Significado de Jeremias 4
Jeremias 4
4.1 — O termo abominações ou objetos detestáveis geralmente é usado em relação à idolatria no Antigo Testamento (Jr 7.30). Não andarás mais vagueando implica que Israel, arrependido, não se afastaria de sua fé em Deus.
4.2 — Vive o Senhor. Essa expressão geralmente era utilizada em juramentos. Quando proclamada pelos fiéis à aliança, era um sinal de verdade, juízo e justiça. Esses três termos resumem as exigências ideais da aliança. São padrões pelos quais todo o povo, desde os reis até os escravos, seria e será julgado.
Nele se bendirão. O resultado da justiça e da retidão de Israel teria consequências internacionais. Veja a promessa de Deus a Abraão, em Gn 12.1-3, dizendo que outras nações seriam abençoadas por intermédio de seus descendentes.
4.3 — Campo de lavoura representa um solo ocioso, e não um campo preparado regularmente. Israel precisava de um novo campo no qual lançar as sementes da fidelidade, um afastamento radical do pecado e da idolatria.
4 .4 — Circuncidai-vos. A circuncisão era o sinal da aliança entre Israel e Deus (Gn 17.10-14). A intenção de Deus era a de que esse símbolo externo servisse como sinal de uma realidade no íntimo de total devoção a Ele (Dt 10.12-21). Indignação. A advertência rigorosa de Jeremias a respeito do julgamento é apresentada como ilustração de um fogo inextinguível (12.3). Se o povo não se arrependesse da malícia, a destruição viria.
4.5 — Jeremias anunciou o julgamento de Judá e de Jerusalém com o som estridente de uma trombeta, literalmente um shofar feito com chifre de carneiro. Esse era o instrumento utilizado para dar o alarme quando algum inimigo atacava a cidade.
4 .6 — Bandeira pode se referir a sinais de fogo que ligavam Jerusalém às fortalezas de Judá. Uma vez que o inimigo do norte não fora mencionado por Jeremias, o registro dessa profecia provavelmente foi realizado entre 622 e 609 a.C. Todos os inimigos de Israel, exceto o Egito, vieram do norte. Mais tarde, Jeremias identificou esse inimigo como sendo a Babilônia.
4.7 — A destruição viria como uma terrível surpresa, como um um leão [...] da sua ramada lançando-se repentinamente sobre sua presa. A desolação da terra e a deportação do povo seriam o resultado.
4.8 — Panos de saco era um tecido grosseiro utilizado como sinal de luto ou de tristeza (Jr 6.26). Ardor da ira. A ira de Deus viria como um fogo inextinguível.
4.9,10 — Mesmo Jeremias sentia-se sobrecarregado ao perceber o que Deus estava prestes a lançar sobre Jerusalém. Essa passagem indica a luta intensa que Jeremias enfrentou, em seu íntimo, ao proclamar a mensagem divina. Jeremias questionou a maneira de Deus lidar com o povo, afirmando que Ele havia iludido Seus filhos com uma mensagem de paz. Falsos profetas como Hananias falaram sobre um período de paz quando, na verdade, o que os aguardava era o desespero.
4.11,12 — O vento seco vinha dos desertos a oeste e ao sul de Israel, trazendo calor escaldante e nuvens de areia. Os ventos divinos do julgamento trariam destruição a Jerusalém, a filha de Deus. Essa última frase é particularmente tocante; Jacó é o filho de Deus, e Jerusalém, Sua filha (Jr 4.31; 6.2).
4.13 — Judá havia-se transformado no inimigo de Deus, e o Senhor iria valer-se dos inimigos da nação para discipliná-la. A ilustração de nuvens e carros descreve a amplitude e a velocidade do julgamento de Deus. O povo ficaria horrorizado ao ver seu destino.
4.14 — O termo hebraico traduzido como lavar é usado em Levítico e em Números para descrever a purificação de vestes que haviam sido maculadas por meio de conta to com objetos impuros ou doenças. A purificação do coração é fundamental para a salvação (Is 1.18-20).
4.15 — Dã. A cidade localizada mais ao norte de Israel. Dã foi conquistada por Tiglate-Pileser III em 733 a.C. e incorporada à província assíria. A cidade continuou ocupada ao longo do período de dominação dos assírios por remanescentes do reino do norte e por estrangeiros que ali se estabeleceram. Efraim ficava na região mais ao sul do reino de Israel. A mensagem é clara: assim como Israel havia sido subjugado, Judá também estava em perigo.
4.16,17 — Jeremias, o profeta para as nações, anunciou o ataque de inimigos estrangeiros que lançariam seus clamores de batalha contra Judá.
4.18 — A retribuição pela iniquidade que havia sido cometida é a maneira justa de Deus lidar com Seu povo. O mal e a amargura alcançam o coração — literalmente, a parte mais profunda de um indivíduo. O coração de Judá precisava ser purificado e transformado. Assim também deve acontecer com todas as pessoas. Judá não está sozinho aqui; ele é apenas o principal exemplo do Senhor.
4.19-22 — As confissões de Jeremias registradas nesses versículos refletem seu profundo conflito interno. Elas servem para mostrá-lo em luta com a realidade do pecado e da necessidade de Deus julgar o povo, contrastada com sua identificação em relação a seus conterrâneos em Israel e Judá. Afinal de contas, Jeremias era parte da nação; o que Deus estava prestes a lançar sobre Judá e Jerusalém afetaria Jeremias, seu povo e nações aliadas.
4.19,20 — Alma nesse trecho significa entranhas ou ventre, uma referência aos órgãos internos. No Oriente Médio antigo, as vísceras eram consideradas a fonte das emoções e dos sentimentos. O tema descreve a angústia no íntimo de Jeremias por causa da iminente destruição de Jerusalém. O verbo ruge descreve o gemido no coração do profeta ao ouvir o som das trombetas anunciando a destruição de Judá (Jr 4.5). A destruição de Judá estendeu-se por toda a terra, chegando até a cidade onde Jeremias morava, aumentando ainda mais suas dificuldades.
4.21 — Até quando? Muitas vezes, o profeta clamava perguntando até quando? (SI 13.1, 2). Até quando Deus iria adiar o julgamento? Jeremias se pergunta até quando teria de suportar a angústia ao ouvir o clamor da batalha. Neste e em outros incidentes semelhantes, percebemos o profundo sentimento de Jeremias. Os profetas de Israel não registravam palavras de julgamento destituídos de qualquer sentimento. As mensagens primeiramente os afetavam; somente depois disso eram capazes de transmitir as declarações sobre o futuro da nação de maneira adequada.
4.22 — O termo louco descreve o caráter do povo. Os termos néscios e louco são contrários a conhecimento e inteligência. Deus descreve Seu povo como crianças insolentes. Eles eram sábios em relação aos caminhos do mal, mas totalmente ignorantes no que dizia respeito ao bem fazer.
4.23-28 — Jeremias compara a situação em Judá com o inverso da criação de Deus. O pecado havia transformado a terra em um local desolado, como um mar sem terra, um mundo sem luz e um deserto sem animais.
4.23 — Assolada e vazia. Essa expressão hebraica é a mesma utilizada em Gn 1.2 para descrever o caos existente antes de a ordem ser estabelecida no cosmos.
Não tinham a sua luz. O profeta falou a respeito das trevas como sendo parte do julgamento de Deus sobre o mundo. Aqui, a falta de luz descreve os efeitos desastrosos do pecado sobre a criação, principalmente sobre a terra de Judá.
4.24,25 — Símbolos de estabilidade e de força podem ser abalados como por um terremoto. As aves iriam desaparecer assim como Oseias havia proclamado (Os 4.3). Em Gênesis 1, a criação das aves do céu descreve o cumprimento do processo criativo. Em Jeremias e Oseias, o desaparecimento dos pássaros simboliza a destruição da criação.
4.26 — O termo fértil refere-se à região do monte Carmelo, onde havia vinhedos, oliveiras e carvalhos. O termo é utilizado de modo figurativo para simbolizar a produtividade da terra como um jardim de Deus. Entretanto essa também seria transformada em deserto, ou seja, uma terra improdutiva e desolada.
4.27 — Assolada diz respeito à devastação de Judá como resultado de sua infidelidade. Entretanto, a terra não seria totalmente destruída. Ainda havia um resquício de esperança. Deus se lembra de Sua misericórdia em meio à ira.
4.28 — Os céus enegrecidos fazem uma ligação das trevas com o julgamento de Deus. O verbo arrependi faz um paralelo com nem me desviarei disso. O julgamento de Deus sobre o pecado e a rebelião não pode ser evitado (Nm 23.19).
4.29 — A destruição por parte de exércitos estrangeiros é concentrada nas cidades, onde estavam os focos de insurgência e de atividade econômica. As cidades seriam abandonadas pois o povo fugiria, com medo.
4.30 — Em vez de se voltar ao Senhor em seu período de desespero, Judá retorna às práticas idólatras que haviam causado aquela situação desastrosa. Adornar a si mesmo com carmesim, ouro, e pintura em volta dos olhos representa o ato de sedução de uma prostituta em relação a seus clientes. O termo em hebraico traduzido como amantes descreve a história de Israel e de Judá em seu envolvimento com a prostituição física e espiritual.
4.31 — Deus chama ao arrependimento; a voz do povo clamava em angústia e desespero, mas não ao Senhor, seu Salvador.
Filha de Sião. Esse termo é uma maneira carinhosa de descrever Jerusalém como a filha amada de Deus (Jr 4-11; 6.2). O uso desse termo em um contexto tão terrível serve para destacar a condição deplorável em que os israelitas se encontravam.
Estende as mãos. Essa expressão ilustra a agonia da morte iminente de Jerusalém. Minha alma desmaia sugere palavras de um moribundo em agonia e desespero. Os amantes de Judá haviam-se transformado em seus assassinos.
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Um comentário:
Eu gostei muito,bem detalhado é o que realmente procurava .
Obrigado
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