Isaías 1 — Comentário de Matthew Henry
Isaías 1
Versículos 1-9: As corrupções predominantes dos judeus; 10-15: Censuras
severas; 16-20: Exortações ao arrependimento; 21-31: Lamento pelo estado de
Judá; com promessas de graça para o tempo do Evangelho.
Vv. 1-9. Isaías significa "A salvação do
Senhor"; nome muito apropriado para este profeta que fala tanto de Jesus,
o salvador, e de sua salvação. O povo que professava ser de Deus não sabia ou
não considerava que eles deviam as suas vidas e bem estar ao cuidado e bondade
paternal de Deus. Quantos se descuidam dos assuntos da sua alma? Não considerar
o que sabemos sobre a religião nos prejudica tanto quanto a ignorância do que
deveríamos saber. A iniquidade era universal. Aqui há uma comparação tomada de
um corpo doente e enfermo. A enfermidade ameaça ser mortal. Desde as plantas
dos pés até a cabeça, desde o camponês mais simplório até o maior dos nobres,
não há saúde, nem bom principio, nem religião, porque esta é a saúde da alma.
Nada senão a culpa e a corrupção, os tristes efeitos da queda de Adão. Esta
passagem declara a depravação total da natureza humana. Enquanto o pecado
persista sem arrependimento, nada se faz para curar tais feridas e evitar seus
efeitos fatais. Jerusalém estava exposta e desprotegida, como as cabanas ou refúgios
edificados para guardar frutas maduras. Isto ainda pode ser visto no oriente,
onde a fruta constitui grande parte da alimentação do povo por causa da
estiagem. Porém, o Senhor possuía um pequeno remanescente de servos piedosos em
Jerusalém. É pela misericórdia de Jeová que nós não somos consumidos. A
natureza má está em cada um de nós; somente Jesus e o seu Espírito santificador
podem restaurar a nossa saúde espiritual.
Vv. 10-15. A Judéia estava desolada e as suas
cidades queimadas. Isto os despertou para levar sacrifícios e ofertas, como se
pudessem subornar a Deus para que
tirasse o castigo de sobre eles, e para que tivessem permissão para continuar
em pecado. Muitos que facilmente se desprendem de bens para oferecer
sacrifícios, não se convencem facilmente que devem desprender-se de seus
pecados. Confiam na pura formalidade, como serviço que merece recompensa. As
devoções mais custosas dos maus, sem a transformação completa do coração e da
vida, não são aceitáveis para Deus. Ele não somente não as aceita, mas também
as aborrece. Tudo isto mostra que o pecado é muito odioso para Deus. se nos
comprometermos em pecados secretos ou nos dermos liberdades ilícitas, se
abandonarmos a salvação de Cristo, nossas próprias orações se tornam
abominações.
Vv. 16-20. Não somente precisamos sentir dor pelo
pecado cometido, mas devemos romper com a prática deles. Não podemos ficar ociosos,
e sim fazer o bem que o nosso Senhor nos pede. É evidente que os sacrifícios da
Lei não podiam expiar sequer um dos delitos superficiais da nação. Porém,
bendito seja Deus, há uma Fonte aberta na qual podem ser lavados os pecados de
todo tipo e idade. Ainda que os nossos pecados tenham sido como escarlate e
carmesim, de tintura dobrada e profunda, primeiro na lã da inclinação à
corrupção e, logo depois nos muitos fios da transgressão presente; ainda que
muitas vezes não temos naufragado no pecado, por muitos deslizes, de qualquer
modo a misericórdia que perdoa lavará a mancha (Sl 51.7). Os israelitas
deveriam ter toda a felicidade e bem estar desejado. A vida e a morte, o bem e
o mal, estão colocados diante de nós. oh, Senhor inclina-nos a todos a viver
para a tua glória.
Vv. 21-31. Nem as cidades santas nem as demais
são fiéis à sua comissão, se a religião não permanecer nelas. A escória pode
brilhar como a prata, e o vinho misturado com água pode ter a cor do vinho. Aqueles
que não ajudam ao oprimido, e sim o oprimem, terão muito que responder. Os
homens podem fazer muito por meio de restrições externas; porém somente Deus
opera eficazmente pela influência de seu Espírito, como Espírito de juízo. O pecado é o pior cativeiro, e a pior
escravidão. A redenção da Sião espiritual, pela justiça e a morte de Cristo e
por sua graça poderosa, concorda muito plenamente com o que aqui é representado.
É ameaçada com a extrema destruição. os judeus chegariam a ser como a árvore
queimada pelo calor; como jardim sem água, que naqueles países áridos se secam
rapidamente. Assim, pois, serão os que confiam em ídolos ou em braços de carne.
Até o homem forte será como a estopa; não somente quebrantado e despedaçado com
rapidez, mas de combustão fácil. Quando o pecador se torna como estopa e
centelha, e Deus se torna em um fogo consumidor, quem poderá impedir a
destruição total do pecador?
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