Significado de 1 Reis 11

1 Reis 11

1 Reis 11 detalha o declínio do reinado do rei Salomão devido à sua infidelidade a Deus. Apesar de sua sabedoria e devoção inicial, Salomão se casou com muitas mulheres estrangeiras, incluindo princesas de nações vizinhas. Essas esposas estrangeiras desencaminham Salomão, induzindo-o a adorar seus deuses e construir altares para suas divindades.

Deus fica descontente com as ações de Salomão e o avisa por meio de um profeta que seu reino será dividido como consequência de sua infidelidade. O coração de Salomão se afasta de Deus, levando-o a participar de práticas idólatras.

O capítulo também apresenta Jeroboão, um valente guerreiro, que recebe a profecia de que se tornará rei de dez das doze tribos de Israel. Salomão procura matar Jeroboão devido à sua crescente popularidade, mas Jeroboão foge para o Egito em busca de segurança.

O reinado de Salomão termina com sua morte, e seu filho Roboão o sucede como rei. O capítulo termina resumindo o reinado de Salomão, destacando sua sabedoria, realizações e as razões de seu declínio.

Em resumo, 1 Reis 11 narra o declínio do reinado do rei Salomão devido à sua infidelidade, idolatria e desobediência a Deus. O capítulo apresenta a figura de Jeroboão e prepara o terreno para a divisão do reino. Ressalta a importância da fidelidade aos mandamentos de Deus e as consequências de se afastar Dele.

Significado

11.1-43 Este capítulo fecha tristemente um brilhante reinado. Ele apresenta o pecado de Salomão por meio de sua união com suas inúmeras esposas (1 Rs 11.1-13) e descreve o declínio de Salomão mediante o ataque de seus inimigos Hadade, o edomita (1 Rs 11.14-22), Rezom de Zobá (11.23-25) e Jeroboão de Israel (1 Rs 11.26-40). O capítulo encerra-se com a morte de Salomão e o fim da sua era (1 Rs 11.41-43).

11.1 Muitas mulheres estrangeiras (ara). A ordem das palavras no texto hebraico enfatiza a palavra estrangeiras, demarcando de forma secundária a palavra muitas. Salomão cometeu dois grandes pecados. Tomar para si esposas estrangeiras violava a proibição do Senhor contra o casamento com mulheres cananeias (v.2; Ex 34.12-17; Dt 7.1-13); e tomar para si muitas esposas violava o padrão monogâmico estabelecido no princípio (Gn 2.24,25). Além disso, tal atitude da parte dele gerou uma crescente onda de relacionamentos poligâmicos, o que Deus também havia proibido para os futuros reis de Israel (Dt 17.17). Sem dúvida, muitos dos casamentos de Salomão se deram de acordo com as convenções do antigo Oriente Médio de selar alianças por meio de casamentos entre os membros das casas reais; era uma forma de contrato. O fato de Salomão ter-se rendido a tais convenções na época acarretou sérias consequências espirituais para ele (1 Rs 11.3-13) e para o seu povo (2 Rs 17.7-20). Davi também teve mais de uma esposa (2 Sm 3.2-5). Os primeiros casamentos de Davi foram movidos por amor (1 Sm 18.17-28) e compaixão (1 Sm 25.2-42). Porém, alguns de seus casamentos posteriores podem ter sido movidos pelo mesmo motivo dos de Salomão, seu filho (2 Sm 5.13-16).

11.2 A estas se uniu Salomão com amor. A nossa dura avaliação do caso das muitas esposas que Salomão teve é, de certa forma, mitigada pelo uso desta expressão (v.l).

11.3 Setecentas mulheres e trezentas concubinas. Se a menção às 60 rainhas e 80 concubinas em Cantares 6.8 refere-se às mulheres de Salomão, isto representa, então, um período muito embrionário do seu reinado.

11.4 Apesar de ser verdade que Davi nem sempre viveu segundo os padrões do Senhor, ele foi leal a Deus e nele confiou totalmente, mesmo quando foi repreendido por seus pecados (2 Sm 12.13; SI 32.1-5; 53.1-5). Por causa da influência de suas muitas esposas, Salomão comprometeu a sua fé adorando a deuses estrangeiros.

11.5, 6 Astarote era uma deusa cananeia do amor e da guerra. Milcom era o deus da nação dos amonitas.

11.7, 8 O uso de um alto, associado à adoração de deuses estrangeiros, mostra o grande perigo que os altos representavam a Israel (1 Rs 3.2-4; 14-23; Mq 1.3). Quemos era o deus da nação moabita. Esse deus foi muitas vezes adorado pelo povo de Deus (2 Rs 23.13). A veneração desta divindade também se verifica nas recentes descobertas tábuas de Ebla, de uma maneira que sugere a sua associação com a cidade de Carquemis, ao longo da curva superior do rio Eufrates. Moloque diz respeito ao sacrifício humano e a Baal (Jr 7.31,32; 19.5,6; 32.35).

11.9-13 O Senhor apareceu duas vezes antes a Salomão (1 Rs 3.5; 9.2). A odisseia espiritual desse líder pode ser vista nos detalhes dos seus três encontros com Deus. Enquanto o Pai, graciosamente, adiava a divisão do reino de Salomão até que ele morresse, problemas internos surgiam (v. 14-40).

11.11, 12 Teu servo, isto é, Jeroboão, o filho de Nebate (1 Rs 11.26; 12.20).

11.13 Uma tribo. Judá, a principal tribo do Reino do Sul. Simeão se uniu a Judá nessa época ( lRs 12.17,20,21).

11.14-22 Hadade, o edomita. Foi um dos sobreviventes que escapou quando Davi derrotou o exército edomita (2 Sm 8.13,14). A pronta recepção de Faraó e o tratamento favorável de Hadade provavelmente se tratavam de política. O faraó via nele um provável futuro aliado na fronteira de Israel.

11.23-25 Tendo escapado das campanhas anteriores de Davi contra os arameus (ou sírios, cf. 2 Sm 8.3-6), Rezom se tornou, mais tarde, rei de Damasco, e o seu povo manteve-se como uma constante ameaça a Israel.

11.26 Não há apenas um significado para o nome Jeroboão. Ele pode significar tanto o povo cresce como o povo briga. O segundo significado seria perfeito para designar Jeroboão I, o rebelde do Reino do Norte que, profundamente enraizado em antigos ciúmes, prontamente reagiu às políticas de cobranças de impostos opressoras anunciadas por Roboão, filho de Salomão (2 Rs 14-23). Enquanto o nome de seu pai, Nebate, era bem conhecido, o seu pai deve ter morrido em sua juventude, pois a sua mãe é chamada de viúva. O pedido de casamento a uma viúva era muito difícil no mundo antigo. Jeroboão, o efraimita, um dos oficiais mais talentosos e confiáveis de Salomão (v.28), mais tarde, foi objeto da ira de Salomão (v.40). Assim como Hadade, o edomita (v. 17), ele fugiu para o Egito, para lá se refugiar. No futuro, Jeroboão serviria de verdadeiro instrumento ao trazer à tona as divisões que tinham sido já preditas no país (1 Rs 12.2-19). Ele se tornou o primeiro rei do Reino do Norte (12.20).

11.26, 27 E esta foi a causa. A expressão sugere que havia um problema na execução dos projetos que levaram à rebelião de Jeroboão. Estes dois versículos explicam algo acerca do passado de Jeroboão. Ele tinha sido um alto oficial de um dos maiores grupos de trabalhadores. Dentre os projetos que se encontravam sob a sua responsabilidade, estavam a construção de Mão (1 Rs 9.15), e a reparação da cidade de Davi.

11.28, 29 A profecia de Aias de Siló se cumpriu literalmente (1 Rs 12.1-20). Aias, cujo nome significa o meu irmão é o Senhor, continuou sendo o profeta leal de Deus até a maturidade (1 Rs 14.1-18).

11.30-32 Deus já tinha avisado a Salomão que todas as tribos, com exceção de uma apenas, não teria parte na herança de Salomão (v. 13; 1 Rs 12.20). Entretanto, somente dez tribos foram prometidas a Jeroboão. A 12a tribo deve ser Simeão, que fora absorvida por Judá. Possivelmente, a de Benjamim existiu como uma apaziguadora, entre Israel e Judá, algumas vezes, ligadas ao Reino do Sul (2 Cr 11.3; 14.8) e, em outras, ao do norte.

11.33-35 Porque me deixaram. Veja os versículos 4 a 8.

11.36 Esta é uma imagem bíblica de uma das devidas funções dos reis davídicos na antiga Israel. No meio da escuridão de um mundo pagão, os reis davídicos deviam ser como uma lâmpada para as nações, antecipando a vinda daquele que viria, que é a Luz do mundo (Jo 1.1-9; 1 Rs 15.4; 2 Sm 21.17; 2 Rs 8.19; 2 Cr 21.7).

11.37, 38 Uma casa firme. Apesar de Deus ter dado a Jeroboão a oportunidade de estabelecer uma dinastia duradoura, ele provou não ser digno (1 Rs 12.25-33; 14.10-18). O nome de Jeroboão foi, então, associado à infidelidade espiritual, que traria, por fim, a ruína do Reino do Norte (2 Rs 17.21-23).

11.39, 40 Salomão, cujo reino se caracterizou por uma paz maior que a de qualquer outro rei de Jerusalém (1 Rs 4-24), terminou a sua vida em conflito, buscando matar Jeroboão. Sisaque (ou Sheshonk I, 945—924 a.C.) foi o primeiro faraó da forte 22a dinastia do Egito. Ironicamente, este futuro destruidor de Israel aparece aqui como um protetor de um de seus futuros reis.

11.41, 43 Em função de seu considerável pecado, a era de ouro iniciada por Salomão morreu com ele. Se ele tivesse vivido em retidão e tivesse ensinado o seu filho Roboão a sucedê-lo também em integridade, a era de ouro poderia ter durado muitas gerações.

11.41 O livro dos feitos de Salomão é mencionado somente aqui; compare as referências ao Livro das Crônicas dos Reis de Israel (1 Rs 14.19) e ao Livro das Crônicas dos Reis de Judá (1 Rs 14.29). E possível que o autor de 1 Reis tenha consultado essas fontes.

11.42 A simetria dos quarenta anos (1 Rs 2.10-12) dos reinados de Davi e de Salomão pode ter sido uma providência congruente, tratando-se da bênção de Deus sobre cada um desses reinados.

11.43 E adormeceu Salomão com seus pais. O significado desta expressão idiomática na Bíblia hebraica é foi enterrado no mesmo lugar que os seus ancestrais. Pode haver também uma referência indireta à vida após a morte. Roboão, seu filho. E normal existir em um obituário real o próximo a se assentar no trono. Isso gera um sentido de continuidade.

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