Anabatistas — Quem foram Eles?
Esse termo, que
significa “rebatizadores”, é usado frouxamente para indicar aqueles que
questionavam a validade do batismo infantil e requeriam o rebatismo daqueles
que quisessem tornar-se membros de seu grupo. Mais especificam ente, o termo se
aplica aquelas seitas que surgiram em cerca de 1521, em Zurique, pouco antes, durante
e após a Reforma Protestante, dependendo do grupo particular em questão. Os
anabatistas não formavam uma seita única ou coerente, mas representavam vários
graus de ortodoxia. A maior parte dos grupos, porém , afastou-se muito da
posição ortodoxa, conforme será delineado no presente artigo. Os grupos
variavam de uma relativa ortodoxia, como era a posição evangélica de Conrado
Grebel (1485-1528), até à posição mais radical e menos ortodoxa de Baltasar
Huebmaier (1485-1528) e de Hans Denk (falecido em 1527). O denominador comum
era a insistência deles sobre a necessidade de batizar adultos convertidos
apenas, rejeitando terminantemente a validade do batismo infantil.
O bastimo de
adultos, porém, continuou a ser praticado por aspersão (segundo a maioria dos eruditos),
e não por imersão. Entretanto, esse ponto tem sido disputado. Quanta imersão
era usada? Católicos e protestantes opunham-se a eles decisivamente,
especialmente por causa de suas doutrinas não-ortodoxas, e por serem o centro
de revolta e agitação. Primeiramente foram expulsos de Wittenberg, e depois de
outras cidades. Muenzer, pregando cada vez mais radicalmente acerca de questões
religiosas e políticas, contribuiu para os acontecimentos chamados Guerra dos
Aldeões. O pondo-se ao feudalismo, Muenzer promoveu um tipo de comunismo
teocrático. O esforço da luta unificou os aldeões alemães contra os abusos
políticos e econômicos. Os aldeões foram violentam ente suprimidos. Lutero denunciou
em termos radicais a revolta e encorajou a repressão.
Suas Doutrinas
Distintiva 1. Rejeição do batismo infantil e
batismo somente de adultos convertidos. Isso requeria o rebatismo (daí se
derivando o nome deles) daqueles que abandonavam outras seitas, e que tinham
sido batizados na infância. Esse ponto doutrinário foi radicalizado na form a
da convicção de muitos anabatistas de que somente seu grupo era detentor da
verdade, e que os membros de outros grupos (incluindo os protestantes) eram
pessoas perdidas. 2. Comunidade de bens e de propriedades, como característica
constante. Portanto, praticavam uma espécie de comunismo teocrático. 3. A
maioria dos anabatistas tinha um conceito não-trinitariano de Deus, e uma noção
marcionita (docética) da encarnação. Assim, eles negavam tanto a divindade
quanto a humanidade de Jesus Cristo. Ver Márcion e o docetismo. Cristo, não sendo o vero Deus, de acordo com
esse ponto de vista, também não era verdadeiro homem, pois Sua humanidade era apenas
aparente. O docetismo é nome derivado do grego doken, “parecer”. Muitos
anabatistas eram antitrinitarianos declarados. 4. Liberdade religiosa e separação
entre a Igreja e o estado. 5. Pacifismo, estrita disciplina eclesiástica,
prática dos princípios do sermão do monte, reconhecimento e prática da lei do
amor. 6. Forte ênfase missionária, pois criam que cada crente tem o dever de
ser uma testemunha. 7. Ênfase sobre o dom profético, que algumas vezes era
abusado, levando a muitos cismas. Ressaltavam a “palavra interna”, e não a “palavra
externa”, as Escrituras. Isso debilitava entre eles a autoridade da Palavra
escrita e permitia um excessivo individualismo. 8. Negação de doutrinas como a
total depravação do homem , o pecado original, a eleição e a condenação eterna.
Muitos deles eram universalistas. Enfatizavam a capacidade do homem buscar e
achar a Deus diretamente, no nível da alma. Portanto, havia um forte elemento
místico na fé deles.
Os anabatistas e a
história. Os modernos menonitas estão ligados
historicamente aos anabatistas, visto que pertencem ao ramo daquela denominação
liderado por Meno Simons, após 1536. Ele afastou a seita do radicalismo e a
aproximou da ortodoxia evangélica. Outras denominações, como os batistas, os
amigos, os irmãos e os hutteritas incorporaram certos aspectos da doutrina
anabatista em seus respectivos sistemas. Alguns batistas modernos, ansiosos por
encontrarem seitas “batistas” antes da reforma, têm errado ao escolher os
anabatistas como um elo com o passado. Mas esse elo não existe nem histórica e
nem teologicamente, conforme o demonstram as notas acima. Em suas doutrinas, os
anabatistas estavam longe de ser batistas, a despeito da similaridade fortuita
dos apelativos desses dois grupos.