Significado de Mateus 13

Mateus 13

Mateus 13 contém várias parábolas que Jesus usa para ensinar sobre o reino dos céus. O capítulo começa com a Parábola do Semeador, na qual Jesus descreve como a semente (a palavra de Deus) cai em diferentes tipos de solo (representando diferentes respostas à mensagem do evangelho).

Em seguida, Jesus conta a Parábola do Trigo e do Joio, na qual um lavrador semeia boa semente, mas um inimigo vem e semeia joio entre ela. O agricultor opta por deixá-los crescer juntos até a colheita, quando o trigo será separado do joio.

Jesus então compartilha as Parábolas do Grão de Mostarda e do Fermento, ambas as quais enfatizam os pequenos começos do reino dos céus que eventualmente crescerão em algo grande.

O capítulo termina com as Parábolas do Tesouro Escondido e da Pérola de Grande Valor, nas quais Jesus descreve o valor do reino dos céus e encoraja seus ouvintes a desistir de tudo para obtê-lo.

Ao longo de Mateus 13, Jesus usa imagens vívidas e narrativas para transmitir verdades importantes sobre o reino dos céus. Ele enfatiza a importância de ouvir e entender a palavra de Deus, e a necessidade de priorizar o reino acima de tudo.

Comentário de Mateus 13

Mateus 13:1-58 Os capítulos 12 e 13 do evangelho de Mateus são essenciais para entendermos seu evangelho, porque eles nos levam ao divisor de águas do ministério de Jesus. No capítulo 12, a incredulidade de Israel chega ao clímax com o pecado de negar o Messias. O capítulo 13 continua com a resposta de Cristo à incredulidade deles. Essa blasfêmia dos líderes religiosos no capítulo 12 é vista por Jesus como a rejeição oficial de Sua obra messiânica, o que o levou a rejeitá-los também. Depois disso, Jesus teve um grande desafio pedagógico ao ter de ensinar essa mudança a Seus discípulos mais chegados, e então explicá-la à multidão que o seguia. Seus seguidores enfrentaram um dilema: como Ele poderia ser o Messias já que fora rejeitado pelos líderes religiosos? E como isso afetaria o propósito de Seu Reino? Para resolver esses grandes problemas, Jesus recorreu às parábolas. Parábola é uma espécie de alegoria que retrata basicamente uma verdade central, a qual pode ser ilustrada por vários acontecimentos ao longo da história.

Mateus 13:1-3 E falou-lhe de muitas coisas por parábolas. O método de ensino por parábolas, comumente usado pelos rabinos, utilizava cenas reais do dia-a-dia para ensinar novas verdades sobre o Reino.

Mateus 13:4 Uma parte da semente caiu ao pé do caminho. A semente lançada no chão endurecido pela passagem de muitas pessoas e animais não pode penetrá-lo, ficando à mercê dos pássaros.

Mateus 13:5, 6 Pedregais faz alusão ao solo que não é profundo por estar em meio às rochas. A fina camada de terra acelera o crescimento da semente sob o sol escaldante, mas a planta só consegue sobreviver por pouco tempo, porque o solo não é muito profundo.

Mateus 13:7 Entre espinhos faz menção de um bom solo, mas ocupado por ervas daninhas.

Mateus 13:8 Boa terra significa um solo arado e bem cuidado/que produz uma farta colheita.

Mateus 13:9 A declaração quem tem ouvidos para ouvir, que ouça vai além da audição humana e expressa uma percepção espiritual da verdade. Isso levou os discípulos a perguntar a Jesus por que Ele lhes falava por parábolas. Embora Ele já tivesse usado parábolas para ilustrar Seus ensinamentos, agora elas formavam a base de Sua mensagem.

Mateus 13:10-15 Porque a vós é dado conhecer [...], mas a eles não lhes é dado. O objetivo dessa parábola era, ao mesmo tempo, revelar a verdade (Mt 13:11) e ocultá-la (Mt 13:13). O fato de Jesus ocultar a verdade serviu como juízo para os incrédulos, como aconteceu durante o ministério de Isaías (Is 6.9, 10).

Mateus 13:11 Os mistérios do Reino dos céus. A palavra mistério representa a verdade que não foi revelada antes (Rm 16.25, 26). O fato é que a mensagem do Reino começou a ser pregada em Mateus 3.1 sem nenhuma explicação adicional. Não havia necessidade disso, pois ela já havia sido ampla e repetidamente explicada no Antigo Testamento. Jesus também já se havia referido à chegada do Reino profetizada no Antigo Testamento, mas a expressão os mistérios do Reino dos céus se aplica às novas verdades do Reino prometido. O Reino estava próximo, e o Messias estava sendo rejeitado. Agora era hora de Jesus falar aos discípulos por meio de parábolas para ensinar-lhes algumas verdades do Reino de Deus que ainda não haviam sido reveladas até aquela altura. Já que Israel rejeitou seu Rei, os planos do Reino de Deus tomariam outro rumo, e por tempo indeterminado. Isso é chamado de período médio do Reino.

Mateus 13:12-17 Aquele que tem se dará. Assim como rejeitar a verdade traz cegueira, aceitá-la de bom grado traz grande entendimento (Lc 8.16- 18). Esse princípio se aplica aos líderes religiosos de Israel no que diz respeito ao cumprimento de muitas profecias do Antigo Testamento, principalmente Isaías 6.9, 10. Ao rejeitarem a mensagem de Jesus, os líderes religiosos ficaram cegos e não puderam entender a natureza espiritual do Reino. Foi assim que as parábolas de Jesus se tornaram uma ferramenta eficaz para revelar a verdade aos fiéis e ocultá-la daqueles que a rejeitaram. Como vemos em Marcos 4-11, 12, as parábolas de Jesus revelavam as verdades de Seu Reino assim como a incredulidade de muitos.

Mateus 13:18-23 A parábola do semeador (que ao todo vai dos versículos 3 ao 23) não traz nenhuma verdade nova; o que está escrito nesse texto sempre foi válido. As diferentes respostas à verdade sempre foram semelhantes a esses tipos de solo. Qual é então o propósito dessa parábola? Ela serve como introdução a uma série de parábolas. A produtividade do solo e o que colheremos sempre dependem daquilo em que cremos. Jamais podemos receber além do que cremos, e não podemos crer no que não entendemos (At 8.30, 31). O segredo não está só na Palavra então, mas na preparação do solo para recebê-la (Tg 1.9-21).

Mateus 13:24 O Reino dos céus é semelhante. Essa frase apresenta uma nova verdade sobre a vinda do Reino. Porém, a forma em que ela é introduzida não significa que o Reino se identifique exatamente com um homem que semeia, um grão demostarda (Mt 13:31) o u o fermento (Mt 13:33). Tais figuras são usadas apenas para ilustrar certas verdades sobre o Reino encontradas na história. A parábola foi contada basicamente com a intenção de ensinar algo específico, e não seu significado em detalhes.

Mateus 13:25-30 Veio o seu inimigo, e semeou o joio. O joio se parece muito com o trigo, mas é prejudicial ao homem. Todavia, o joio e o trigo só podem ser distinguidos quando o grão finalmente brota. Os fazendeiros então separam o joio do trigo antes da colheita. Até a volta de Cristo, tanto os verdadeiros quanto os falsos cristãos permanecerão juntos.

Mateus 13:31, 32 O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda. A parábola do joio e do trigo (Mt 13:24-30) revela que o Reino de Deus será precedido por um tempo em que os bons e os maus viverão juntos. A parábola do grão de mostarda afirma que, durante esse período, o número de pessoas que herdarão o Reino será muito pequeno, a princípio. Todavia, embora o Reino tenha início como a menor de todas as sementes, ele crescerá e superará em muito seu tamanho inicial. As aves do céu não representam o mal como na parábola do semeador (Mt 13:4, 19). No Antigo Testamento, uma árvore grande e frondosa capaz de abrigar um ninho de pássaros era considerada boa e saudável (SI 104.12; Ez 17.23; 31.6; Dn 4.12, 21). O Reino, embora contando com um pequeno número de pessoas no começo dos tempos, no fim será muito grande e próspero.

Mateus 13:33 O Reino dos céus é semelhante ao fermento. Essa segunda parábola sobre o crescimento é menor do que as primeiras, mas está baseada nelas. E bem pequena, porém tem gerado muita discussão. Será que o fermento é um símbolo do pecado ou, como na parábola do grão de mostarda, retrata os grandes resultados que vêm depois de um pequeno começo?

O fermento na Bíblia geralmente é apresentado como um exemplo do mal. Uma interpretação frequente é que seu uso nesse versículo também serve para representar o mal que aos poucos vem sendo introduzido no cristianismo. Mas é difícil acreditar que o fermento nessa parábola se refira ao mal, ainda mais porque também o encontramos em Lucas 13:20, passagem em que ele representa o Reino dos céus, que dificilmente permitiria que o mal entrasse nele.

Devemos lembrar que, no contexto familiar da Palestina, o fermento só não era usado uma semana em todo o ano (na festa dos Pães Asmos). Jesus falava em parábolas para que as pessoas simples as entendessem, e não os líderes religiosos, que estavam mais preocupados em decifrar símbolos teológicos.

A capacidade dinâmica do fermento, que promove o crescimento da massa, pode ser um símbolo do crescimento numérico do Reino de Deus. Como a parábola em Mateus 13:31, 32 trata da proporção em que o Reino cresce, esta fala do poder e do processo desse crescimento. Sua lição está relacionada com a ilustração anterior, que fala sobre quando esse grande crescimento acontecerá.

Entretanto, o crescimento do Reino não vem da força bélica ou de organizações seculares, e sim do seu agente interno, o Espírito Santo. Por isso, nenhuma oposição o deterá, ao contrário, contribuirá para o seu sucesso, porque a pressão faz com que o fermento penetre ainda mais na massa, fazendo-a crescer muito.

Mateus 13:39-43 O fim do mundo se refere ao tempo que o Filho do Homem virá e implantará definitivamente Seu Reino de justiça.

Mateus 13:44 O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. As parábolas de Mateus 13:44-52 tratam dos valores e responsabilidades do Reino. Elas se dirigem especialmente aos cristãos. As duas primeiras só se encontram no evangelho de Mateus e aparecem juntas. Vendo frustrados seus sonhos de que o grande reino de Davi fosse finalmente restaurado, os discípulos enfrentariam oposição de todos os lados e tinham de decidir se pagariam o preço. Na primeira história, um homem encontra um baú cheio de tesouros e faz de tudo para escondê-lo. A verdade principal ensinada aqui é o grande valor do Reino, de forma que vale a pena todo esforço e sacrifício para alcançá-lo.

Mateus 13:45, 46 O Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas. Essa segunda parábola sobre o valor do Reino tem como alvo contagiar os desanimados discípulos com o entusiasmo de Jesus sobre o Reino. O fato de Ele os encorajar duas vezes demonstra que era muito importante fazer isso naquele momento. Contudo, essa parábola é um pouco diferente da que se encontra em Mateus 13:44. Enquanto o homem do versículo 44 encontra o tesouro por acaso, o personagem desta parábola vai à procura dele. Não importa como alguém encontra o Reino de Deus, pois não há como explicar a riqueza e a alegria que se tem ao encontrá-lo. Cristo ensinou esse princípio básico de investimento a Seus discípulos (Mt 6.19-21; 16.24-27). Mas há dois conceitos errados sobre essas parábolas que devem ser considerados. O primeiro foi proposto por Orígenes e afirma que Cristo é o tesouro escondido ou a pérola de inestimável valor que o pecador tem de encontrar e comprar. Na outra parábola, os papéis são invertidos, fazendo uma alusão descabida a Cristo como aquele que encontra a Igreja e a compra. Ambos, contudo, são conceitos errados (Cristo não está à venda nem vendeu Israel para comprar a Igreja) e lidam com questões que estão fora do contexto. O melhor aqui é simplesmente reconhecer o dilema dos discípulos àquela altura e a preocupação de Jesus de mostrar-lhes como era grandioso o chamado para participarem dos planos desse Reino.

Mateus 13:47-50 O Reino dos céus é semelhante a uma rede. As duas últimas parábolas falam das responsabilidades dos discípulos no Reino. Primeiro, Jesus descreve uma grande rede que cobria uma grande área e arrastava tudo que havia no fundo do lago. Essa rede apanha toda qualidade de peixes, sem distinção. Do mesmo modo, a responsabilidade dos discípulos seria pescar “peixes” de todos os tipos. Entretanto, o trabalho de escolher e separar os que não serviam não cabia aos discípulos, pois eles não foram chamados nem estavam preparados para fazê-lo. Esse trabalho estava destinado aos anjos, na volta de Cristo.

Mateus 13:51, 52 Coisas novas e velhas se referem às verdades do Reino encontradas no Antigo Testamento e as que foram reveladas nessas parábolas. Então, o que há de novo aqui? (1) Em vez de o Reino vir logo, haveria o intervalo de uma era (compare com At 1.6, 7) em que o bem e mal habitariam juntos, mesmo entre aqueles que eram herdeiros do Reino (Mt 13:37-43). (2) O número de herdeiros seria muito pequeno no início dessa nova era. Contudo, eles se tornariam um grupo enorme (Mt 13:31, 32). (3) O mal entraria nesse grupo e, por fim, faria muitos apostatar em (Mt 13:33). (4) O tesouro do Reino, embora parecesse estar ligado ao ministério de Cristo, seria ocultado. Ele o comprou, porém só iria revelá-lo no futuro. (5) O grupo de remidos não compreenderia apenas judeus; reuniria muitas pessoas em um só corpo espiritual. (6) O juízo previsto aconteceria no fim da presente era. Assim como a parábola do semeador foi uma introdução para as seis parábolas do Reino, esta parábola é a conclusão. Ela chama os discípulos para a ação depois de tudo que aprenderam. Eles seriam os mordomos responsáveis por esses tesouros (thesaurou) do Reino. O trabalho, contudo, deveria ser feito de acordo com tudo o que eles aprenderam antes. O conhecimento das coisas novas e velhas exige responsabilidade. Mordomos responsáveis saberiam discernir muito bem o plano da aliança com Israel (deixado de lado temporariamente) e o início do novo plano do Reino que Jesus apresentou. Ele conclui dizendo-lhes que esses dois planos não deveriam ser confundidos.

Mateus 13:53-56 O filho do carpinteiro. Carpinteiro era sinônimo de um trabalhador muito habilidoso. José deve ter sido um escultor ou outro tipo de artesão.

Mateus 13:57, 58 Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa. Nessa segunda missão de Jesus em Nazaré, Sua cidade natal, Ele viu que a incredulidade das pessoas continuava a mesma (Lc 4.16-30). Por conhecerem Jesus, as pessoas ali não reconheceram quem Ele era. Seus olhos estavam cegos por causa da incredulidade. Mateus relata que isso aconteceu inclusive com Seus familiares, na sua casa (compare com Jo 7.5). Embora tal incredulidade estivesse baseada no fato de Ele ser o filho do carpinteiro, Jesus não corrigiu o erro deles naquela ocasião. Ele interpretou tudo somente como uma desculpa para disfarçar a aversão que tinham ao arrependimento espiritual (Jo 6.42). Parece que, ao revelar Seu ministério, Jesus de certo modo inflamou a incredulidade daqueles que eram mais próximos a Ele.

Mateus 13:1-2 (Devocional)

Fora de casa, à beira-mar

Neste longo capítulo com suas muitas parábolas, vemos o Senhor Jesus como o Rei-Profeta. No que Ele diz, vemos Sua glória divina. Nenhum ser criado pode ver as eras vindouras e dar uma descrição detalhada dos eventos futuros. Nas parábolas deste capítulo, o Senhor conecta Sua segunda vinda com a primeira e dá uma visão das características do tempo entre as duas vindas. Aquele que tem o coração de cada ser humano sob controle, é o único capaz de descrever o futuro. Em Seu discurso profético vemos o grande Emanuel.

Ele abre Seu coração para o Seu próprio e conta sobre a operação oculta da sabedoria de Deus através dos caminhos Divinos desde o começo do mundo. Aquele que criou o mundo também planejou o curso dos tempos. A grandeza incompreensível das galáxias com seus inumeráveis sóis e sistemas mostra Seu poder de criação. As eras, nas quais a vida moral se desenvolve, mostram Sua sabedoria e para onde Ele está trabalhando.

Aqui, no ponto decisivo das eras, um ponto de passagem para outra era, em Sua masculinidade, está Aquele que planejou tudo isso. Ele mesmo é o grande Centro do universo e o curso das eras. Tudo é feito por Ele (João 1:1-3; Hebreus 1:1-2). No favor divino, Ele compartilha com Seus discípulos coisas velhas e novas de Seu tesouro.

Este versículo é a introdução de um capítulo cheio de ensinamentos sobre a mudança resultante da rejeição do Senhor. As primeiras palavras, “aquele dia”, caracterizam essa rejeição, pois “naquele dia” o ódio dos líderes religiosos atingiu seu clímax com as acusações que ouvimos no capítulo anterior.

Naquele “dia”, o Senhor toma outro lugar. Ele sai “de casa” e senta-se “à beira-mar”. A casa é um símbolo de Israel, muitas vezes referida como “a casa de Israel” (Jeremias 31:27; Jeremias 31:31; Jeremias 31:33). O mar representa as nações que são frequentemente comparadas ao mar (Is 17:12; Ap 17:15). Essa mudança de ambiente mostra que o Senhor, após Sua rejeição por Israel, se dirige às nações.

Há outra mudança neste capítulo que é resultado de Sua rejeição. Ele vai usar uma nova forma de ensino. Esta nova forma é o uso de parábolas. Ele é rejeitado e, portanto, agora ausente da terra. É por isso que o reino não pôde ser estabelecido da maneira que os profetas proclamaram. Ele está no céu. Como resultado, o reino dos céus adotou um caráter completamente novo e sobre o qual os profetas do Antigo Testamento não foram capazes de escrever. Esse novo caráter é que o reino dos céus, em vez de ser estabelecido abertamente na terra, agora está sendo estabelecido em segredo.

Esse novo personagem, escondido no Antigo Testamento, será apresentado pelo Senhor em sete parábolas. Sete é o número da perfeição. Nestas sete parábolas Ele dá um quadro completo do reino em sua forma oculta. As primeiras quatro parábolas pertencem uma à outra, assim como as últimas três. Os quatro primeiros mostram a forma externa do reino. Tornou-se um grande sistema em que o bem e o mal andam de mãos dadas. Os últimos três mostram a forma interior. Eles mostram que existem pessoas valiosas presentes no reino.

O Senhor dá Seu ensinamento do mar para as multidões que estão na praia. Isso enfatiza que há uma distância entre Ele e as pessoas. Isso é simbólico para o lugar que Ele ocupa no céu após Sua rejeição e o relacionamento com Seu povo terreno. Do céu Ele proclama o evangelho entre as nações, mas sem esquecer o Seu povo. Nos primeiros dias da cristandade, vemos que primeiro o judeu, e só depois o grego, ouve o evangelho. Vemos isso no ministério de Paulo no livro de Atos. O vínculo entre Cristo e a nação de Israel foi quebrado, mas Seu ensino para eles continua.

Mateus 13:3-9 (Devocional)

A Parábola do Semeador

Agora que Ele é rejeitado, não apenas a natureza de Seu ensino muda, mas também a natureza de Seu serviço. Ele veio buscar frutos em Sua vinha de Israel (Is 5:1-7), mas esse fruto não está lá por causa da infidelidade do povo. Agora que Ele foi rejeitado, Seu serviço não consiste mais em buscar frutos, mas em produzi-los. Isso é expresso na primeira parábola. Esta primeira parábola é o ponto de partida para todas as outras parábolas. Ele mostra que o reino é estabelecido como resultado da semeadura da Palavra do reino e não como fruto da obediência à lei de Moisés.

A semente que o semeador semeia acaba em diferentes tipos de solo:

1. O primeiro tipo de solo na verdade nem é solo, mas a via pública que corre ao longo do solo. A semente que vai parar ali, “à beira da estrada”, não consegue criar raízes e vira presa dos pássaros. Esta semente desaparece completamente.

2. Outras sementes acabam em “lugares rochosos”. Lá a semente pode criar raízes, mas por causa das muitas pedras quase não há solo. A semente tem muito pouco solo para crescer bem. Ele sobe muito rápido no pouco de terra que tem à sua disposição. Por causa da velocidade com que a semente brota, ela não tem chance de realmente criar raízes. Quando o sol nasce, descobre-se que a semente não tem raiz e murcha. Nada resta desta semente também.

3. Um terceiro tipo de solo é bom em si mesmo, mas também há muitas ervas daninhas, que não deixam espaço para a semente crescer. Cai “entre os espinhos”, que crescem demais e sufocam a semente. Nem esta semente produz qualquer fruto.

4. Há também a semente que cai “em boa terra”. Lá ela pode crescer livremente e produzir frutos. Há semente que produz cem por cento de frutos, mas também há semente que ainda experimenta algum ou mesmo considerável impedimento para crescer. Esta semente não dá cem por cento, mas apenas sessenta por cento, ou até menos, trinta por cento de frutos.

O Senhor conclui a parábola com as conhecidas palavras “quem tem ouvidos, ouça”. Com isso Ele aponta a responsabilidade dos ouvintes de agir de acordo com o que foi ouvido.

Mateus 13:10-17 (Devocional)

Por que Parábolas?

Os discípulos perguntam ao Senhor por que Ele usa parábolas. Com sua pergunta, eles deixam claro que são verdadeiros súditos do rei. Eles querem saber por que Ele usa essa forma de ensino. Em Sua resposta, o Senhor faz uma distinção definida entre a massa incrédula do povo e o pequeno número de crentes, também referido como ‘o remanescente fiel’. É a distinção entre os que estão fora e os que estão dentro.

O povo, que viu a mais clara evidência de que Ele é o Messias, está sob o juízo de cegueira anunciado pelo profeta Isaías. Aqueles que ficam de fora não podem saber o significado, nem têm o direito de entender o significado. Eles caem sob o julgamento do endurecimento porque endureceram seus corações.

O Senhor fala no plural, os mistérios, porque há várias coisas que estão escondidas. Primeiro, o Rei está oculto e, segundo, Seu reinado está oculto, pois Seus inimigos ainda não estão abertamente sujeitos a Ele. Seu reinado ocorre apenas no coração de Seus discípulos. Porque Seu reinado ainda não é público, aqueles que não são discípulos ainda podem seguir seu curso, sem um Rei que exerça julgamento imediatamente. O maligno ainda tem rédea solta.

Um terceiro mistério é o fato de que a forma oculta que o reino dos céus assumirá como resultado da rejeição do Senhor não foi previamente revelada aos profetas. Os profetas profetizaram constantemente sobre um reino que será estabelecido em poder e majestade. Mas agora só tomará essa forma após a volta do Senhor, ou seja, após a Sua volta à terra onde a glória do Messias na terra será visível a todos. Agora Sua glória ainda está escondida do mundo.

Os discípulos O aceitaram. É por isso que Ele lhes fornece a verdade para guiá-los ainda mais. Ao conhecer a verdade, eles receberão uma abundância de bênçãos espirituais. Israel, por outro lado, não aceita a Cristo. É por isso que eles perderão o que têm, ou seja, um Cristo vivo em seu meio e as bênçãos que estão ligadas a Ele. A distinção decisiva está em ter ou não ter o Filho. “Quem tem o Filho tem a vida” (1Jo 5:12). Aquele que tem o Filho crescerá no conhecimento de Sua Pessoa e desfrutará de bênçãos em abundância (João 10:10). “Aquele que não tem o Filho de Deus” (1Jo 5:12), perderá tudo o que presunçosamente pensa possuir.

O Senhor fala com este último em parábolas. Eles veem o Messias e O ouvem falar, mas estão cegos para Quem Ele realmente é e não ouvem o que Ele diz. Para eles se cumpre a profecia de Isaías que diz que ouvirão, mas não entenderão, e olharão, mas não verão (Is 6:9-10; Jo 12:40; At 28:25-27). Eles ouvem as palavras, mas não entendem seu conteúdo ou significado. Eles olham, mas não veem nada de especial.

A razão para isso é a condição de seu coração. Seus corações se tornaram insensíveis. Um coração insensível é um coração que está satisfeito consigo mesmo. Quando o eu é primordial e o interesse próprio é servido, não há ouvidos nem olhos para o Senhor Jesus. Eles fecharam seus corações para Ele. Seus ouvidos ficaram surdos e eles fecharam os olhos, pois não querem ver, ouvir, entender, arrepender-se e ser curados por Ele. Não há nada por meio do qual Ele possa tornar saudáveis seus corações entorpecidos.

Quão diferente é com o verdadeiro discípulo. O Senhor o chama de “bem-aventurado” porque ele vê pela graça o que os incrédulos ao seu redor não veem, e porque ele vê o que os crentes da antiga dispensação também não viam. Para os incrédulos Ele não tem glória, e para os crentes do passado era inimaginável que Ele fosse rejeitado.

Quanto muitos profetas e justos em tempos anteriores desejaram ver o que os discípulos veem: o Cristo. Desejaram ouvir Sua voz, mas isso não lhes foi permitido. Este grande privilégio coube aos discípulos que agora O veem e ouvem. O verdadeiro discípulo que está com o Senhor Jesus vê e ouve um Rei rejeitado, e também vê Sua glória interior (João 1:14).

Mateus 13:18-23 (Devocional)

Explicação da Parábola do Semeador

Após seu ensino sobre o uso de parábolas, o Senhor explica a parábola do semeador a Seus discípulos, “ouvi, então”, mesmo que as multidões estejam presentes (Mateus 13:36). Com o apelo “ouvi, pois, a parábola do semeador” chama os seus discípulos a escutar com atenção.

O semeador é o Senhor Jesus. No sentido literal, isso não é correto. Pois a semente é semeada no campo do mundo (Mateus 13:38), enquanto o Senhor Jesus durante Sua vida na terra nunca esteve fora de Israel e foi para as nações. Somente após Sua morte, ressurreição e ascensão Seus apóstolos começaram a cumprir a comissão de fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28:19). No entanto, no sentido espiritual, ele é o Semeador, pois semeia por meio de seus apóstolos (cf. Ef 2:17). Assim, todo aquele que agora é discípulo cumprirá em semear.

O Senhor deixa claro na explicação que nem todo aquele que ouve a Palavra a aceita de imediato. Apenas em um dos quatro lugares onde a semente vai parar é que o fruto é produzido.

1. A explicação é constantemente sobre ouvir a Palavra. Mateus fala da semente como a “Palavra do reino” e do “ouvir” e “entendimento” da Palavra (Mateus 13:19; Mateus 13:23). Isso se encaixa com seu Evangelho, porque é sobre o reino e fazer discípulos que se submetem à autoridade do Rei.

Os maiores impedimentos à compreensão espiritual são os preconceitos religiosos. Os preconceitos religiosos são terreno endurecido. Em “aquele que foi semeado à beira do caminho” podemos ver o fariseu. O fariseu rejeita completamente a Palavra do reino. Ele não entra no reino porque não quer se curvar diante do Senhor do reino.

O primeiro a impedir que a semente brote é o diabo. A Palavra é semeada no coração, mas o inimigo pode facilmente tirá-la porque não há conexão entre o coração e Deus. Isso não torna o destinatário menos culpado, porque o que foi semeado no coração foi adaptado às necessidades daquele coração.

2. No segundo caso, vemos que não a semente, mas “aquele em quem” é semeado nos lugares rochosos (Mateus 13:20-21). A semente é identificada com o destinatário. Ele é alguém que ouve a Palavra e imediatamente a aceita com alegria. Isso significa que ele não tem senso de pecado. A primeira coisa que a Palavra faz é uma obra na consciência que leva à tristeza porque revela o homem a si mesmo. Nunca pode haver uma verdadeira obra de Deus sem um senso de pecado. O solo não foi arado e, portanto, não pode haver raízes. Uma consciência tocada pela Palavra se vê na presença de Deus. Se a consciência não for tocada, não há raiz.

A Palavra é recebida pela alegria que dá, mas quando chega a prova, ela é abandonada. O obstáculo para dar fruto é a superficialidade e o egoísmo com que se recebe a Palavra. Quem quer apenas experimentar o ‘prazer’ da Palavra é revelado como um incrédulo assim que há prova em sua vida de prazer.

3. O terceiro obstáculo para a frutificação da semente consiste nas coisas do mundo (Mateus 13:22). Não se trata de pecados, mas de coisas terrenas comuns. As preocupações fazem parte da existência terrena. A riqueza também não precisa estar errada. Mas tanto as coisas desagradáveis quanto as agradáveis podem garantir que não haja frutos na pregação. As pessoas que estão absortas em suas preocupações ou em suas riquezas são um terreno infértil para o evangelho. As circunstâncias externas são tão sufocantes que a semente recebida não dá frutos.

4. Somente no quarto caso há fruto. O fruto é o resultado da semente lançada em boa terra (Mateus 13:23). A boa terra é aquele que não apenas ouve a Palavra, mas também a compreende. Quem entende a Palavra, a compreende, sabe que pela Palavra é colocado na presença de Deus, pois Deus se revela na Palavra. A Palavra cria vida nova para todo aquele que ouve e entende. Essa nova vida é o Senhor Jesus. Dele – Ele é a nova vida do crente – sai fruto para Deus.

No entanto, vemos que mesmo que a semente dê frutos, os resultados são diferentes. Os fatores que, em casos anteriores, impediam completamente a semente de dar frutos, ainda desempenham um papel em alguns aspectos. Hábitos religiosos (1), preguiça da carne (2) e ser consumido por coisas terrenas (3) podem ser a causa de não produzir cem por cento de frutos.

Mateus 13:24-30 (Devocional)

Parábola do Joio e do Trigo

Na parábola do joio – que é um joio que se parece muito com o trigo – e nas cinco parábolas seguintes encontramos representações simbólicas do reino. Eles são sobre o tempo em que o Rei é rejeitado e é, portanto, um tempo caracterizado pela ausência do Rei. É o reino em sua nova forma, recebe um novo caráter pelo qual não era conhecido anteriormente. Portanto, o Senhor Jesus diz: “O reino dos céus se tornou semelhante” (tradução de Darby). A frase “tornou-se semelhante” indica a mudança depois que a intenção original do reino não pôde ser realizada por causa da rejeição do Rei.

A parábola do joio no meio do trigo e as próximas duas parábolas representam o reino em sua forma externa no mundo. Eles são dirigidos aos discípulos e às multidões. As últimas três parábolas mostram o reino segundo a apreciação do Espírito Santo, como Deus o vê. Eles contêm os pensamentos e conselhos de Deus. Estas três últimas, juntamente com a explicação da segunda parábola, são dirigidas apenas aos discípulos.

Assim como na primeira parábola, o semeador é “um homem”, ou seja, o Senhor Jesus. Ele semeia boa semente e semeia em “Seu” campo, pois o campo pertence a Ele. Esta semeadura não começou realmente até depois que Ele foi rejeitado. Seus seguidores semearam primeiro em Jerusalém, depois em Samaria e depois até os confins da terra (Atos 1:8).

O Senhor faz essa semeadura por meio das pessoas. Essas pessoas são caracterizadas por fraqueza e até descuido. Isso dá ao inimigo a oportunidade de semear ervas daninhas. Adormecer também tem a ver com não esperar a vinda do Senhor Jesus. Vemos que todas as dez virgens adormecem quando o noivo está demorando (Mateus 25:5; cf. Efésios 5:14). Isso dá ao inimigo a oportunidade de semear ervas daninhas. Isso é semeado em palavras que soam evangélicas e autênticas, mas nas quais se esconde outro sentido. Exteriormente parece cristão, mas Deus conhece o interior. Satanás é o grande imitador de Deus (cf. 2Tm 3:8; Ap 13:11). Ele semeou seus falsos ensinamentos entre os cristãos por meio de falsos mestres e seus apoiadores.

O joio é, como já foi dito, uma erva daninha que se parece muito com o trigo. Satanás trabalha com o que parece ser verdade, mas é mentira. Sua maneira refinada de trabalhar é misturar verdade e mentira, de modo que seja difícil ou impossível distingui-las. Se não estivermos vigilantes, o joio pode ser semeado e crescer.

Quando o fruto aparece, os escravos notam que o joio está brotando entre a boa semente. Eles perguntam ao Senhor da Casa – também uma imagem do Senhor Jesus – sobre isso, ao que ele responde que é obra de um inimigo. Então os escravos se propõem a colher as ervas daninhas. Essa não é uma boa proposta. O dono da casa rejeita a proposta e explica o motivo. Ele sabe que seus escravos se enganarão ao julgar o que é trigo e o que é joio. Eles não foram capazes de impedir o trabalho desse inimigo, nem são capazes de desfazer os resultados do trabalho desse inimigo.

Na foto, a proposta dos escravos se resume a expurgar o cristianismo das ervas daninhas. Mas esse não é o trabalho dos escravos. É uma obra de julgamento sobre o que não é de Deus. Este julgamento pertence somente a Ele porque só Ele pode realizá-lo de acordo com o conhecimento perfeito que Ele tem de tudo e de acordo com Seu poder do qual ninguém pode escapar. Portanto, o Senhor Jesus diz que o reino na terra, como está nas mãos do homem, deve permanecer um sistema misto até “a colheita”.

O “tempo da vindima” indica um determinado período de tempo em que decorrerão os acontecimentos associados à vindima, nomeadamente a sua fase final. Nessa fase as ervas daninhas se manifestam cada vez mais claramente. O Senhor executará o julgamento por meio dos anjos de Seu poder. Depois de amarrar o joio, Ele recolhe o trigo em Seu celeiro. O trigo não é amarrado em feixes. Este é o fim da aparência externa do reino na terra.

A amarração em feixes é a preparação para o julgamento, no qual talvez possamos ver a fusão de todos os tipos de igrejas e correntes, o ecumenismo. Na explicação da parábola, o Senhor explica isso com mais detalhes (Mateus 13:36-43). A colheita do trigo, da qual não há menção de preparação, é a reunião de Seu povo, onde talvez possamos ver o arrebatamento da igreja para o céu. O Senhor também explica isso com mais detalhes na explicação.

O crescer juntos até a colheita se aplica ao reino dos céus ou ao cristianismo, não à igreja. Na igreja (local) o mal deve ser eliminado ou removido (1Co 5:7; 1Co 5:13). Se uma igreja não quiser isso, devemos nos purificar dessa igreja (2Tm 2:19-22).

Mateus 13:31-32 (Devocional)

Parábola da Semente de Mostarda

A semente de mostarda é uma semente minúscula e representa a semente da igreja cristã semeada pelo Senhor. A semente agora não é a pessoa como na parábola anterior, mas o todo. Na próxima parábola, a do fermento, vemos a mesma coisa, porque também aqui se trata do quadro geral e não do indivíduo. O Senhor nunca pretendeu que esta semente de mostarda crescesse fora de sua força. No entanto, torna-se uma árvore. Uma árvore fala de poder. Assíria e Nabucodonosor são comparados com eles (Isa 10:18-19; Eze 31:1-18; Dan 4:10-11; Dan 4:26).

Esta parábola mostra que o mal não será apenas uma mistura com uma falsa confissão, como a anterior sobre o joio, mas algo completamente diferente se seguirá. O reino dos céus começa pequeno e humilde no mundo. Mas assumirá grandes dimensões na terra. Terá raízes profundas nas instituições do homem e se elevará a um sistema colossal com poderosa influência sobre a terra. Na história da igreja, isso aconteceu quando Constantino adotou o cristianismo e o mundo se tornou cristão.

Esta terceira parábola representa o desenvolvimento do reino em um fenômeno impressionante aos olhos das pessoas. No entanto, este reino também fornecerá abrigo para instrumentos do mal, pois neste capítulo os pássaros representam instrumentos do mal (Mateus 13:4; Mateus 13:19; cf. Ap 18:2). É o trabalho de satanás através de instrumentos humanos.

Mateus 13:33 (Devocional)

Parábola do Fermento

Não se trata de misturar semente boa e ruim, nem mesmo uma pequena semente que se torna uma grande árvore. Esta quarta parábola ensina que o reino será totalmente corrompido pela falsa doutrina. Nas Escrituras, o fermento é uma figura do pecado. O fermento não é uma imagem do evangelho que conquistará o mundo para Cristo, como às vezes é afirmado de forma totalmente errônea. O Senhor fala como um profeta. Ele sabe como o reino, visto do lado do homem, irá.

O reino não será apenas um grande poder, nascido de uma semente de mostarda crescida de sua força, mas também terá o caráter de um sistema doutrinário que se espalhará e incluirá todos aqueles que entrarem em sua esfera de influência. O fermento não fala de fé ou vida, mas de erro ou doutrina perniciosa que permeou o cristianismo.

Vemos que nos seis casos em que se fala de fermento:

1. O fermento dos fariseus é a hipocrisia (Lucas 12:1; Mateus 16:6).

2. O fermento dos saduceus, que é ligado pelo Senhor ao fermento dos fariseus (Mateus 16:6). Os saduceus são os racionalistas, pessoas que só acreditam no que podem raciocinar, com o que podem concordar. Eles estão cheios de incredulidade e crítica bíblica.

3. O fermento dos herodianos, que também é ligado pelo Senhor ao fermento dos fariseus (8:15). Os herodianos são um partido político que acredita que a política e a religião devem estar ligadas. É o fermento da conformidade com o mundo.

4. O fermento da prostituição (1Co 5:1; 1Co 5:6-7). Isso é moralidade frouxa, imoralidade.

5. O fermento do legalismo (Gálatas 5:9). Isso é desempenho religioso, sujeitando-se e/ou outros a certos mandamentos, a fim de ganhar respeito diante de Deus e das pessoas.

6. O fermento da idolatria (Mateus 13:33). Vemos isso na mulher e nas três medidas de farinha.

No livro do Apocalipse a igreja católica romana é apresentada como uma mulher, uma prostituta (Ap 17:1-6). Ela mesma é corrupta e faz coisas corruptas. Ela se modera à posição da verdadeira igreja, mas suas intenções são corruptas. Vemos isso em suas ações. No bom ensino sobre Cristo que é apresentado nas três medidas de farinha, que podemos conectar com a oferta de manjares (Lv 2:1-16) como uma figura de Cristo, ela faz um falso ensino. Ela mistura o mal e o bem entre si, tornando o bom corrupto. Isso é algo que vemos se tornando cada vez mais claro no Cristianismo hoje.

Mateus 13:34-35 (Devocional)

Uso de Parábolas

O ensino do Senhor para muitos termina com a parábola do fermento. Ele fala em parábolas porque eles não O aceitam. Por meio de parábolas, Ele cumpre o que disse o profeta Asafe (Sl 78:2). Asafe previu que Ele falaria em parábolas.

Asafe também disse que proclamaria coisas que estavam “ocultas desde a fundação do mundo”. Desde a fundação do mundo tem estado oculto que o reino dos céus tomaria uma forma oculta antes que este mesmo reino fosse estabelecido em poder público e majestade. Essa forma oculta tem tudo a ver com a rejeição do Rei daquele reino e o lugar que este Rei agora ocupa. Ele está escondido em Deus (Cl 3:3).
A expressão “desde a fundação do mundo” refere-se a Israel. Em conexão com a igreja, é “antes da fundação do mundo” (Efésios 1:4).

13:36 Tendo despedido a multidão. As parábolas em Mateus 13:1-35 foram contadas à multidão. A frase foi Jesus para casa indica que as parábolas em Mateus 13:44-52 foram ditas somente aos discípulos. Durante essa instrução particular, Jesus explicou as histórias que tinha contado antes e depois contou mais quatro.

Mateus 13:36-39 (Devocional)

Explicação da Parábola do Joio

O Senhor deixa ir a multidão e entra na casa. Ele falou e dirigiu as primeiras quatro parábolas às multidões. Essas parábolas são sobre a forma que o reino dos céus assumirá no mundo, no qual o bem e o mal serão misturados. Agora Ele continua apenas com Seus discípulos. As três parábolas a seguir são sobre o verdadeiro núcleo do reino e são destinadas aos verdadeiros filhos do reino.

Em casa, Seus discípulos vêm até Ele para pedir-Lhe uma explicação sobre a parábola do joio. Eles perguntaram a Ele antes por que Ele usa parábolas (Mateus 13:10). Agora eles querem saber a explicação da semelhança usada. A pergunta deles mostra a confiança que eles têm Nele de que Ele dará a explicação. Mesmo os discípulos não conseguem entender a parábola sem explicação. No isolamento da casa, o Senhor declara o verdadeiro caráter e propósito do reino dos céus e o que vale para Ele nele.

Esta explicação só pode ser compreendida pela pessoa de mente espiritual. As multidões não conseguem compreender os verdadeiros pensamentos de Deus em conexão com o reino. Também nas três parábolas seguintes o Senhor fala somente aos Seus discípulos. Eles veem mais o lado interior, mais oculto do reino dos céus, isto é, como Deus o vê.

Por isso essas três parábolas são de especial importância para o fiel seguidor do Senhor Jesus. Estes são os segredos de família e é por isso que o Senhor vai com eles para dentro de casa. No grande todo impressionante, encontra-se algo de valor para Deus. Quão valioso isso é demonstrado pelas parábolas do tesouro e da pérola.

O Senhor responde de bom grado à pergunta de Seus discípulos e explica quem semeia a boa semente, o que é o campo, quem é a boa semente, o que representa o joio, quem é o inimigo, o que representa a colheita e quem são os ceifeiros. Ele então pinta o que acontecerá no final dos tempos.

Assim como a parábola do semeador no início deste capítulo, a semeadura indica a atividade do Senhor de produzir frutos após o fracasso de Israel em produzir frutos para Deus. Ele mesmo, como Filho do Homem, semeia a Palavra no campo do mundo para, assim, estabelecer o reino dos céus.

Na explicação Ele identifica a semente com os filhos do reino: a boa semente, estes são os filhos do reino. O que a semente produz não é diferente para seus sentidos da semente que foi semeada. Ao rejeitar seu rei, os judeus perderam o direito ao reino. O nascimento natural não dá mais direito ao reino. A partir do momento em que o Rei está no céu, alguém se torna filho do reino somente se tiver recebido uma nova vida por meio da Palavra (João 3:5).

Mas o Filho do Homem não é o único semeador. O diabo, “o inimigo”, também atua como semeador. Seus filhos, os filhos do maligno, “o joio”, encontram-se entre os filhos do reino. O diabo está misturando. O terreno onde ele faz isso é o mundo. O inimigo traz todos os tipos de pessoas – são fruto dos falsos ensinos que o inimigo semeou – entre os nascidos da verdade. A colheita não é um momento em que a era termina, mas se refere às ações que Deus permite que sejam realizadas para cumprir plenamente o Seu propósito.

Nessas ações há um papel importante para Seus anjos. Na parábola a ênfase está nos escravos, os que lavram e cuidam da terra, os servos do Senhor (Mateus 13:28-29). Eles não conseguem distinguir entre o bem e o mal. Na explicação, a ênfase está nos ceifeiros e eles podem fazer essa distinção.

Mateus 13:40-43 (Devocional)

O fim dos tempos

Na parábola, o Senhor não vai além de recolher e amarrar o joio em feixes para queimá-lo e juntar o trigo ao celeiro (Mateus 13:30). Na explicação Ele vai mais longe. Nela Ele fala dos eventos finais “no fim dos tempos”, ou seja, a era em que o mal pode fazer sua obra, mas que chega ao fim no julgamento. Então Ele fala da chegada de uma nova era, na qual o trigo – que é recolhido em Seu celeiro – reaparecerá na forma dos justos que brilharão como o sol.

O joio é queimado com fogo pelos anjos quando o Filho do Homem vem. O joio, os filhos do maligno, são colhidos “do seu reino”, de modo que não é o mundo, mas o terreno onde o Senhor Jesus exerce a sua autoridade. Dele são recolhidos “todos os tropeços e os que cometem iniquidade”. Estes não são todos os incrédulos do mundo inteiro, mas confessores. Eles são os enganadores que levaram outros a cair. Eles também cometeram ilegalidades, o que significa que não levaram em conta a autoridade do rei. Eles se recusaram a se submeter a ela. Eles são removidos do reino do Filho do Homem, que é o Seu reino na terra. A porção deles é a fornalha de fogo, dor eterna. Toda forma de alegria está faltando. Só há choro por causa do tormento físico e ranger de dentes por causa do remorso de consciência. Que destino terrível é esse!

A porção do trigo, os filhos do reino, contrasta fortemente com a porção do joio, os filhos do mal. Os filhos do reino são chamados de “justos”. Eles fizeram o que é certo e se curvaram em verdade diante da autoridade do Filho do Homem. A parte deles é “brilhar como o sol no reino de seu Pai”. Ambos “brilham como o sol” e “o reino de seu Pai” indicam sua posição celestial. Eles brilharão naquele dia de glória na era vindoura como o próprio Senhor Jesus, o verdadeiro “Sol da justiça” (Mal 4:2).

‘O reino de seu Pai’ é o lado celestial do reino. O Filho do Homem está na terra, mas também no céu (João 3:13). Na terra, os crentes terrenos estão conectados com Ele, e no céu os crentes que se encontram lá estão conectados com Ele. Os crentes celestiais brilham no céu próximo ao Sol e os crentes terrenos se aquecem em sua luz e calor.

Os justos ou os filhos do reino são examinados posteriormente nas três parábolas seguintes, e então como um “tesouro” (Mateus 13:44), uma “pérola” (Mateus 13:45-46) e peixes “bons” coletados em recipientes (Mateus 13:48). Eles são apresentados como o que eles significam para o coração do Senhor Jesus.

Mateus 13:44 (Devocional)

O tesouro no campo

Esta parábola nos ensina que há algo escondido no mundo que é valioso para o Senhor Jesus. Em vista deste valor, o Senhor comprou o campo, que é o mundo (cf. 2Pe 2:1). Ao comprar o campo, Ele ganhou o direito sobre o mundo inteiro. Por causa do tesouro, Ele vendeu tudo. Ele desistiu de Seus direitos de governar Israel e o mundo e tornou-se pobre (2 Coríntios 8:9). O tesouro claramente não é Cristo. Como nas outras parábolas, Cristo também é aqui o ‘homem’.

Também é impossível que um homem possa ganhar a Cristo desistindo de tudo. Deus não pede a um homem uma atuação para ganhar a Cristo. Se depender do homem, ele nunca virá a Cristo, pois ele não busca a Cristo naturalmente (Rm 3:11). Somente quando alguém é seguidor do Senhor Jesus é que o Senhor pede que ele desista de tudo. É assim que Paulo faz (Filipenses 3:8). Paulo quer conhecer melhor a Cristo e desiste de tudo o que o impede.

Em nenhum lugar é dito a uma pessoa que ela tem que fazer algo para ganhar o reino, como se pudesse ser conquistado por conquista. O jovem rico prova o contrário (Mar 10:21-22). A propósito, como um homem pode comprar o mundo como meio de ganhar a Cristo? Paulo, de fato, desistiu do mundo para ganhar a Cristo.

Há muito a ser dito sobre o tesouro que representa ‘a igreja’. O tesouro é encontrado sem que haja dúvida de que foi procurado. O Senhor Jesus veio para o Seu povo Israel, mas aquele povo O rejeitou. Então, por assim dizer, sem pedir, Ele recebe a igreja como algo que aqui é apresentado como um assunto novo. Israel não é um assunto novo, nem o mundo. Para possuir a igreja, o Senhor Jesus abre mão de tudo que Lhe é devido como Homem, como Messias na terra.

Também foi assumido que o tesouro poderia ser Israel. A explicação é que Israel está escondido no campo, que Cristo encontra o tesouro, mas depois o esconde novamente por causa de Sua rejeição. Isso não é muito convincente. Em nenhuma das parábolas sobre o reino dos céus Israel desempenha um papel. Trata-se antes de algo que está oculto, e que não é Israel, porque todo o Antigo Testamento é sobre Israel. O Senhor Jesus também não precisou comprar o mundo para possuir Israel, pois Israel já é Seu, eles são “Seus próprios” (João 1:11). Ele também não precisa comprar o mundo para readquirir Israel.

O que tem valor para o Senhor Jesus no reino dos céus são os filhos do reino. Eles são um tesouro para Ele. Ele encontra aquele tesouro como se fosse de repente, sem esperar. Ele não veio buscá-los, mas os encontra como algo precioso para Seu coração.

Se o Senhor Jesus é rejeitado, é decepcionante para Ele. As pessoas pelas quais Ele veio O rejeitam. Sua vinda e Sua obra parecem em vão (Is 49:4). Mas Deus lhe dá algo mais em seu lugar: um grupo de crentes entre as nações (Is 49:6). Os que crêem são tão preciosos para Ele que Ele vende tudo para possuir o tesouro. Pelo preço de Sua vida, Ele compra todo o campo por causa daquele tesouro. Por meio de Sua obra na cruz, Ele ganhou autoridade sobre toda a carne, para poder dar a vida eterna àqueles que o Pai Lhe deu (João 17:2).


Mateus 13:45-46 (Devocional)

A Pérola de Grande Valor

Encontrar o tesouro na parábola anterior não foi precedido de uma busca. É o caso da pérola. O mercador é novamente o Senhor Jesus. Na pérola, a unidade é o pensamento principal. Um tesouro é uma grande variedade de coisas preciosas. Os crentes são todos diferentes e preciosos para o Senhor Jesus em sua diversidade. Uma pérola é uma unidade de beleza perfeita.

O mercador, o Senhor Jesus, procurou aquela linda pérola. Ele sabia o que estava procurando, pois conhecia a igreja desde antes da fundação do mundo. Seu valor para Ele é tão grande que Ele desiste de tudo, até mesmo se entregando para possuí-la. Assim como o tesouro, o mercador não é a figura do pecador que vende tudo o que tem para possuir o Senhor Jesus, que então seria a pérola.

O Senhor Jesus compra aquela pérola e nada mais com ela. A igreja é formada no fundo do mar das nações e é a joia do Senhor Jesus, com quem Ele se adornará no reino da paz e por toda a eternidade.

Mateus 13:47-50 (Devocional)

O Arrastão

Na parábola da rede de arrasto, o Senhor Jesus explica como a igreja, que Ele apresentou nas parábolas anteriores, é adquirida. Ele deixa claro que isso é feito por meio do envolvimento de Seus servos que, ao longo do tempo, puxaram a rede do evangelho através do mar das nações. A Palavra do reino é uma rede de arrasto pela qual todos os tipos de pessoas entram no reino. É responsabilidade dos pescadores separar os bons dos maus. Os bons eles colocam em recipientes. O mal eles jogam fora.

Na explicação, os maus são tratados pelos anjos. Os servos só se preocupam com o bem. Ao contrário da parábola do joio, os servos são ativos aqui, enquanto com o joio eles apenas avaliam e são proibidos de separar o mal do bem. Não podemos expurgar o mal do cristianismo, mas podemos separar os que pertencem a esse tesouro e pérola dos outros e reuni-los.

O ensinamento prático desta parábola é que os bons são separados dos maus e que os bons são reunidos no mesmo espaço. Isso aconteceu mais de uma vez. Muitos bons estão unidos em todos os lugares em um todo nas igrejas locais.

Aqui a separação já ocorre, enquanto na parábola do joio no meio do trigo a separação ocorre no final, porque eles devem crescer juntos até a colheita. A distinção final será feita pelos anjos no fim dos tempos. Eles estão preocupados com os ímpios, os quais separarão dentre os justos e os jogarão na fornalha de fogo (ver também Mateus 13:42). Dessa forma, a explicação vai além da parábola e acrescenta fatos.

Mateus 13:51-52 (Devocional) 

Parábola do chefe de família

Depois de o Senhor ter falado as sete parábolas e explicado algumas delas, Ele pergunta a Seus discípulos se eles entenderam “todas essas coisas”. Eles, assim como nós, têm dificuldade de entender esse ensinamento. No entanto, sua resposta é um sincero “sim”.

Então o Senhor profere uma oitava parábola. Esta não é uma parábola do reino dos céus, mas de um escriba que se tornou discípulo do reino dos céus. Ele compara tal escriba a um chefe de família, ou seja, alguém que sabe o que tem em sua casa. Ele pode fazer o que quiser com ela, porque é sua, é “seu” tesouro. Um tesouro é algo para se divertir. Este chefe de família, no entanto, não guarda este tesouro para si mesmo, mas traz algo para os outros, ele quer que os outros desfrutem dele.

Esse tesouro consiste em coisas novas e velhas. As “coisas novas” vêm primeiro, é aí que está a ênfase. Essas coisas novas vieram à tona nas parábolas do reino. Eles são sobre a nova manifestação oculta do reino como resultado da rejeição e ascensão do Senhor Jesus, coisas desconhecidas no Antigo Testamento. Por “coisas antigas” entende-se o que se sabe sobre o reino no Antigo Testamento.

O escriba tem conhecimento do reino, mas desconhece completamente o caráter que assumirá quando implantado no mundo por meio da Palavra, da qual tudo aqui depende.

Quem conclui uma educação e se tornou um escriba, agora pode ensinar os outros. O escriba que se tornou discípulo do reino conhece as coisas antigas, mas pelo ensinamento que recebeu do Senhor Jesus como Seu discípulo também conhece as coisas novas do reino. Ele é capaz de proclamar ambos desse tesouro.

Mateus 13:53-58 (Devocional)

Rejeição em Nazaré

Terminado o ensino por parábolas, o Senhor parte dali para ir a Nazaré. Lá Ele continua Seu ensinamento. A didática surpreende o público. Eles não entendem de onde Ele tirou tudo isso. Espantados, eles se perguntam onde Ele obteve Sua sabedoria e poderes. Ele passou tanto tempo com eles, mas eles nunca O conheceram. Eles não veem nada mais Nele do que “o filho do carpinteiro”. Eles cresceram com Ele, mas nunca reconheceram o notável Nele.

Eles sabem exatamente quem são Seus parentes terrenos. Eles conhecem Seu pai (pensam eles), Sua mãe e Seus irmãos e irmãs, mas nada sabem sobre Sua origem celestial. Por sua ignorância de Sua origem celestial, eles também não entendem nada de onde vem Sua atuação e ensino especial. Em vez de procurar Sua origem, eles se ofendem com Ele. Isso também faz com que caiam espiritualmente. Eles o acusam de fantasia. A questão de onde Ele tirou tudo é alterada para: ‘Quem Ele pensa que é para dizer essas coisas?’

Então o Senhor dirá as palavras àqueles que já experimentaram muitos servos de que um profeta não é sem honra, exceto em sua cidade natal e em sua casa. O resultado é que a bênção do Senhor é retida por sua incredulidade. Se não houver corações que se abram a Ele, Ele não pode fazer nada.

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