Romanos 13 — Interpretação Bíblica

Romanos 13

13:1 Deus ordenou que a história humana operasse de acordo com um sistema de alianças, com o marido como cabeça de sua esposa, os pais como cabeça de seus filhos, os anciãos como cabeça de suas congregações e o governo como cabeça de sua cidadania. Esses chefes não devem ser ditatoriais ou “dominar” aqueles a quem Deus colocou sob sua autoridade (ver, por exemplo, Mateus 20:25). Em vez disso, devem exercer sua liderança para o bem daqueles que se submetem à sua autoridade legítima. Visto que Deus colocou governantes governamentais sobre nós, devemos nos submeter às autoridades governantes, reconhecendo-os como agentes de Deus. Ainda assim, Paulo oferece uma declaração política radical ao dizer que nossos governos estão sob outra autoridade – a de Deus. Embora haja uma separação institucional entre a igreja e o estado, nunca deve haver uma separação entre Deus e o governo. Quanto mais próximo Deus estiver de um governo e de seus cidadãos, mais ordenada será a sociedade. Quanto mais Deus estiver longe de um governo e de seus cidadãos, mais caótica a sociedade se tornará.

13:2 À luz da declaração de Paulo de que até os governos estão sob a autoridade de Deus, vemos que este versículo se aplica igualmente a indivíduos e governos. Aquele que resiste à autoridade de Deus — seja uma pessoa se rebelando contra o governo ou o governo se rebelando contra Deus — está se opondo ao mandamento de Deus e trará julgamento sobre si mesmo.

13:3 Esta é uma definição concisa e um resumo do papel do governo civil: resistir ao mal e promover o bem. O problema está em definir o bem e o mal. Na maioria das vezes, o que o governo promove como bom se alinha com a Bíblia. Mas quando isso não acontece, devemos fazer o que é bom diante de Deus e confiar a ele os resultados políticos. Deus e sua Palavra nos dão o padrão definitivo do que deve ser visto como certo e errado. A responsabilidade bíblica do governo civil é manter um ambiente seguro, justo, correto e compassivamente responsável no qual a liberdade possa florescer.

13:4-5 Duas vezes nesta passagem Paulo chama as autoridades governantes de servos de Deus, o que reforça seu papel (13:4). Sempre que Deus é removido do governo, cria-se um vácuo no qual o governo busca ser Deus. Numa república democrática como a nossa, nós, cidadãos, temos a honra de escolher muitos servos de Deus; assim, parte da responsabilidade de governar é nossa. Nós, o povo, podemos ser servos dos servos de Deus, apontando-lhes a verdade. Se não o fizermos, então “uma nação sob Deus” se tornará “uma nação sob o caos”.

13:6-7 Quando Paulo encerra esta breve seção sobre governo, suas palavras intencionalmente ecoam as de Jesus. Paulo nos ordena: Pague impostos a quem você deve impostos e dê honra a quem você deve honra (13:7). Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22:21). Devemos aos líderes do governo nossos impostos. Devemos a eles honra terrena. Mas tanto Paulo quanto Jesus nos lembram que nunca devemos dar-lhes nosso coração. Eles não podem ter nossa lealdade final, já que fomos criados à imagem de Deus e não à imagem dos governantes. Deus está acima de tudo.

13:8-10 Todas as nossas dívidas devem ser pagas. Bem, todos menos um: a dívida que nunca pode ser totalmente paga é nossa dívida de amar uns aos outros (13:8). O amor bíblico, como Paulo mostrou no capítulo 12, é a decisão de buscar com compaixão e retidão o benefício e o bem- estar do outro. Devemos isso aos outros sem fim, porque esse tipo de amor é o fator fundamental em todos os mandamentos horizontais de Deus: Não cometa adultério; não mate; não roube; não cobice (13:9). É por isso que Paulo, novamente ecoando Jesus, chama o mandamento de amar o próximo como a si mesmo... o cumprimento da lei (13:9-10). A maneira como Jesus expressou isso foi dizer que “toda a Lei e os Profetas dependem” de dois mandamentos: (1) Ame a Deus de todo o seu coração, alma e mente; (2) ame o próximo como a si mesmo (Mt 22:37-40).

13:11 Devemos viver à luz do retorno iminente de Jesus, que está mais próximo do que quando cremos a princípio. Fazer isso significa que acordamos do sono, da letargia espiritual que atormenta tantas pessoas em nossas igrejas. Deus não nos salvou apenas para o céu depois que morremos, mas para experimentar sua salvação na história. Experimentar essa salvação é ser poupado das consequências de nossos pecados.

13:12-13 Muitos cristãos confiam em Deus o suficiente para levá-los ao céu, mas não o suficiente para guiar suas vidas diariamente. Assim, suas vidas parecem a escuridão ao seu redor, cheia de embriaguez, impureza sexual, brigas e ciúmes (13:13). Paulo nos lembra que Jesus está voltando rapidamente e, quando voltar, tanto as trevas quanto as obras das trevas serão julgadas sem misericórdia. Portanto, pare de ser espiritualmente sonolento e vista a armadura da luz (13:12).

13:14 Colocamos a armadura de luz de duas maneiras - uma positiva e outra negativa. Positivamente, nos revestimos do Senhor Jesus Cristo, vivendo pela fé nele, estudando sua Palavra e buscando refleti-lo em nossas ações. Negativamente, não fazemos planos para satisfazer os desejos da carne, o que neutralizaria o fato de sermos revestidos de Cristo. Imagine que você acabou de vestir seu melhor terno ou vestido para ir à igreja. Ao caminhar para o serviço, você percebe um atalho - mas é por um beco e envolve subir por duas lixeiras. Você faz esse caminho? Não! Esse ambiente sujo sujaria suas roupas imaculadas. Vista-se da pureza de Cristo e não suba nas lixeiras do pecado.


Notas Adicionais:

13.1-10
Paulo escreve a cristãos que vivem em Roma, a capital do Império Romano. O que ele diz a respeito da obediência às autoridades combina bem com o que Jesus tinha dito: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus” (Mc 12.17). Fica claro que o cristão serve o Senhor (12.11) também na vida diária dentro da sociedade.

13.4 as autoridades estão a serviço de Deus para o bem de você: Paulo não diz o que o cristão deveria fazer quando as autoridades, em desobediência à vontade de Deus, fazem o que é mau (2Co 11.32-33). Também não explica quando os cristãos devem obedecer a Deus e não às autoridades, como Pedro e João deixaram claro aos membros do Conselho Superior dos judeus em Jerusalém (At 4.19; 5.29). têm poder para castigar: Ao pé da letra, o texto original diz: “Não é à toa que a autoridade empunha a espada”. Possivelmente, isso se refira à pena de morte.

13.11-14 O cristão vive na luz do dia (v. 13) porque sabe que o dia vem chegando (v. 12). Esse é o dia em que Cristo vai voltar ao mundo (1Co 7.31; 1Ts 4.15-18). Como o próprio Jesus ensinou (Mc 13.28-37), ninguém sabe quando virá o fim, e é preciso estar sempre preparado.

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