Significado de 1 Crônicas 12

1 Crônicas 12

12.1 Cerca de 40km a sudoeste de Gate, Ziclague se tornou possessão pessoal de Davi. Ele a recebeu após chegar à Filístia, fugindo de Saul, e submeter-se ao senhorio de Aquis, rei da cidade-estado Gate (1 Sm 27.1-7). Como um aliado e vassalo de Aquis, Davi devia pagar tributos e mostrar lealdade e submissão. Logo, ele promoveu ataques-surpresa de Ziclague contra várias tribos do deserto, tomando suas propriedades e trazendo de volta despojos para os filisteus. Uma parte dos despojos ele distribuía aos seus compatriotas, sem o conhecimento dos filisteus. Nisso, Davi se juntava a muitos outros “foras-da-lei” e refugiados de Judá em Ziclague até alcançar um considerável número de heróis (1 Sm 27.8-12).

12.2, 3 Dentre seus guerreiros, encontravam- se benjamitas ambidestros, alguns dos quais membros da mesma tribo que Saul. Isso mostra a tamanha insatisfação com o governo de Saul. O fato de os benjamitas serem habilidosos, tanto com a mão direita quanto com a esquerda, é um tanto quanto irônico, porque o nome benjamita que dizer filho da mão direita (Jz 20.16).

12.4, 5 Isso sugere que os benjamitas listados nesse contexto formavam uma unidade conhecida tecnicamente como os trinta (1 Cr 11.25), apesar de não haver exatamente trinta nomes na lista.

12.6, 7 Visto que os outros heróis como o gibeatita, no verso 3, foram listados pelo lugar de origem, Corá foi, provavelmente, o nome de um lugar em Benjamim. Estes coraítas não podem ser confundidos com os levitas homônimos (1 Cr 9.19).

12.8-13 Davi havia atraído seguidores por todo o Israel. Os gaditas vinham das áreas do extremo norte e do centro, a leste do Jordão (1 Cr 5.11-17), para se unirem a ele. O lugar forte era a caverna de Adulão, o principal lugar de refúgio de Davi no deserto da Judéia (1 Cr 11.15; 1 Sm 22.1).

12.14 Cem [...] mil. Esses eram os termos empregados para as unidades militares que podiam ou não ter precisamente esta quantidade de homens. Os gaditas eram tão famosos pelo seu valor e pela sua habilidade de liderança (1 Cr 12.8) que logo ocuparam postos mais altos na hierarquia do exército de Davi.

12.15-17 Em conformidade com o calendário agrícola, o mês primeiro era nisã, que correspondia, aproximadamente, a abril. Essa era a época das chuvas de primavera (Dt 11.14), quando os rios, frequentemente, transbordavam (Js 3.13; 4.18,19). Comumente, uma pessoa não conseguiria atravessar o Jordão nesse período, mas os gaditas não se detinham por tais obstáculos. Como testemunha da coragem deles, o cronista declara que eles atravessavam o Jordão nessas condições, perseguindo seus inimigos por todas as direções.

12.18 Amasai era, provavelmente, o Amasa de 1 Crônicas 2.17, filho da irmã de Davi, Abigail. Ele se tornou o chefe do exército de Davi assim que Joabe passou a não achar mais graça aos olhos de Davi (2 Sm 19.13), mas ele permaneceu nesta posição por pouco tempo, pois logo foi assassinado por Joabe, que era seu primo (2 Sm 20.4-13).

12.19, 20 Manassés [...] o despediram. Este incidente revela o quão comprometida a posição de Davi era quando ele era ainda vassalo de Aquis de Gate (1 Cr 12.1). Ele foi pressionado a juntar-se aos filisteus contra Saul em Gilboa (1 Sm 29.1-11). Por conseguinte, os outros governantes filisteus rejeitaram Aquis e mandaram Davi de volta para Ziclague, antes que ele tivesse de ir para a guerra contra seus compatriotas israelitas.

12:21 Quando Davi regressou a Ziclague, achou que os amalequitas haviam atacado a cidade e levado sua família com outros prisioneiros (1 Sm 30.1). Aqueles que tinham abandonado Davi em sua marcha para Gilboa (1 Cr 12.19) decidiram juntar-se a ele em busca dessa tropa (1 Sm 30.2-25).

12.22-27 O exército de Deus se refere às vastas hostes angelicais, impossíveis de se contar. Davi atraiu tantos recrutas quando estava no deserto, fugindo de Saul, e em Ziclague, que seu número era incontável.

12.28 Este Zadoque, aparentemente um aronita (v. 27), logo, um sacerdote, provavelmente foi o mesmo Zadoque que fora nomeado sacerdote por Davi em Gibeão (1 Cr 16.39) e, depois, por Salomão em Jerusalém (1 Rs 2.26,27,35). O ofício sacerdotal não era incompatível com o da guerra. Fineias, claramente, demonstrou isso (Nm 25.6-9; Js 22.30).

12.29, 30 Eram pela casa de Saul. Há, nesse trecho, uma sutileza a qual mostra que a transição de Saul para Davi não foi tranquila, como uma leitura superficial pode sugerir. Teria de haver uma transferência de fidelidade, algo que, normalmente, não é fácil, em razão de requerer tempo e diplomacia.

12.31 Estes nomes representam apenas delegados, não todo o contingente das tribos. O apoio de que Davi usufruiu teria sido ainda maior que os números poderiam sugerir.

12.32-37 Ciência dos tempos. O que as tribos estavam fazendo ao entronizar Davi não era por acaso. Foi a melhor alternativa em meio às circunstâncias. Parte do povo de Issacar entendia claramente que o tempo de Deus havia chegado para que Seus propósitos se cumprissem.

12.38 Postos em ordem de batalha. Essa expressão diz respeito à formação militar, conforme a habilidade ou a disciplina de cada um (1 Cr 12.33,36). Mas, como se trata do início do reinado de Davi, isso também diz respeito a ser leal e ter um mesmo coração. Ninguém duvidava em reconhecer que Davi era o homem de Deus, e as esperanças da nação, como uma comunidade teocrática, jaziam no apoio ao rei.

12.39 Comendo e bebendo. Além da praxe da festividade que acompanhava a coroação de um rei, essa expressão indica um pacto (Gn 31.43-55; Ex 24.11) — uma refeição que solenizava um concerto entre Davi e o povo (1 Cr 11.3).

12.40 Issacar, Zebulom e Naftali, geograficamente, eram as tribos mais distantes. A expressão de mais perto era uma forma de tratar a comum identidade do povo de Deus.

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