Analogia — Estudo Bíblico
Vem do grego ana, “conforme”, e logos, “taxa”, “proporção”.
Dois termos, coisas, situações ou pessoas são positiva ou negativamente
comparadas, de onde emergem seus pontos de semelhança ou de contraste.
1. Uma relação de
semelhança entre duas coisas ou mais, na busca de conclusões prováveis ou
necessárias, dependendo do tipo de relação em pauta. Ao encontrarmos
similaridades em alguns pontos, raciocinamos, por analogia, que haverá
similaridades em outros pontos. No caso das similaridades não serem suficientes,
mediante tal raciocínio concluímos haver ali um caso de falsa analogia. Fracasso
da analogia. As analogias podem prover-nos
discernimento, embora também possam distorcer (como quando se reduz Deus a um
tipo de super-homem, mediante o uso de terminologia da antropologia). Com frequência
são vagas e ilusórias, autocontraditórias ou impróprias. Se tomarmos por empréstimo
uma ideia da natureza ou dos relacionamentos humanos, já estaremos manuseando
coisas imperfeitas. Aplicá-las então a Deus, deixa-nos comi imperfeições ou
mesmo erros. Dizemos que Deus está “irado”, mas isso dificilmente pode ser
entendido em termos das emoções dos seres hum anos. Kant mostrou que todos os
termos de nossa linguagem envolvem relações de espaço e tempo. Ora, se Deus está
além do espaço e do tem po, então nenhum a analogia aplicada a Ele pode ser
perfeita, embora comunique importantes conceitos.
2. Três com uns e importantes
analogias, a. A social: Deus como Pai,
e, assim sendo, benévolo e cuidadoso, uma analogia altamente teísta (ver o
artigo sobre o teísmo). b. A analogia
mente-corpo: Deus é a alma do universo, tal como a alma do homem é seu ser real.
Portanto, a mais elevada Realidade é Deus, que funciona como a Alma de tudo. c.
A analogia do artista: Deus produz e amolda criativamente o universo, sendo seu
Artista e Artesão. Em tudo há desígnio e beleza, unidade e harmonia. Esta
analogia tem seus pontos fortes e fracos, servindo apenas de ilustração, não sendo
uma maneira exata p ara se definir a natureza de Deus.
3. Outras
aplicações. Guilherme de Ockham negava a
validade desse método de se criar proposições teológicas, argumentando que não
pode haver analogia do ser, visto que o conceito do ser é unívoco, ou seja, tem
apenas um significado apropriado. Ele não achava ser possível o raciocínio ir de
um finito conhecido para um infinito desconhecido. Guilherme Paley desenvolveu
a linda e ilustrativa analogia baseada no relógio, a fim de demonstrar a existência
de Deus por via da necessidade de haver um Planejador para o universo. Karl
Barth substituiu a analogia entis
pela analogia fidei, a analogia da fé, visto que a verdade religiosa
é dada por Deus. Tomás de Aquino.
Raciocinava ele que, visto que tanto a criatura como o Criador fazem parte
da mesma escala metafísica do ser, deveria haver analogias que extraíssem
elementos do inferior para ilustrar o superior. Se o homem tem conhecimento, então
Deus o tem, em grau eminente. Se o homem tem bondade, então Deus deve ser
superbom. Se o homem tem qualidades que buscam a perfeição, então Deus deve ser
perfeito. Apesar de Ockham estar com a razão, ao afirmar que é precário
raciocinar com base em um finito conhecido para se chegar a um infinito
desconhecido, nem por isso a analogia torna-se inútil, porquanto Deus criou o
homem à Sua própria imagem, e deve haver alguma coisa nele que seja reflexo do
Criador.
4. A analogia da verdade. Uma
outra analogia útil é aquela que aborda a verdade. Supõe-se que Deus seja a
fonte de toda a verdade. Portanto, qualquer verdade descoberta, em qualquer
campo do conhecimento, é um reflexo de Deus e Sua inteligência, isto é, o homem
pode pensar os pensamentos de Deus, após Ele. Desse modo, todo raciocínio
verdadeiro é análogo, — e aponta para a Inteligência Superior.
5. A analogia do
ser, ou analogia entis. Os escolásticos tentaram usar a própria
escala do ser para descrever Deus em alguns aspectos. O homem é a imagem de
Deus (imago Dei, Gên. 1:27), e o resto da
criação, fora do homem, é o vestigium Dei
(Romanos 1), ou seja, vestígios, indícios de Deus. O exame de Sua imagem ou de
Seus vestígios presumivelmente produz conhecimento sobre o Criador dessas
entidades. O homem inclina-se até certo ponto à perfeição, pelo que presumimos
que há um Ser Perfeito. O homem tem alguma inteligência, pelo que deve haver a
suprema Inteligência. Pode-se dizer que Deus é como um Pai, uma Luz, um Rei,
etc.
6. Analogias filosóficas.
Aristóteles ficou conhecido por sua declaração: “Como a vista é para o
corpo, o entendimento é para a alma...” (Nicomachean Ethics, 1096, b.28). Tal
fato favorece a ideia da percepção intuitiva da alma, tanto ao usar os dados da
percepção dos sentidos, como ao receber “lampejos de entendimento”, não
necessariamente inerentes aos informes dos sentidos. Aristóteles limitou sua analogia
às questões do conhecimento, mas Platão, tal como os escolásticos depois dele,
pensava que algo de útil poderia ser dito sobre a Realidade Última, mediante a
observação da natureza da realidade, inferior. Isso poderia ser feito mediante
negações (o infinito não é como o finito, em vários particulares, como temporalidade,
finitude, confinamento ao espaço e ao tempo, etc.), mediante causalidade (o infinito
é a causa do finito), e mediante a analogia da imagem do homem (o homem tem muitas qualidades como bondade,
beleza, inteligência, etc., que podem ser reflexos do divino).
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