Significado de Jó 6

Jó 6

Jó 6 apresenta a primeira resposta direta de Jó a seus amigos, na qual ele expressa seu profundo desespero e angústia por seu sofrimento. Jó critica as tentativas de seus amigos de fornecer conforto e explicação para seu sofrimento, argumentando que eles só estão piorando sua dor. Ele também expressa sua frustração com Deus e a aparente falta de justiça no mundo.

Um dos temas-chave do capítulo 6 é a natureza do luto e as formas pelas quais as pessoas vivenciam e expressam sua dor. A resposta de Jó demonstra o intenso impacto emocional e psicológico que o sofrimento pode causar em uma pessoa e destaca a importância de permitir que as pessoas expressem sua dor e sofrimento à sua própria maneira. Isso levanta questões importantes sobre o papel da empatia e da compaixão em tempos de sofrimento e as maneiras pelas quais as pessoas podem apoiar umas às outras em tempos difíceis.

Outro tema importante do capítulo 6 é a tensão entre fé e dúvida em tempos de sofrimento. Jó expressa sua frustração com Deus e questiona a justiça e a bondade de suas ações, mesmo continuando a acreditar em sua existência e poder. Essa tensão destaca a natureza complexa e nuançada da fé e levanta questões importantes sobre as maneiras pelas quais as pessoas reconciliam suas crenças com as difíceis realidades do mundo.

Em resumo, Jó 6 é uma exploração poderosa e emocional da natureza do sofrimento e da dor. A resposta de Jó destaca a importância de permitir que as pessoas expressem sua dor à sua maneira e levanta questões importantes sobre o papel da empatia e da compaixão em tempos de crise. Ele também explora a tensão entre fé e dúvida e as maneiras pelas quais as pessoas tentam reconciliar suas crenças com as duras realidades do mundo.

Comentário de Jó 6

6.1 Quando Jó respondeu, ele não se dirigiu diretamente a Elifaz. Talvez por isso o texto não especifique o nome deste aqui. Jó respondia aos seus três amigos ao mesmo tempo, não a apenas um deles (Jó 6.24-30). Eles, por sua vez, não respondiam uma questão de cada vez. Consequentemente, o diálogo não aparenta ser uma conversa entre amigos, mas um debate, discurso competitivo em que um tenta impressionar o outro com a sua retórica.

6.2, 3 Jó emprega tal expressão proverbial por acreditar realmente que, se sua mágoa e miséria fossem pesadas em uma gigantesca balança, pesariam mais que toda a areia dos mares. (A última palavra, também no plural, no hebraico, ressalta a enormidade desse peso.) Ao enfatizar sua mágoa descomunal [hb. ka’as, vexação, mágoa], ele emprega o mesmo termo utilizado em Provérbios 27.3, quando o sábio afirma: Pesada é a pedra, e a areia também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas ambas; e em Jó 5.2, quando Elifaz argumenta que a ira [hb. ka’as] destrói o louco. Embora admita que essa mágoa era opressiva, nega implicitamente ser um louco porque suas palavras foram inconsideradas (v. 3).

6.4 O sofrimento de Jó era tão intenso que ele o retratou como o provocado por flechas do Todo-poderoso embebidas em ardente veneno. As flechas do Senhor geralmente simbolizavam o Seu julgamento (Dt 32.23,42) ou a Su a ira (SI 38.1,2). Jó também presumia que Deus precisava recompensar os obedientes e castigar os ímpios nesta vida, e por isso conjecturou que o Senhor o estivesse castigando de forma injusta.

6.5-7 Jó recusa (v. 7) o conselho repugnante (comida fastienta) de Elifaz por meio de duas perguntas retóricas que expõem o absurdo de sua reação exagerada às palavras de Jó. No versículo 5, ele sugere que seus altos brados de sofrimento não carecem de motivo, como o zurrar de um jumento ou o berrar de um boi. No versículo 6, a frase na clara do ovo reflete uma locução hebraica de sentido incerto que pode fazer parte de algum provérbio. Alguns creem que ela se refere à seiva de uma determinada planta.

6.8-10 Embora a tradução exata seja um tanto controversa, o versículo 10 parece indicar que Jó estava mais preocupado em preservar sua relação com o Santo do que convencer Deus a acabar com sua dor e seu tormento por meio da morte (v. 8,9).

6.11, 12 Em sua infelicidade, quando Jó perguntou: E de cobre a minha carne?, esqueceu-se de uma grande verdade: Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó (SI 103.14).

6.13 A pessoa desanimada sente que não há saída para ela; todos os seus recursos se esgotaram — ela não tem auxílio.

6.14 O significado exato do termo hebraico traduzido como aflito é incerto. Pode significar derreter; assim, a ideia seria fracassado ou desesperado. O versículo 14 parece ser de transição, fazendo um elo entre o desespero de Jó, demonstrado nos versículos 8-13, e o seu desapontamento, descrito nos versículos 15-21.

6.15-17 Como seus amigos são chamados de meus irmãos, parece que Jó já tivera relacionamento mais profundo com eles. Isso apenas intensificou o desapontamento que ele sentiu. Jó os compara a ribeiros que passam, ou seja, torrentes de água que enchem as ravinas na estação de chuvas e no verão se desfazem.

6.18 A palavra caminhos conclui a metáfora das ravinas vazias, que ficam após os ribeiros sazonais chamados de wadis (v. 15-18), e faz a ponte para a próxima seção (v. 19).

6.19, 20 Jó compara a sua intensa decepção com seus amigos aos caminhantes sedentos de Temá e aos passageiros de Sabá, cujas esperanças de encontrar água foram estilhaçadas ao depararem-se com os rios secos. Temá e Sabá ficavam respectivamente ao norte e ao sudeste da Arábia. Essas caravanas e viajantes seriam familiares para os seus amigos, já que a história de Jó tem grande probabilidade de ter ocorrido perto de Edom, no norte da Arábia.

6.21 Quando Jó esperava ser ajudado por seus três amigos, eles nada ofereceram. Era como um wadi nas regiões desérticas, um riacho sazonal que desaparece na época de maior carência.

6.22, 23 A resposta para todas as perguntas é não. Jó pedia a seus amigos somente compreensão e preocupação, mas até nisso eles o desapontaram.

6.24-26 Jó insiste que seus supostos conselheiros sejam mais compreensivos, em vez de argumentativos. O comportamento dos amigos se corrompe, pois por meio de argumentos e censuras reagem exageradamente às palavras de Jó, que, como ele próprio admite, são como vento. Um conselheiro deve estar disposto a lidar com reações exageradas de quem sofre e não responder de forma passional. O sofredor muitas vezes precisa de um amigo que o ouça com compreensão, em vez de um juiz que só se preocupa em censurá-lo.

6.27, 28 Os verbos em hebraico deste versículo (v. 27) são de difícil tradução. Mas a mensagem parece bem clara. Jó percebe que seus amigos o atacam quando está caído, à maneira daqueles que se aproveitam de órfãos.

6.29, 30 A palavra iniquidade repetida nestes versículos é a mesma usada por Elifaz em Jó 5.16. Ele disse que Deus livra o necessitado (Jó 5.12-15) das armadilhas do ímpio, para que haja esperança para o pobre; e a iniquidade tapa a sua própria boca. Jó reage, deixando implícito que as palavras de Elifaz são iníquas para com ele que está passando necessidade (Jó 6.14-21), pois presumem que Jó seja um ímpio.

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