Agradecimento — Estudo Bíblico

Agradecimento — Estudo Bíblico
Agradecimento

Tanto o verbo quanto o substantivo aparecem,  quase uniformemente, no hebraico, sob a forma de  uma única palavra. No grego a situação é idêntica, em  cujo caso a palavra original é euxaristéo e seus  cognatos. Digno de observação, porém, é que se a  palavra grega tem o sentido usual de “agradecer”, a  palavra hebraica adquire força através do contexto,  porquanto é mais um sinônimo de “louvar” ou  “abençoar”. Geralmente, a LXX traduz o  termo hebraico pelo grego eksomologeo, — que  significa “falar juntamente” ou “louvar”.
Com isso  pode-se comparar o uso dos termos gregos homologéo, “confessar”, “homologar”, que aparece no Novo  Testamento por cerca de trinta e duas vezes, como  verbo ou substantivo (para exemplificar, Mat. 10:32;  João 1:20; Rom. 10:9,10; Rom. 3:5) e anthomologêomai, “agradecer”, que aparece exclusivamente em  Luc. 2:38, na boca da profetisa Ana. Os gregos  também usavam a palavra charis “graça”, com o  sentido de “agradecer”, conforme se vê em Luc.  6:32-34, ou com o sentido de “favor”, conforme se vê  em I Ped. 2:19, m as que nossa versão portuguesa  traduz, respectivamente, por “recompensa” e “grato”.  A palavra grega eucharistía, “agradecimento”,  tornou-se um termo técnico cristão para indicar a  Ceia do Senhor.
Mas isso, segundo dizem as  autoridades da teologia histórica, começou somente  nos escritos de Inácio e no Didache. A razão disso  talvez se encontre nas palavras de Paulo, em I Cor.  11:24, onde ele relata como o Senhor instituiu a Ceia:  “...e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu  corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de  mim”. Às palavras, “tendo dado graças”, é tradução  do verbo grego euxaristéo. Jesus deu graças pelo  alimento. Porém alguns cristãos antigos começaram a  denominar a Ceia com base nessa ação de graças,  em bora não haja base real para tanto .
A Igreja  Católica Romana, que transformou a celebração da  Ceia em um “sacrifício” (com o reparo feito por seus  teólogos de que se trata de um sacrifício incruento,  isto é, sem a presença de sangue), insiste, apesar desse  reparo, que por ocasião das palavras da consagração,  proferidas pelo sacerdote, a hóstvi transforma-se no  corpo, no sangue, na alma e na divindade de Jesus,  fazendo do ato o ponto culminante da missa, que seria  o maior mistério cristão, ainda segundo esses mesmos  teólogos. Incidentalmente, isso mostra-nos que a  história da doutrina deve ser disciplina estudada pelo  crente, a qual lhe permite perceber que todo desvio doutrinário começa com alguma pequena distorção, e  que, com a passagem do tempo, vai recebendo  adendos progressivamente distorcidos, até que a  doutrina torna-se inteiramente diferente do que era  no cristianismo primitivo.

Todas as grandes verdades  cristãs têm sido sujeitadas a essa distorção. Devemos tomar conhecimento de que as Escrituras preveem  desde o início, que a verdade revelada por Deus não  permaneceria pura no cristianismo. Muitos haveriam  até de preferir as fábulas (ver II Tim. 4:4)—em vez da  verdade divina. E Paulo ajunta que isso se deve a uma  operação satânica planejada, conforme se depreende  de suas palavras: “Com efeito, o mistério da  iniquidade já opera...” (II Tes. 2:7). Esse mistério,  uma vez devidamente desenvolvido, frutificará na  carreira monstruosa do anticristo, o qual será  adversário de Cristo e negará tudo quanto Ele  representa.