Significado de Josué 8

Josué 8

Josué 8 relata a redenção de Ai e a captura vitoriosa da cidade pelos israelitas. Após o revés em Ai devido ao pecado de Acã, Deus instrui Josué sobre um plano estratégico para a conquista da cidade. Os israelitas devem armar uma emboscada, com uma parte do exército posicionada atrás da cidade enquanto o restante enfrenta Ai abertamente.

Josué executa o plano de Deus meticulosamente. Enquanto o povo de Ai persegue os israelitas, sem saber da emboscada, Josué sinaliza para as tropas escondidas entrarem e capturarem a cidade. A estratégia dá certo e a cidade é tomada sem resistência. O rei de Ai é capturado e executado, e a cidade é destruída.

Após a vitória, Josué constrói um altar no Monte Ebal, por ordem de Moisés, onde o povo oferece sacrifícios e renova seu compromisso com a aliança de Deus. As bênçãos e maldições da lei são lidas, servindo como um solene lembrete das consequências da obediência e da desobediência.

Josué 8 enfatiza a importância de buscar a orientação de Deus e confiar em Suas estratégias para o sucesso. O capítulo mostra a importância de aprender com os erros do passado e abordar o pecado para recuperar o favor de Deus. A vitória em Ai restaura a confiança dos israelitas, reafirma a liderança de Josué e demonstra que a conquista da Terra Prometida é possível por meio da fé, obediência e confiança na sabedoria de Deus.

Comentário de Josué 8

Josué 8:1-29 A vitória sobre Ai foi a primeira vitória verdadeiramente militar de Israel na terra. Deus não estava mais irado com a nação, visto que a expiação do pecado fora feita, e a tarefa agora era continuar com a conquista. Assim, Ele deu a cidade de Ai nas mãos dos israelitas, que a conquistaram por meio de uma elaborada emboscada.

Josué 8:1 As palavras não temas e não te espantes são o eco daquelas que Deus usou para encorajar Josué no versículo 9 do capítulo 1 deste livro. Os pecados de Acã quebraram a relação especial que Deus havia estabelecido com Seu povo, e, então, Deus reiterou Seu encorajamento a Josué. Essas palavras reforçam a declaração de Josué 7.26, de que Deus perdoara Israel, de que Ele se afastou do fogo de sua ira [NVI] .

O termo mais comum para gente de guerra é homens de guerra (Js 5.4, 6). Ao que tudo indica, esta expressão enfatiza a unidade de toda a nação na batalha, mesmo que, provavelmente, apenas os homens de fato lutassem. Que te tenho dado. Esta expressão mostra que a conquista da cidade era certa, porque esta era a vontade de Deus.

Josué 8:2 Ao contrário das instruções dadas sobre Jericó (Js 6.17-19), desta vez permitiu-se que os israelitas pegassem e guardassem para si os despojos da guerra. Se Acã tivesse sido menos ganancioso, ele também poderia ter participado deste momento. Entretanto, os israelitas ainda tinham o dever de exterminar os habitantes de Ai.

Josué 8:3-13 Em face da guerra, este trecho bíblico, ao que parece, descreve duas forças de emboscada enviadas em dois diferentes dias (v. 3-9 e 10-13; especialmente v. 3, 12). Entretanto, isso não está de acordo com as instruções de Deus no versículo 2 e apresenta a particular dificuldade de ter-se uma primeira força de emboscada de 30 mil homens (v. 3), sendo obrigados a passar duas noites e um dia escondendo-se perto de Ai sem serem notados pelos moradores locais (v. 3, 9, 13). Note também que toda a população do lugar, de acordo com o versículo 25, era de apenas 12 mil pessoas. É bastante provável que tenha havido apenas uma força de emboscada. Nesse caso, a melhor maneira de entender a passagem é ver os versículos 11 a 13 como um parêntese à parte, que recapitula os acontecimentos já descritos nos versículos 3 a 9. Desta forma, a sequência de acontecimentos seria como se segue: Josué seleciona um grupo de cinco mil homens para a emboscada a oeste de Ai, conforme Yahweh instruiu (v. 2-4, 12, 13). Depois, envia-os para o local (v. 9), e fica junto com a força militar (gente de guerra) com o objetivo de ficarem posicionados ao norte da cidade (v. 11). O próprio Josué passa a noite com estes homens (v. 9, 13). Ele e o povo partem para Ai na manhã seguinte (v. 10).

Josué 8:4-6 Um grupo seleto de homens deveria pôr emboscadas por detrás da cidade, isto é, a oeste. O grupo principal ficaria posicionado ao norte da cidade (v. 12, 13).

Josué 8:7 O Senhor, vosso Deus, vo-la dará na vossa mão. Neste trecho bíblico, como em todas as partes dos livros históricos, as vitórias militares são atribuídas a Deus. Israel dependia completamente do Senhor para obter o sucesso na batalha.

Josué 8:8 Após a desobediência no capítulo 7, a obediência estrita era importante neste momento. Josué urgiu os israelitas que obedecessem aos comandos de Deus, e o povo concordou (v. 2, 8, 27).

Josué 8:9-13 Os cinco mil homens formavam a força de emboscada posicionada a oeste da cidade (v. 3, 12). O maior contingente de guerreiros ficou ao norte. Ao que tudo indica, Josué passou a noite com o povo, do outro lado do vale que os separava de Ai (v. 11), mas durante a noite ele saiu de lá e foi ao vale, preparando-se para os eventos do dia (v. 13).

Josué 8:14, 15 Pelo caminho do deserto. Esta expressão pode meramente indicar que os homens de Ai fugiram desordenadamente em direção ao deserto. A mesma expressão é encontrada novamente em um contexto similar, em que a coalizão de israelitas preparou uma emboscada para os benjamitas em Gibeá (Jz 20.42). Além disso, a expressão ocorre em outro trecho, Êxodo 13.18, referindo-se à rota que Israel tomou do Egito ao longo do deserto.

Josué 8:16, 17 Betel é uma importante cidade na Bíblia. Possui uma história que remete aos tempos patriarcais, pois lá Abraão ofereceu sacrifício ao Senhor (Gn 13.3) e Jacó teve um sonho vindo de Deus (Gn 28:10-22). Betel ficava perto de Ai pelo oeste (Js 7.2), embora o lugar exato seja alvo de discussões. Os habitantes de Betel saíram de sua cidade, a fim de ajudar os homens de Ai. Considerando que a emboscada israelita estava entre Betei e Ai, os moradores de Betel podem ter se sentido ameaçados pelos guerreiros de Deus. Ou, talvez Ai fosse um posto avançado da cidade maior, Betel (Js 7.3), e um ataque a Ai era entendido como um ataque a Betel. O texto não registra a destruição de Betel, embora seu rei esteja listado dentre aqueles derrotados por Josué (Js 12.16). Pode ser que, na conquista de Ai, Betel também tenha sido conquistada e não se fez necessária nenhuma referência adicional.

Josué 8:18 Deus disse a Josué para estender a lança em direção à cidade, a fim de começar o ataque. Evidentemente, este sinal foi transmitido de alguma forma para aqueles que estavam em posição de emboscada (v. 19).

Josué 8:19 Dentre todas as cidades que Israel derrotou, houve apenas três registros de locais incendiados: Jericó (Js 6.24), Ai (Js 8:19) e Hazor t Os 11.11). O povo de Israel deveria viver e desfrutar das cidades da terra. A maioria das batalhas travadas pelos israelitas dava-se nos campos. Eles geralmente não destruíam as cidades.

Josué 8:20-23 Os israelitas deveriam tratar o rei; de Ai exatamente como trataram o rei de Jericó: (v.2) O capítulo 6 não especifica o que eles fizeram com o rei de Jericó, mas podemos deduzir, por causa de Josué 8:29, que o mataram e expuseram seu corpo de uma forma humilhante.

Josué 8:24-26 Josué não retirou a sua mão. Esta expressão mostra que Josué manteve seu braço altivo, empunhando a lança, até que a derrota de Ai estivesse completa. A lança erguida era mais do que um sinal do começo da batalha, era também um símbolo da presença e do auxílio de Deus na luta (v. 1). Esse episódio tem um paralelo muito próximo com a narrativa de Êxodo 17.8-16, em que os israelitas lutaram contra os amalequitas e Moisés ergueu suas mãos segurando a vara de Deus (Ex 17.9). Nesta passagem, os braços alçados de Moisés representavam a presença de Deus, pois a batalha ficava a favor de Israel quando os braços de Moisés estavam levantados, e contra o povo de Deus no momento em que o profeta se cansava e abaixava as mãos. A repetição deste fato com Josué mostra mais uma vez que este era o merecido sucessor de Moisés (Js 1.1, 5; 24.29). Perceba que Josué era o líder militar quando Moisés ergueu suas mãos, e agora ele estava na posição de seu antigo guia enquanto os outros continuavam a batalha.

Josué 8:27 Deus tinha deixado claro que os israelitas poderiam tomar os despojos da cidade e seus animais (v. 2), mas nada além disso. A expressão conforme a palavra do Senhor indica que eles executaram Suas instruções, incluindo o tratamento aplicado ao rei de Ai (v. 29).

Josué 8:28 A palavra montão faz referência a um monte de ruínas. Antigas cidades eram geralmente construídas sobre os pontos mais altos da terra, perto de fontes de água, e, quando um povoado era destruído, erguia-se uma nova cidade no mesmo lugar, em cima dos escombros compactados e assentados da antiga cidade. Assim, ao longo do tempo, cidades foram construídas no topo de amontoados extensos e comprimidos de ruínas. Ai não foi reconstruída. Desta forma, permaneceu como um monte de destroços. A palavra hebraica (tel) para monte é encontrada apenas em alguns lugares na Bíblia (Js 8:28; Dt 13.16; 11.13; Jr 30.18; 49.2), e tais lugares são nomeados nas Escrituras como Tel-Melá e Tel-Harsa (Ed 2.59) ou Tel-Abibe (Ez 3.15). O equivalente árabe da palavra tel é usado hoje como parte dos nomes de muitos lugares em Israel. A palavra Ai, propriamente, quer dizer ruína, assim o julgamento implícito em seu nome torna-se agora explícito neste jogo de palavras.

Josué 8:29 Conforme Deus havia ordenado (v. 27), Josué executou o rei de Ai e expôs seu corpo em um madeiro (veja uma ação similar em Js 10.26). Entretanto, o corpo foi retirado de lá ao pôr-do-sol, de acordo com a ordenança em Deuteronômio que dizia que o cadáver não poderia ser exposto durante a noite. Nestes textos, enforcar quer dizer expor o corpo atravessado por uma estaca afiada de madeira como um símbolo de vergonha e horror, e não pendurá-lo pelo pescoço.

O destino do rei neste versículo foi igual ao de Acã, em Josué 7.26. Deus não beneficiava Seu próprio povo quando ele desobedecia de modo insolente. O Senhor muito menos favorecia os perversos cananeus. Por causa de seu pecado, Acã foi expulso de Israel e tratado como um legítimo cananeu.

Um grande montão de pedras. Uma palavra hebraica diferente do versículo 28, mas que corresponde a monte, é usada nesta expressão, e a conexão entre elas é clara; possuem o mesmo sentido.

Josué 8:30-35 A vitória em Jericó, a derrota e o subsequente sucesso em Ai representavam importantes acontecimentos de tomada da terra. Vitórias posteriores, mesmo que tivessem sido tão dramáticas quanto as anteriores, receberam menos atenção individual na narrativa (capítulos 10 e 11).

Josué 8:30 Monte Ebal é mencionado apenas aqui e em Deuteronômio 11.29 e 27.4, 13. O monte Ebal e o monte Gerizim, este localizado diretamente ao sul do primeiro, foram os lugares usados para a proclamação das bênçãos e das maldições quando os israelitas chegaram a Canaã. Mais especificamente, o Ebal foi o local onde se proclamaram as maldições (Dt 11.29). Neste versículo, indica o lugar da edificação de um altar. Ebal e Gerizim são dois importantes picos na parte central de Canaã flanqueando uma passagem leste-oeste ao longo do território montanhoso centro-norte. Quase toda a Terra Prometida pode ser vista do topo do monte Ebal.

Josué 8:31 Como Moisés, servo do Senhor, ordenou. Esta expressão é outro exemplo explícito do cumprimento das palavras de Deus. Os israelitas desobedeceram de tal forma que desta vez quiseram se certificar de que fariam tudo certo. (Veja também Dt 27.2-10, para obediência aos mandamentos do Senhor.)

Um altar de pedras inteiras faz referência às pedras brutas (Dt 27.4), conforme as instruções anteriores de Deus acerca da construção dos altares (Êx 20.25). As pedras brutas contrastavam com as pedras trabalhadas encontradas em muitos altares cananeus. Isto era um lembrete de que, mesmo em cerimoniais tais como as ofertas de sacrifícios, os israelitas eram diferentes ou distintos de seus vizinhos.

Os holocaustos consistiam em sacrifícios nos quais os animais eram consumidos totalmente pelo fogo (Js 7.1-10; Êx 29.18; Lv 1.1-17). Designavam-se sacrifícios pacíficos as ofertas em que porções dos animais sacrificados deveriam ser alegremente consumidas por aqueles que as apresentaram (Js 7.11-21; Lv 3.1-17).

Josué 8:32 Josué escreveu, em público, uma cópia da lei nas pedras, o que estava em consonância com as instruções dadas a quem fosse rei e registradas em Deuteronômio 17.18: Mesmo que Josué não fosse um rei, várias indicações no livro mostram-no em uma posição de majestade, agindo com a autoridade de um rei e da forma que se esperava que um monarca agisse (Js 1.5-9; Dt 17.14-20).

Josué 8:33 Aqui, a palavra hebraica para estrangeiros poderia, mais precisamente, ser traduzida como estrangeiro residente. O vocábulo faz referência àqueles estranhos que viviam como habitantes permanentes dentre Israel. Estes indivíduos diferenciavam-se dos forasteiros que tinham um contato aleatório com o povo de Deus, tais como viajantes e negociantes, os quais possuíam poucos direitos dentre Israel (Êx 12.43; Lv 22.10, 25). Os estrangeiros residentes desfrutavam de certas prerrogativas, mesmo que não fossem israelitas de nascença. Permitia-se que eles apanhassem as uvas dos campos (Lv 19.10; 23.22), e os israelitas eram insistentemente instruídos a dar atenção especial a tais indivíduos, e também aos pobres, às viúvas e aos órfãos (Êx 22.21; 23.9; Dt 10.17-22; 23.7). Isto é parte da mensagem missionária do Antigo Testamento: Israel deveria tratar os estrangeiros que viviam em suas fronteiras de forma que eles desejassem um relacionamento com o Deus dos israelitas. Esse conceito é válido para os cristãos de hoje, bem como sua aplicação nas relações com amigos, vizinhos e companheiros de trabalho. Os cristãos devem conduzir a vida de maneira que esta possa mostrar seu Deus para todas as pessoas (Mt 5.16). Neste versículo, vemos os estrangeiros junto com os israelitas na cerimônia de renovação da aliança.

Josué 8:34, 35 Esta foi a primeira leitura pública do livro da Lei, de tudo o que Moisés ordenara, após a morte deste profeta.

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