Significado do Livro de Isaías

Significado do Livro de Isaías

Significado do Livro de Isaías


Isaías tinha uma missão na vida. O Senhor permitiu-lhe um vislumbre de Seu glorioso trono e convocou-o para um ministério de tempo integral. Na condição de profeta, ele transmitia as mensagens de Deus. Na maior parte, eram denúncias, exortações e advertências — discursos que tornaram Isaías malquisto pelos líderes do povo. Contudo, mesmo ao deparar com opositores, ele continuava a defender a verdade. O Senhor o convocou para advertir o povo de que o desastre era iminente. O livro de Isaías registra os clamores proféticos, porém destaca as promessas divinas e a esperança de, um dia, o Messias vir ao mundo, salvar a humanidade, confortar e abençoar Seu povo.

O livro de Isaías está repleto de mensagens proféticas, anunciadas por meio de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem. Assim, compreender a literatura profética hebraica exige que se conheça e interprete o paralelismo de ideias, pois os hebreus empregavam o paralelismo na poesia e na profecia como técnica literária para ressaltar determinada ideia.

Preparamos a seguir vários estudos comentando versículo por versículo o significado de cada um dos 66 capítulos do livro de Isaías.

Pouco se sabe sobre o profeta Isaías, exceto que ele viveu durante o reinado de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá entre 767 e 687 a.C., aproximadamente (1:1). Seu talento para escrever (8:1), seu conhecimento sobre os livros do AT, seu interesse na política judaica (caps. 30— 31) e seu acesso aos reis (7:3; 38:5) sugerem que ele era uma pessoa culta e influente em Jerusalém, capital de Judá. Sua mensagem é dirigida principalmente ao povo dessa cidade. Parece que Isaías era um homem sinceramente devotado ao Senhor e profundam ente preocupado com o destino de seus companheiros (1:15; 6:5,8; 64:7-11). Isaías viveu durante um período tumultuado. Já se haviam passado 150 anos desde a divisão do povo judaico em dois reinos: Israel ao norte e Judá ao sul (1 Rs 12:1-24), reinos que estavam sempre em conflito (7:1). Além disso, a Assíria, nação dominante na época, impôs pesados tributos aos judeus.

Com isso, ambos os reinos foram tentados a revoltar-se e a formar coalizões com a Síria ou o Egito. Durante o reinado de Ezequias, o Reino do Norte foi destruído pelos assírios. Em seguida, foi a vez de Judá. Jerusalém escapou por pouco de ser capturada (2 Rs 18— 19). A situação religiosa também era confusa. Influenciados por tendências políticas e religiosas da época, os judeus passaram a idolatrar deuses das nações vizinhas (2Cr 28:22-24). De m odo geral, Deus era considerado apenas mais um entre vários deuses. Foi nesse contexto que Isaías protestou contra a corrupção moral e religiosa do povo e anunciou o julgamento de Deus às nações. Contudo, também proclamou salvação para os fiéis e arrependidos, e prometeu a restauração de Jerusalém no futuro. O tema central do livro gira em torno do escolhido de Deus, o Messias, aquele que trará a salvação. O livro de Isaías registra as profecias messiânicas mais claras de todo o AT. Talvez a mensagem messiânica mais famosa de Isaías seja as quatro passagens conhecidas como “canções do Servo” (42:1-9; 49:1-6; 50:4-9; 52:1 3— 53:12). Algum as dessas canções talvez se refiram a Ezequias, rei de Judá, ou a Ciro, rei da Pérsia; talvez falem do povo de Israel ou até mesmo do próprio Isaías. Está claro, contudo, que se tratava de canções messiânicas que apontavam para Jesus Cristo. Isaías concentra-se tanto em Cristo que às vezes é chamado de o quinto evangelista.

A importância do escritor foi reconhecida pelos autores do NT, resultando no fato de que as citações das profecias de Isaías no NT excedem a soma de todas as outras citações de profetas do AT. O livro pode ser dividido em três partes. A primeira (caps. 1— 39) consiste principalmente em profecias de curto prazo relacionadas ao período em que o profeta viveu, isto é, entre 767 e 687 a.C. A segunda (caps. 40— 55) contém profecias de médio prazo relacionadas ao final do período de exílio na Babilônia por volta de 539 a.C. A terceira parte (caps. 56— 66) trata de profecias de longo prazo, anunciando a salvação que será oferecida a todas as nações e a instauração de um reino de paz permanente em Jerusalém. Os acontecimentos relatados neste livro, portanto, abrangem um período histórico muito maior que o tempo de vida normal do ser humano. Contudo, o texto é notavelmente específico em algum as passagens.

Em 45:1, por exemplo, Ciro é apontado com o rei da Pérsia, acontecimento que se cumpriu cerca de duzentos anos após a morte de Isaías. Detalhes como esse levaram muitos comentaristas a considerar que o livro foi escrito por pelo menos dois autores em períodos diferentes. E por essa razão que as divisões do livro às vezes são chamadas de primeiro, segundo e terceiro Isaías. Entretanto, a essência do livro mostra que Deus não está preso ao tempo, sendo capaz de anunciar acontecimentos distantes no futuro (44:6-7; 46:9-10). Leitores africanos não terão problemas em aceitar esse fato, pois em nossa cultura o passado, o presente e o futuro estão intimamente ligados. Na verdade, há várias semelhanças entre a cultura africana e a época de Isaías, e entre as condições econômicas, políticas e religiosas de Judá. A igreja africana deve demonstrar às pessoas a mesma preocupação que o profeta Isaías mostrou por seu povo.