Gênesis 15 — Estudo Bíblico
Estudo Bíblico sobre Gênesis
Gênesis 15
O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO (15.1-17.27)
Diferente das religiões pagãs dos vizinhos de Abrão, cuja crença era
politeísta e centrada na natureza, a crença de Abrão era monoteísta e centrada
no concerto. Nem a Babilônia, a Síria ou o Egito conhecia uma religião que
fosse pessoal, com uma relação dinâmica operando entre Deus e o homem. Mas Deus
estabeleceu tal relação com Abrão e seus descendentes fazendo um concerto com
ele.
O Concerto de
Deus com Abrão (15.1-21)
Na sociedade do alto vale da Mesopotâmia fazer concertos era prática
comum entre homens e entre nações. Deus usou esta forma de relação pessoal como
meio de transmitir sua revelação a Abrão (1) e seus descendentes. A
comunicação ocorreu por meio de uma visão na qual o Fazedor do Concerto acalmou
o medo de Abrão e se identificou como seu escudo e grandíssimo
galardão. O termo escudo denota proteção; e galardão, com
seus adjetivos, transmite a ideia de graciosidade abundante. As duas palavras
representam um Deus que se preocupava muito com as ansiedades que Abrão tinha.
Segue-se um diálogo no qual Abrão revela sua profunda angústia. Deus
prometeu que Abrão teria um filho (12.1-7; 13.14-17). Mas não veio nenhuma
criança para abençoar sua casa. Por quê? A lei dos hurrianos, prevalecente em
torno de Harã, de onde veio Abrão, tomava providências para que um casal sem
filhos adotasse um servo para cuidar deles na velhice e enterrá-los. Em troca,
o herdeiro adotado receberia a riqueza da família. Evidentemente, Abrão
adotara o damasceno Eliezer (2), mas ele não estava satisfeito. Esta
provisão não correspondia com a promessa que Deus lhe fizera. Um nascido na
minha casa (3) é tradução correta.
Em resposta a Abrão, o SENHOR (4) lhe garantiu que Eliezer não
seria o herdeiro, mas que Deus ainda daria a Abrão um herdeiro de quem ele
seria o pai. Para reforçar a promessa, Deus ordenou a Abrão: Olha, agora,
para os céus e conta as estrelas (5). A vasta gama de estrelas que
salpicavam o céu seria comparável ao número de descendentes que consideraria
Abrão como pai.
A reação de Abrão foi completa rendição à vontade de Deus e a aceitação
da promessa como resposta adequada às suas dúvidas. Pela primeira vez na
Bíblia ocorre o verbo crer (6). Basicamente, significa estar firmemente
determinado ou fundamentado. Neste contexto, significa que Abrão se fundamentou
na integridade de Deus. Diante disso, Deus aceitou este ato de fé como ato de justiça
que desconsiderou a dúvida anterior.
Este versículo foi muito importante para Paulo, que o usou para demonstrar
em Romanos 4 que crer em Deus é a base para obter salvação e que a justiça é um
dom de Deus. Praticamente o mesmo argumento é usado em Gálatas 3 (ver
comentários sobre estes vv. no CBB, vols. VIII e IX).
Em 15.1, é indicada “A Fé de Abraão”. 1) O registro da fidelidade: Depois
destas coisas (cf. caps. 12-14); 2) A recompensa da fidelidade, 1-6 (G. B.
Williamson).
O próximo diálogo se concentra na relação da terra (7) com a
semente de Abrão. Depois de breve referência ao chamado que anteriormente fizera
a Abrão, Deus repetiu a promessa de que a Palestina seria uma casa para os
filhos do patriarca. Abrão pediu alguma prova tangível, visto que ele não
possuía nada da terra pela qual peregrinava. Foi neste contexto que o concerto
foi realmente estabelecido.
Seguindo procedimentos antigos no estabelecimento de concertos, Deus
orientou
Abrão a preparar três animais — uma bezerra, uma
cabra e uni carneiro (9), os três de três anos — e dois pássaros — uma
rola e um pombinho. Depois de sacrificá-los, Abrão dividiu as
carcaças dos animais e as colocou no chão, vigiando-os para protegê-los de aves
(10) que se alimentam de carniça. Pondo-se o sol (12), Deus apareceu
a Abrão na forma de grande espanto e grande escuridão (“um terror
e medo de estremecer”, BA).
A mensagem do Revelador estava cheia de detalhes acrescentados às
promessas anteriores. Sobre a semente (13), Deus disse que a posse da
terra não seria imediata, mas que os descendentes de Abrão teriam de habitar
primeiro em outra terra. Lá, seriam escravizados por quatrocentos
anos, em cujo período eles conheceriam a aflição. Mas Deus julgaria aquela gente
(14) e libertaria o povo de Abrão.
O próprio Abrão não possuiria toda a terra, mas teria
um senso de paz (15) na velhice e morte. Voltando ao assunto da
terra, Deus indicou que os amorreus (16), que então a habitavam, tinham
de ganhar tempo para demonstrar sua falta de responsabilidade e abundância de
iniquidade. A terra não lhes seria arrancada até que o ato estivesse
fundamentado em firme base moral.
No momento em que o sol se pôs (17), Deus se manifestou de maneira
diferente. Ele simbolizou sua participação e autenticação do concerto passando
entre os animais sacrificados como um forno de fumaça e uma tocha de fogo. Nas
Escrituras, é frequente o fogo simbolizar a presença de Deus.
O capítulo tem uma observação sucinta, destacando que a
promessa de concerto incluía as fronteiras da Terra Prometida. Elas se
estenderiam desde o rio do Egito (18), o Uádi el Arish, a
meio caminho entre a Filístia e o Egito, até ao grande rio Eufrates. Em
seguida, há uma lista dos dez grupos que habitavam em Canaã nos tempos de
Abrão.
De Gn 15.5-18, Alexander Maclaren pregou sobre “O Concerto de Deus com
Abrão”. 1) A promessa de Deus, 5,7; 2) A fé triunfante de um homem, 6; 3) A
verdade do evangelho: Foi-lhe imputado isto por justiça, 6; 4) O
concerto reafirmado, 7,13-18.
Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50
Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50