Significado de Gênesis 46

Gênesis 46

Gênesis 46 marca um ponto decisivo na história de José e sua família. Jacó e seus descendentes, incluindo José e seus irmãos, deixam Canaã e viajam para o Egito para se reunir com José. Este capítulo destaca o tema da confiança e obediência a Deus, enquanto Jacó busca a orientação e direção de Deus para a jornada de sua família. Também mostra o poder da reconciliação, quando Joseph finalmente se reencontra com seu pai e sua família depois de anos de separação.

Um dos temas centrais de Gênesis 46 é a importância de confiar no plano e na orientação de Deus para nossas vidas. Jacó busca a direção de Deus antes de embarcar na jornada para o Egito, e Deus lhe assegura sua presença e proteção. Este capítulo nos desafia a considerar como podemos confiar no plano de Deus para nossas vidas, mesmo em meio à incerteza e à mudança. Somos lembrados de que a fidelidade e a provisão de Deus são constantes, mesmo quando nossas circunstâncias não são.

No geral, Gênesis 46 é um lembrete poderoso da importância de confiar no plano e na orientação de Deus e no poder da reconciliação para trazer cura e restauração aos nossos relacionamentos. Este capítulo nos encoraja a buscar a orientação e direção de Deus para nossas vidas e a confiar em sua fidelidade e provisão. Também nos desafia a buscar a reconciliação e a restauração em nossos relacionamentos, assim como José conseguiu se reconciliar com sua família após anos de separação. Por fim, Gênesis 46 nos lembra que Deus está sempre conosco, guiando-nos em nossa jornada e trazendo cura e restauração para nossas vidas e relacionamentos.

Gênesis 46 destaca a importância de confiar no plano e na orientação de Deus para nossas vidas e no poder da reconciliação para trazer cura e restauração aos nossos relacionamentos. Ele mostra a obediência e confiança de Jacó em buscar a direção de Deus para a jornada de sua família para o Egito, e a reunião de José com seu pai e sua família depois de anos de separação. No geral, Gênesis 46 é um poderoso lembrete da constante presença e fidelidade de Deus em nossas vidas e da importância de confiar em sua orientação e direção.

I. A Septuaginta e o Texto Hebraico

A narrativa de Gênesis 46 funciona como “charneira” entre as promessas patriarcais e o início da formação nacional de Israel no Egito, e seu diálogo com a Septuaginta (LXX) e o Novo Testamento torna-se particularmente visível quando se observam fraseologia, sintaxe e léxico. O capítulo abre com Jacó em Beʾēr Ševaʿ oferecendo “sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque” (Gênesis 46:1). A LXX verte com o par verbal-nominal cultual ethysen thysian, fórmula que reaparece no grego do Novo Testamento para pensar o culto cristão como thysia (por exemplo, thysian zōsan em Romanos 12:1; thysian aineseōs em Hebreus 13:15), sugerindo uma continuidade de categorias cultuais entre o ato patriarcal e a teologia do culto nos escritos apostólicos.

A teofania subsequente descreve Deus falando a Israel “bĕmarʾōt hallāylāh” (visões da noite), chamando: “Yaʿăqōb, Yaʿăqōb”, ao que ele responde “hinnēnî” (Gênesis 46:2–3). A LXX preserva a sintaxe e o timbre da cena com a expressão en horamati tēs nyktos e o duplo vocativo Iakōb, Iakōb, um recurso retórico que reaparece no Novo Testamento (por exemplo, Saoul, Saoul em Atos 9:4; Simōn, Simōn em Lucas 22:31), e que já tinha paralelo veterotestamentário em Mōysēs, Mōysēs (Êxodo 3:4). A duplicação do vocativo confere solenidade e urgência à convocação divina, compondo um fio estilístico que liga a teofania patriarcal às vocações decisivas na história da salvação.

No núcleo da fala divina, a fraseologia promessa-êxodo é densa: “ʾal-tîrā mērĕdāh miṣraymāh; kî lĕgôy gādōl ʾăśîmḵā šām... ʾānōḵî ʾērēd ... wĕʾānōḵî ʾaʿalĕkā gam ʿālôh; yôsēp yāšît yādô ʿal-ʿênêkā” (Gênesis 46:3–4). A LXX verte: mē phobou katabēnai eis Aigypton· eis gar ethnos mega poiēsō se ekei· kai egō katabēsomai meta sou eis Aigypton, kai egō anabibasō se eis telos, kai Iōsēph epibalei tas cheiras autou epi tous ophthalmous sou. A sequência katabēnai / katabēsomai ... anabibasō estabelece um paralelismo verbal que antecipa o anabasis do Êxodo; a locução eis telos (“até o fim/à consumação”) intensifica a noção de cumprimento pleno. Ao mesmo tempo, ethnos mega oferece o léxico que o Novo Testamento herdará para falar de “nação/povos”, mantendo continuidade semântica entre promessa patriarcal e a grande ethnos que Deus forma pela missão (cf. o uso extensíssimo de ethnos nos Evangelhos e em Atos).

A longa lista genealógica (Gênesis 46:8–27) explicita a estratégia contábil hebraica de usar nefeš como metonímia de “pessoa”, e a LXX traduz sistematicamente por psychē / psychai. Assim, Gênesis 46:26 conta “sessenta e seis psychai” vindas “ek tōn mēron” (dos “lombos/coxas”) de Jacó, e 46:27 soma o total como setenta e cinco “almas” (hebdomēkonta pente psychai), porque, na tradição grega, foram incorporados nomes adicionais ligados aos filhos de José (p.ex., Machir, Galaad, Soutalaam, Taam, Edem). Esse número de “setenta e cinco” é precisamente o que Estevão cita em Atos 7:14, evidenciando que o Novo Testamento opera com o texto grego (e com a sua aritmética). O dado não é isolado: além de Gênesis 46:27, a LXX de Êxodo 1:5 também pode atestar “setenta e cinco”, enquanto Deuteronômio 10:22 na mesma LXX preserva “setenta”, sinalizando uma pluralidade textual antiga; manuscritos do Mar Morto (p.ex., 4QExᵇ) também conhecem a cifra 75 — o que contextualiza a opção de Atos 7 na ecologia textual do período. O uso do termo psychai para contabilizar pessoas volta de maneira natural no Novo Testamento (Atos 2:41; 1 Pedro 3:20), confirmando a ponte semântico-estilística entre LXX e NT.

Outro ponto de diálogo é Gênesis 46:28: “ele enviou Judá adiante” — no hebraico, o Hifil de yrh (lĕhôrōt) acentua a ideia de “mostrar/indicar o caminho”; a LXX lê com o verbo de envio missionário apesteilen (apesteilen... Ioudan... synantēsai), termo que fornece ao Novo Testamento seu campo lexical para apostellō/apostolos. A mesma LXX, nesse versículo, localiza a chegada “kath’ Hērōōn polin eis gēn Rhamessē”, e, ainda no v. 34, fala da “gē Gesem Arabias”, enquanto o Masorético tem Gōšen. Essas escolhas toponímicas helenizadas mostram a mediação cultural e geográfica que a LXX oferece aos leitores greco-falantes — precisamente o universo no qual emergem os autores cristãos.

Por fim, Gênesis 46:34 articula uma estratégia de separação social: “porque todo pastor é tôʿēḇāh para os egípcios”. A LXX traduz com bdelygma (“abominação”), vocábulo que o Novo Testamento herdará para designar realidades teológica e cultualmente repulsivas (cf. o uso de bdelygma em contextos como “abominação da desolação”). Aqui, a fraseologia LXX (“bdelygma ... pas poimēn probatōn”) explicita a lógica narrativa: a profissão dos irmãos funcionará como marcador identitário que os fixa em Gesem, evitando sincretismos e preservando a distinção do clã de Jacó.

Gênesis 46 (hebraico) e sua recepção na LXX oferecem um vocabulário e uma sintaxe que o Novo Testamento assume e desenvolve: thysia para o culto transformado (Romanos 12:1; Hebreus 13:15), o duplo vocativo sacral (Iakōb, IakōbSaoul, Saoul; Simōn, Simōn), a díade direcional katabainein / anabibazein como matriz do “descer/subir” salvífico, ethnos mega como promessa de povo, psychai como contagem metonímica de pessoas e bdelygma como marcador de impureza e separação. Em todos esses pontos, a fraseologia hebraico-grega não apenas “traduz” o texto, mas cria um espaço semântico comum no qual a coerência da Bíblia e sua harmonia com o Novo Testamento tornam-se legíveis precisamente porque o NT fala — teológica e linguisticamente — a língua da LXX. 

II. Comentário de Gênesis 46

Gênesis 46:1 A viagem de Jacó para o Egito iniciou um período de permanência de 400 anos dos israelitas longe de Canaã. Jacó entrou no Egito, onde reuniria todos os filhos, incluindo José. Quatrocentos anos depois os descendentes do patriarca deixariam o Egito como uma grande nação. Jacó rumou ao lugar que fora tão importante para seu avô, Abraão (Gn 21.22-34), e seu pai, Isaque (Gn 26.26-33). No passado, Jacó deixara a sua família em Berseba, indo para Harã (Gn 28.10). Agora, voltava a Berseba, onde ofereceu sacrifícios. Jacó adorou a Deus. Ele consagrou a sua família ao Senhor antes de deixar a Terra Prometida.

Gênesis 46:2 Deus apareceu a Israel pela sétima vez (Gn 35.1, 9). O fato de os nomes Jacó e Israel serem usados como sinónimos indica que a conotação negativa do nome Jacó não existia mais (Gn 31.11; 32.28; 35.10). Agora, Jacó significava o Senhor vence.

Gênesis 46:3 Eu sou Deus, o Deus de teu pai. A autoidentificação de Deus é um pouco diferente aqui do que nas vezes anteriores. Ao adicionar as palavras o Deus de teu pai, o Senhor se identifica como o mesmo Deus no qual Isaque creu, o mesmo que dera a grande bênção a este. O Senhor proibiu que Isaque fosse ao Egito anos antes (Gn 26.2), e o pai de Isaque, Abraão, tivera uma experiência desagradável naquela terra (Gn 12.10-20). Apesar dos presentes de José e de suas palavras, Jacó temia o que poderia acontecer-lhe no Egito. Então, o Senhor o apazigua, dizendo: não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação.

Gênesis 46:4 E descerei contigo ao Egito. Deus prometeu estar com o Seu povo, mesmo em uma terra estrangeira. José porá a sua mão sobre os teus olhos. A vida de Jacó estava próxima ao fim. Contudo, Deus prometeu a ele que, em seu leito de morte, seu amado filho, aquele que ele pensou que havia morrido, estaria com ele.

Gênesis 46:5-7 E um estilo comum na prosa hebraica anunciar um acontecimento importante e, em seguida, descrevê-lo como tendo acontecido. Isso acrescenta ao texto solenidade e nobreza. Toda a família e suas posses estavam em território egípcio agora.

Gênesis 46:8-27 Estes são os nomes dos filhos de Israel. A listagem com os nomes dos membros da família de Jacó não é apenas um notável documento histórico, mas também uma fonte de orgulho. Desta família se originaria a nação de Israel, o povo de Deus que viria a tomar a posse definitiva da Terra Prometida, conforme a promessa divina (Gn 15.13-21). A ordem em que aparecem os nomes dos filhos de Jacó é estabelecida de acordo com os nomes das mães (como em Gn 35.23-26; a ordem de nascimento dos filhos é dada em Gn 29.3130.24; 35.16-22).

Gênesis 46:8-15 Os primeiros são os filhos de Léia: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom, além dos respectivos filhos deles.

Gênesis 46:8 A expressão que identifica Rúben, o primogénito de Jacó, que deveria ser um motivo de orgulho, tornou-se um marco de tristeza. Rúben perdeu seus direitos de primogénito por causa de seu pecado com Bila (Gn 35.22; 49.3, 4).

Gênesis 46:9, 10 O casamento com mulheres cananeias não era comum na família de Jacó. Apenas Simeão e Judá tiveram esposas da terra de Canaã (a esposa de José era egípcia).

Gênesis 46:11 Os filhos de Levi, Gérson, Coate e Merari, tornaram-se os pais das tribos levíticas (Ex 6.16-19). Os filhos de Coate, em particular, iniciaram a classe sacerdotal, da qual descenderam Arão e Moisés (Ex 6.20-25).

Gênesis 46:12-14 A história da família de Judá, incluindo os filhos mortos, Er e Onã, é encontrada no capítulo 38. Selá foi seu único filho de Judá com uma esposa cananeia que sobreviveu. Os outros dois, Perez e Zerá, são filhos de Judá com Tamar.

Gênesis 46:15 A triste história de Diná é contada no capítulo 34.

Gênesis 46:16-26 O total de pessoas é 66, mas, quando Jacó, José e os dois filhos deste são acrescentados à lista, este número sobe para setenta. [Na Septuaginta consta setenta e cinco. Veja Ex 1.5 e At 7.14.] Na listagem não estão incluídos os nomes das esposas dos filhos de Jacó. Os antigos israelitas consideravam o número setenta como um sinal da bênção especial de Deus sobre eles. Por meio da família de Jacó, Deus formaria uma grande nação (Ex 1.1-7).

Gênesis 46:27, 28 Jacó tratava Judá como o líder entre os irmãos (Gn 44.18). Contudo, a ordem natural de liderança na cultura antiga privilegiava o primogênito. No caso da família de Jacó, Rúben (Gn 46:8).

Gênesis 46:29 José, o grande líder do Egito, foi a Gósen, o lugar onde sua família estava assentada, para encontrá-la.

Gênesis 46:30 A reunião de toda a família, incluindo o seu filho José, foi o acontecimento que coroou a longa vida de Jacó. O patriarca ainda viveria por mais 17 anos (Gn 47.28).

Gênesis 46:31-34 Estes versículos mostram a habilidade de liderança de José. Ele conseguiu atingir seus objetivos mantendo de forma autêntica uma genuína atitude de autoridade para com seus irmãos, sendo sábio ao fazer sugestões e tendo o profundo conhecimento dos costumes do povo. Os egípcios desprezavam os pastores de ovelhas (Gn 43.32). Aqui vemos que esse é o motivo de considerarem os hebreus uma abominação. Deus usou o preconceito dos egípcios como uma forma de preservar a identidade étnica e espiritual de Seu povo. Na família de Jacó já havia casamentos interraciais com os cananeus (cap. 38), contudo, se os hebreus dessem continuidade a esta prática, corriam o risco de perder a identidade como o povo de Deus.

Gênesis 46:34 Este versículo finaliza inapropriadamente o capítulo, pois a seção se estende até Gênesis 47.12. Há muitos capítulos em Gênesis que não são divididos da melhor forma para a perfeita narrativa (Gn 2.1, 4; 27-46; 29.31; 30.25). Nota-se que o lugar mais apropriado para terminar o capítulo 46 seria em Gênesis 47.12. O capítulo 47 poderia começar no versículo 13.

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