Significado de 1 Reis 8

1 Reis 8

1 Reis 8 enfoca a dedicação do templo recém-construído em Jerusalém e a oração de dedicação de Salomão.

Salomão reúne os anciãos, líderes e o povo de Israel para trazer a Arca da Aliança ao templo. A Arca é colocada no Santo dos Santos, onde os querubins abrem suas asas sobre ela. Quando a Arca é trazida, a glória do Senhor enche o templo e Salomão reconhece a presença de Deus entre o povo.

Salomão então fica diante do altar e oferece uma longa oração de dedicação, louvando a fidelidade de Deus, a aliança e o cumprimento das promessas. Ele ora para que Deus ouça as orações feitas no templo e perdoe os pecados das pessoas quando elas se arrependerem.

Após a oração, Salomão abençoa a assembleia e oferece numerosos sacrifícios. Segue-se uma grande festa, que dura quatorze dias, celebrando a conclusão do templo e a presença de Deus.

O capítulo termina descrevendo uma visão na qual Deus reafirma Sua presença e aliança com Salomão, lembrando-o das bênçãos e consequências que advêm da fidelidade ou da desobediência.

Em resumo, 1 Reis 8 destaca a dedicação do templo em Jerusalém e a oração de dedicação de Salomão. O capítulo destaca a importância do templo como local de adoração e morada de Deus entre Seu povo. A oração de Salomão enfatiza a fidelidade de Deus e a importância do arrependimento e obediência. O capítulo também ilustra as celebrações e festividades em torno da dedicação do templo e a confirmação de Deus de Sua aliança com Salomão.

Significado

8.1, 2 Tendo sido trazida a Jerusalém anteriormente (2 Sm 6), a arca do concerto foi posta agora em seu devido lugar no templo. Com a construção do templo e a presença da arca, a divisão das atividades espirituais entre Gibeão, o local do tabernáculo e Jerusalém, onde a arca estava abrigada, não havia encontrado o seu fim ainda. Daquele momento em diante, o ideal deuteronômico de centralidade na adoração podia ser realizado (Dt 12.1-14).

Em função da obra do templo ter sido completada no oitavo mês do décimo primeiro ano do reinado de Salomão, este deve ter esperado cerca de 11 meses para inaugurá-lo. Isto permitia que a mobília fosse terminada e posta em seu devido lugar e permitia também os retoques adicionais, assim como ampla preparação para este solene e feliz evento.

A Festa dos Tabernáculos, que ocorria ao término do ano cerimonial, que honrava o descanso dado por Deus na Terra Prometida ao Seu povo, fazia a apropriada ocasião. Além disso, a renovação da aliança observada, em conexão com esta grande festa (Dt 31.10) fez esta ocasião muito mais apropriada. Por isso a estação de festa era prolongada por duas semanas, para permitir que a dedicação e a alegria destes dias tivesse real efeito (2 Cr 5.11-13).

8.3, 4 A santa arca era carregada pelos sacerdotes; tudo era feito de acordo com a Lei de Deus.

8.5-7 A alegria do povo era vista na abundância dos sacrifícios de ovelhas e bois. A colocação da arca sagrada em seu devido lugar sem haver incidente algum, por si só, já era motivo de celebração. O povo tinha trazido o símbolo do Deus vivo para o santuário construído para honrá-lo.

8.8 Varais sobressaíram. Isto provavelmente significa que as varas de se portar a arca, que não podiam ser tiradas de suas argolas (Êx 25.15), eram tão longas que, se alguém quisesse medi-las, teria de olhar para dentro do Santo dos santos para ver o seu fim. A arca com as suas varas era, portanto, alinhada transversalmente à porta (ou ao norte ou ao sul).

8.9 As duas tábuas de pedra onde os Dez Mandamentos foram inscritos eram conhecidas como as tábuas do concerto (Dt 9.9) e eram mantidas na arca (Dt 10.1-5, 8), com o vaso de maná (Êx 16.33,34) e a vara de Arão, que floresceu (Nm 17.10).

8.10, 11 Como uma nuvem cobrira o tabernáculo e a glória de Deus o enchera na sua inauguração (Êx 40.34, 35), então uma nuvem enchera o templo. Esta visível presença de Deus no seio do Seu povo — às vezes chamada de shekinah — deu ao povo incentivo e a certeza de que ele precisava ser obediente e santo.

8.12, 13 Então, disse Salomão. O fato de Deus habitar em meio a nuvens escuras é frequentemente mencionado nas Escrituras (Êx 19.9; 20.21). Isto era um sinal da Sua transcendência. Deus está ao mesmo tempo próximo e distante; Ele é tanto imanente como transcendental. Deus é obscurecido por uma nuvem escura, porém, ao mesmo tempo, Ele opta por se fazer presente em Sua casa.

8.14-21 Aqui se tem um modelo para a declaração pública em um contexto formal. Em todo o discurso de Salomão, há a devida glória ao Senhor e também uma justa avaliação da obra das mãos do Seu povo no cumprimento da Sua vontade.

8.20, 21 Confirmou o SENHOR. O Deus de Israel é um cumpridor de Suas promessas. A Sua promessa de dar aos descendentes de Abraão uma terra (Gn 15.13,14,18-21; Js 14-12-15) tinha sido provisionalmente realizada (Js 21.43-45). Salomão também se apropriou da promessa de Deus a Davi (2 Sm 7.12-18). Os reis subsequentes à Davi podiam, da mesma forma, pela fé, usufruir das bênçãos de Deus prometidas na aliança com Davi (SI 2; 89.3,4,19-24,27-37). As contínuas promessas nas alianças com Abraão e Davi serão observadas na nova aliança (Jr 31.31-34), e todas irão cumprir-se no grande Davi de Israel (Ez 37.24-28), Jesus Cristo (At 2.29-36; 3.25,26).

8.22-30 Salomão começara o seu reinado com consciente dependência de Deus (1 Rs 3.9). A sua longa oração pública (1 Rs 8.22-53) reconheceu a necessidade contínua de Deus em sua vida (v. 26,28) e na vida do seu povo (v. 30, 31, 33, 35, 38, 44, 46-48). Em sua oração, Salomão enfatizou a fidelidade de Deus e a necessidade da fidelidade por parte de Israel, dos seus governantes e do próprio povo, para que as bênçãos de Deus fossem dispensadas.

8.27-29 Céus é casa. O Deus das Escrituras é infinito. Tudo o que Ele fez e toda a sua vastidão finalmente encontram os seus limites. Não é um mero prédio, mesmo o mais maravilhoso, que servirá de morada para Deus. Todavia, em Sua graça, o Senhor aceita a ideia de ter uma morada entre os homens. Esta possibilidade preconizou a encarnação, quando o Criador se tornou homem e nasceu em uma manjedoura, em Belém.

8.30 Como Deus estava presente no templo em Jerusalém, as orações deviam ser direcionadas àquele lugar (Êx 15.17; Dn 6.10).

8.31, 32 O primeiro pedido de Salomão aqui é por um julgamento justo. Em tais situações, onde havia provas insuficientes para se estabelecer uma acusação, o acusado era obrigado a fazer um juramento declarando a sua inocência.

8.33, 34 Pecado contra ti. O segundo pedido de Salomão é por perdão de pecados, pois o pecado contra Deus causara a derrota de Israel.

8.35-40 O terceiro e o quarto pedidos de Salomão foram para que Deus curasse a sua terra depois do sofrimento e da aridez devido ao pecado do povo (Dt 28.21-24, 38, 42, 52, 59-61). O “remédio” para casos deste gênero é o arrependimento e a oração por perdão, seguidos da fidelidade renovada aos padrões da aliança de Deus.

8.41-43 O quinto pedido de Salomão lida sobre a questão da oração feita por um estrangeiro. Diferente do povo de Deus e dos estrangeiros residentes na nação de Israel (Dt 10.18,19), os demais estrangeiros não eram ouvidos por Deus. Mas o povo de Deus acreditava que tais pessoas podiam se achegar ao Senhor por meio da prática da adoração a Ele.

8.44-53 O sexto e o sétimo pedidos envolvem assuntos relativos a tempos de guerra. A batalha (v.44) devia ser travada de acordo com as direções divinas (Dt 20; 21.10-14) e poderia ser perdida pela desobediência a Deus (Dt 28.64-68; Js 7). Os crentes devem enfrentar todos os momentos cruciais da vida com confiança em Deus, bem como com fiel aderência aos padrões da Sua Palavra (SI 91; 119.57-61,161-168,173-176).

8.54-59 Estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do SENHOR (v.54b). O relato paralelo de 2 Crônicas 6.12-42 conta que Salomão se ajoelhou sobre uma alta plataforma que ele tinha construído para a ocasião para que todos pudessem vê-lo orando diante de Deus.

O livro de Crônicas relata que Salomão fechou a sua oração com uma petição (SI 132.8-10); pediu-lhe que Deus continuasse a residir no meio do Seu povo e se lembrasse das Suas promessas a Davi (2 Cr 6.41,42). O escritor de Reis relata a dedicatória de Salomão abençoando a congregação de Israel, em que ele louva a Deus por dar ao povo o seu descanso (1 Rs 8.54-66; Dt 12.9-25), invoca a contínua presença de Deus, clama por direção para o Seu povo (v.5 7-60) e desafia Israel a ser leal a Deus e às Suas Leis (v.61). O livro de Crônicas acrescenta que a oração e a bênção de Salomão eram acompanhadas por fogo celestial que consumia o sacrifício do altar (2 Cr 7.1-3).

8.60 Todos os povos. Este versículo não limita Deus aos judeus somente, mas inclui também os gentios.

8.61 O termo hebraico traduzido como leal significa basicamente em paz com, logo, completo ou perfeito (1 Rs 11.4; 15.3,14).

8.62-66 A cerimônia se concluiu com muitos sacrifícios especiais (v. 62) e com muito louvor de alegria (v.66) e de ações de graças a Deus pela Sua bondade.

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