Significado de João 9
João 9
João 9 inclui a história da cura de um cego de nascença. Este evento fornece um cenário para Jesus demonstrar seu poder como o Filho de Deus e desafiar a compreensão dos líderes religiosos. O capítulo também inclui o testemunho do homem e o crescente conflito entre Jesus e as autoridades religiosas.
A cura do cego de nascença é um evento significativo em João 9. Esse milagre demonstra o poder de Jesus como o Filho de Deus e desafia a compreensão dos líderes religiosos. A cura do homem também levanta questões sobre a natureza do pecado e do sofrimento, pois alguns acreditavam que ele nasceu cego como resultado do pecado de seus pais. Os ensinamentos de Jesus sobre a natureza do pecado e do sofrimento desafiam esse entendimento, enfatizando a importância da fé e da obediência à vontade de Deus.
Além da cura do cego de nascença, João 9 também inclui o testemunho do homem e o crescente conflito entre Jesus e as autoridades religiosas. O testemunho do homem enfatiza o poder e a autoridade de Jesus como o Filho de Deus e desafia a compreensão dos líderes religiosos. O crescente conflito entre Jesus e as autoridades religiosas destaca o perigo do legalismo e a importância da fé e obediência à vontade de Deus. Os ensinamentos de Jesus sobre a natureza do pecado e do sofrimento e a importância da fé desafiam seus seguidores a buscar uma compreensão mais profunda da vontade de Deus e a confiar em sua graça e poder em todos os aspectos de suas vidas.
João 9 é um capítulo significativo no Evangelho de João, pois inclui a história da cura de um cego de nascença, o testemunho do homem e o crescente conflito entre Jesus e as autoridades religiosas. A cura do cego de nascença demonstra o poder de Jesus como o Filho de Deus e desafia a compreensão dos líderes religiosos. O testemunho do homem enfatiza a importância da fé e da obediência à vontade de Deus, enquanto o crescente conflito destaca o perigo do legalismo e a importância de confiar na graça e no poder de Deus. Os ensinamentos de João 9 continuam a inspirar e desafiar os cristãos a aprofundar sua compreensão de sua fé e a confiar em Jesus como seu salvador e Senhor.
I. Hebraísmos e o Texto Grego
O nono capítulo, que narra a cura do cego de nascença, é escrito em grego fluente, mas respira uma “lógica semita” por todos os poros. A maneira como as frases são construídas, os giros idiomáticos e as escolhas lexicais refletem o hebraico bíblico e o mundo linguístico de Israel. A seguir, evidencio traços morfológicos e sintáticos de hebraísmos, além de opções lexicais que aproximam o grego de João 9 do hebraico do Antigo Testamento — sempre com paralelos textuais objetivos.
João 9 repete o binômio semítico “respondeu e disse” (por ex., 9:11; 9:30), calque do hebraico ʿānâ wayyōmer (“respondeu e disse”), frequente na narrativa bíblica. Em 9:11 lê-se: apekrithē ekeinos... kai eipen (“ele respondeu... e disse”). Esse uso dobrado de verbos de elocução é típico semitismo conservado pelo grego do Quarto Evangelho. Gramáticas e estudos sobre semitismos do Novo Testamento tratam explicitamente da fórmula “apekrithē kai eipen” como hebraísmo; e o próprio texto de João 9 mostra a sequência de forma transparente.
Quando os fariseus intimam o homem curado: “Dá glória a Deus” (9:24), não o estão convidando a louvar, mas a jurar dizer a verdade — giro jurídico hebraico com paralelo direto em Josué 7:19 e Jeremias 13:16. É um semitismo fraseológico preservado em grego: dos doxan tō theō reproduz a função do hebraico tennāʾ kābôd la-YHWH como fórmula de adjuração. Notas e comentários reconhecem esse valor forense, e os próprios verbetes/edições mostram o sentido jurídico do enunciado em João 9:24.
A teia lexical “ver/luz/abrir os olhos” estrutura o capítulo (9:5, 9:7, 9:32). Jesus reafirma: “Eu sou a luz do mundo” (9:5), linguagem que dialoga com Isaías 42:6–7 (“luz para as nações... para abrir os olhos dos cegos”) e Isaías 35:5 (“então se abrirão os olhos dos cegos”), além de Salmo 146:8 (“o SENHOR abre os olhos aos cegos”). O hebraísta reconhece aqui o hebraico pāqaḥ ʿênayim (“abrir os olhos”) subjacente à teologia joanina da luz.
João 9:6 descreve que Jesus “cuspiu no chão, fez barro (pēlos) e untou os olhos do cego”. O verbo grego clássico para “moldar/formar”, plassō, é o que a LXX usa em Gênesis 2:7 (eplasen ho theos ton anthrōpon...), ao traduzir o hebraico yāṣar (“formar”). A ação de fazer pēlos com saliva e tocar os olhos projeta, em chave narrativa, o motivo da (re)criação do ser humano do pó/argila (cf. Jeremias 18:6; Isaías 64:8), agora “abrindo olhos” e restaurando a obra do Criador. Léxicos e interlineares confirmam pēlos em João 9 e eplasen em Gênesis 2:7.
João glossou: “Silōam significa ‘Enviado’” (9:7), consolidando o motivo joanino do “Enviado” (ho pempsas me, 9:4–5) e conectando o toponímico hebraico Šiloaḥ (as “águas de Šiloaḥ” em Isaías 8:6). Assim, o homem é curado ao lavar-se na “fonte-do-enviado”, sinalizando que a cura vem do Enviado do Pai. As edições/versões registram a glosa e situam Silōam/Šiloaḥ, enquanto Isaías 8:6 fornece o pano de fundo topográfico semita.
Em 9:9, o ex-cego diz simplesmente: “egō eimi” (“sou eu”), uso ordinário de auto-identificação em grego que corresponde ao hebraico nominal ʾănî hûʾ (“eu [sou] ele”). Isso mostra que, no Quarto Evangelho, egō eimi pode funcionar de modo não-teofânico (diferente de passagens solenes), preservando um uso idiomático corrente que tem paralelo nas formulações semitas.
A hipérbole do ex-cego — “outrora jamais se ouviu que alguém abrisse os olhos de um cego de nascença” (9:32) — usa a moldura temporal ek tou aiōnos (“desde os tempos/era”), que ecoa a fórmula hebraica min-ʿōlām (“desde a eternidade/tempos antigos”), recorrente na Bíblia hebraica (p.ex., Salmo 90:2). É razoável ler aqui um calque temporal hebraico em grego, reforçando o caráter semita da fraseologia. (Nota: a identificação ek tou aiōnos ↔ min-ʿōlām é uma inferência filológica; o valor de ʿōlām como “desde sempre/antigamente” está bem atestado em textos como Salmo 90:2).
A pergunta dos discípulos “Rabbi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (9:2) coloca, com vocábulo hebraico transliterado (rhabbi), o problema clássico da retribuição intergeracional. O Antigo Testamento contém ambos os polos: a visitação da iniquidade dos pais (cf. Êxodo 20:5) e a responsabilidade pessoal (Ezequiel 18:20). Jesus corrige a falsa dicotomia e desloca o foco para a manifestação das “obras de Deus” (9:3–4). As edições mostram “Rabbi” em 9:2; e os textos de Êxodo/Ezequiel dão o pano de fundo teológico para a pergunta.
A afirmação do homem (“sabemos que Deus não ouve pecadores... ouve a quem o teme e faz a sua vontade”) está moldada por sentenças sapienciais do Antigo Testamento: Salmo 66:18 (“se eu atender à iniquidade, o SENHOR não me ouvirá”) e Provérbios 15:29 (“o SENHOR está longe dos ímpios, mas ouve a oração dos justos”). O enunciado em 9:31 soa, portanto, como destilação de sabedoria bíblica hebraica vertida ao grego.
II. Comentário de João 9
João 9:1 O homem cego de nascença era um mendigo (v. 8). Os mendigos costumavam ficar nas receber esmolas dos que iam ali adorar. Sendo assim, é bem provável que isso tenha acontecido próximo ao templo, pouco depois do debate entre Jesus e os fariseus, registrado no capítulo 8.
João 9:2 Quem pecou? Era comum supor que uma enfermidade era consequência do pecado. Todos acreditavam que os pecados cometidos por um bebê ainda no ventre ou por seus pais fariam com que ele nascesse com uma enfermidade. Jesus descartou ambas as possibilidades.
João 9:3 Deus permitiu que aquele homem nascesse cego para que Jesus o curasse e, assim, revelasse as obras de Deus, ou seja, Seu poder de curar. Imagine por quantos anos aquele homem carregou o fardo da sua cegueira até chegar a hora de ser usado para a glória de Deus. Que esse exemplo sirva de consolo para aliviar nossa dor e nossas aflições enquanto esperamos no Senhor!
João 9:4 Que eu faça as obras [...] enquanto é dia; a noite vem: uma referência à obra terrena de Je sus, que logo chegaria ao fim.
João 9:5 Pela segunda vez Jesus declara: Sou a luz do mundo (compare com Jo 8.12).
João 9:6 Cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo. Misturar terra e saliva era uma prática muito comum para tratar infecção nos olhos. Jesus deve ter usado o lodo para dar ao homem uma oportunidade de colocar em prática a sua fé ao lavar os olhos.
João 9:7 Siloé. Ezequias cavou um túnel em meio à rocha firme para transportar água de Giom, até o tanque de Siloé (2 Rs 20.20; 2 Cr 32.30). João explica que o nome Siloé significa enviado, pois Jesus havia anunciado que fora enviado por Deus (v. 4)
João 9:8-12 Os vizinhos relutaram em acreditar no milagre. Veja como o cego passa a conhecer mais de Jesus depois de ser curado: o homem chamado Jesus (v. 11), um profeta (v. 17), um homem de Deus (v. 33), o Filho de Deus (v. 35-38).
João 9:13, 14 Já que o homem fora curado em um Sábado, seus vizinhos o levaram aos fariseus. Era proibido trabalhar no Sábado.
João 9:15 Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo. A resposta do homem aos fariseus foi mais curta do que a resposta dada aos amigos e vizinhos (v. 11). É bem provável que a impaciência do homem, exteriorizada com mais ênfase pouco adiante (v.27), tenha se iniciado nesse ponto.
João 9:16 Alguns dos fariseus diziam [...] Diziam outros. Os fariseus não acreditaram que Jesus era de Deus porque Ele havia curado no Sábado, quebrando assim a tradição oral acrescentada à Lei com o passar do tempo. Seus discípulos, entanto, analisaram os milagres de Jesus com sinceridade chegaram à conclusão de que Ele é Deus.
João 9:17-21 O cego concluiu que Jesus era um profeta. Mas isso não significa que Ele havia entendido que Jesus era o Messias (1.20, 21; 6.14).
João 9:22, 23 Ser expulso da sinagoga era o mesmo que ser excluído. Os judeus adotavam três tipos de exclusão: (1) por 30 dias, quando o excluído tinha de ficar a dois metros de distância de qualquer pessoa, (2) por tempo indefinido, quando o excluído ficava apartado de toda comunhão e adoração, e (3) exclusão completa, quando o excluído era expulso para sempre. Tais condenações eram encaradas com muita seriedade porque ninguém podia ter negócio algum com alguém que fosse expulso da sinagoga.
João 9:24 Os fariseus mandaram o homem dar glória a Deus porque assim todo o mérito pelo milagre seria reputado somente a Ele (Js 7.19; 1 Sm 6.5). E depois de tentarem colocar palavras na boca do homem, eles ainda disseram que sabiam que Jesus era pecador. Segundo eles, curar no Sábado era violar a Lei. Assim, segundo o julgamento deles, Jesus era pecador (Jo 5.16).
João 9:25 Sem estar nem um pouco interessado em disputas doutrinárias, o homem deu seu testemunho irrefutável: havendo eu sido cego, agora vejo.
João 9:26 Que te fez ele? Como um advogado que tenta enfraquecer a declaração de uma testemunha, eles tentaram mais uma vez refutar a prova do milagre.
João 9:27 Ao perder a paciência com aqueles que não queriam crer no que estava diante de seus olhos, o homem se recusou a contar novamente o que lhe tinha acontecido e disse sarcasticamente: Já vo-lo disse e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, fazer-vos também seus discípulos?
João 9:28, 29 Discípulo dele sejas tu. O homem não havia dito que queria ser discípulo de jesus; Ele apenas perguntou se, porventura, aqueles líderes judeus não estavam tão interessados no que havia acontecido porque tinham interesse em se tomarem discípulos de Jesus (v. 27).
João 9:30-33 Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu. Não há nenhum relato da cura de um cego em todo o Antigo Testamento.
João 9:34 Incapazes de responder à argumentação do homem curado, os fariseus o expulsaram. Nascido todo em pecados. Com tal acusação, eles estavam dizendo que a cegueira do homem era a prova do seu pecado, justamente o que Jesus havia negado (v. 3).
João 9:35, 36 Quem é ele, Senhor, para que nele creia? A fé tem que ter um objeto. Não é a fé que salva, e sim Jesus. Portanto, a fé é apenas um meio que nos conecta ao Senhor Jesus Cristo.
João 9:37, 38 Veja como o homem que foi curado passa a entender melhor quem é Jesus ao longo desse capítulo. Primeiro, ele o chama de um homem (v. 11); depois de profeta (v. 17); e finalmente ele entende que Jesus é o Filho de Deus (v. 35-38). Esse entendimento é semelhante ao demonstrado pela mulher samaritana em João 4.
João 9:39, 41 Eu vim a este mundo para juízo. Jesus não veio a este mundo para exercer o juízo (Jo 3.17). No entanto, o desfecho inevitável de Sua vinda será o juízo, pois muitos se recusarão a crer (Jo 3.18). Já que Jesus é a luz do mundo, Ele veio para dar visão aos cegos e cegueira aos que pensam ver.
Índice: João 1 João 2 João 3 João 4 João 5 João 6 João 7 João 8 João 9 João 10 João 11 João 12 João 13 João 14 João 15 João 16 João 17 João 18 João 19 João 20 João 21