Significado de 2 Samuel 19
2 Samuel 19
Em 2 Samuel 19, o capítulo narra os eventos que ocorrem após a morte de Absalão e a vitória de Davi, incluindo a reação do rei, a reconciliação com o povo de Israel, e os encontros significativos com vários personagens importantes. Aqui está um resumo dos eventos principais:1. O Luto de Davi e a Reação de Joabe (2 Samuel 19:1-8):
- Davi lamenta profundamente a morte de seu filho Absalão, chorando e exclamando seu pesar: "Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera ter morrido em teu lugar! Absalão, meu filho, meu filho!"
- A notícia do luto de Davi chega ao exército, causando grande tristeza entre as tropas que haviam celebrado a vitória. Eles entram na cidade em silêncio, como se tivessem fugido de uma batalha.
- Joabe vai até Davi e repreende-o severamente, acusando-o de envergonhar seus homens que arriscaram suas vidas por ele. Joabe diz que Davi parece amar os que o odeiam e odiar os que o amam.
- Joabe insiste que Davi saia e encoraje suas tropas, caso contrário, todos os seus seguidores o abandonarão. Davi reconhece a verdade nas palavras de Joabe e se senta à porta da cidade. Quando as tropas ouvem que o rei está ali, vão se reunir em torno dele.
2. Davi Restaura a Unidade e é Reconduzido como Rei (2 Samuel 19:9-15):
- Em todo Israel, as pessoas começam a discutir sobre o retorno de Davi ao trono, lembrando-se de como ele os salvou dos filisteus e se perguntando por que ainda não o trouxeram de volta.
- Davi envia mensageiros aos anciãos de Judá, lembrando-os de que são seus parentes e pedindo que sejam os primeiros a trazê-lo de volta.
- Davi também oferece a Amasa, que havia sido comandante do exército de Absalão, a posição de Joabe como comandante do exército, em uma tentativa de ganhar a lealdade de Judá.
- Os homens de Judá respondem favoravelmente, enviando uma mensagem ao rei para que volte com todos os seus servos. Davi retorna e atravessa o Jordão, sendo recebido pelos homens de Judá em Gilgal.
3. O Perdão de Simei (2 Samuel 19:16-23):
- Simei, o benjamita que havia amaldiçoado Davi durante sua fuga, apressa-se para encontrar Davi com mil homens de Benjamim e Ziba, o servo de Mefibosete.
- Simei cai diante de Davi e pede perdão por seu comportamento anterior, reconhecendo que pecou.
- Abisai, filho de Zeruia, sugere que Simei seja morto por ter amaldiçoado o ungido do Senhor, mas Davi rejeita a sugestão, declarando que não haverá execuções naquele dia, e promete a Simei que ele não morrerá.
4. Encontro com Mefibosete (2 Samuel 19:24-30):
- Mefibosete, filho de Jônatas, também vai ao encontro do rei. Ele não havia cuidado de seus pés, nem aparado a barba, nem lavado suas roupas desde o dia em que Davi saiu até o dia em que voltou em paz.
- Davi pergunta a Mefibosete por que ele não foi com ele. Mefibosete explica que Ziba, seu servo, o enganou, não levando seu jumento, e acusou falsamente Mefibosete de traição.
- Davi, sem saber quem está dizendo a verdade, divide as terras de Mefibosete entre ele e Ziba.
- Mefibosete responde que está contente que Davi tenha voltado em paz e que Ziba pode ficar com tudo.
5. A Lealdade de Barzilai (2 Samuel 19:31-39):
- Barzilai, o gileadita, que havia provido sustento a Davi em Maanaim, vem para acompanhar o rei até o Jordão.
- Davi convida Barzilai a ir com ele para Jerusalém, onde cuidaria dele. Barzilai recusa, dizendo que está velho demais para desfrutar das benesses da corte, e sugere que seu servo Quimã vá em seu lugar.
- Davi aceita a proposta e promete cuidar bem de Quimã.
6. Controvérsia entre Judá e Israel (2 Samuel 19:40-43):
- Quando o rei atravessa o Jordão, acompanhado por todos os homens de Judá e metade dos homens de Israel, surge uma disputa entre as tribos de Israel e a tribo de Judá.
- Os homens de Israel reclamam que os homens de Judá roubaram o rei e não os incluíram no retorno de Davi.
- Os homens de Judá respondem que o rei é parente deles, mas as palavras deles são mais duras e contundentes que as dos homens de Israel, levando a uma crescente tensão entre as tribos.
Comentário de 2 Samuel 19
2 Samuel 19.1-3 — Então, a vitória se tornou, naquele mesmo dia, em tristeza para todo o povo. A incontrolável expressão de tristeza de Davi devido à morte de seu filho tornou a merecida comemoração da vitória num dia de luto, não tanto por Absalão em si, mas pela angústia que dominou o rei (2 Sm 18.33). A sentença o povo entrou às furtadelas na cidade é uma trágica descrição para o retorno de guerreiros vitoriosos. Como covardes que fugiram do campo de batalha, os soldados de Davi se arrastavam pela cidade de Maanaim (2 Sm 17.27), esperando que não fossem notados.2 Samuel 19.4 — Davi estava com o rosto coberto porque essa era uma expressão de luto (2 Sm 15.30). Suas palavras, meu filho, meu filho, que eram tão emocionantes quando anunciadas primeiro (2 Sm 18.33), começaram a soar de modo irritante quando repetidas muitas vezes.
2 Samuel 19.5, 6 — Envergonhaste a face de todos os teus servos. Joabe argumentou que, ao honrar seu filho rebelde e negligenciar seus soldados leais, Davi envergonhara e constrangera aqueles que o tinham servido tão bem. As palavras os que te aborrecem se referem, literalmente, a aqueles que te odeiam, e os que te amam, a aqueles que te amam. O termo capitães alude aos capitães do exército.
2 Samuel 19.7 — A sentença e fala conforme o coração de teus servos pode ser entendida como falar ao coração. Davi teria de dizer palavras de encorajamento, se ele esperava que suas tropas continuassem a apoiar sua liderança.
2 Samuel 19.8 — A porta era o primeiro lugar de encontro nas cidades antigas. Então, todo o povo veio apresentar-se diante do rei. Embora não tivesse sido diretamente estabelecido, o contexto indica que Davi seguiu o conselho de Joabe, expressando apreço às suas tropas fiéis e aos seus seguidores leais. Porém Israel fugiu cada um para as suas tendas. Esta observação aponta que a rebelião terminou e os apoiadores de Absalão retornaram para suas casas.
2 Samuel 19.9, 10 — O movimento para restituir o poder a Davi não era unânime. Alguns israelitas pensavam que, porque o rei havia fugido da terra, ele perdera o direito de reinar. Também pode ter havido o medo de que Davi quisesse vingar-se daqueles que deram apoio a Absalão.
2 Samuel 19.11 — Zadoque e Abiatar eram sacerdotes que haviam permanecido em Jerusalém, a pedido de Davi, durante a rebelião (2 Sm 15.24-29). Os anciãos de Judá estavam relutantes em chamar o rei de volta para Jerusalém talvez por terem tomado parte na rebelião de Absalão (2 Sm 15.10,11). Davi pediu aos seus amigos, os sacerdotes, que começassem o movimento de convidá-lo a retomar ao trono. Aparentemente, ele não queria voltar para Jerusalém sem o apoio público ao seu governo.
2 Samuel 19.12 — A denominação meus irmãos se refere aos anciãos de Judá (v. 11). Davi sabia que precisava do apoio de sua própria tribo e de seus respectivos líderes para reassumir o governo sobre a nação. Sem o total apoio deles, não haveria esperança para a reassunção de seu reinado.
2 Samuel 19.13 — Amasa, sobrinho de Davi, havia comandado o exército de Absalão (2 Sm 17.25). Davi lhe ofereceu o cargo de Joabe como chefe das tropas. Esta oferta tinha o objetivo de assegurar a aliança de Amasa e do exército rebelde, bem como de disciplinar Joabe por matar Absalão, contra as ordens de Davi (2 Sm 18.14,15).
2 Samuel 19.14 — Os atos diplomáticos de Davi foram efetivos, e ele foi convidado a retornar como rei. O fato de Davi ser um ungido do Senhor significava que Deus lhe asseguraria a reassunção do trono. Mas Davi não podia simplesmente esperar no exílio, numa terra estranha. Ele tinha de agir crendo que Deus continuaria a cumprir Sua vontade.
2 Samuel 19.15 — Gilgal, o primeiro lugar em que os israelitas acamparam após terem atravessado o Jordão (Js 4.19,20), ficava cerca de 1,6 Km de Jericó.
2 Samuel 19.16 — Simei, que havia amaldiçoado Davi quando este foi forçado a sair de Jerusalém, sem dúvida, temeu que o rei o punisse devido ao seu comportamento ultrajante (2 Sm 16.5-8). Simei se apressou em encontrar Davi para que pudesse corrigir-se.
2 Samuel 19.17 — Mil varões de Benjamim. Este grande contingente era um sinal muito bom para Davi de que as antigas hostilidades com a família de Saul haviam finalmente acabado. Ziba e seus filhos ficaram no Jordão para ajudar Davi e sua família a atravessar, passaram o Jordão adiante do rei.
2 Samuel 19.18 — Outra interpretação para barca é balsa, contendo a ideia de que “eles atravessaram no ponto mais raso do rio”.
2 Samuel 19.19 — Tão perversamente fez teu servo. A confissão de Simei mostrou arrependimento e tristeza genuínos. Ele não inventou desculpa alguma, não se justificou nem tentou explicar-se (compare com o comportamento de Saul em 1 Sm 13.11,12; 15.20,21).
2 Samuel 19.20 — A designação casa de José às vezes era empregada para se referir às tribos do norte (SI 78.67; Ez 37.16) desde Efraim, a tribo do filho de José (Gn 48.5,13-20), que era a maior e mais poderosa da região.
2 Samuel 19.21 — A bisai mais uma vez (2 Sm 16.9,10) pediu a morte de Simei por amaldiçoar um ungido de Deus (2 Sm 23.1).
2 Samuel 19.22, 23 — Que tenho eu convosco...? Frequentemente, Davi tinha de acalmar o impetuoso espírito de seu sobrinho (2 Sm 16.10). O rei havia poupado a vida de Simei antes por este o ter amaldiçoado; desta vez, Davi o fez novamente, por causa do arrependimento de Simei. A anistia garantida a este homem, não morrerás, estava condicionada, aparentemente, à sua contínua lealdade.
Pouco antes de Davi morrer, ele ordenou que Simei fosse morto por Salomão (1 Rs 2.8,9,36-46). O próprio Davi não pôde condenar Simei à morte por causa de seu juramento; porém, o filho do rei poderia fazer isso se houvesse um motivo para tal.
2 Samuel 19.24, 25 — Mefibosete era filho de Jônatas e neto de Saul (2 Sm 4.4;9.1-13). Ziba disse que Mefibosete, no tumulto da revolta de Absalão, buscou promover a causa de Saul (2 Sm 16.1-4). A negligência de Mefibosete em cuidar-se — não tinha lavado os pés — deve ter sido chocante. Ele pretendia que sua aparência física fosse um sinal de tristeza pela ausência de Davi.
2 Samuel 19.26-31 — Mefibosete reclamou que Ziba havia se aproveitado da situação, uma vez que ele não era capaz de selar e montar um jumento sem ajuda. Falsamente acusou o teu servo diante do rei. Neste ponto, Davi se deparou com um dilema. Quem estava dizendo a verdade — M efibosete ou Ziba?
Ao perguntar a Mefibosete por que ainda falas mais de teus negócios?, Davi achou que o assunto era muito complexo para chegar a uma conclusão. Então, o rei sugeriu: reparti as terras. Dessa forma, tanto Ziba como Mefibosete receberiam uma provisão generosa (2 Sm 16.14). As palavras finais de Mefibosete, tome ele também tudo, indicavam sua submissão à decisão de Davi.
2 Samuel 19.32-34 — Mui velho. Apesar de ter 80 anos, Barzilai provou ter sido de extraordinária ajuda para Davi quando este permaneceu exilado. Esta foi uma oportunidade para Davi retribuir a bondade desse homem. Barzilai não precisava de dinheiro, pois era mui rico. A oferta de Davi de dar-lhe uma pensão estava baseada na amizade leal de Barzilai para com o rei.
2 Samuel 19.35, 36 — Poderia eu discernir entre o bom e o mau? Não havia qualquer contraste entre a oportunidade que Davi ofereceu a Barzilai e a presente situação deste em Maanaim. Que diferença real a mudança faria na vida de Barzilai, uma vez que ele estava muito velho para usufruir dos prazeres da corte? Por ir um pouco além do Jordão com Davi, Barzilai realizou sua obrigação como um gracioso anfitrião.
2 Samuel 19.37, 38 — Quimã foi posteriormente identificado pelo historiador Josefo como filho de Barzilai (1 Rs 2.7). Em virtude de seu amor por Barzilai, Davi prometeu auxiliar Quimã, dizendo e tudo quanto me pedires te farei. Esta foi uma provisão parecida com a que Davi dera a Mefibosete, por causa de seu amor por Jônatas (cap. 9).
2 Samuel 19.39, 40 — O termo todo é figurativo. Significa que, como um todo, Judá apoiou Davi. A palavra metade quer dizer que o povo de Israel estava menos entusiasmado.
2 Samuel 19.41, 42 — Porque te furtaram nossos irmãos...? O povo de Israel estava aborrecido com o fato de os apoiadores de Davi em Judá terem se esforçado mais para conduzir o rei de volta do exílio à Transjordânia. Os homens de Judá sinalizaram que, embora tivessem uma relação com Davi por pertencerem à mesma tribo, eles nunca tinham levado vantagem por sua posição privilegiada.
2 Samuel 19.43 — O povo de Israel estava clamando por uma parte maior no reinado de Davi, já que o território do norte de Israel era formado por dez tribos. A palavra dos homens de Judá foi mais dura do que a palavra dos homens de Israel. Esta amargura entre as tribos de Israel e a tribo de Judá finalmente levaria à divisão da nação quando Salomão, o filho de Davi, morresse (1 Rs 12). Na situação presente, ameaçava irromper uma guerra civil, que aconteceria sob a liderança de Seba (cap. 20).
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