Milagre da Transformação da Água em Vinho
O milagre da transformação
da água em vinho serve de fachada para o evangelho de João: Ver João 2:12 ss. “De
certa feita, em um grupo de ministros do evangelho, para minha surpresa
descobri que eu era o único, dentre eles, que pregava acerca dos milagres, por
que os outros sentiam ser tática adversa e psicologia deficiente escolher por
assunto um tema que tende a fazer alguns dos ouvintes tropeçarem, ficando assim
fechadas as suas mentes para qualquer coisa edificada sobre o que poderiam
considerar como fundamento inseguro. No que diz respeito aos milagres de cura,
tal atitude, naturalmente, é inteiramente antiquada. É J.A. Hadfield, com a sua
imensa experiência, que nos diz secamente: ‘Houve tempo em que as pessoas
diziam que milagres não acontecem; e a implicação disso era que as narrativas sobre
milagres, existentes nos evangelhos, são inverídicas. Atualmente, porém,
praticamente todos os milagres de cura do Novo Testamento têm sido reproduzidos...por
muitas e muitas vezes’. (Psychology and
the Church, Nova Iorque: The MacMillan Co., 1925, pág. 190). Muitas coisas,
próprias dos evangelhos, que anteriormente serviam de motivo de zombaria, por
vozes confiantes e zombeteiras, agora são aceitas como auto-evidentemente
verazes, e, de algum a maneira, a maravilha das realizações de Cristo
aparentemente vem sendo reproduzida, em muitos lugares, o que ele antecipou, há
dois mil anos.
Até a ciência está fazendo descobertas confirmativas. “É de modo
um tanto semelhante que o episódio do casamento em Caná serve de fachada para o
Evangelho de João, sumariando num a narrativa gráfica o que viria a seguir:
como nosso Senhor solucionava as dificuldades do povo; quão incrivelmente ele
sofria por causa de cada dificuldade; e, acima de tudo, como ele enriqueceu as
coisas para nós. O que a água era para o vinho, o que a embaraçosa
insuficiência era para o alívio que ele concedeu ao anfitrião da festa, assim
também se compara qualquer outra vida com a plenitude, com o colorido, com a
aventura, com a realização que ele proporciona... Porém, se essa é a lição
principal, também muitos outros pensamentos se evidenciam e nos atraem, ao nos
aproximarmos dela. Temos aqui o fato de que Cristo se achava presente; que eles
mesmos desejavam que ele ali estivesse; que eles não temiam que ele se sentisse
fora de seu elemento, ou não conseguisse adaptar-se, ou que deixasse os outros um
tanto embaraçados, segundo teria ocorrido no caso de João Batista fazer-se
presente, com o seu ascetismo. E podemos estar certos de que não houve qualquer
silêncio embaraçoso naquela porção da mesma onde ele estava reclinado.
Pois
Cristo não se conservava afastado da felicidade inocente dos homens, fato esse
que muitos de nós, seus seguidores, temos esquecido, com resultados
suficientemente trágicos, transformando a sua religião em algo muito mais
austero do que ele jamais tencionou; e por essas caricaturas espantam os muitos
daqueles que lhe pertencem por direito natural”. (Arthur John Gossip, em Jo.
2:12, IB).
II.
Diversas interpretações (típicas) dos milagres.
Diversas interpretações têm sido oferecidas para explicar, para eliminar mesmo,
este milagre; e essas explanações também são comumente aplicadas a outras
narrativas sobre milagres, nos evangelhos. Abaixo damos um sumário dessas
explicações:
1. Explicações naturais
(do baixo racionalismo). O que Jesus fez foi tão-somente uma brincadeira
própria para uma festa de casamento. Ele trouxera grande quantidade de vinho
para a festa, e misturou o vinho com a água das talhas. Outros da mesma escola
dizem que se trato u de um presente de casamento, para surpreender os noivos.
2. Explicações
místicas. A narrativa não deveria ser aceita
como um acontecimento histórico, mas antes, como uma espécie de poema
religioso, como lenda inconscientemente
(ou conscientemente) produzida, e que foi honestamente acreditada pela igreja cristã
primitiva. A base desse milagre se encontraria na narrativa do A .T ., que
conta como as águas amargosas se tornaram potáveis (ver Êxo. 15:23 e II Reis
2:19). Ou a origem do mesmo poderia ser encontrada na literatura antiga dos
gregos e romanos, como o caso da história de Dionísio, o deus grego do vinho e
da inspiração. Uma narrativa similar a essa (transformação de água em vinho) se
encontra nos escritos de Plínio (História Natural 11,231; XXXI.16). Essa
opinião pode ter sido até mesmo sugerida pela interpretação alegórica do V.T.
criada por Filo. Por exemplo, em sua obra, Interpretações Alegóricas (III.
26.82), ele apresenta o Logos a ordenar a Melquisedeque que dê vinho, em vez de
água, e ali o vinho serve de símbolo da “embriaguez divina, mais sóbria que a
própria sobriedade”.
3. Interpretações
simbólicas. A narrativa não seria nem fictícia e nem histórica, mas conteria
meros símbolos, tal como chegara o tempo para Jesus tirar os seus discípulos da
“água” de João Batista para o vinho de seu reino superior; ou então, de modo
geral, que o vinho é símbolo da superioridade da nova religião, em comparação
com os princípios ensinados por João Batista, ou com as doutrinas do judaísmo
do estilo antigo. (Ver João 1:26,33 e Efé. 5:18).
4. Interpretações
históricas. Existem muitas e variegadas
interpretações e modificações:
a. Interpretação
absoluta: Foi um milagre físico, uma intervenção divina na natureza, sem
qualquer ajuda por parte de processos naturais. Foi um milagre sem quaisquer condições
humanas de qualquer sorte.
b. Interpretação
condicional: Foi uma transformação possibilitada por condições. Olshausen
assevera ter havido uma aceleração dos processos naturais, o que, naturalmente,
não faz sentido algum.
c.Modificação: Um a modificação
dos acidentes, em que a água, como no caso de algum as águas minerais, assume
sabores diversos. Este último ponto de
vista não permite qualquer transformação real na substância da água, mas,
tão-somente, em como a percepção dos sentidos humanos a julgava.
d. Modificação
substancial: A própria “substância” da água foi transformada, e' juntamente com
isso, os seus “acidentes”, ou seja, aquelas qualidades sujeitas à percepção dos
sentidos humanos, tais como cor, sabor, peso, aroma, etc. A posição da modificação
substancial poderia ser alistada sob “interpretação histórica absoluta” ou sob “interpretação
condicional”; neste último caso, o milagre teria ocorrido ajudado por algumas
condições. Mas os comentadores não têm jamais apresentado quaisquer condições
apropriadas e compreensíveis. As condições mais apropriadas, coerentes com os próprios
ensinamentos de Jesus, seriam que ele, como homem, mediante o desenvolvimento
dado pelo Espírito Santo, tornou-se um tipo de ser humano que, apesar de
continuar sendo mortal, podia realizar essas maravilhas físicas. Essa ideia
poderia incluir aquela ainda mais avançada, a saber, que outros homens, crentes
em Cristo, mediante o mesmo processo de desenvolvimento espiritual, em seu caminho
de transformação segundo a imagem de Cristo, podem realizar milagres similares,
como expressão de seus seres espiritualizados em graus diversos.
III. Considere estes
fatos: 1. O Senhor possui os recursos para solucionar as dificuldades do povo. 2.
Suas soluções abarcam as duas esferas: a física (necessidades terrenas) e a
espiritual (necessidades da alma). 3. Jesus fez o que o anfitrião não tinha
recursos para fazer. Os homens são limitados, mesmo nas coisas desta vida, e
mormente, no tocante a qualquer provisão para a vida no além. 4. Os feitos de
Jesus proporcionaram uma solução definitiva e feliz. 5. A própria missão de
Cristo tinha por intuito resolver aquilo que os homens, por si mesmos, não poderiam
resolver. Considere a mensagem de textos como Rom. 5:1, Efé. 2:8, João 1:12 e
Tito 3:5.
IV. Sumário e polêmica: 1.
O ministério de Jesus foi o do Messias; portanto, de elevadíssima estatura. 2.
Portanto, apesar de poderoso, o ministério de João foi secundário e
preparatório apenas. 3. O antigo judaísmo estava ultrapassado, e doravante
teria de buscar seu cumprimento no ministério do Messias. 4. A encarnação (que
vide) do Logos trouxe um novo dia, o dia profético, o cumprimento das esperanças
dos profetas. 5. O Messias com binava, em si mesmo, as naturezas divina e
humana, e tinha o direito e o poder de revelar Deus aos homens. Ver os artigos
sobre a Humanidade de Cristo, e sobre
sua divindade.