Os Animais Têm Alma?

Os Animais Têm Alma?

Os Animais Têm Alma?

Platão foi um dos primeiros a expressar a crença de que nenhum ser vivo é meramente físico. Toda vida seria psíquica,  e a parte material, apenas um veículo. Todas as coisas vivas têm sua “forma” ou “ideia”, que é a causa sustentadora das mesmas. Essa “forma” é imaterial. Alguns têm afirmado que é impossível explicar o comportamento dos animais em termos meramente físicos. Há neles qualidades de pensamento, razão e emoção que sugerem que os animais têm alma. A observação empírica de aparições de animais, ‘além de tentativas cruas (aparentes) de comunicação ‘com antigos proprietários de animais, por parte de animais de estimação mortos, tem servido para convencer alguns de que os animais têm alma

As religiões orientais têm dado apoio às ideias de desenvolvimento espiritual nas almas dos animais, e até mesmo de intercâmbio entre almas humanas e de animais, em veículos animais, por meio da transmigração (ver o artigo a respeito). Ver o artigo sobre os animais,  primeiro ponto, sob Argumentos em prol do respeito aos animais, e seus direitos, quanto a outros argumentos em favor da existência de alma nos animais. Ver os artigos sobre transmigração, reencarnação e ideias. Nas religiões orientais, é um dogma que os animais têm alma. Há uma base filosófica para isso em Platão e no platonismo. Porém, as grandes controvérsias sobre a questão não tiveram início na filosofia senão com Descartes, cujo dualismo não deixava espaço de discussão sobre os animais. Ele defendia a ideia de que os animais são puras máquinas e agem instintivamente e não mediante raciocínio. Seus argumentos baseavam-se m ais em pressupostos teológicos do que em qualquer outra consideração. 

A crença na existência de alma nos animais parecia ameaçar as crenças religiosas tradicionais, incluindo a suposta natureza ímpar do homem, dentro da criação. Muitos raciocínios teológicos adquirem peso dentro da questão, como aquele de que os animais são impecáveis, pelo que não podem sofrer punição por erros m orais. Presumivelmente, segundo alguns creem, por não terem alma, os animais não sofrem. E isso também justificaria o homem ao explorar, matar e comer os animais, visto que eles não teriam alma, e portanto, não teriam valor metafísico. A Descartes parecia degradante atribuir alma aos animais, pois isso seria privilégio exclusivo do homem. Além disso, ele aplicava o argumento linguístico, dizendo que visto que os animais não têm a capacidade de falar, por meio da qual poderiam exprimir pensamentos, obviamente são criaturas’ destituídas de alma. Para Descartes, ver um chimpanzé comunicando-se através do teclado de um computador seria um a cena extremamente perturbadora. Mas é isso que está se sucedendo atualmente. De fato, quanto mais a ciência aprende sobre os animais, — mais fracos vão ficando tais argumentos. 

A teoria mecânica não tem sido bem-sucedida ao explicar os processos biológicos. Quanto mais a ciência descobre mais nos convencemos de que há uma inteligência com propósitos por detrás dos fenômenos biológicos. Muitos e poderosos ataques foram desfechados contra Descartes e seu conceito de animais-máquinas. Os peripatéticos, usando conceitos aristotélicos, postulavam uma substância intermediária entre a matéria e a m ente, atribuindo aos animais uma alma sensível (tal como Aristóteles já havia feito). Presumivelmente, a alma de um animal poderia refletir, raciocinar e exercer sua vontade. Mas, a ausência de evidências empíricas debilitava essa tentativa de explicação. Alguns admitiam que os animais têm uma espécie’ de alma, mas não do tipo capaz de sobreviver. Muitos naturalistas assumem essa posição. 

Diferentes graus de mentalidade são atribuídos às várias espécies de animais. Aos  animais é negada qualquer propriedade que possa conceber a própria verdade, ou que considere coisas como o destino ou as questões metafísicas, o que seria propriedade exclusiva do homem. A questão inteira chegou ao ponto do absurdo quando o padre Bougeant, um jesuíta, escreveu em 1739 uma convincente critica da doutrina cartesiana e suas várias alternativas. Surpreendentemente concluiu que as almas dos animais na realidade são demônios ou anjos caídos, os quais, como uma forma de castigo, vêm habitar nos corpos de animais. Assim, os animais teriam toda a inteligência, a volição e o propósito que queiram os imaginar, m as som ente porque esses também são atributos do diabo. Desnecessário é dizer que os demais jesuítas reagiram fortemente contra aquele padre, e essa teoria foi merecidamente esquecida. Locke distinguia entre a sensação (dos animais) e a reflexão (do homem) e achava a fonte de ambos em um a espécie de teoria atômica, que m antinha a discussão inteira dentro do campo naturalista. 

Som ente o homem é capaz da abstração. Outros, como Condillac, atribuíam a órgãos de sentidos, inferiores a capacidade mental inferior dos animais. A inda outros pensavam em funções cerebrais inferiores para os animais, reduzindo assim a mente ao cérebro. Essa abordagem provocou a grande discussão do Problema Corpo-Mente (ver o artigo). Muitos filósofos, e grande número de cientistas, simplesmente não podem ver como o cérebro pode explicar as funções da m ente. As descobertas da parapsicologia moderna muito têm contribuído para mostrar que a mente é distinta do cérebro. A entrada da teoria da evolução na realidade não alterou em grande coisa o quadro, porque a evolução materialista não tem podido explicar a vontade humana, o raciocínio especulativo e metafísico, as emoções, o senso de desígnio e destino, as sensibilidades espirituais, etc. 

Tudo quanto o homem tem sido capaz de investigar, no campo da inteligência artificial, não tem eliminado a necessidade de programar um a máquina com uma inteligência inteiramente separada da máquina. Evidências em prol da porção imaterial do homem são dadas no artigo sobre a alma.  Nesse artigo, foram incluídos estudos científicos. Alguns, como McTaggart, apesar de crerem na evolução do corpo, têm suposto que a própria evolução tem produzido a m ente e a alma como sua mais significativa realização. Isso significa que temos uma alma natural; mas alma, afinal de contas. Porém, há boas provas de que a alma é transcendental, as quais são citadas no artigo sobre a alma. Skinner e seu behaviorismo metodológico representam um retorno ao mecanismo animal cartesiano, estando sujeitos às mesmas objeções. Quanto mais a ciência descobre, menos provável parece ser a teoria reducionista  (ver o artigo a respeito), pois vai-se tornando mais e mais evidente de que há realidades e eventos mentais que não podem ser explicados pelas funções cerebrais ou reduzidos às mesmas. 

Os artigos sobre a alma e a parapsicologia demonstram isso de forma adequada. As várias abordagens não-espirituais que tencionam explicar a inteligência, a emoção e a vontade, animal ou humana, não têm podido eliminar o princípio da teleologia (ver o artigo), isto é, o princípio de desígnio e propósito na natureza. De fato, a própria ciência depende em muito do principio da constância, da invariabilidade. Se ao menos quisermos ter ciência, precisamos ter a confiança de que as experiências podem ser repetidas, e que há algo na natureza que requer e dá apoio a um desígnio que funciona. Em outras palavras, há leis naturais, e, se há leis e invariabilidade, podem elas existir sem a existência da mente e do propósito nas coisas? 

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