrimos que Ele cuida deles para o mal e que Daniel o justifica nisso: “Pois o Senhor nosso Deus é justo em todas as suas obras que fez, mas nós não obedecemos à sua voz” (Dan 9: 14).

Daniel 9:15-16 (Devocional)

Confissão e Pedido

Após sua confissão, Daniel invoca o “Senhor nosso Deus” como Aquele que uma vez redimiu seu povo e assim “fez um nome” para Si mesmo. Ele também fala com Deus sobre “teu povo”. Deus ainda não vê dessa forma, pois o povo ainda não é Seu povo. Mas a fé fala em todas as circunstâncias dessa maneira sobre o povo de Deus. O nome “Senhor” é a tradução do hebraico Adonai, ou seja, o Soberano, o Comandante, enquanto “SENHOR” é a tradução de Javé, ou seja, o Deus da aliança com Seu povo. Daniel agora se dirige ao Senhor como o Deus soberano que agiu no passado para o benefício de Seu povo.

Ao mesmo tempo, ele diz a Ele que “hoje” Ele ainda carrega o Nome que Ele fez então. Então ele implora ao Senhor primeiro que pense em Sua obra redentora que Ele fez antes, salvando Seu povo da escravidão. Então ele O chama para viver de acordo com aquele Nome mais uma vez e agora porque eles pecaram e agiram perversamente.

O Nome de Deus é magnificado de maneira gloriosa quando Ele mostra graça, pois Ele prova graça em virtude de Sua justiça. Porque o Senhor Jesus cumpriu todas as exigências justas de Deus, Deus pode provar graça ao pecador arrependido. Com isso, Ele fez um Nome para sempre. Quando as pessoas ‘fazem nome’, é por causa de uma certa conquista. Mas sempre há imperfeições nessa conquista. Deus fez um Nome através de uma redenção que é perfeita e que permanece para sempre.

Após sua confissão “pecamos, fomos maus”, Daniel implora ao “Senhor” que afaste Sua cólera e Sua cólera de Jerusalém. Ele fala ao Senhor sobre Jerusalém como “tua cidade” e “teu santo monte”. Ele vê e reconhece na fé que o Senhor é o Dono dela e não as nações, embora a cidade seja entregue por Deus nas mãos das nações.

Ele também identifica a cidade e a montanha sobre a qual a cidade se encontra, isto é, o Monte Sião, uma com a outra. É uma “montanha sagrada”. É a montanha em que Abraão sacrificou seu filho Isaac há muito tempo. Isso fala do sacrifício que Deus, o Pai, trouxe ao dar Seu Filho. Por causa desse sacrifício, poderia haver um templo no qual Deus pudesse habitar. Assim é com a igreja na qual Deus agora habita e que também é chamada de templo (1Co 3:16; Ef 2:22). Para a fé, a igreja é a morada de Deus no Espírito, por mais que a igreja tenha se tornado na prática um lugar onde as pessoas que não têm o Espírito regulam o culto.

Daniel fica profundamente impressionado com o fato de que a cidade de Deus e o povo de Deus se tornaram uma vergonha para todos ao seu redor. Como é conosco? Será que nós também passamos por tudo que a igreja e a convivência dos filhos de Deus tem se tornado um opróbrio para o mundo ao nosso redor? O que meu irmão e amigo John Bax experimentou quando contou o evangelho a alguém ilustra isso de forma dolorosamente clara. Em um relatório desta ilustração, ele escreve o seguinte:

Um homem mais velho veio até mim quando gritei bem alto: “Reconcilie-se com Deus” e João 3:16 “Deus amou o mundo de tal maneira” etc. Tivemos uma conversa sobre a Bíblia. Ele recebeu muitas críticas, comentários e ‘perguntas por quê’. Ele não entendeu que se existe um Deus poderoso, Ele não intervém por causa de todo o mal deste mundo. Quando eu disse: “E se Deus interviesse uma vez por causa de todo o mal em sua própria vida?”, ele não foi mais tão aberto e reclamou dos cristãos, do que eles fizeram a respeito. Ele disse: “Quantas igrejas não estão vazias hoje? Que tipo de mensagem feliz é trazida quando as pessoas fogem? Quantos cismas houve na história em que vocês não podem concordar? Basta olhar para todas as diferentes igrejas e denominações que existem hoje em dia. Em suas igrejas vocês têm grandes conflitos sobre a fé. Se vocês tivessem algo precioso juntos, certamente deveriam mostrar o que os mantém juntos.”

Eu disse a ele: “Se eu tiver que olhar para o homem e para o cristianismo, infelizmente devo concordar com você. O que fizemos dela é vergonhoso. Mas eu quero falar sobre a Pessoa do Senhor Jesus que morreu em meu lugar por todos os meus pecados. E para todo aquele que Nele crê. Eu queria explicar mais o evangelho para ele, mas ele se afastou. Depois disso fiquei um pouco aflito com essa conversa, e triste, porque o mundo está de fato nos observando e vendo como lidamos uns com os outros. E também que isso é apresentado como uma razão para rejeitar o precioso evangelho. Lembrei-me do versículo da Bíblia: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (João 13:35). [Fim da citação.]

Acho que não preciso acrescentar nada a isso. Vamos levar isso a sério e implorar a Deus que nos perdoe em Sua graça e nos dê outra oportunidade de ser a igreja de acordo com Seus pensamentos. Ele deseja ter uma morada na terra. É aí que os Seus se reúnem e habitam juntos em sujeição à Sua Palavra e guiados pelo Seu Espírito.

O Senhor Jesus disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20). Deus habita onde Ele pode ser Deus, isto é, onde Ele é reconhecido em Seus direitos como Deus. Ainda podemos pedir e procurar por esse lugar. Se usarmos Sua Palavra como guia e seguirmos as instruções do Espírito, Ele certamente nos conduzirá até lá.

Daniel 9:17-19 (Devocional)

Daniel implora a Deus para ouvir

Daniel não implora pelo fim do exílio nem por seus interesses pessoais. O assunto de Suas súplicas são a cidade, a montanha sagrada, o templo sagrado e o povo de Deus. Ele implora a Deus “por amor de ti” que deixe Seu rosto brilhar em Seu santuário. Ele está preocupado com o glorioso Nome do Governante e Comandante. Daniel chama Sua atenção para o fato de que Seu santuário está desolado. Ele exclama que Deus não pode deixar assim, pode?

Assim também devemos aprender a mendigar em vista do que agora é o santuário de Deus, Sua igreja, que é “templo santo no Senhor” (Ef 2:21). Se vemos o que resta disso na prática da fé cristã, devemos dizer também que esse templo foi destruído. Se fôssemos compartilhar mais dos sentimentos de Deus sobre isso, seríamos mais como um Daniel implorando a Deus para deixar Seu rosto brilhar sobre isso. O que entra em Sua luz Ele redime e restaura (Sl 80:3). Sua luz revela o que está acontecendo e também mostra a solução. Sem a Sua luz tudo permanece na escuridão. Se desejarmos que Ele brilhe Sua luz iluminadora e restauradora sobre Sua igreja, levaremos a sério a palavra de Isaías e agiremos de acordo com ela: “E não lhe dês descanso até que estabeleça e faça de Jerusalém um louvor na terra” (Is 62:7).

Iremos continuamente, vigorosamente e quase sem vergonha, implorar a Deus que abra e incline Seus ouvidos e abra e veja com Seus olhos (Lucas 11:5-12; Lucas 18:1-8). Daniel menciona claramente que ele não apresenta ou literalmente “faz cair” ou lança suas súplicas diante de Deus – outra expressão poderosa que se encaixa nesta intensa oração – por conta de quaisquer méritos próprios, pois eles não os possuem.. Ele os derruba com base na “grande compaixão” de Deus. Quanto mais profundamente formos permeados por isso, mais ousadamente nos aproximaremos de Deus, sim, correndo para Ele e, por assim dizer, continuando a bombardeá-Lo com nossas súplicas.

Daniel fá-lo com um tríplice “Senhor”, no qual roga insistentemente que o Senhor ouça, perdoe, ouça e aja, e não demore mais. Em frases curtas, ele afirma fortemente suas palavras. As várias expressões mostram um coração completamente dominado pelo assunto que está diante de sua atenção. Expressa um intenso compromisso. Ele também roga a Deus que não espere com Suas ações em favor de Sua cidade e Seu povo. Os setenta anos terminaram, leu no livro do profeta Jeremias.

A oração é a de um profeta, um homem de Deus, um homem que ama a sua terra, um homem que tem a glória de Deus como o objetivo maior de sua vida. Ele tem um relacionamento íntimo e pessoal com Deus, a quem chama em Dan 9:18 “meu Deus” pela primeira vez em sua oração. Se tal pessoa interceder dessa maneira intensa e confessar pecados e apresentar argumentos para ação, ela será aceita por Deus.

Ele não diz essas coisas para ensinar Deus e não discute para influenciar Deus. É assim que Deus quer ser invocado, pois é a única maneira pela qual nossos pensamentos podem ser levados ao estado correto. Se tivermos o espírito, a fé, o arrependimento e a seriedade de Daniel, podemos ter certeza de que nossas orações serão atendidas, assim como a oração dele será atendida.

O fundamento sobre o qual ele implora tudo isso é “para o seu próprio bem”. Ele busca em tudo a honra de Deus. É sobre Seu Nome. Esse Nome é por Si mesmo inextricavelmente ligado à Sua cidade e Seu povo, pois é onde Seu Nome é proclamado. O que acontece com Sua cidade e Seu povo toca a Si mesmo. Esse é o argumento de Daniel. Devemos também ter este apelo para implorar a Deus que defenda Sua igreja, “que Ele comprou com o sangue de Seu próprio [Filho]” (Atos 20:28).


Daniel 9:20-23 (Devocional)

A resposta vem

Daniel experimenta que Deus ouve enquanto ele ainda fala e ora (Is 65:24; Is 30:19). Que Daniel “estava falando e orando” parece indicar que ele orou em voz alta. Falando enquanto ora, ele está ocupado “confessando meu pecado”. Isso é muito pessoal. Ele sempre se envolveu falando sobre ‘nós’ e ‘nós’. Mas agora ele diz “meu”.

Não lemos sobre Daniel nenhum ato pecaminoso ou uma palavra errada. No entanto, ele também é um homem a quem se aplicam as palavras que Salomão fala em sua oração: “Porque não há homem que não peque” (1 Reis 8:46). Os crentes que vivem mais devotamente ao Senhor estão mais conscientes de seus próprios pecados e deficiências. Daniel também está plenamente consciente de que ele é um com o povo pecador, a quem ele chama de “meu povo Israel”. Ele sabe que não é melhor do que eles.

Depois de ter falado antes sobre apresentar suas súplicas diante de Deus, ele agora fala sobre fazer cair [como é literalmente] suas súplicas diante do SENHOR, seu Deus. Ele sabe que ele mesmo está na presença de Deus. Isso o coloca diretamente no “monte santo do meu Deus”. A montanha onde está a cidade de Deus e a casa de Deus são a causa de sua súplica. Ele mantém isso pessoal falando sobre “meu Deus” mais uma vez. Só seremos capazes de compartilhar os sentimentos de Deus sobre Sua morada se tivermos um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Se olharmos para a igreja de Deus com Seus olhos e se conhecermos o coração de Deus sobre ela em Sua Palavra, nossa oração pela igreja de Deus se parecerá cada vez mais com a de Daniel pelo povo de Deus daqueles dias.

Em Dan 9:21 é novamente dito que Daniel ainda está ocupado expressando sua oração, ao que agora é acrescentado que este é o momento em que ele recebe uma visita. Isso sublinha o valor de sua oração a Deus. Esta oração é uma oração de acordo com a Sua vontade. Deus é rápido em responder a essa oração.

O momento da resposta também é significativo e interessante. É “por volta da hora da oferta da tarde”, ou seja, a hora em que o holocausto diário era trazido a Jerusalém. Isso não está acontecendo literalmente naquele momento, porque não há mais templo e nem serviço no templo. Mas a fé pensa no que é devido a Deus e no que Deus leva em conta. Daniel vive nele e pensa nisso. O mesmo se aplica a nós. Quando Deus intervém através da nossa oração, é sempre em relação ao Seu Filho e à Sua obra na cruz, da qual os sacrifícios são uma sombra.

Existem alguns eventos notáveis nas Escrituras associados a esta “hora da oferta da tarde”. Portanto, é nessa mesma hora que Esdras fica horrorizado com o pecado do povo (Esdras 9:4). É a hora da oração, a hora em que Cornélio recebe a resposta à sua oração (Atos 10:3; Atos 3:1). Deus gosta de ouvir nessa hora. A razão para isso é que naquela hora Ele não ouviu outra pessoa. A nona hora é a hora em que o Senhor Jesus não foi ouvido por nossa causa (Mateus 27:45-46).

Daniel está tão em oração que Gabriel deve tocá-lo para que ele saiba que ele está lá. Gabriel também poderia ter feito sua presença conhecida falando algumas palavras. Mas o toque mostra que o anjo está pessoalmente presente com Daniel. O toque significa o fim da oração de Daniel. Para Deus é suficiente. Ele conhece os desejos do seu coração.

Gabriel diz a Daniel que assim que ele começou a orar, uma palavra de Deus saiu do céu. Essa palavra foi dirigida a Gabriel e continha a instrução de ir a Daniel e ensiná-lo e dar-lhe uma visão do que ele ouviu e viu na visão. Aqui vemos como Deus está pronto para responder à Sua própria oração. Às vezes a resposta pode ser interrompida por algum tempo, como veremos no próximo capítulo (Dn 10:12-14). Isso não significa que a resposta não ocorra, mas que a resposta é adiada. Podemos saber que isso também se encaixa no plano de Deus.

Não basta que Daniel tenha recebido revelações sobre coisas futuras. O que ele também precisa é de uma percepção de seu significado. Só então ele se beneficiará disso. O Senhor Jesus também abriu as Escrituras e abriu o entendimento dos discípulos para entenderem as Escrituras (Lc 24:32; Lc 24:45). Também precisamos de um entendimento aberto, bem como de uma Escritura aberta. Assim, Paulo diz a Timóteo: “Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo” (2 Timóteo 2:7).
Se queremos entender os pensamentos de Deus, temos que refletir sobre eles.. Precisamos focar nossa atenção neles, ponderá-los e comparar os textos bíblicos entre si. Que a vontade revelada de Deus seja tantas vezes desconhecida para nós, e que erramos nela, é porque muitas vezes há uma falta de atenção real e consideração de nossa parte.

Nosso entendimento é aberto e recebemos uma visão do significado da Palavra de Deus quando também pode ser dito para nós que somos “muito estimados”. Todos os filhos de Deus podem saber que são “estimados”. Todo filho de Deus pode saber que está no favor de Deus (Rm 5:1-2). Isso não é por causa de quem ele é em si mesmo, mas porque ele é favorecido “no Amado”, que é o Senhor Jesus (Ef 1:6). Mas há filhos de Deus dos quais Ele diz que são “altamente” estimados. Estes são aqueles filhos que desejam agir e andar em tudo segundo a Sua vontade e para a Sua honra.

Ficará claro que Ele os olha com maior prazer do que os crentes infiéis. Abraão e Ló são ambos crentes. No entanto, Deus não pode compartilhar Seus pensamentos com Ló, mas pode compartilhar Seus pensamentos com Abraão (Gn 18:17-19). Daniel é aquele em quem está o temor do SENHOR e com quem o SENHOR pode, portanto, lidar com confiança e revelar o que está em sua mente (Sl 25:14).

Daniel 9:24 (Devocional)

As Setenta Semanas

Os versículos aos quais chegamos agora, Dan 9:24-27, são chamados de ‘o ABC’ da profecia. Primeiro uma breve visão geral:

Em Dan 9:24 lemos sobre:

1. a duração do período: setenta semanas,
2. de quem se trata: seu povo e sua cidade santa, que são Israel e Jerusalém e
3. o que acontece durante esse período: acabar com a transgressão, etc.

Em Dan 9:25 aprendemos que a primeira e maior parte das setenta semanas é dividida em dois períodos: sete semanas e sessenta e duas semanas, que são sessenta e nove semanas juntas. Os eventos nessas sessenta e nove semanas são descritos. Estas semanas são concluídas com a menção de uma pessoa: o Messias, o Príncipe.

Em Dan 9:26 é dito que depois de sessenta e duas semanas, portanto, no total, depois de sessenta e nove semanas, o Messias será cortado. Isso é seguido pelo anúncio de que Jerusalém será destruída.

Em Dan 9:27 somos informados dos eventos que ocorrem na semana restante, a septuagésima. Também lemos lá sobre a divisão desta semana em duas metades com uma indicação do que acontece no meio da semana e quais são as consequências para a segunda metade dessa semana.

Após esta visão geral, veremos o significado de cada versículo. As semanas mencionadas em Dan 9:24 não são semanas de sete dias, mas períodos de sete anos. As setenta semanas são um total de quatrocentos e noventa anos. Este número de anos se passará antes que a bênção completa possa vir para “seu povo e sua cidade santa”. Antes que isso aconteça, algumas coisas precisam acontecer:

1. Primeiro, a “transgressão” deve ter acabado, ou seja, o povo e a cidade não vivem mais em rebelião contra Deus, mas são obedientes a Ele.
2. Então deve ser feito “o fim do pecado”, ou seja, eles não são mais cometidos.
3. Também “expiação pela iniqüidade” deve ser feita. Deus pode ignorar a iniqüidade de Seu povo somente quando a expiação foi feita por ela.

Esses eventos são negativos, têm a ver com o que tem que parar e ser removido porque não pode existir diante de Deus. Os seguintes eventos são positivos. Neles vemos a obra de Deus em benefício de Seu povo e de Sua cidade santa.

1. Ele “trará justiça eterna”. Isso indica o reino da paz, sob o governo do Messias.
2. Selar “visão e profecia” significa invariavelmente registrar o que foi mostrado por e em nome de Deus na visão e dito pelo profeta. Tanto a visão quanto a profecia trazem a marca da obra de Deus em seu cumprimento.
3. O último evento é a unção do “Santíssimo”. A que isso se refere não está imediatamente claro. Várias possibilidades têm sido sugeridas. Algumas possibilidades são que pode se referir ao lugar santíssimo do templo ou a todo o templo ou à cidade de Jerusalém ou ao Senhor Jesus, o Messias. Em todo caso, isso é algo que é santificado para Deus por uma ordenação especial e terá um lugar especial no reino da paz, para a glória de Deus.

Daniel 9:25 (Devocional)

Sete Semanas e Sessenta e Duas Semanas

Agora é dito a Daniel – e a nós – quando começar a contar as setenta semanas, ou seja, o período de quatrocentos e noventa anos. Temos que “saber e discernir” isso, caso contrário perderemos o significado. A contagem deveria começar com “a emissão de um decreto para restaurar e reconstruir Jerusalém”. Isso não pode se referir ao que Ciro ordenou, pois ele não ordenou a reconstrução de Jerusalém, mas a reconstrução do templo (Ed 1:2). Apenas cem anos depois veio a permissão para reconstruir a cidade e é disso que trata este versículo. Artaxerxes é o rei que dá permissão a Neemias para reconstruir a cidade, no quarto ano de seu reinado (Neemias 2:1), ou seja, o ano 445 AC. Então os quatrocentos e noventa anos começam.

Em seguida, um evento intermediário é dado, a saber, a vinda do Messias. Quando Ele vem, sessenta e nove semanas se passaram. Este período de sessenta e nove semanas é dividido em um período de sete semanas e um período de sessenta e duas semanas. O primeiro período, o de sete vezes sete semanas, ou seja, quarenta e nove anos, é o período em que ocorre a restauração de Jerusalém. O segundo período de sessenta e duas semanas está ligado a este período de uma só vez. O fim desses dois períodos – o de sete semanas (quarenta e nove anos) e o de sessenta e duas semanas (= quatrocentos e trinta e quatro anos), ou seja, quatrocentos e oitenta e três anos juntos – está relacionado com uma pessoa : “até o Messias, o Príncipe”.

Uma certa característica desta época é dada: “Será reconstruída, com praça e fosso, mesmo em tempos de aflição”. Isso mostra que Jerusalém foi reconstruída, mas que nesses quatrocentos e sessenta e três anos (sessenta e nove semanas) ela está sempre sob pressão de povos estrangeiros.

Daniel 9:26 (Devocional)

O Messias é Cortado

O fim do período de sessenta e nove semanas no total não está ligado apenas à Pessoa do Messias, mas também a um acontecimento. Este evento é o corte do Messias. “Então, depois das sessenta e duas semanas, o Messias será cortado e nada terá.” Como podemos ver pelo número de semanas que se passaram, desde que Neemias começou a reconstruir Jerusalém, quatrocentos e oitenta e três anos se passaram desde o momento em que o Messias foi cortado.

Então entramos na história na época da caminhada do Senhor Jesus na terra. Ele é o ‘Messias’ ou ‘Ungido’. Ele vem cumprir a última semana para completar o período de setenta anos-semanas e estabelecer o reino de paz. Mas o que acontece? Seu povo O rejeita e O mata. Sendo inocente – ‘enquanto não há nada contra Ele’, como também pode ser traduzido – Ele é condenado à morte. Também significa que Ele não tem “nada”. Ele não conseguiu o que veio buscar: Seu povo como Seu reino. Ao mesmo tempo, Sua morte na cruz é a base para o cumprimento dos planos de Deus para Seu povo.

Um cálculo simples mostra quão precisa é a Palavra de Deus. Os anos na Bíblia são anos de 360 dias. O período de 483 anos é 483 x 360 = 173.880 dias. Isso significa que, contando a partir da data da ordem de reconstrução da cidade, chegamos à entrada do Senhor Jesus em Jerusalém, no domingo antes da sexta-feira em que Ele morrerá de cruz. Para um cálculo exato, veja Jerusalém – Hindernis für den Weltfrieden (Jerusalém, obstáculo à paz mundial) de Roger Liebi.

É assim que as semanas de sessenta e nove anos terminam. Porque o povo rejeitou seu Messias, aquele último septuagésimo ano-semana não pode se conectar diretamente aos sessenta e nove anos-semanas já expirados e o reino da paz não pode ser estabelecido. Os planos de Deus são assim anulados? Não, isso significa que o septuagésimo ano-semana ainda está por vir, porque o selamento da profecia (Dn 9:24) diz respeito a setenta anos-semanas e não a sessenta e nove anos-semanas. ‘Selar’ significa que tudo, incluindo o septuagésimo ano-semana, se torna realidade e que tudo o que foi comunicado em visões e pelos profetas é cumprido. Significa um adiamento do cumprimento, pois que o cumprimento vem, é certo.

O que acontece agora entre a sexagésima nona e a septuagésima semana do ano? Eventos importantes acontecem durante esse período indefinido. Daniel e, portanto, também nós, somos informados sobre isso pelo anjo. A semana de sessenta e nove anos termina com a morte do Messias, conforme declarado no início de Dan 9:26. Ele é cortado “e não tem nada”. Isso significa que Ele está deixando a terra sem receber o reino para o qual veio.

Então a interpretação continua e Gabriel fala do “povo do príncipe que há de vir”. Ele também diz o que esse povo fará: eles “destruirão a cidade e o santuário”. Também o fim daquele povo é dado a conhecer por Gabriel: “E o seu fim [virá] com uma inundação; até o fim haverá guerra; as desolações estão determinadas.”

Aqui fala de um povo de um príncipe que está por vir. Esse povo são os romanos. No ano 70, os exércitos romanos, liderados por Tito, destruíram Jerusalém como castigo de Deus pela rejeição do Messias. Deus entrega a cidade às nações. Lucas dá mais detalhes sobre isso em seu relato do discurso do Senhor Jesus no fim dos tempos (Lc 21:20-24). O Senhor Jesus diz ali: “E Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se cumpram” (Lucas 21:24).

Quando os tempos dos gentios forem cumpridos, vem o que Gabriel aqui chama de “o fim”. “O fim” é o fim dos tempos, o retorno de Cristo e os eventos relacionados. No meio deste Dan 9:26 um grande salto é dado desde a destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 até o retorno de Cristo no fim dos tempos. A destruição de Jerusalém e do império romano, tanto então quanto no final, está determinada. O povo, os romanos, estiveram lá e chegaram ao seu fim. As tribos germânicas destruíram o império. A Europa se desintegrou em muitos países diferentes.

Mas o príncipe desse povo ainda está por vir. Ele também virá. Sobre ele está escrito em Dan 9:27. Os eventos de então, no ano 70, são um prenúncio dos eventos do fim dos tempos, eventos que precedem diretamente o estabelecimento do império milenar da paz. Os eventos do fim dos tempos são os eventos da septuagésima semana do ano. Estes são descritos em Dan 9:27.

Daniel 9:27 (Devocional)

A septuagésima semana

A segunda parte de Dan 9:26 dá a transição da situação no ano 70 para a situação no fim dos tempos ou septuagésima semana do ano. Esse septuagésimo ano-semana é o que estamos falando em Dan 9:27. Durante a septuagésima semana do ano, Israel está de volta à sua terra. Isso é demonstrado pelo fato de que os sacrifícios estão sendo feitos novamente. Há um serviço no templo novamente.

O “ele” deste versículo é o príncipe do versículo anterior que virá. É o governante do restaurado Império Romano Ocidental, o quarto império mundial, a Europa unida que entregou seu poder nas mãos de um único ditador, a besta do mar (Dan 7:3; Dan 7:7; Ap 13: 1-10). Ele aponta para o tempo em que o império romano está novamente presente e Israel está novamente presente e ambos os impérios têm um governante.

A aliança que ele firma é a aliança que ele, o autocrata da Europa Ocidental unida, fará com a massa incrédula dos judeus, “os muitos”, possivelmente sob a liderança do anticristo. Visto do lado judeu, é um tratado com a morte (Is 28:15; Is 28:18). A massa apóstata dos israelitas fará isso para se defender e se proteger contra os inimigos que os cercam, dos quais o maior inimigo é a Assíria. Por Assíria podemos entender a Síria em aliança com alguns outros estados árabes. A Assíria é tão forte porque é apoiada pelo poderoso império russo que fica ao norte deles. É o que mostra a palavra profética e o que vemos confirmado nos acontecimentos atuais.

“No meio da semana”, porém, ocorre uma mudança dramática. Essa mudança anuncia o momento mais terrível que a Terra já experimentou. Este tempo é chamado de “grande tribulação” (Mateus 24:21) e também “tempo de angústia de Jacó” (Jr 30:7). Este período durará meio ano-semana, ou seja, três anos e meio.

Nesse tempo, um sofrimento sem precedentes afetará a humanidade. O que as pessoas farão umas com as outras desafia qualquer descrição. A violência da guerra e os desastres naturais causarão desinibidamente sua matança. Os tormentos espirituais aos quais os homens estão expostos os levarão à loucura. Uma descrição impressionante dela pode ser encontrada em Apocalipse 6-19. O evento introdutório é a expulsão do diabo do céu para a terra, sabendo que ele tem pouco tempo, ou seja, três anos e meio (Ap 12:9; Ap 12:12).

Sua primeira atividade é acabar com a religião judaica, que vemos na proibição do sacrifício. Por meio de seu servo, o governante romano, apoiado por seu aliado, o anticristo, ele põe fim ao culto em Jerusalém. O governante romano e o anticristo estabelecem sua própria religião idólatra. O anticristo erguerá um ídolo do governante romano, a besta que saiu do mar, no templo (2 Tessalonicenses 2:3-4), provavelmente no pátio do templo.

Esta imagem destina-se a proteção contra os inimigos. Como resultado, o anticristo propagará a aliança com a Europa Ocidental. Ele convencerá a massa restante dos judeus a esperar sua salvação daquele grande poder quando eles forem ameaçados pela Assíria e todos os países árabes. Ele fará com que as pessoas adorem a imagem e até a deixem falar. Aquele que se retirar dessa psicose em massa e não adorar a besta será morto (Ap 13:15).

Deus o chama de “asa das abominações”. Uma asa indica proteção e uma abominação é uma indicação de uma imagem de ídolo (Mateus 24:15). Mas, em vez de proteção, essa abominação trará destruição a Israel. Lá “[virá] aquele que desola, até que uma destruição completa, uma que está decretada, seja derramada sobre aquele que desola”. É uma abominação que levará à destruição, isto é, o julgamento de Deus sobre os apóstatas, sobre a idolatria mais horrível que já aconteceu. Essa destruição acontece porque é decretada por Deus.

Aquele que virá e “que desolará” é o rei do Norte, o antigo império assírio, apoiado pela Rússia. Este é o começo da última guerra mundial. O destruidor se derramará rapidamente “sobre aquele que desola”, isto é, Jerusalém. Acontecerá tão rapidamente que a aliança acabará por não oferecer nenhuma proteção. Jerusalém será tomada e os habitantes sofrerão terrivelmente (Zacarias 14:2).

Isso leva o anjo ao fim de seu ensino (Dn 9:22). Parece ser um fim abrupto, onde o julgamento parece ser a última palavra. Mas temos que pensar em duas coisas. O fato de aqui terminar a explicação sobre o futuro significa que não se trata da continuação, mas da elaboração do que foi anunciado. O que isso faz para mim que eu sei como vai ser? A outra é que o anjo disse no início de sua declaração que a “justiça eterna” virá quando as setenta semanas tiverem passado (Daniel 9:24). Após os julgamentos, segue-se o glorioso reino da paz sob o reinado do Messias, o Príncipe da paz.

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